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ACOMPANHAMENTO PLENUS
PROCURADORIAS
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DIREITO FINANCEIRO
SEMANA 5
SINOPSE DE ESTUDO
#SouPlenus
#AdvdeEstado
#TôDentro
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PROCURADORIAS
SUMÁRIO
1. Introdução .................................................................................................................................... 4
2. Conceito ....................................................................................................................................... 4
3. Classificação ................................................................................................................................. 5
3.1 Quanto à origem do recurso ...................................................................................................... 5
3.2 Quanto à competência do ente ................................................................................................. 5
3.3 Quanto à regularidade ............................................................................................................... 6
3.4 Quanto à natureza legal ............................................................................................................. 6
3.4.1 Despesas correntes ................................................................................................................. 6
3.4.2 Despesas de capital ................................................................................................................. 8
4. Fases da despesa pública ............................................................................................................. 9
4.1 Empenho .................................................................................................................................. 10
4.1.1 Tipos de empenho ................................................................................................................. 12
4.1.2 Possibilidade de cancelamento de empenho ...................................................................... 12
4.2 Liquidação ................................................................................................................................ 13
4.3 Pagamento ............................................................................................................................... 13
5. Restos a pagar ............................................................................................................................ 14
5.1 Restos a pagar em final de mandato ....................................................................................... 15
6. Adiantamento ou suprimento de fundos .................................................................................. 16
7. Despesas públicas de origem administrativa: 
despesas de exercícios anteriores – DEA ....................................................................................... 17
8. Despesa Pública de origem judicial: precatório ........................................................................ 19
8.1 Introdução ................................................................................................................................ 19
8.2 Conceito e finalidade ............................................................................................................... 20
8.3 Alcance do regime .................................................................................................................... 21
8.4 Procedimento ........................................................................................................................... 24
8.5 Regra geral dos precatórios ..................................................................................................... 26
8.6 Requisições de pequeno valor ................................................................................................. 28
8.7 Exceção ao regime: anistiados políticos ................................................................................. 30
8.8 Função administrativa do Tribunal .......................................................................................... 31
8.9 Complementação, Suplementação e Fracionamento de Precatório ..................................... 31
8.10 Compensação de precatório realizado pela Fazenda Pública ............................................. 33
8.11 Precatório e reflexos tributários ............................................................................................ 35
8.11.1 Compensação de precatório realizado pelo contribuinte ................................................. 35
8.11.2 Precatório e o processo executivo fiscal ............................................................................. 37
8.11.3 Precatório e Certidão Negativa de Débito .......................................................................... 37
8.11.4 Precatórios, depósitos judiciais e litigância tributária ...................................................... 38
8.12 Aquisição de imóveis públicos com precatórios ................................................................... 39
8.13 Atualização monetária dos precatórios ................................................................................ 39
8.14 Cessão de precatórios ............................................................................................................ 44
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PROCURADORIAS
8.15 Regime Especial de Precatórios ............................................................................................. 44
8.15.1 Regime Especial da EC nº. 62/09 ......................................................................................... 44
8.15.2 Modulação dos efeitos da decisão do STF .......................................................................... 46
8.15.3 Emendas Constitucionais nº. 94/16 e 99/17 ....................................................................... 47
8.16 Intervenção Federal ............................................................................................................... 56
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PROCURADORIAS
1. Introdução
No material introdutório da disciplina, afirmamos que o Estado, para atingir a sua 
finalidade, qual seja a realização do bem comum, desenvolve diversas atividades administrati-
vas, que demandam uma massa de recursos econômicos. 
Nesse sentido, tais recursos não podem ser utilizados de maneira indiscriminada. 
Dentre outras formas de utilização, estão diretamente relacionados à satisfação das despesas 
atinentes aos direitos fundamentais. Por essa razão, há normas que impõem parâmetros a se-
rem seguidos por aqueles responsáveis pela satisfação dos interesses da coletividade.
Faz-se necessário, portanto, que compreendamos o que vêm a ser tais despesas e 
dentro de quais balizas elas ocorrem.
2. Conceito
Pode-se entender a despesa como a massa de recursos econômicos que o Estado 
utiliza para desenvolver as atividades administrativas a fim de satisfazer o bem comum. Nesse 
sentido, ensina Harrison Leite que a despesa
Consiste no conjunto de gastos realizados pelo Poder Público para a 
consecução de suas atividades principais, com o objetivo de financiar 
as ações do governo, sempre com foco na satisfação das necessidades 
públicas. É, assim, o desembolso realizado pelo Estado para atender os 
serviços públicos e os encargos assumidos no interesse geral da socie-
dade1.
Segundo Aliomar Baleeiro, a quem a maioria dos doutrinadores atribui a melhor con-
ceituação de despesa, esta pode ser entendida a partir de dois sentidos: a) enquanto parte do 
orçamento, em que se encontra o conjunto dos gastos do Estado para o bom funcionamento 
dos serviços públicos em geral; e b) enquanto quantia aplicada por parte de indivíduo compe-
tente a fim de satisfazer finalidade específica a cargo do governo. 
Em síntese, no primeiro sentido, a despesa é entendida como o conjunto de gastos do 
Estado previsto no orçamento; já no segundosentido, despesa é aplicação específica da receita 
pública, ou seja, é gasto isoladamente considerado a fim de satisfazer obrigação determinada.
3. Classificação
1 LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro. 5. ed. Salvador: Juspodivm. 2016. p. 260.
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PROCURADORIAS
Abaixo, demonstrar-se-á aquelas de maior representatividade, considerando que a 
doutrina diverge sobre elas. Nesse sentido, as classificações abaixo não excluem outras porven-
tura existentes.
3.1 Quanto à origem do recurso
Tal classificação diferencia as despesas em orçamentárias e extraorçamentárias. 
Sob essa ótica, serão orçamentárias quando constarem na lei do orçamento e em 
seus créditos adicionais. Trata-se de decorrência do Princípio da Legalidade, uma vez que a 
realização de gastos públicos depende de prévia autorização legislativa.
Por outro lado, serão extraorçamentárias quando não se fizerem presentes na lei do 
orçamento e em seus créditos adicionais, pelo fato de se tratarem de recursos que são arreca-
dados com caráter de transitoriedade, não se somando ao orçamento. 
Ou seja, embora sejam arrecadados, por pertencerem a terceiros, tais recursos não 
adquirem o caráter de receita orçamentária. Desse modo, no momento de devolução, também 
não adquirem o caráter de despesa orçamentária. 
Referidas despesas correspondem, portanto, à restituição ou entrega de valores ar-
recadados sob o título de receita extraorçamentária, como ocorre na devolução de fianças e 
cauções, no levantamento de depósitos etc.
3.2 Quanto à competência do ente
Ante tal aspecto, as despesas classificam-se em relação aos entes federativos, po-
dendo ser: a) Federais; b) Estaduais e c) Municipais.
Federais são as despesas se destinam a atender os fins e serviços que competem à 
União Federal, em cujo orçamento estão consignadas.
Estaduais são as despesas que visam a atender os fins e serviços do Estado, estando 
fixada em seu orçamento.
Municipais são as despesas relacionadas ao exercício das competências municipais, 
encontrando previsão no orçamento municipal.
3.3 Quanto à regularidade
No que concerne à regularidade (periodicidade), as despesas podem ser ordinárias 
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PROCURADORIAS
ou extraordinárias.
Ordinárias são as que ocorrem ordinariamente, voltadas a necessidades públicas es-
táveis, permanentes e periódicas, constituindo verdadeira “rotina”. Assim, renovam-se todos os 
anos, extinguindo-se no curso de cada exercício financeiro.
Extraordinárias, por outro lado, são as despesas de caráter esporádico, que não 
ocorrem com regularidade. Tais despesas têm por finalidade satisfazer necessidades públicas 
imprevisíveis e urgentes, provocadas por circunstâncias excepcionais. Por tal razão, essas des-
pesas não encontram dotação própria no orçamento, demandando a abertura de créditos ex-
traordinários (art. 167, §3º, da CRFB/88).
