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MANDADO DE SEGURANCA

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
Bruno da Silva, brasileiro, solteiro, estudante, inscrito no CPF sob o nº 456.789.123-99, portador da cédula de identidade Registro Geral nº 4646063 SSP/SC, residente e domiciliado na Rua das Flores, nº 89, Florianópolis/SC, endereço eletrônico brunodasilva@gmail.com, por meio de suas advogadas devidamente constituídas, conforme procuração anexa, nos termos dos art. 103 a 105 do Código de Processo Civil, com endereço profissional que indica para fins de receber intimações e notificações, vem perante Vossa Excelência, com fundamento do art. 5º, LXIX, da Constituição Federal(CRFB/88) e na Lei nº 12.016/09, impetrar a presente ação de 
MANDADO DE SEGURANÇA COM TUTELA DE URGÊNCIA
em face de ato do GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA, com sede funcional na Rua dos Passos, 123, Centro, Florianópolis/SC, pelos motivos a seguir expostos: 
1. DA TEMPESTIVIDADE
A presente ação é tempestiva tendo em vista que o prazo entre a publicação do edital e da impetração da ação foi menor que 120 (cento e vinte) dias, satisfeito, portanto, o requisito exigido pelo art. 23 da Lei nº 12. 016/09.
2. DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO
A medida em questão é impetrada em face de autoridade coatora, bem como está instruída documentalmente com toda prova de seu direito líquido e certo, portanto adequado ao caso o presente mandado de segurança, nos termos do art. 6º da Lei nº 12.016/09.
3.DA TUTELA DE URGENCIA LIMINAR (OU DO PEDIDO LIMINAR)
O art. 7.º, III, da Lei nº 12.016/2009, que regulamenta o Mandado de Segurança, dispõe que a liminar será concedida, suspendendo-se o ato que deu motivo ao pedido, quando for relevante o fundamento do pedido e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida. Já, o art. 300, § 1º do CPC permite que seja concedida liminarmente a tutela de urgência quando existirem elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
 Na mesma esteira, é certo que do ato impugnado pode resultar a ineficácia da medida, caso seja deferida somente ao final, pois, se não for deferida a medida liminar, o Impetrante será privado de participar do concurso pretendido.
 Assim, presentes os requisitos, pede a V. Exa. que, LIMINARMENTE, assegure ao Impetrante o direito de participar do concurso público pretendido.
4. DOS FATOS
O impetrante, com 42 anos de idade, pretende candidatar-se a cargo vago, mediante concurso público, organizado pelo Estado de Santa Catarina, tendo inclusive se matriculado em escola preparatória. Ocorre que, com a publicação do edital, foi surpreendido com a limitação, para inscrição, dos candidatos com idade de, no máximo, 25 anos. Inconformado, apresentou requerimento administrativo ao responsável pelo concurso, que indeferiu o pleito aduzindo interesse público de natureza orçamentária. Entendendo que a conduta administrativa é flagrantemente inconstitucional, mormente porque não há previsão legal para o estabelecimento de idade mínima, decorrendo esta tão somente do edital do certame, o Impetrante comparece em juízo visando obter a tutela de seus direitos.
5.DO DIREITO
A conduta ora impugnada em juízo é flagrantemente lesiva a direito líquido e certo do Impetrante, não encontrando amparo na ordem jurídica, havendo de ser afastada pelo Poder Judiciário. O art. 37, I da Constituição brasileira estabelece que os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. 
Pode-se afirmar que decorrem do texto constitucional os requisitos para o acesso aos cargos públicos, portanto, são somente aqueles que estiverem estabelecidos em lei. A lei é habilitada a exigir requisitos para o acesso aos cargos públicos. Neste caso, tem-se que a lei que define o cargo pretendido pelo Impetrante não estabelece idade mínima para acesso ao cargo, provindo tal exigência de mera previsão do edital do concurso. Acontece que, por imposição constitucional, edital de concurso não é fonte normativa autorizada a impor aos candidatos exigências que não estejam prevista em lei, sendo flagrantemente inconstitucional a conduta ora questionada em juízo! 
Cabe registrar que é pacífico o entendimento do Supremo Tribunal Federal no sentido de que candidatos a cargos públicos somente podem ser submetidos aos requisitos previstos em lei:
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LIMINAR. CONCURSO PÚBLICO. JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO. REQUISITOS. IMPOSIÇÃO VIA ATO DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO.
“Apenas a lei em sentido formal (ato normativo emanado do Poder Legislativo) pode estabelecer requisitos que condicionem ingresso no serviço público. As restrições e exigências que emanem de ato administrativo de caráter infralegal revestem-se de inconstitucionalidade.” (Jose Celso de Mello Filho em “Constituição Federal Anotada”).
