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AO JUIZO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE ALFA – BETA CARLOS, brasileiro, maior, inscrito no CPF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliado em XXXXXXXXXXXXXXXX no Município Alfa, Estado Beta, por intermédio de sua advogada XXXXXX, inscrita na OAB/GO sob nº XX.XXX, e-mail XXXXXXXXXX, e com escritório profissional no endereço XXXXXXXX, abaixo assinada, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 5º, LXXIII, da Constituição Federal de 1988 e na Lei nº 4.717/1965, propor a presente AÇÃO POPULAR COM PEDIDO DE LIMINAR Em face do MUNICÍPIO ALFA, pessoa jurídica de direito público interno, com endereço sede na XXXXXX, nº XXX, Centro do Município Alfa, Estado Beta, CEP XX- XXX-XXX, representado pelo seu Prefeito, XXXXXXX, brasileiro, maior, inscrito no CPF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX, em face do Secretário Municipal do Meio Ambiente, XXXXXX, brasileiro, maior, inscrito no CPF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX, ambos com endereços localizados no Município Alfa, Estado Beta, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: I. DO CABIMENTO É a Ação Popular o remédio constitucional que aciona o Poder Judiciário, dentro da visão democrática participativa dos jurisdicionados pátrios, fiscalizando e atacando os atos lesivos ao Patrimônio Público com a condenação dos agentes responsáveis. A presente ação popular está respaldada no artigo 5º, LXXIII, da CF/88, e estabelece que qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular, desde que tenha por objetivo anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Aqui constituídos todos os pressupostos da Ação Popular, quais sejam, condição de eleitor, ilegalidade e lesividade, o que impugna para que seja cabível a propositura da Ação Popular, por conter ato ilegal e lesivo ao patrimônio público, em conformidade com a Lei 4.717/65. II. DA LEGITIMIDADE a) Ativa Antes de adentrar ao mérito da presente demanda, cabe esclarecer que o requerente, na qualidade de cidadão, brasileiro, maior, regularmente inscrito e em dia com suas obrigações eleitorais junto à Justiça Eleitoral e com amparo no artigo 5º, Inciso LXXIII, da Carta Magna, tem direito ao ajuizamento de AÇÃO POPULAR, que se substancia num instituto legal de Democracia. É direito próprio do cidadão participar da vida política do Estado fiscalizando a gestão do Patrimônio Público, a fim de que esteja conforme com os Princípios da Moralidade e da Legalidade e é garantido o seu ajuizamento a todos os cidadãos no regular gozo dos seus direitos políticos, o que é o caso do autor, conforme comprovado pelo Título Eleitoral e Certidão de Obrigações Eleitorais. b) Passiva A legitimidade passiva para propor AÇÃO POPULAR encontra respaldo legal no artigo 6º da Lei 4.717/65. “A ação será proposta contra pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no artigo 1º contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado ou que, por omissas, tiveram dado oportunidades à lesão, e contra os beneficiários direitos do mesmo”. O réu apontado nessa peça processual é devidamente responsável pelo ato ilegal, lesivo ao Meio Ambiente. A par disto, respondem passivamente os requeridos nesta sede processual na condição de pessoas públicas, autoridades e administradores. III. DOS FATOS À mídia local da cidade de Alfa, estado Beta divulgou matéria jornalística que acusava o Prefeito, de negligência com relação à saúde pública. Essas acusações se baseiam na alegação de que o Prefeito deixou de cumprir com os investimentos obrigatórios estabelecidos pela Constituição nos estabelecimentos médico-hospitalares da região. Diante disso, com o intuito de reverter a situação e se autopromover desenvolveu uma estratégia e para que a mesma fosse posta em prática seria necessário obter a aprovação do Secretário Municipal do Meio Ambiente que deu resposta positiva ao Prefeito. Sendo assim, o Prefeito da cidade de Alfa instalou um grande outdoor em uma das encostas dos morros da cidade. Essa área é reconhecida como uma zona de proteção ambiental e um ponto turístico