3.4 Quanto à natureza legal
Trata-se da classificação prevista na Lei nº. 4.320/64. Nesse caso, as despesas podem 
ser correntes ou de capital. 
Considerando a importância dessa classificação, vale tratar de cada uma em tópicos 
específicos.
3.4.1 Despesas correntes
Assim dispõe o art. 12, da Lei nº. 4.320/64:
CAPÍTULO III
Da Despesa
Art. 12. A despesa será classificada nas seguintes categorias econômi-
cas:
DESPESAS CORRENTES
Despesas de Custeio
Transferências Correntes
[...]
§ 1º Classificam-se como Despesas de Custeio as dotações para manu-
tenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a 
atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis.
§ 2º Classificam-se como Transferências Correntes as dotações para des-
pesas as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou ser-
viços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à 
manutenção de outras entidades de direito público ou privado.
Da redação do referido dispositivo, podemos inferir que as despesas correntes são 
aquelas que resultam como resposta à necessidade de manter as atividades próprias do Esta-
do. Tais receitas, portanto, almejam apenas a continuidade dos serviços do Estado, não geran-
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PROCURADORIAS
do o aumento de seu patrimônio, sendo denominadas despesas improdutivas. Sobre o tema, 
assim discorre Harrison Leite:
São as despesas contínuas, que, a depender da realidade financeira do 
ente, não representam ganho de patrimônio e se referem a serviços rea-
lizados pela Administração Direta, Indireta ou àqueles que recebem re-
cursos públicos para atender a despesas desta natureza2. 
Mencionadas despesas são classificadas, conforme visto, em despesas de custeio e 
em transferências correntes. 
As despesas de custeio são aquelas despesas dinâmicas, em que há uma contrapres-
tação ao pagamento realizado periodicamente pelo Estado. Relembre-se, todavia, que essa 
contraprestação se dá em serviços, e não no âmbito patrimonial. 
Por seu turno, as transferências correntes são despesas estáticas, que não corres-
pondem a uma contraprestação direta em bens e serviços. Aqui se incluem, por exemplo, as 
despesas com aposentados e pensionistas, uma vez que estes, apesar de receberem proventos, 
não mais trabalham em favor do poder público.
Dentre as transferências correntes, importa tratar das subvenções. Nesse sentido, 
reza a Lei nº. 4.320/64:
Art. 12. [...]
§ 3º Consideram-se subvenções, para os efeitos desta lei, as transferências 
destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas, 
distinguindo-se como:
I - subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou pri-
vadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa;
II - subvenções econômicas, as que se destinem a empresas públicas ou 
privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril.
[...]
I) Das Subvenções Sociais
Art. 16. Fundamentalmente e nos limites das possibilidades financeiras 
a concessão de subvenções sociais visará a prestação de serviços essen-
ciais de assistência social, médica e educacional, sempre que a suple-
mentação de recursos de origem privada aplicados a esses objetivos, 
revelar-se mais econômica.
Parágrafo único. O valor das subvenções, sempre que possível, será cal-
culado com base em unidades de serviços efetivamente prestados ou 
postos à disposição dos interessados obedecidos os padrões mínimos 
2 LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro. 5. ed. Salvador: Juspodivm. 2016. p. 262.
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PROCURADORIAS
de eficiência previamente fixados.
Art. 17. Somente à instituição cujas condições de funcionamento forem 
julgadas satisfatórias pelos órgãos oficiais de fiscalização serão conce-
didas subvenções.
II) Das Subvenções Econômicas
Art. 18. A cobertura dos déficits de manutenção das empresas públicas, 
de natureza autárquica ou não, far-se-á mediante subvenções econômi-
cas expressamente incluídas nas despesas correntes do orçamento da 
União, do Estado, do Município ou do Distrito Federal.
Parágrafo único. Consideram-se, igualmente, como subvenções econô-
micas:
a) as dotações destinadas a cobrir a diferença entre os preços de mer-
cado e os preços de revenda, pelo Governo, de gêneros alimentícios ou 
outros materiais;
b) as dotações destinadas ao pagamento de bonificações a produtores de 
determinados gêneros ou materiais.
Art. 19. A Lei de Orçamento não consignará ajuda financeira, a qualquer 
título, a empresa de fins lucrativos, salvo quando se tratar de subvenções 
cuja concessão tenha sido expressamente autorizada em lei especial.
É por meio das subvenções que o Estado auxilia as instituições assistenciais, sem fins 
lucrativos.
Nessa situação, em vez de o Estado assumir integralmente determinadas atividades, 
suplementa os recursos de origem privada, numa espécie de parceria visando ao interesse de 
toda a coletividade.
3.4.2 Despesas de capital
Sobre as despesas de capital, assim preleciona o art. 12, da Lei nº. 4.320/64:
Art. 12.A despesa será classificada nas seguintes categorias econômi-
cas:
[...]
DESPESAS DE CAPITAL
Investimentos
Inversões Financeiras
Transferências de Capital
[...]
§ 4º Classificam-se como investimentos as dotações para o planejamen-
to e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis 
considerados necessários à realização destas últimas, bem como para 
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PROCURADORIAS
os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipa-
mentos e material permanente e constituição ou aumento do capital de 
empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro.
 § 5º Classificam-se como Inversões Financeiras as dotações destinadas 
a:
I - aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização;
II - aquisição de títulos representativos do capital de emprêsas ou enti-
dades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não im-
porte aumento do capital;
III - constituição ou aumento do capital de entidades ou emprêsas que 
visem a objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancá-
rias ou de seguros.
§ 6º São Transferências de Capital as dotações para investimentos ou 
inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado 
devam realizar, independentemente de contraprestação direta em bens 
ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou contribuições, 
segundo derivem diretamente da Lei de Orçamento ou de lei especial-
mente anterior, bem como as dotações para amortização da dívida pú-
blica.
Embora o legislador, novamente, não conceitue o que entende por despesas de ca-
pital, podemos inferir que essas são as despesas que resultarão em acréscimo do patrimônio 
público, seja a partir da aquisição de bens, seja pela redução da dívida pública.
Nesse sentido, são entendidas como despesas economicamente produtivas, dividin-
do-se em investimentos, inversões financeiras e transferências de capital, conforme já tratado 
na redação do dispositivo acima.
Assim, importa ressaltar que a aquisição de imóveis necessários à realização de obras 
públicas qualifica-se como investimento, ao passo que a aquisição de imóveis para uso da ad-
ministração constitui inversão financeira.
4. Fases da despesa pública
Assim como no âmbito da classificação das despesas, a doutrina diverge no que ati-
ne à quantidade de fases da despesa pública. 
Isso ocorre porque, antes da fase administrativa da despesa, composta pelo empe-
nho, pela liquidação e pelo pagamento, afirma-se existir a fase da fixação de despesa, consis-
tente na necessária autorização orçamentária na LOA. 
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PROCURADORIAS
Respeitado tal posicionamento, essa fase já foi estudada quando se tratou das eta-
pas iniciais dos ciclos orçamentários e das leis orçamentárias, uma vez que as indigitadas leis 
são responsáveis por compatibilizar os gastos com os desígnios constitucionais, autorizando e 
legitimando a execução do orçamento. 
Assim, iremos tratar adiante da fase administrativa da despesa, conforme posto na 
Lei nº. 4.320/64.
4.1 Empenho
A teor da Lei nº. 4.320/64, é vedada a realização de despesa sem prévio empenho (art. 
60, da Lei nº. 4.320/64). 
O empenho de despesa é o ato emanado da autoridade que cria para o Estado obri-
gação de pagamento pendente ou não de implemento de condição (art. 58, da Lei nº. 4.320/64). 
