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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Projeto Pós-graduação Disciplina Remuneração Estratégica e Desenvolvimento de Carreiras Tema Remuneração Funcional Baseada no Cargo Professora Maria Tereza Ferrabule Ribeiro Introdução Neste tema, apresentaremos a importância da definição do cargo e a diferença entre cargo e função. É importante que o cargo seja apropriadamente definido e, para isso, será de extrema relevância a construção do organograma da organização, bem como a estruturação de um sistema de remuneração que poderá ser funcional. (Vídeo disponível no material on-line) Problematização Na Empresa Urso Dourado, após a reestruturação dos cargos, os gestores apresentaram o novo programa para todos os colaboradores, porém nem todos gostaram das novas nomenclaturas, alegando que os cargos não representavam realmente o que faziam. A Sra. Gislaine, que era do próprio setor de RH, também não estava satisfeita, pois antes o seu cargo era Auxiliar Administrativa de RH e agora passava para simplesmente Auxiliar Administrativa. Você, como gestor do setor, o que faria frente a esta situação? Não responda agora. Leia o seu material e depois voltaremos a falar sobre isso. (Vídeo disponível no material on-line) A importância da Definição do Cargo Apesar da necessidade da criação de modelos mais inovadores no que se refere ao plano de cargos e salários de uma empresa, será necessária a descrição das funções, até para que se possa identificar os processos de trabalhos que são realizados em determinado setor. O ideal é que o cargo seja CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 genérico, não há necessidade da criação de múltiplos cargos na estrutura de uma empresa. Por isso, vamos ver o conceito de cargo e função: Cargo: algo genérico para dar conta da estrutura organizacional. Função: é extremamente profundo e técnico, é na função que estará descrito o que deverá ser feito. “Cargo é, na folha de pagamento, o registro em carteira, diferente de função, que representa o que o colaborador deve ser ou fazer em sua organização”. Afinal, somos o que fazemos e não o que está registrado em contrato. (ROGÉRIO LEME, 2005). Trata-se de uma visão moderna, várias áreas podem ter o mesmo cargo como, por exemplo, Auxiliar Administrativo, porém esse cargo pode estar na mesma empresa, presente em diversas diretorias: RH, Marketing, Vendas, nas unidades fabris etc. O importante será a descrição funcional de como este cargo se comporta dentro de cada diretoria. O que leva a concluir que em uma empresa exista um número muito menor de cargos em relação ao número de funções. Abaixo, as definições utilizadas quando se faz a análise de cargos: TERMOS DEFINIÇÃO TAREFA É a atividade executada por um indivíduo na organização, por exemplo: atendimento telefônico ao cliente, arquivo de documentos, manutenção de equipamentos etc. FUNÇÃO É o agregado de tarefas atribuídas a cada indivíduo na organização, por exemplo: serviços de secretaria da área comercial, serviços de secretaria na área de marketing etc. CARGO É o conjunto de funções substancialmente idênticas quanto à natureza das tarefas executadas e às especificações exigidas dos ocupantes. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 ANÁLISE DE CARGO É o estudo que se faz para coligir informações sobre as tarefas componentes do cargo e as especificações exigidas do seu ocupante. Da análise resulta a descrição e a especificação do cargo. Analisando os termos utilizados, podemos perceber as heranças dos modelos tradicionais, porém se faz importante ressaltar, conforme os estudos de Débora Dias Gomes (1994), que as empresas estão na busca do comprometimento organizacional. Faz-se crucial o desenvolvimento do comprometimento das pessoas que se derivam das atividades que realizam nas organizações. Esse novo cenário que se altera constantemente incita nas mudanças de crenças e valores que permeiam a cultura organizacional. Não há como trabalhar sem que haja uma visão sistêmica e que demanda de profissionais engajados e comprometidos. Assim, não há como se fixar somente na construção rígida dos programas de cargos. (Vídeo disponível no material on-line) Organograma Funcional na Era do Conhecimento Na transição da era industrial para a era do conhecido, por volta da metade do século XX, percebe-se que antes o poder era quem ditava as regras nas organizações, a produção