notável, sendo, portanto, proibida para a instalação de estruturas desse tipo, de acordo com a legislação ambiental federal. Intensificando a atuação negativa e irresponsável do Prefeito, a instalação do outdoor foi financiada com recursos públicos, sob a justificativa de ser uma iniciativa de publicidade institucional que listava todas as ações e investimentos da prefeitura relacionados à área da saúde da atual gestão. Após a instalação do outdoor ter sido concluída, ambientalistas afiliados de uma ONG de proteção ao meio ambiente atuante na região, fizeram uma visita no local e identificaram irregularidades, dentre elas a iluminação utilizada no outdoor durante a noite causa danos à biodiversidade, e a curto prazo uma ameaça irreversível à sobrevivência de espécies animais nativos da região. Diante do acontecido, tomando conhecimento sobre a situação e verificando a inércia das autoridades competentes Carlos não viu outra alternativa senão recorrer ao poder judiciário para solucionar a presente demanda. IV. DA INTIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO Ao Ministério Público é cabível o acompanhamento da ação, que por sua vez atua como fiscal da Lei com base no art.178, inc. I do CPC: “O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam: I - Interesse público ou social;”. Diante disso, se faz indispensável o parecer do Ministério Público na presente ação para atuar como fiscal da lei, nos termos do artigo 6º, §4º da Lei 4.717/65. V. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS A ação popular está prevista no artigo 5º da CF/88 em seu inciso LXXIII que estabelece: “Qualquer cidadão é legítimo para propor ação popular que vise a anular ato lesivo no patrimônio público ou a entidade de que o Estado participe, a moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural”. Dessa forma, a ação do Prefeito do Munícipio Alfa de instalar um outdoor em área ambiental, considerando o lugar apenas como ponto estratégico pela sua visibilidade, para se autopromover e afastar as acusações que sofreu pela impressa com recursos municipais e utilizando de iluminação prejudicial podendo gerar um dano ambiental, constitui um ato lesivo ao meio ambiente tendo em vista que está utilizando de uma área de proteção ambiental e notório ponto turístico, estabelecida por lei federal a vedação de utilizando do local com o intuito de preservar espécies importantes da fauna local. Importante também destacar que a ação do Secretário Municipal do Meio Ambiente também constitui ato lesivo ao meio ambiente tendo em vista a autorização cedida ao prefeito para utilizar a área que deveria ter o dever legal de zelar considerando o cargo que ocupa, assim desobedecendo uma lei federal que vedava a utilização para tais fins. Ainda é importante destacar que a administração pública deve se pautar nos princípios constitucionais, como o da moralidade, pautado pelo bem da coletividade, por tanto a concessão de autorização dado pelo Secretário Municipal do Meio Ambiente para a prefeitura, representa pelo Prefeito, para tal objetivo ferindo uma norma de proteção ambiental é um atentado contra o interesse coletivo, por ambas as figuras municipais. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm Outro princípio constitucional que versa no âmbito administrativo e de grande importâncianeste caso é o da obrigatoriedade de licitação para contratação com a Administração Pública, que está previsto no artigo 37, inciso XXI da CF/88: “Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações”. Pela celeridade com que o Prefeito realizou a instalação do outdoor, comprado ao tempo padrão das licitações, subtende-se que não foi seguido a normal legal. O desrespeito a esse princípio pode constituir improbidade administrativa e, inclusive, a ocorrência de crimes de modalidade licitatória. Diante disso, o requerente entra com a Ação Popular, sendo um mecanismo legal que está previsto no artigo 5º, inciso LXXIII, da CF/88, que dispõe: “Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”. Somente quem estiver no gozo de seus direitos políticos pode ingressar com Ação Popular, como é o caso do requerente comprovado pela