Em outras palavras, o empenho consiste na reserva de recursos a ser feita no orçamento para 
determinado gasto que se deseja realizar.
Assume-se, portanto, um compromisso, não podendo mais a dotação ser gasta por 
motivo diverso daquele que originou o seu empenho. 
Contudo, isso não significa que a administração possua a obrigação de arcar com a 
dotação reservada, nem que o credor possua direito adquirido ao valor objeto de empenho. 
Assim, o empenho, por si só, não cria obrigação de pagar, podendo ser cancelado ou anulado 
unilateralmente.
Considerando se tratar de reserva de fundo a determinada despesa, assim como em 
atenção à previsão constitucional do art. 167, II, pode-se inferir que o empenho não poderá ex-
ceder o limite dos créditos concedidos (art. 59, da Lei nº. 4.320/64). 
É por essa razão que para cada empenho será extraído um documento denominado 
“nota de empenho” que indicará o nome do credor, a representação e a importância da despesa 
bem como a dedução desta do saldo da dotação própria (art. 61, da Lei nº. 4.320/64). 
A importância do empenho é ressaltada pela previsão do art. 62, da Lei nº. 8.666/93, 
hipótese na qual a Administração poderá substituir o contrato administrativo licitatório pela 
nota de empenho, nestes termos:
Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de concorrên-
cia e de tomada de preços, bem como nas dispensas e inexigibilidades 
cujos preços estejam compreendidos nos limites destas duas modalida-
des de licitação, e facultativo nos demais em que a Administração puder 
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PROCURADORIAS
substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como carta-contrato, 
nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de exe-
cução de serviço.
Entretanto, ressalte-se que embora o empenho seja condição obrigatória para a rea-
lização da despesa, a emissão da nota de empenho pode ser dispensada em casos especiais 
(art. 60, §1, da Lei nº. 4.320/64). 
No âmbito jurisprudencial, importa dizer que o empenho tem força de título executi-
vo extrajudicial. Sobre o tema, veja-se o julgado do STJ:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. ARTS. 535 E 458 DO CPC. OMIS-
SÃO. INOCORRÊNCIA. ARTS 267 E 295 DO CPC. PREQUESTIONAMENTO. 
AUSÊNCIA. EXCESSO DE EXECUÇÃO. REGRA LEGAL VULNERADA. FALTA 
DE INDICAÇÃO. SÚMULA 284/STF. NOTA DE EMPENHO. TÍTULO EXECUTI-
VO EXTRAJUDICIAL. 1. Não é omisso o aresto que decide de forma fun-
damentada e suficiente os pontos suscitados, descabendo-se cogitar de 
negativa da prestação jurisdicional somente porque o julgado é contrá-
rio ao interesse da parte. 2. Não decididas pela Corte de origem as ques-
tões federais, inadmissível é o manejo de recurso especial, pois impe-
riosa a observância ao requisito do prequestionamento. São aplicáveis 
as Súmulas 211/STJ e 282/STF. 3. A falta de indicação precisa da norma 
legal supostamente vulnerada atrai o óbice da Súmula 284/STF. 4. A nota 
de empenho emitida por agente público é título executivo extrajudicial 
por ser dotada dos requisitos da liquidez, certeza e exigibilidade. Pre-
cedentes. 5. Recurso especial conhecido em parte e improvido. (REsp 
894.726/RJ, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 
20/10/2009, DJe 29/10/2009)
De mais a mais, pode-se afirmar que o empenho é importante instrumento de limi-
tação do Estado, na medida em que impede que este arque com dotações orçamentárias em 
valor excessivo, assim como garante que o fornecimento do bem ou do serviço seja pago ao 
particular pela Administração Pública. 
4.1.1 Tipos de empenho
O empenho é classificado em três espécies: ordinário, por estimativa e global.
O empenho ordinário é aquele promovido para arcar com as despesas normais, em 
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PROCURADORIAS
que o montante é previamente conhecido e o pagamento deva ocorrer de uma só vez.
O empenho por estimativa é aquele que, embora a despesa ocorra comumente, não 
é possível precisar o seu valor, tendo-se apenas uma noção aproximada. Nesse caso, costuma-
-se fazer uma estimativa do gasto ao longo do exercício financeiro para que haja o empenho.
O empenho global, assim como o ordinário, atende a despesas com montante pre-
viamente conhecido. No entanto, seu pagamento é feito em parcelas, conforme definição legal 
ou contratual, tendo em vista o objeto contratado. 
No caso dos contratos de duração superior ao exercício financeiro, o empenho global 
é restrito a um exercício financeiro (art. 27, do Decreto nº. 93.872/86).
Ademais, é vedado aos Municípios empenhar, no último mês do mandato do Prefei-
to, mais do que o duodécimo(1/12) da despesa prevista no orçamento vigente (art. 67, §1º, da 
Lei nº. 4.320/64).
4.1.2 Possibilidade de cancelamento do empenho
Conforme já ressaltado, o empenho somente criará a obrigação de pagamento para 
o Estado se o credor também realizar o compromisso firmado. É dizer: é plenamente possível 
que o empenho seja cancelado, total ou parcialmente, seja porque foi emitido em desatenção à 
previsão legal, seja porque o objeto do contrato não foi cumprido.
Nesse sentido, as situações que levam ao cancelamento do empenho são variadas, 
podendo-se citar as seguintes: a) quando o serviço contratado não for prestado; b) quando a 
obra não for executada; c) quando não ocorrer a entrega do material encomendado; e d) quan-
do tiver sido emitido incorretamente.
Contudo, também é possível que o empenho seja insuficiente para o compromisso 
acertado. Nessa hipótese, poderá ser reforçado. 
Já se o empenho exceder o valor da despesa, poderá ser anulado apenas parcial-
mente.
Ocorrida a anulação do empenho, será emitida a “nota de anulação de empenho” a 
fim de reverter a importância anulada ao saldo orçamentário.
4.2 Liquidação
A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor ten-
do por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito (art. 63, da Lei nº. 
4.320/64). Assim, trata-se de verificação da legitimidade da despesa empenhada.
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PROCURADORIAS
Essa verificação tem por fim apurar a origem e o objeto do que se deve pagar, a im-
portância exata a pagar e a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação (art. 
63, §1º, da Lei nº. 4.320/64).
No caso de contratos públicos, exige-se a presença do fiscal do contrato. Com efeito, 
assim dispõe o art. 67, da Lei nº. 8.666/93:
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada 
por um representante da Administração especialmente designado, per-
mitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de infor-
mações pertinentes a essa atribuição.
O fiscal do contrato deverá acompanhar a execução do contrato, evitando o seu cum-
primento de modo diverso do contratado e prestando informações que irão fundamentar a li-
quidação da despesa pública.
4.3 Pagamento
O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua regular liqui-
dação (art. 62, da Lei nº. 4.320/64). Trata-se do momento de desembolso do recurso público, 
extinguindo-se o débito correspondente. 
Dessa forma, verificada a prestação do serviço ou a entrega da mercadoria, a autori-
dade competente da a ordem de pagamento, determinado que a despesa seja paga (art. 64, da 
Lei nº. 4.320/64).
O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou pagadoria regularmente 
instituídos por estabelecimentos bancários credenciados e, em casos excepcionais, por meio 
de adiantamento (art. 65, da Lei nº. 4.320/64), que será tratado em tópico futuro.
No que tange à ordem de prioridade no pagamento das despesas, assim dispõe o art. 
5º, da Lei nº. 8.666/93:
Art. 5º Todos os valores, preços e custos utilizados nas licitações terão 
como expressão monetária a moeda corrente nacional, ressalvado o dis-
posto no art. 42 desta Lei, devendo cada unidade da Administração, no 
pagamento das obrigações relativas ao fornecimento de bens, locações, 
realização de obras e prestação de serviços, obedecer, para cada fonte 
diferenciada de recursos, a estrita ordem cronológica das datas de suas 
exigibilidades, salvo quando presentes relevantes razões de interesse 
público e mediante prévia justificativa da autoridade competente, devi-
14
PROCURADORIAS
damente publicada.