era realizada com a mão de obra contratada e ficava sob o domínio do denominado “chefe”. A mão de obra, em termos meramente produtivo, não havia necessidade de pensar, mas tão somente entregar o volume determinado. Na era do conhecimento isso muda, as empresas passam a entender que a produção e a entrega estão intimamente atreladas ao conhecimento das pessoas e que estas já não lidam bem com o processo do poder. As facilidades tecnológicas abrem uma enorme porta para a informação, é como se tirassem a venda dos olhos das pessoas que querem interagir em todos os processos das empresas, elas percebem que podem contribuir independentemente em que lugar ocupa na hierarquia da organização. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Nos trabalhos desenvolvidos por Karl Albrecht (1995), no modelo emergente de organização empresarial, a combinação de pessoas, tecnologia e conhecimento transcende os modelos tradicionais de trabalho, capital e gerenciamento. Saiba Mais: entenda os diversos modelos de organogramas e seus conceitos acessando o link a seguir: http://organograma.net/organograma-funcional-modelos Seguindo a linha de raciocínio de Débora Dias Gomes (1994), as organizações devem ser “Sistemas Humanos” e não somente sistemas frios e sem vida. O desenvolvimento das pessoas torna-se uma variável poderosa que indica a excelência de qualquer espaço produtivo. Com a era do conhecimento, o cenário volta-se pra dentro da organização que deverá reaprender e também recriar-se, exigência esta constante, não há mais sistemas imutáveis e estagnados. Nesse aprendizado, as empresas passam a entender a importância da interação da base operacional com a base tática e da alta direção. O organograma das empresas não deixa de existir, porém se faz necessário a abertura de espaço para um ambiente criativo, ajudando os profissionais a descobrir as suas individualidades e desenvolvê-las, e depois mostrando como transformar em trabalho de equipe, equipes estas que CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 agregam profissionais de todas as hierarquias, seguindo os objetivos traçados pela alta administração e, com isso, alcançar os resultados esperados. Criar uma nova cultura voltada para a qualidade do ambiente é fazer um intercâmbio entre o incentivo da empresa e a colaboração das pessoas. Isso será possível com o realinhamento das culturas por meio de educação e capacitações, que todos compreendam os mesmos conceitos, o que, consequentemente, influenciarão nos processos da empresa e no caminho para o sucesso. Ninguém deve trabalhar sozinho, diferentes direções, mesmo que bem intencionadas, mas mal orientadas, enfraquecem esforços e agem para fins conflitantes. Lidando com seres humanos ilimitados, a empresa trabalhará as informações em tempo real, valorizando cada pessoa, provocando mobilizações para soluções de problemas, a partir de sintomas reconhecidos pelas pessoas que lidam diretamente com as dificuldades. Saiba Mais: acessando o link a seguir, você pode conhecermais sobre a era do conhecimento. http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/10458/10458_3.PDF CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 (Vídeo disponível no material on-line) Remuneração Funcional O pesquisador Westin (2002) define remuneração funcional como o método de remunerar os profissionais conforme a responsabilidade da função, o conhecimento aplicado ao trabalho, o desempenho ou a contribuição para o trabalho e de acordo com o mercado. Os escritores Thomas Wood Jr. e Vicente Picarelli Filho (2004) defendem que a remuneração funcional ou por cargo ainda é o método mais utilizado pelas empresas, esclarecendo que: A remuneração funcional é implantada junto com o sistema de cargos e salários. Em empresas que experimentaram crescimento rápido ou transformações profundas, o sistema de cargos e salários ajuda a dar coerência interna à organização, proporcionando definições básicas que apoiam a estruturação do trabalho. A remuneração funcional permite a equidade externa. Por meio de pesquisas salariais, a empresa pode comparar seus salários com os praticados no mercado e, assim, estabelecer diretrizes adequadas para atrair e reter a mão de obra desejada. A remuneração funcional permite a equidade interna. Ter os salários estabelecidos a partir de regras aplicáveis a todos na empresa produz um sentimento de justiça entre os demais funcionários. Em continuidade aos seus estudos, eles ainda apresentam os seguintes princípios da remuneração funcional: Foco no cargo, e não nas pessoas. Base do sistema é a avaliação de cargos. Busca da equidade interna, através da avaliação de cargos. Busca da equidade externa, através da estratégia de remuneração. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Analisando os princípios apresentados, percebe-se que o sistema inicialmente é meramente técnico, com vistas ao cargo, mas que representa lógica no desenho de cargos necessários para uma determinada organização. Pensando-se em uma empresa, que está iniciando as suas atividades ou que teve um crescimento rápido e que necessita readequar seus cargos, a primeira etapa do processo é descrever as atividades necessárias em cada área para dar conta dos objetivos traçados para ela. Seguindo ainda na linha de raciocínio dos escritores, eles estabelecem as seguintes necessidades para a criação do modelo de remuneração funcional: Descrição de cargos – É a base do sistema e deve ser objetiva, clara e concisa, não deixando dúvidas sobre o conteúdo e as características que distinguem um cargo do outro. Avaliação de cargos – Consiste em transformar os parâmetros qualitativos em quantitativos, de tal forma que se possa estabelecer uma base única de comparação. Estratégia de remuneração – Devendo ser compatível com o perfil de profissional que a empresa pretende contratar, sendo necessário estabelecer uma faixa de mercado, podendo optar em trabalhar com a média de mercado e, para alguns cargos estratégicos, em faixas acima do mercado. Faixas salariais – Como exemplificado anteriormente, as faixas são construídas com base nas diretrizes internas da empresa e em informações sobre as práticas remuneratórias do mercado, obtida por meio de pesquisas salariais. Pesquisa salarial – Instrumento de apoio à administração de salários. A pesquisa pode ser encomendada, quando a empresa estabelece quais cargos pretende verificar no mercado, ou pode comprar de empresas que oferecem via assinatura online, onde a abrangência normalmente é CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 nacional e a empresa que compra filtra as informações e cargos que tem interesse em pesquisar. Manual de políticas – Depois de desenhado o programa de cargos e salários, é muito importante que seja feito o Manual do Programa, para que as pessoas saibam onde estão e onde podem chegar. Esse modelo sofre duras críticas como estilo burocrático de gestão, inibição à criatividade, ao estilo empreendedor, reforça a orientação do trabalho para o superior hierárquico, não tem orientação estratégica, nem de resultados, torna as promoções excessivamente importantes, pode inclusive incentivar o carreirismo. Porém, ressalta-se que essa metodologia não será possível de mudar enquanto a legislação trabalhista, conforme estudamos no primeiro tema, não sofrer alterações para se adequar ao novo cenário brasileiro, já que boa parte do ordenamento da Consolidação das Leis do Trabalho foi estabelecida na década de 40. Apesar de ser possível o registro do plano organizado de carreiras para evitar a equiparação salarial, os cargos terão que ser organizados, conforme previsto no artigo 461 da CLT: Art. 461 [...] § 2º - Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira, hipótese em que as promoções deverão obedecer aos critérios de Antiguidade e merecimento. § 3º - No caso do parágrafo anterior, as promoções deverão ser feitas alternadamente, por merecimento e por Antiguidade, dentro de cada categoria profissional. A legislação brasileira incentiva esse modelo e os riscos da falta de sua organização pode resultar em passivos trabalhistas, mas é possível a busca de soluções para adequar a remuneração funcional às atuais necessidades e atender a legislação, como estudaremos nos próximos temas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Saiba Mais: leia mais sobre quadro organizado em quadro de carreira e equiparação salarial no link que segue. http://www.fiepr.org.br/boletimsindical/sindemon/News16905content2774 49.shtml (Vídeo disponível no material on-line) Revendo a Problematização Lembra-se da situação-problema apresentada no início deste tema? Caso não se recorde, assista novamente ao vídeo no material virtual e escolha a melhor alternativa. a. Você diria para a Sra. Gislaine que deverá aceitar a alteração, pois trata-se de uma decisão da organização e é importante para a fase de