certidão de quitação eleitoral juntamente com o título de leitor (anexos). A instalação de um outdoor em uma área de proteção ambiental, causando efeitos prejudiciais à biodiversidade, constitui uma clara violação das regulamentações de conservação ambiental, assim como outro dos princípios da administração pública, o princípio da legalidade, deveriam os requeridos se resguardarem e não praticarem ações ilegais utilizando-se do poder que seus cargos concedem. A ação do Prefeito e do Secretário Municipal do Meio Ambiente representa um ato ilegal e prejudicial ao meio ambiente, exigindo a intervenção do Poder Judiciário na busca pela proteção e preservação do ecossistema local. Assim sendo, com a inercia dos órgãos competentes e não havendo outra ação em tramitação envolvendo o caso aqui tratado, o requerente tem o direito de ajuizar a presente ação, bem como o dever de cuidar do meio ambiente que é de todos, sendo importante destacar o artigo 225 da CF/88 que dispõem: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Partindo da premissa do artigo 225 da CF/88, temos em seu “§ 1º, inciso VII: “§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade”. Portando, vemos que as ações praticadas pelo Prefeito e pelo Secretário Municipal do Meio Ambiente violam muitas normas constitucionais, como a citada acima e os mesmos não asseguraram o direito ao meio ambiente, não o protegendo, tomando partido de práticas que colocaram em risco a função ecológica da área preservada e se a mesma continuar na situação em que está irá comprometê-la e os animais que vivem no local. VI. DA LIMINAR Trata-se o presente caso de grande relevância, tendo em vista que é cabível evitar a lesão ao patrimônio público, em virtude de imoralidade administrativa. Cumpre ao magistrado atentar aos efeitos práticos que o deferimento da liminar postulada na ação popular venha produzir, sempre com a preocupação de compatibilizar o interesse público, objeto do processo, com a necessária eliminação da ilegalidade constatada inicialmente no feito. Como se sabe, a Lei nº 4.717/65, em seu artigo 5º, §4º, autoriza o Poder Judiciário, em sede de ação popular constitucional, a conceder provimento liminar que suste a eficácia e a execução do ato lesivo impugnado, tornando acessível, ao interessado, um instrumento processual apto a sanar, de modo eficaz, a situação de lesividade ora denunciada pelo próprio arguente. Em razão disso, pleiteia-se pela liminar conforme o artigo citado que dispõe sobre o cabimento de suspensão liminar do ato lesivo impugnado, tendo em vista a defesa do patrimônio público. VII. DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer a Vossa Excelência: 1. A concessão de medida liminar, nos termos do artigo 5º, §4º, da Lei nº 4.717/1965, determinando a suspensão imediata da iluminação do outdoor instalado na encosta do morro; 2. A citação dos requeridos para, querendo, apresentarem contestação no prazo legal assistidos se quiserem pela Procuradoria do Município; 3. A notificação do Ministério Público para atuar no feito, nos termos da legislação aplicável; 4. A procedência da presente ação, com a declaração de nulidade do ato que autorizou a instalação do outdoor na área de proteção ambiental; 5. A condenação dos réus a pagar as custas e demais despesas judiciais e extrajudiciais, bem como o ônus das verbas sucumbenciais, especialmente nos honorários advocatícios que Vossa Excelência houver por bem arbitrar; 6. A produção de provas documental, testemunhal, pericial, e, especialmente, o depoimento pessoal dos demandados, representados por quem de direito; 7. A total procedência da ação, com a confirmação da medida liminar e a condenação dos requeridos nas sanções cabíveis. Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, especialmente pelos documentos ora juntados, oitiva de testemunhas e outras mais que se fizerem necessárias, desde já requeridas, em especial a Perícia Técnica Ambiental. Dá-se a causa o valor de R$ XX.XXX,XX (valor por extenso). Nestes termos, pede deferimento. Alfa - BETA, 27 de setembro de 2023. JULIANA MACEDO MOTA OAB/UF nº XX.XXX
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