Assim, a regra de pagamento é a ordem cronológica das datas de suas exigibilidades. 
Não há discricionariedade do administrador, portanto, nesse ponto.
Inclusive, é tipificada como crime a conduta de pagar fatura om preterição da ordem 
cronológica de sua exigibilidade, segundo o art. 92, da Lei nº.8.666/93:
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou 
vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do adjudicatário, 
durante a execução dos contratos celebrados com o Poder Público, sem 
autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos 
instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da or-
dem cronológica de sua exigibilidade, observado o disposto no art. 121 
desta Lei:
Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa.
Ainda, é crime de responsabilidade dos prefeitos municipais antecipar ou inverter a 
ordem de pagamento a credores do Município, sem vantagem para o erário (art. 1º, XII, do De-
creto-Lei nº. 201/67).
5. Restos a pagar
Os restos a pagar são as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezem-
bro distinguindo-se as processadas das não processadas (art. 36, da Lei nº. 4.320/64).
Restos a pagar distinguem-se em processados e não processados. Nesse ponto, de-
ve-se relembrar das fases da despesa, em especial do empenho e da liquidação, pois os restos 
a pagar processados são aqueles em que o empenho é executado e liquidado, estando prontas 
para pagamento. Já os restos a pagar não processadas são aqueles em que há o empenho, mas 
não há liquidação.
Nesse ponto, segundo escólio de Harrison Leite,
Os valores inscritos em restos a pagar deverão ser pagos durante o exer-
cício financeiro subsequente, ou seja, até 31 de dezembro do ano se-
guinte à realização do empenho. Se não forem pagos, os saldos rema-
nescentes serão automaticamente cancelados, uma vez que é vedada a 
reinscrição de empenhos em restos a pagar3.
Em tal cenário, os recursos destinados ao seu pagamento passam a ser considerados 
3 LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro. 5. ed. Salvador: Juspodivm. 2016. p. 283.
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PROCURADORIAS
“outras receitas”, entrando no orçamento do ano seguinte.
Enquanto as despesas permanecem inscritas em restos a pagar, a prescrição corre a 
partir desta data. Entretanto, com o cancelamento dos restos a pagar, ocorre a interrupção da 
prescrição, oportunidade na qual o prazo prescricional passa a ser contado novamente (art. 22, 
§2º, “b”, do Decreto nº. 93.872/86). É por essa razão que os restos a pagar cancelados são deno-
minados restos a pagar com prescrição interrompida.
Na hipótese de não liquidação de empenhos vinculados a créditos com vigência 
plurianual, estes só serão computados como Restos a Pagar no último ano de vigência do crédi-
to (art. 36, parágrafo único, da Lei nº. 4.320/64).
5.1 Restos a pagar em final de mandato
Considerando-se que não há a necessidade de recursos financeiros para realizar uma 
licitação ou firmar um contrato, ou seja, de efetiva disponibilidade financeira, mas tão somente 
que haja previsão desses recursos na lei orçamentária, é comum que diversos gestores empe-
nhem despesas sem levarem em conta a possibilidade de frustação das receitas.
Nesse caso, ao final do exercício, percebe-se inexistir recursos para efetuar os paga-
mentos, o que gera excessiva inscrição de pagamento em restos a pagar.
Com vistas a evitar tal prática, que afronta o Princípio do Equilíbrio Orçamentário, 
assim reza o art. 42, da LC nº. 101/00:
Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos úl-
timos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despe-
sa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha 
parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente 
disponibilidade de caixa para este efeito.
Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão 
considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o fi-
nal do exercício.
Ressalte-se que tal regra é dotada de elevada rigidez, aplicando-se inclusive no caso 
de reeleição. Ademais, é matéria de dispositivo do Código Penal, nos seguintes termos:
Assunção de obrigação no último ano do mandato ou legislaturaArt. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últi-
mos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura, cuja des-
pesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste 
parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida 
suficiente de disponibilidade de caixa:
16
PROCURADORIAS
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Por fim, cumpre dizer que o art. 50, V, da LC nº. 101/00, em atenção ao princípio da 
transparência, determina que as inscrições em restos a pagar sejam feitas de forma a favorecer 
a fiscalização, nestes termos:
Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a 
escrituração das contas públicas observará as seguintes:
[...]
V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e as demais 
formas de financiamento ou assunção de compromissos junto a tercei-
ros, deverão ser escrituradas de modo a evidenciar o montante e a varia-
ção da dívida pública no período, detalhando, pelo menos, a natureza e 
o tipo de credor;
6. Adiantamento ou suprimento de fundos
Conforme afirmado no tópico 4.3, o pagamento da despesa será efetuado, em casos 
excepcionais, por meio de adiantamento (art. 65, da Lei nº. 4.320/64).
Segundo disposição da Lei nº. 4.320/64, esse regime é aplicável aos casos de des-
pesas expressamente definidos em lei e consiste na entrega de numerário a servidor, sempre 
precedida de empenho na dotação própria para o fim de realizar despesas, que não possam 
subordinar-se ao processo normal de aplicação (art. 68, da Lei nº. 4.320/64).
Trata-se, portanto, de despesa orçamentária – uma vez que se sujeita as fases co-
muns a esta – em que é feita a entrega antecipada de valores à determinado servidor para que 
este promova pagamentos em hipóteses definidas por lei. 
Verifica-se, então, que a natureza do adiantamento é de modalidade simplificada de 
pagamento de despesa pública.
Pela previsão legal, vê-se que o numerário objeto do adiantamento somente pode 
ser concedido a servidor público, nunca a terceirizado ou estagiário. 
Além disso, não se fará adiantamento a servidor em alcance nem a responsável por 
dois adiantamentos (art. 69, da Lei nº. 4.320/64). Isso significa que é vedada a concessão de 
mais de dois adiantamentos ao mesmo servidor público e que este não poderá receber novo 
adiantamento enquanto não prestar as contas do anterior, devendo demonstrar que utilizou os 
recursos de acordo com a Lei.
17
PROCURADORIAS
COMO ESSE ASSUNTO TEM SIDO COBRADO EM PROVAS DA CARREIRA?
(PGE/AM 2016 – CESPE – PROCURADOR DO ESTADO) Acerca de receita e despesa públicas no 
direito financeiro brasileiro, julgue o próximo item:
Ao servidor público que já figure como responsável por um adiantamento é vedada a realiza-
ção de novo suprimento de fundos.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito: E
Nas palavras de Harrison Leite,
O suprimento de fundos é medida excepcional, aceitável apenas quando 
a natureza da despesa justificá-la, em detrimento do procedimento nor-
mal aplicável nos demais casos. Compete, assim, à lei específica de cada 
ente federativo as especificações do que é excepcional, aí mencionando 
o que é urgente ou a insignificância do valor a ser pago.4
Por fim, tratando da matéria, assim dispõe a Lei nº. 8.666/93:
Art. 60. [...]
Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Ad-
ministração, salvo o de pequenas compras de pronto pagamento, assim 
entendidas aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limi-
te estabelecido no art. 23, inciso II, alínea “a” desta Lei, feitas em regime 
de adiantamento.
7. Despesas públicas de origem administrativa: despesas de exercícios anteriores – DEA
Assim dispõe o art. 37, da Lei nº. 4.320/64:
Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento 
respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para aten-
dê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como os 
Restos a Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reco-
nhecidos após o encerramento do exercício correspondente poderão ser 
pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento, discrimi-
nada por elementos, obedecida, sempre que possível, a ordem cronoló-
gica.