reestruturação. b. Pelo descontentamento dela e entendendo que justamente uma pessoa do seu setor não poderá ter esse tipo de atitude porque poderá influenciar negativamente as demais pessoas da organização, você a demite. c. Você a escuta atentamente pedindo que a mesma exponha detalhadamente a sua opinião sobre a mudança. Em seguida, também de forma minuciosa, expõe a necessidade dos cargos serem genéricos, evitando um número muito grande de cargos e que a descrição dos cargos está atrelado a cada área da organização, ou seja, ela não deixará de ser auxiliar administrativa do RH, mas não haverá necessidade de ter um código de auxiliar para cada área, financeiro, logística, comercial, marketing etc. Se ela necessitar dessa informação quando sair da empresa poderá solicitar uma declaração com a descrição da atividade, assim como ela o fará em seu próprio currículo. Para que ela torne uma aliada neste processo, você verificará se ela compreendeu e concordou com a mudança. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Síntese Neste tema, foi possível entender a importância de se realizar o mapeamento das atividades, fazendo as devidas descrições das funções e criação dos cargos, que poderão ser genéricos, o que possibilita mais flexibilidade funcional. Também foi possível concluir que as empresas ainda utilizam o organograma funcional por uma questão de organização das hierarquias e níveis de responsabilidade, com o amadurecimento das organizações será possível a criação de organogramas mais flexíveis.Consequentemente, se o organograma é funcional, a tendência é ter um salário também funcional. Contudo, como vimos no primeiro tema, é preciso quebrar essa rigidez com a implantação de programas de remuneração variável. Acompanhe a síntese dos assuntos que você estudou neste tema no vídeo disponível no material virtual. (Vídeo disponível no material on-line) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Referências ALBRECHT, Karl. A Única coisa que importa. Trazendo o poder do cliente para dentro da sua empresa. São Paulo: Editora Pioneira, 1995. GOMES, Débora Dias. Fator K: conscientização & comprometimento: criando qualidade no ambiente da organização. São Paulo: Pioneira, 1994. LEME, Rogério. Aplicação Prática de Gestão de Pessoas por Competências. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. PINHEIRO, Adriano Martins. Da Equiparação Salarial. Disponível em: <www.jurisway.org.br>. Acesso em: 29 de maio de 2014. PONTES, Benedito Rodrigues. Administração de Cargos e Salários. 10 ed. São Paulo: LTR, 2004. WESTIN, F. V. Gerenciando a Compensação. In: BOOG, Madalena; BOOG, Gustavo. (Coord.). Manual de Gestão de Pessoas, Volume 2. São Paulo: Gente, 2002. WOOD Junior, Thomaz; PICARELLI, Filho Vicente (Coordenador). Remuneração Estratégica. A nova vantagem competitiva. 3. Ed. Ver. ampl. São Paulo: Atlas, 2004. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Atividades Quando nos deparamos com a seguinte definição: “algo genérico para dar conta da estrutura organizacional”, refere-se à: Função. Organograma. Cargo. Tarefa. A empresa Urso Dourado, objetivando atender as suas necessidades, propôs a criação de organograma com os cargos necessários para a organização, projetando as carreiras atuais e as disponíveis e o manual do programa de carreira interno que deverá ser publicado para todos os colaboradores. Considerando essas características, estamos diante de que programa? Organograma funcional. Plano de carreira. Avaliação individual. Programa de cargos. Quando nos deparamos com a seguinte definição: “agregador de tarefas atribuídas a cada indivíduo na organização”, refere-se à: Função. Organograma. Cargo. Tarefa. A empresa Urso Dourado, para a criação de um modelo de remuneração funcional, deverá seguir uma ordem para dar conta do Programa de Carreira, ajude a diretoria de Recursos Humanos definindo a ordem das etapas numerando-as: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 ( ) Estratégia de Remuneração ( ) Pesquisa Salarial ( ) Faixas Salariais ( ) Manual de Práticas ( ) Avaliação de Cargos ( ) Descrição de Cargos Assinale a alternativa que indica a sequência correta: 2, 1, 6, 3, 5, 4 3, 5, 4, 6, 2, 1 4, 3, 2, 1, 5, 6 5, 3, 2, 1, 4, 6 Quando nos deparamos com a seguinte definição: “atividade executada por um indivíduo na organização”, refere-se à: Função. Organograma. Cargo. Tarefa.
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