Incompatibilidade da imposição de tempo de prática forense e de graduação no curso de Direito, ao primeiro exame, com a ordem constitucional (ADI 1188 MC/DF, Relator Ministro Marco Aurélio, Tribunal Pleno, julgado em 23/02/1995).
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXIGÊNCIA DE ALTURA MÍNIMA PARA O INGRESSO NOS QUADROS DA POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE LEI FORMAL RESTRITIVA DE DIREITO. FIXAÇÃO EM EDITAL. IMPOSSIBILIDADE. Concurso público para o cargo de policial militar do Distrito Federal. Altura mínima. Impossibilidade de sua inserção em edital de concurso. Norma restritiva de direito que somente na lei tem sua via adequada. Agravo regimental a que se nega provimento. (AI 518863 AgR/DF, Relator Min. Eros Grau, Primeira Turma, Julgado em 23/08/2005)
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – LIMINAR – CONCURSO PÚBLICO – JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO – REQUISITOS – IMPOSIÇÃO VIA ATO DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Exsurgindo a relevância jurídica do tema, bem como o risco de serem mantidos com plena eficácia os dispositivos atacados, impõem-se a concessão de liminar. Isto ocorre no que previstos, em resolução administrativa do Tribunal Superior do Trabalho, requisitos para acesso ao cargo de juiz estranhos a ordem jurídica.
Apenas a lei em sentido formal (ato normativo emanado do Poder Legislativo) pode estabelecer requisitos que condicionem ingresso no serviço público. As restrições e exigências que emanem de ato administrativo de caráter infralegal revestem-se de inconstitucionalidade. (Jose Celso de Mello Filho em Constituição Federal Anotada). Incompatibilidade da imposição de tempo de prática forense e de graduação no curso de Direito, ao primeiro exame, com a ordem constitucional. (ADI 1188 MC/DF, rel.: Min. Marco Aurélio, j. 23/02/1995)
Por entender que edital de concurso não pode impor exigência que não esteja prevista na lei, o STF sumulou entendimento de que somente por lei se pode submeter candidato a exame de psicoteste, verbis: 
Súmula 686-STF: só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. 
Com as devidas comparações, trata-se do mesmo caso em questão, visto que a exigência prevista em edital que não encontra suporte na lei de relativa ao cargo. Dessa forma, é evidente que o edital não poderia exigir idade mínima para o concurso.
O Impetrante avalia ser o caso de obtenção da tutela jurisdicional. 
Complementando, ainda que houvesse previsão na lei, cabe ponderar que, conforme entendimento do STF, consolidado na Súmula 683 da Corte, o limite de idade para inscrição em concurso público só se legitima quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido, o que não se verifica no caso dos autos. Em resposta ao requerimento administrativo formulado pelo Impetrante, a autoridade coatora respondeu que a idade mínima exigida nada tem a ver com as atribuições do cargo, estando motivada por interesse estatal de natureza previdenciáriae orçamentária, o que, evidentemente, não encontra respaldo na ordem jurídica. 
 6. REQUERIMENTOS E PEDIDOS 
Diante do exposto, requer o Impetrante à Vossa Excelência:
a) A concessão da tutela de urgência, com a finalidade de suspender o ato abusivo do Governador do Estado de Santa Catarina, nos moldes do art. 7º, III, da Lei 12.016/2009;
b) A notificação pessoal da autoridade coatora, o Governador do Estado de Santa Catarina, para prestar informações no prazo legal de 10 (dez) dias, como de direito, entregando-lhe a segunda via da petição inicial acompanhada dos documentos reproduzidos por cópia, do art. 7º, I, da Lei 12.016/2009;
c) A ciência do feito ao representante judicial da pessoa jurídica a qual está vinculada a autoridade coatora, isto é, ao órgão de representação judicial do Estado de Santa Catarina , nos termos do art. 7º, II, da Lei 12.016/2009;
d) A intimação do Ministério Público para oferecer parecer, nos termos do artigo 12, da Lei 12.016/2009;
e) A juntada dos documentos que acompanham a presente petição inicial, conforme art. 6º da Lei nº 12.016/2009;
f) Que seja julgado procedente para que a tutela provisória se torne permanente e, dessa forma,o impetrante possa participar do concurso público.
g) A condenação do impetrado em custas processuais.
Dá-se à causa o valor de R$ (reais).
Nesses termos, pede deferimento.
Florianópolis, 09 de outubro de 2018.
OAB/SC n. 0002

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