4 LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro. 5. ed. Salvador: Juspodivm. 2016. p. 288.
18
PROCURADORIAS
Esse dispositivo trata das denominadas despesas de exercícios anteriores – DEA. Es-
tas consistem nas despesas resultantes de compromissos que foram assumidos em exercícios 
anteriores, mas que somente vieram a ser empenhados e pagos em exercícios posteriores.
Pela redação do referido dispositivo, é possível perceber que há três categorias de 
despesas que podem ser dotadas como DEA, a fim de evidenciar que pertencem a exercícios 
passados:
a) Despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consig-
nava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na 
época própria: trata-se daquelas cujo empenho tenha sido considerado insubsistente e anu-
lado no encerramento do exercício correspondente, mas que, dentro do prazo estabelecido, o 
credor tenha cumprido sua obrigação (art. 22, §2º, “a”, do Decreto nº. 93.872/86). 
Encaixa-se nessa hipótese, também, as despesas urgentes que não puderam aguar-
dar a realização do empenho.
b) Restos a pagar com prescrição interrompida: diz respeito à despesa cuja inscrição 
como restos a pagar tenha sido cancelada, mas ainda vigente o direito do credor (art. 22, §2º, 
“b”, do Decreto nº. 93.872/86).
De fato, conforme visto, os restos a pagar não pagos até o final do exercício são can-
celados e os recursos destinados ao seu pagamento passam a ser considerados “outras recei-
tas” no orçamento seguinte. 
Contudo, ainda que haja cancelamento, se, dentro do prazo prescricional, o credor 
comprovar o seu direito, o pagamento poderá ser efetuado pela Administração a título de DEA.
c) Compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente: 
trata-se da obrigação de pagamento criada em virtude de lei, mas somente reconhecido o direi-
to do reclamante após o encerramento do exercício correspondente (art. 22, §2º, “c”, do Decreto 
nº. 93.872/86). Harrison Leite oferece o seguinte exemplo:
Por exemplo, se um servidor, cujo filho nasceu em setembro de um ano, 
somente requereu o benefício do salário-família em março do ano se-
guinte, as despesas referentes aos meses de setembro a dezembro do 
ano anterior irão à conta de DEA, classificadas como despesas correntes. 
O mesmo se dá com promoção de servidor com data retroativa e que 
alcance anos anteriores.5
5 LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro. 5. ed. Salvador: Juspodivm. 2016. p. 289.
19
PROCURADORIAS
Nesse ponto, vale dizer que as dívidas de exercícios anteriores que dependam de 
atuação do favorecido prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou do fato que tiver 
originado o respectivo direito.
Deve-se ressaltar, todavia, que assim como qualquer despesa, as decorrentes de 
exercícios anteriores também demandam prévio empenho, comprometendo o orçamento vi-
gente à época do efetivo pagamento.
Assim, não se deve confundir restos a pagar com despesas de exercícios anteriores. 
Enquanto estas são despesas orçamentárias, aquelas são despesas extraorçamentárias, na me-
dida em que o seu pagamento corre à custa do orçamento anterior.
8. Despesa Pública de origem judicial: precatório
8.1 Introdução
Embora haja a possibilidade do reconhecimento administrativo das dívidas, confor-
me restou esclarecido no tópico anterior, é certo que este não ocorre facilmente.
Assim, é comum que particulares recorram a cobrança judicial do débito em relação 
ao Estado. Contudo, ao contrário do particular, o Estado demanda um sistema próprio de exe-
cução e pagamento, denominadoprecatório. Nas palavras de Harrison Leite,
Esse sistema especial de pagamento, ao mesmo tempo em que é um pri-
vilégio ao Estado, consiste numa garantia ao credor. Privilégio porque, 
embora devedor, o Estado não poderá sofrer penhora, tampouco ir à fa-
lência ou à insolvência. Ao máximo, pode ir à inadimplência. E garan-
tia porque, se o Estado for inadimplente, a Constituição prevê medidas 
que asseguram ao credor o recebimento de seu crédito. Daí falar-se que, 
pela sistemática constitucional, há regras de natureza processual con-
ducentes à efetividade da sentença condenatória transitada em julgado 
por quantia certa contra entidades de direito público.6
Destarte, vencedor numa demanda contra a Fazenda Pública, o particular tem o di-
reito de exigir do Estado o seu pagamento, que se dará a partir do denominado Precatório.
8.2 Conceito e finalidade
O precatório, em síntese, consiste numa ordem judicial expedida contra a Fazenda 
Pública a fim de que esta inclua no orçamento valor suficiente para quitar sua dívida. Nas pala-
6 LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro. 5. ed. Salvador: Juspodivm. 2016. p. 291.
20
PROCURADORIAS
vras de Harrison Leite (p. 291):
[...] o precatório é um ato do Judiciário, de cunho mandamental, decor-
rente de decisão judicial transitada em julgado contra a Fazenda Públi-
ca, por intermédio do qual o Estado-Poder Judiciário comunica-se com 
o Estado-Poder Executivo, dando-lhe notícia da condenação, a fim de 
que, ao elaborar o orçamento para o próximo exercício, aludido valor 
seja incluído na fixação da despesa.
A Constituição Federal de 1988 tratou da matéria nas palavras seguintes:
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Esta-
duais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão 
exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios 
e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de 
pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos 
para este fim.
Por outro lado, a matéria é regulada na esfera infraconstitucional pelo Código de Pro-
cesso Civil:
Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu represen-
tante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, 
no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução, 
podendo arguir:
[...]
§ 3º Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da executada:
I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal competente, 
precatório em favor do exequente, observando-se o disposto na Consti-
tuição Federal;
II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente 
público foi citado para o processo, o pagamento de obrigação de peque-
no valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da 
requisição, mediante depósito na agência de banco oficial mais próxima 
da residência do exequente.
[...]
Art. 910. Na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública 
será citada para opor embargos em 30 (trinta) dias.
§ 1º Não opostos embargos ou transitada em julgado a decisão que os 
rejeitar, expedir-se-á precatório ou requisição de pequeno valor em favor 
do exequente, observando-se o disposto no art. 100 da Constituição 
Federal.
21
PROCURADORIAS
§ 2º Nos embargos, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria 
que lhe seria lícito deduzir como defesa no processo de conhecimento.
Embora seja perfectibilizado pelo Judiciário, o precatório e os demais atos necessá-
rios concernentes ao seu processamento e pagamento têm natureza administrativa. 
No âmbito do STJ, o entendimento está consolidado na Súmula 311, que assim dis-
põe:
Súmula 311 - Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre 
processamento e pagamento de precatório não têm caráter jurisdicional. 
(Súmula 311, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/05/2005, DJ 23/05/2005 p. 
371)
No julgamento da ADI 1098, o STF manifestou o mesmo entendimento:
[...] PRECATÓRIO - TRAMITAÇÃO - CUMPRIMENTO - ATO DO PRESIDENTE 
DO TRIBUNAL - NATUREZA. A ordem judicial de pagamento (§ 2º do arti-
go 100 da Constituição Federal), bem como os demais atos necessários a 
tal finalidade, concernem ao campo administrativo e não jurisdicional. A 
respaldá-la tem-se sempre uma sentença exequenda. [...] (ADI 1098, Re-
lator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 11/09/1996, 
DJ 25-10-1996 PP-41026 EMENT VOL-01847-01 PP-00019 RTJ VOL-00161-
03 PP-00796)
Assim, considerando que o Poder Executivo envia o projeto da LOA até 31 de agosto, 
por força do art. 100, §5º, da CRFB/88, será feita a inclusão no orçamento das entidades de di-
reito público de verba necessária ao pagamento dos débitos oriundos de precatórios apresen-
tados até 1º de julho, que deverão ser pagos até o final do exercício seguinte, quando terão seus 
valores atualizados monetariamente.
8.3 Alcance do regime
A partir da redação do art. 100, da CRFB/88, percebe-se que o constituinte optou por 
expressamente se referir às Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais.
