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AO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 3ª VARA DO TRABALHO DA CAPITAL/SC Autos n. 9.876/2018 EDITORA LEGAL, já qualificada nos autos do processo acima descrito, por seus advogados que esta subscrevem, na Reclamação Trabalhista proposta por Maria das Graças, inconformado com a respeitável sentença de folhas xxxx, vem, tempestiva e respeitosamente á presença de Vossa Excelência, interpor RECURSO ORDINÁRIO com base no art. 895, inciso I, de acordo com a razões em anexo as quais requer que sejam recebidas e remetidas ao Egrégio Tribunal Regional da 12ª Região. Segue comprovante do recolhimento das custas e depósito recursal. Termos em que, Pede deferimento. Florianópolis, 12 de abril de 2018. OAB/SC 56871 RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO Origem: 3ª Vara do Trabalho de Florianópolis. Processo nº 9.876/2018_ Recorrente: EDITORA LEGAL LTDA Recorrido: MARIA DAS GRAÇAS Egrégio Tribunal Regional da 12ª Região! Colenda Turma! Nobres Julgadores! I - RESUMO DOS FATOS Foi proferida sentença que deferiu em desfavor da Recorrente o pagamento de intervalo intrajornada com reflexos, durante todo o contrato, uma vez que a sociedade empresária concedia apenas 30 minutos; julgou procedente o pedido de adicional de insalubridade em grau médio, pelo recolhimento de lixo, condenando a empresa ao pagamento de honorários periciais de R$ 1.000,00; julgou procedente o pedido de reintegração, porque a empregada comprovou documentalmente que, por ocasião da ruptura do contrato, estava grávida; condenou a Recorrente ao pagamento em honorários advocatícios sobre as verbas deferidas no percentual de 20% e fixou a condenação em R$ 7.000,00 e custas de R$ 140,00, pelo Réu. II - DO CABIMENTO DO RECURSO De acordo com com a Consolidação das Leis do Trabalho, em seu artigo 895, inciso I, é cabível a interposição de recurso ordinário “das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos”. Sabendo-se que decisão a proferida na vara do Trabalho trata-se de sentença, sendo, portanto, terminativa, se mostra adequado o manejo de recurso ordinário para o reexame da decisão. Observe-se também que segue em anexo cópia do recolhimento das custas e do depósito recursal devido, além da interposição tempestiva, o que demonstra o completo preenchimento dos requisitos de admissibilidade do presente recurso. III - DO DIREITO a) Do valor devido referente ao intervalo intrajornada Cumpre observar que a previsão legal referente ao intervalo intrajornada, previsto no art. 71 da CLT, alterou-se com a Lei 13.467/2017, vigorando a partir do dia 11/11/2017 o texto que informa que a não concessão do intervalo de alimentação ou repouso implica o pagamento de apenas o período suprimido, com acréscimo de 50%, conforme transcrição do artigo: Art. 71. Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de seis horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de uma hora e, salvo acordo escrito ou convenção coletiva em contrário, não poderá exceder de duas horas. [...] § 4o A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. Como o contrato perdurou na vigência da redação anterior e da nova, não há direito à indenização do período integral a partir da vigência da alteração instituída pela Lei 13.467/2017, ou seja, a partir do dia 11/11/2017 o direito se dá apenas do período suprimido, qual seja, 30 minutos, acrescido de 50%. b) Do adicional de insalubridade em grau médio Na sentença foi julgado procedente o pedido de adicional de insalubridade em grau médio, decorrente do recolhimento de lixo da reclamante. Tal entendimento, no entanto, está em conflito com a súmula 448 do TST, a saber: ATIVIDADE INSALUBRE. CARACTERIZAÇÃO. PREVISÃO NA NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 DA PORTARIA DO MINISTÉRIO DO TRABALHO Nº 3.214/78. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS. Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014. I - Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo pericial para que o empregado tenha direito ao respectivo adicional, sendo necessária a classificação da atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho. II – A higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e industrialização de lixo urbano. Importante observar que (a) mera constatação de laudo pericial não implica, necessariamente, no direito de receber o adicional de insalubridade; e (b) é necessária a classificação da atividade insalubre na relação oficial, constante no Anexo XIV da NR 15. um olhar atento ao anexo em questão nos mostra que a coleta de lixo, por si só, será considerada insalubre no caso de coleta de lixo urbano, bem como a coleta de lixo em condições específicas, como no caso de coleta ambulatorial, laboratorial e afins. Nesse sentido, entende o TRT-4: ADICIONAL DE INSALUBRIDADE EM GRAU MÁXIMO. HIGIENIZAÇÃO DE SANITÁRIOS. RECOLHIMENTO DE LIXO. EQUIPARAÇÃO A ESCRITÓRIO. Hipótese em que a reclamante não realizava a limpeza de sanitários de locais públicos, com acesso de inúmeras pessoas; ao contrário, a limpeza se equipara à de escritórios. Adoção da Súmula nº 448 do TST. Desta forma, a coleta realizada pela reclamante - que, frise-se, não se encaixa nas hipóteses elencadas pelo anexo XIV da NR 15 - não tem elementos suficientes que justifiquem a atribuição de grau de insalubridade, de qualquer tipo, à atividade realizada, sendo, portanto, indevida a condenação da reclamada neste aspecto. c) Da reintegração da reclamante A decisão final de primeiro grau decidiu também pela reintegração da obreira, pois esta comprovou, documentalmente, a condição de gestante. Tal entendimento não merece prosperar, pois trata-se de violação clara ao art. 10, inciso II, alínea “b” dos ADCTs. Ora, se a própria obreira utilizou-se da rescisão indireta do contrato de trabalho para o encerramento do vínculo com a reclamada - ensejando, portanto, uma rescisão com justa causa - fica claro pelo dispositivo legal que não há fundamento no direito que permita sua reintegração. Ainda que a hipótese fosse juridicamente possível, é evidente o conflito de interesse de empregado que pede a rescisão indireta e, em seguida, é reintegrado. A rescisão indireta, por sua própria lógica, já demonstra que a relação entre empregador e empregado já se deteriorou a ponto de não ser mais interessante, a nenhum dos interessados, o convívio diário necessário a atividade laborativa. Sendo assim, conclui-se que, ainda que a obreira se encontre em estado gravídico, a reintegração não é devida. d) Dos honorários Na sentença, houve também a condenação da reclamada no pagamento de honorários de 20% sobre o valor das verbas deferidas. Este percentual, no entanto, viola de maneira flagrante o disposto no art. 791-A da CLT: Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. [...] Desta forma, se faz mister a redução do percentual fixado em honorários advocatícios, de forma que este venha a atender os critérios mínimos (5%) e máximos (15%) fixados em lei. III - CONCLUSÃO Diante do exposto, requer-se que seja conhecido e provido o presente recurso ordinário, coma consequente reforma da decisão acolhendo os pleitos em relação à diminuição dos valores do intervalo intrajornada, ao reconhecimento da não incidência do adicional de insalubridade, a impossibilidade da reintegração da obreira e a necessidade de reavaliar o percentual fixado dos honorários advocatícios. Nestes termos, pede e espera deferimento. Florianópolis, 12 de abril de 2018. OAB/SC 56871
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