Contudo, isso não significa que apenas os entes da Administração Direta gozem do 
regime dos precatórios. 
Com efeito, segundo entendimento do STF, o regime dos precatórios também é apli-
cável as autarquias, fundações públicas e outras sociedades que explorem serviços públicos de 
competência típica Estatal. Sobre o tema, importante confrontar o teor dos seguintes julgados: 
22
PROCURADORIAS
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIO-
NAL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT. IMPENHO-
RABILIDADE DOS BENS. EXECUÇÃO FISCAL. OBSERVÂNCIA DO REGIME 
DE PRECATÓRIOS. COMPETÊNCIA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL 
AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. Os bens, as rendas e os serviços da 
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos são impenhoráveis, e a exe-
cução deve observar o regime de precatórios. 2. Nas comarcas onde não 
há Vara da Justiça Federal, os Juízes Estaduais são competentes para 
apreciar a execução fiscal. (RE 393032 AgR, Relator(a): Min. CÁRMEN 
LÚCIA, Primeira Turma, julgado em 27/10/2009, DJe-237 DIVULG 17-12-
2009 PUBLIC 18-12-2009 EMENT VOL-02387-07 PP-01119 RT v. 99, n. 893, 
2010, p. 167-170 LEXSTF v. 32, n. 373, 2010, p. 180-185)
Agravo regimental no agravo de instrumento. Administração dos Por-
tos de Paranaguá e Antonina (APPA). Natureza de autarquia. Execução. 
Regime de precatório. Precedentes. 1. É pacífico o entendimento des-
ta Corte de que não se aplica o art. 173, § 1º, da Constituição Federal 
à Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), uma vez 
que se trata de autarquia prestadora de serviço público e que recebe re-
cursos estatais, atraindo, portanto, o regime de precatórios contido no 
art. 100 da Constituição Federal. 2. Agravo regimental não provido. (AI 
390212 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 
13/09/2011, DJe-194 DIVULG 07-10-2011 PUBLIC 10-10-2011 EMENT VOL-
02604-01 PP-00067)
Entretanto, a qualidade de entidade pública não atrai, por si só, o regime de preca-
tório. De acordo com o entendimento do STF, além de ser dependente de recursos estatais, ela 
não pode exercer atividade econômica com intuito lucrativo e concorrencial. 
É por essa razão que no julgamento do RE 1028771 AgR/PR, o STF assentou que Ad-
ministração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), referida no julgado acima, não mais 
faria jus ao regime de precatório. 
Segundo o STF, isso se daria por duas razões: a) com o advento da Lei nº. 17.895/2013, 
a referida empresa teria perdido a natureza de autarquia, passando a ser empresa pública, sub-
metendo-se, doravante, ao mesmo regime jurídico das pessoas de direito privado, previsto no 
art. 173, §1º, da CRFB/88; e b) a empresa desenvolveria atividade econômica, com intuito lucra-
tivo. Veja-se a ementa do referido julgado:Agravo regimental no recurso extraordinário. 2. Direito Processual Civil. 
Execução. Empresa pública. APPA. 3. Incabível aplicar à empresa públi-
ca a regra da execução pela via do precatório. 4. Agravo a que se nega 
provimento. (RE 1028771 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segun-
23
PROCURADORIAS
da Turma, julgado em 01/12/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-288 DI-
VULG 13-12-2017 PUBLIC 14-12-2017)
Além disso, sobre o tema, assim já se manifestou o STF em outras oportunidades:
FINANCEIRO. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. PAGAMENTO DE VALO-
RES POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL. INAPLICABILIDADE DO REGIME 
DE PRECATÓRIO. ART. 100 DA CONSTITUIÇÃO. CONSTITUCIONAL E PRO-
CESSUAL CIVIL. MATÉRIA CONSTITUCIONAL CUJA REPERCUSSÃO GERAL 
FOI RECONHECIDA. Os privilégios da Fazenda Pública são inextensíveis 
às sociedades de economia mista que executam atividades em regime 
de concorrência ou que tenham como objetivo distribuir lucros aos seus 
acionistas. Portanto, a empresa Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. 
- Eletronorte não pode se beneficiar do sistema de pagamento por pre-
catório de dívidas decorrentes de decisões judiciais (art. 100 da Consti-
tuição). Recurso extraordinário ao qual se nega provimento. (RE 599628, 
Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. JOAQUIM 
BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 25/05/2011, REPERCUSSÃO GE-
RAL - MÉRITO DJe-199 DIVULG 14-10-2011 PUBLIC 17-10-2011 EMENT 
VOL-02608-01 PP-00156 RTJ VOL-00223-01 PP-00602)
Arguição de descumprimento de preceito fundamental. 2. Ato lesivo 
fundado em decisões de primeiro e de segundo graus do Tribunal Re-
gional do Trabalho da 22ª Região que determinaram bloqueio, penho-
ra e liberação de valores oriundos da conta única do Estado do Piauí, 
para pagamento de verbas trabalhistas de empregados da Empresa de 
Gestão de Recursos do Estado do Piauí S/A (EMGERPI). 3. Conversão da 
análise do pedido de medida cautelar em julgamento de mérito. Ação 
devidamente instruída. Possibilidade. Precedentes. 4. É aplicável o re-
gime dos precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de 
serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial. Pre-
cedentes. 5. Ofensa aos princípios constitucionais do sistema financeiro 
e orçamentário, em especial ao da legalidade orçamentária (art. 167, VI, 
da CF), aos princípios da independência e da harmonia entre os Poderes 
(art. 2º da CF) e ao regime constitucional dos precatórios (art. 100 da 
CF). 6. Arguição de descumprimento de preceito fundamental julgada 
procedente. (ADPF 387, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Ple-
no, julgado em 23/03/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-244 DIVULG 
24-10-2017 PUBLIC 25-10-2017)
Desse modo, é possível observar que, para efeito de aplicação do regime de precató-
rio, não importa a natureza da pessoa jurídica; interessa apenas que: a) seja controlada pelo Es-
24
PROCURADORIAS
tado; b) não pratique atividade econômica em regime de concorrência; e c) o intuito de receber 
lucro tenha o Estado como beneficiário em perspectiva e não o particular.
Por fim, em manifestação recente sobre a matéria, no âmbito do RE 938837/SP (STF. 
Plenário. RE 938837/SP. Rel. Orig. Ministro Edson Fachin, Rel. p/ acórdão Ministro Marco Aurélio, 
julgado em 19/04/2017 – Repercussão geral – Info 861), restou decidido pelo STF que os paga-
mentos devidos pelos conselhos de fiscalização em razão de pronunciamento judicial não se 
submetem ao regime de precatórios.
Na oportunidade, assentou o Plenário do STF que os conselhos de fiscalização, em-
bora se submetam à fiscalização do TCU e ao sistema de concurso público para seleção de pes-
soal, não participam do orçamento público, não recebendo aportes do Poder Central, nem se 
confundem com a Fazenda Pública.
Dessa feita, considerando que o precatório teria sido concebido para assegurar a 
igualdade entre os credores e permitir que as entidades estatais pudessem programar os seus 
orçamentos para a realização de despesas, ele estaria diretamente associado à programação 
orçamentária dos entes públicos.
Ressaltou-se, ainda, que os conselhos de fiscalização teriam autonomia financeira e 
orçamentária. Portanto, sua dívida seria autônoma em relação ao Poder Público. Desse modo, 
inserir esse pagamento no sistema de precatório transferiria para a União a condição de deve-
dora do conselho de fiscalização.
Também, afirmou-se que, se não é possível considerar esses conselhos como Fazen-
da Pública, tampouco seria possível incluí-los no regime do art. 100 da Constituição Federal.
8.4 Procedimento
Caso o Poder Público reste vencido numa demanda judicial, o juiz da execução so-
licitará ao Presidente do Tribunal respectivo que requisite verba necessária ao pagamento do 
credor.
Por seu turno, o Presidente do Tribunal comunicará à Fazenda Pública, mediante ofí-
cio requisitório, a existência da obrigação, a fim de que esta seja consignada no orçamento 
como despesa pública a ser paga no exercício financeiro seguinte.
Para tanto, conforme já dito, considerando que o Poder Executivo envia o projeto 
da LOA até 31 de agosto, será feita a inclusão no orçamento das entidades de direito público 
de verba necessária ao pagamento dos débitos oriundos de precatórios apresentados até 1º 
de julho, que deverão ser pagos até o final do exercício seguinte. Assim reza o art. 100, §5º, da 
CRFB/88:
25
PROCURADORIAS
Art. 100. [...]
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito pú-
blico, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de 
sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários 
apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exer-
cício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.
Com a inclusão do valor na dotação respectiva, obedecida a ordem cronológica de 
apresentação dos precatórios e as preferências constitucionais, os valores serão liberados e o 
Presidente do Tribunal determinará o seu pagamento. Ressalva-se, contudo, os requisitórios de 
pequeno valor, que terão tratamento diferenciado.
A exigência constitucional de expedição do precatório, com a consequente obriga-
ção imposta ao Estado de estrita observância da ordem cronológica de apresentação daquele 
instrumento de requisição judicial de pagamento, tem por finalidade impedir favorecimentos 
pessoais indevidos e frustrar injustas perseguições ditadas por razões de caráter político-admi-
nistrativo.
Sobre o tema, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 245 da Constituição 
do Paraná, que vinculava as receitas obtidas judicialmente da União ao pagamento de débitos 
judiciais do Estado, por ofensa ao regime de precatórios:
Ação direta de inconstitucionalidade. Artigo 245 da Constituição do Es-
tado do Paraná. Vinculação de receitas obtidas judicialmente da União 
ao pagamento de débitos judiciais do Estado. Ofensa ao regramento 
constitucional dos precatórios. Vício formal. Iniciativa legislativa do 
chefe do Poder Executivo. Vinculação orçamentária. Confirmação da li-
minar. Procedência da ação. 1. O preceito atacado cria forma transversa 
de quebra da ordem de precedência dos precatórios ao efetivar a vincu-
lação das receitas obtidas com indenizações ou créditos pagos ao Estado 
pela União ao pagamento de débitos de idêntica natureza. Não encontra 
amparo constitucional a previsão, porquanto seria instalada, inevitavel-
mente, uma ordem paralela de satisfação dos créditos, em detrimento 
da ordem cronológica. Impossibilidade de regramento da matéria por 
norma de hierarquia inferior. Precedentes. 2. O dispositivo da Consti-
tuição do Estado do Paraná, ao efetuar vinculação de receita de caráter 
orçamentário, qual seja, a obtida do ente central por recebimento de 
indenizações ou de outros créditos, incorre em vício de natureza formal, 
uma vez que a Carta Política exige que a iniciativalegislativa de leis com 
esse conteúdo seja do chefe do Poder Executivo. Precedentes. 3. Ação 
julgada procedente. (ADI 584, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal 
26
PROCURADORIAS
Pleno, julgado em 19/03/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-070 DIVULG 
08-04-2014 PUBLIC 09-04-2014)
Ademais, uma vez que a emissão dos precatórios caracteriza-se como ato de nature-
za administrativa, cabe a impetração de mandado de segurança para combater vícios em seu 
procedimento.
8.5 Regra geral dos precatórios
Em relação a sua classificação, os precatórios podem ser comuns ou alimentares. 
Os precatórios comuns serão definidos por exclusão, sendo tudo aquilo que não for precatório 
alimentar. A Constituição Federal de 1988 assim define o precatório alimentar:
Art. 100. [...]
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decor-
rentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas comple-
mentações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por 
invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença 
judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre to-
dos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste ar-
tigo.
Vê-se, portanto, que há preferência de pagamento aos precatórios alimentares em 
relação aos precatórios comuns. Entretanto, isso se dará igualmente em uma ordem de preca-
tórios. Conclui-se, portanto, haver duas ordens de precatórios, tendo a alimentar preferência 
sobre os demais.
No julgamento do RE 889173/MG, manifestando-se sobre a necessidade de respeito 
ao regime de precatório no âmbito de mandado de segurança, veja-se trecho do voto do relator, 
Ministro Luiz Fux:
[...] nem o caráter alimentar do crédito contra a Fazenda Pública tem 
força suficiente a afastar o rito dos precatórios, com muito menos razão 
o teria a circunstância acidental de ser o crédito derivado de sentença 
concessiva de mandado de segurança. Saliente-se que a finalidade do re-
gime constitucional de precatórios reside em dois objetivos essenciais, 
quais sejam, possibilitar aos entes federados o adequado planejamento 
orçamentário para a quitação de seus débitos e a submissão do poder 
público ao dever de respeitar a preferência jurídica de quem dispuser 
de precedência cronológica. Verifica-se, desse modo, que o provimento 
do recurso extraordinário é medida que se impõe, de forma a assentar 
a necessidade de observância do regime de precatórios previsto no art. 
27
PROCURADORIAS
100 da CF para o pagamento dos valores devidos pela Fazenda Pública 
entre a data da impetração do mandado de segurança e a efetiva imple-
mentação da ordem concessiva. (RE 889.173-RG, voto do rel. min. Luiz 
Fux, j. 7-8-2015, P, DJE de 17-8-2015, Tema 831.)
De acordo com a Súmula Vinculante nº. 47, os honorários advocatícios têm natureza 
alimentar. Observe-se:
Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do 
montante principal devido ao credor consubstanciam verba de nature-
za alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou 
requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos cré-
ditos dessa natureza.
Nesse ponto, importa ressaltar que dentre os créditos de natureza alimentar, a 
CRFB/88 estabeleceu outra prioridade. Veja-se a redação de seu art. 100, §2º:
Art. 100. [...]
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou 
por sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam 
portadores de doença grave, ou pessoas com deficiência, assim defini-
dos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais 
débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado em lei para os fins do 
disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finali-
dade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresen-
tação do precatório.
Portanto, segundo recente decisão do STF no âmbito do RE 564577 AgR/RO, não con-
traria o disposto artigo acima o pagamento de mais de um precatório dentro da sistemática da 
“superpreferência” a um só credor e no mesmo exercício orçamentário.
Pela redação anterior desse dispositivo, exigia-se que os idosos ou portadores de 
doença grave satisfizessem essa condição na data de expedição do precatório.
Ocorre que, entre o dia em que o precatório é expedido e a data em que ele é efeti-
vamente pago, são passados alguns anos. Isso gerava incongruências, na medida em que era 
comum que a pessoa não fosse idosa no instante da expedição do precatório, mas, durante a 
espera, satisfizesse tal condição.
Assim, no julgamento das ADI 4357 e 4425, o STF reputou inconstitucional a referida 
expressão. O Tribunal entendeu que esta limitação até a data da expedição do precatório vio-
28
PROCURADORIAS
laria o princípio da igualdade e que esta “superpreferência” deveria ser estendida a todos os 
credores que completassem 60 anos de idade enquanto estivessem aguardando o pagamento 
do precatório de natureza alimentícia.
De toda sorte, conforme se pode observar, por força da EC nº. 94/16, a redação desse 
preceito foi alterada de sorte a excluir essa expressão.
8.6 Requisições de pequeno valor
Dada a demora no trâmite dos precatórios e o seu contínuo desrespeito pelo Poder 
Público, entendeu-se que determinados pagamentos, pelo seu pequeno valor, não deveriam 
se subordinar ao regime de inclusão no orçamento subsequente. Nesse caso, tais pagamentos 
seriam feitos logo após a decisão judicial transitada em julgado. Sobre o tema, assim prescreve 
o art. 100, §3º, da CRFB/88:
Art. 100. [...]
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de pre-
catórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis 
como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtu-
de de sentença judicial transitada em julgado.
Cabe, assim, a cada ente federativo o estabelecimento do que se entende por “pe-
queno valor”. No entanto, enquanto essa definição não fosse estipulada, o ADCT passou a tratar 
da matéria, nestes termos:
Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Constituição Fe-
deral e o art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias 
serão considerados de pequeno valor, até que se dê a publicação oficial 
das respectivas leis definidoras pelos entes da Federação, observado o 
disposto no § 4º do art. 100 da Constituição Federal, os débitos ou obri-
gações consignados em precatório judiciário, que tenham valor igual ou 
inferior a:
I - quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do Dis-
trito Federal;
II - trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municípios;
Parágrafo único. Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido nes-
te artigo, o pagamento far-se-á, sempre, por meio de precatório, sendo 
facultada à parte exequente a renúncia ao crédito do valor excedente, 
para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da for-
ma prevista no § 3º do art. 100.
Para a União, o valor foi definido pela Lei nº. 10.259/02, tendo sido fixado em 60 sa-
29
PROCURADORIAS
lários-mínimos.
Muitos entes federativos, contudo, estabeleceram esses montantes em valores ínfi-
mos. Em consequência disso, na prática, nenhum pagamento ocorria por RPV. Por essa razão, 
no art. 100, §4º, da CRFB/88, o legislador definiu um valor mínimo a ser considerado pequeno 
valor:
Art. 100. [...] 
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, 
valores distintos às entidades de direito público, segundo as diferentes 
capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior bene-
fício do regime geral de previdência social.
No caso de litisconsórcio ativo, o valor a ser considerado para fins de RPV deve ser 
definido pela parcela individual devida a cada litigante. É o entendimento atual de ambas as 
turmas de direito público do STJ. De maneiraa ilustrar o entendimento, veja-se a ementa do 
julgado a seguir:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO 
EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. HO-
NORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO NAS EXECUÇÕES DE PEQUENO 
VALOR (RPV). LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO. VALORES A SEREM INDIVI-
DUALMENTE CONSIDERADOS. 1. Proposta a execução contra a Fazenda 
Pública em regime de litisconsórcio ativo facultativo, o juízo acerca da 
possibilidade de execução por meio de Requisição de Pequeno Valor (art. 
100, § 3º, da CF) e, consequentemente, do cabimento da verba honorá-
ria deve levar em consideração o crédito individual de cada exequen-
te. Precedentes: REsp 1.347.736/RS, Rel. Ministro Castro Meira, Relator 
p/ acórdão Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção, DJe 15/4/2014; 
AgRg no REsp 1.220.727/RS, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira 
Turma, DJe 7/12/2011; e AgRg no AREsp 780.469/RS, Rel. Ministra Diva 
Malerbi (Desembargadora Convocada TRF 3ª Região), Segunda Turma, 
DJe 17/5/2016) 2. Agravo interno não provido. (AgInt no AREsp 713.001/
RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 
06/10/2016, DJe 19/10/2016)
O entendimento do STF vai na mesma linha.
Por fim, embora o recebimento de RPV seja célere, segundo entendimento do STF, é 
devida a correção monetária no período compreendido entre a data de elaboração do cálculo 
da RPV e sua expedição para pagamento:
JUROS DA MORA – FAZENDA PÚBLICA – DÍVIDA – REQUISIÇÃO OU PRE-
30
PROCURADORIAS
CATÓRIO. Incidem juros da mora entre a data da realização dos cálculos 
e a da requisição ou do precatório. (RE 579431, Relator(a): Min. MARCO 
AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 19/04/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNI-
CO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-145 DIVULG 29-06-2017 PUBLIC 
30-06-2017)
8.7 Exceção ao regime: anistiados políticos
Segundo entendimento do STF, proferido na oportunidade de julgamento do RE 
553710/DF (STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/11/2016 – Info 
847), reconhecido o direito à anistia política: a) a falta de cumprimento de requisição ou deter-
minação de providências por parte da União, por intermédio do órgão competente, no prazo 
previsto nos arts. 12, § 4º, e 18, caput e parágrafo único, da Lei 10.599/2002, caracteriza ilega-
lidade e violação de direito líquido e certo; b) havendo rubricas no orçamento destinadas ao 
pagamento das indenizações devidas aos anistiados políticos e não demonstrada a ausência de 
disponibilidade de caixa, a União há de promover o pagamento do valor ao anistiado no prazo 
de 60 dias; e c) na ausência ou na insuficiência de disponibilidade orçamentária no exercício em 
curso, cumpre à União promover sua previsão no projeto de lei orçamentária imediatamente 
seguinte.
Valeu-se o STF dos seguintes fundamentos:
a) O regime de indenização dos anistiados é especialíssimo, com previsão explícita 
no art. 8º, do ADCT. Considerando o tempo de espera para ressarcimento dos anistiados é par-
ticularmente longo, submetê-los ao regime comum dos precatórios iria contrariar o objetivo 
constitucional de reparar os danos a eles causados;
b) O art. 100, da CRFB/88, trata de valores devidos pela Fazenda Pública em decor-
rência de sentenças judiciais. No caso do anistiado político, a Administração Pública já reconhe-
ceu administrativamente o direito ao valor decorrente da declaração dessa condição. Tanto é 
que a discussão é levada ao judiciário por meio do mandado de segurança;
c) Não há incompatibilidade entre o pagamento de reparação decorrente de anistia 
e o regime de precatórios. A forma de pagamento inicial é a satisfação imediata, no prazo legal, 
havendo disponibilidade. Do contrário, é dever da União incluir no exercício orçamentário se-
guinte, não se fechando à hipótese, no caso de não pagamento, do regime de precatórios.
8.8 Função administrativa do Tribunal
Conforme visto, o Presidente do Tribunal comunicará à Fazenda Pública, mediante 
ofício requisitório, a existência da obrigação, a fim de que esta seja consignada no orçamento 
como despesa pública a ser paga no exercício financeiro seguinte, nos termos do art. 100, §6º, 
31
PROCURADORIAS
da CRFB/88:
Art. 100. [...] 
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consigna-
dos diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribu-
nal que proferir a decisão exequenda determinar o pagamento integral 
e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos 
de preterimento de seu direito de precedência ou de não alocação orça-
mentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da 
quantia respectiva.
É possível observar que esse procedimento de comunicação possui caráter adminis-
trativo e não judicial. Nesse sentido, por força do art. 100, §7º, da CRFB/88, deve o Presidente do 
Tribunal exercê-lo com zelo, sob pena de crime de responsabilidade:
Art. 100. [...]
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou 
omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatórios 
incorrerá em crime de responsabilidade e responderá, também, perante 
o Conselho Nacional de Justiça.
Além disso, cumpre ressaltar que o próprio texto constitucional faz referência a pos-
sibilidade de sequestro das contas públicas nas hipóteses de preterimento do direito de pre-
cedência do credor ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu 
débito. 
Nesse caso, o credor deverá fazer requerimento ao Presidente do Tribunal que pro-
feriu a decisão exequenda.
8.9 Complementação, Suplementação e Fracionamento de Precatório
É possível que, em determinadas situações, seja necessária a expedição de precató-
rios complementares e suplementares.
Os precatórios complementares se prestam a complementar dívida não inteiramen-
te satisfeita perante o credor, ao passo em que os precatórios suplementares dizem respeito a 
dívida que, embora inteiramente paga, demanda o pagamento de juros e correção monetária 
tendo em vista a ocorrência de atraso na quitação.
Na hipótese de complementação de precatório, costumava-se questionar se seria 
necessária nova citação da Fazenda Pública para que esta promovesse o pagamento no prazo 
assinalado pelo magistrado.
32
PROCURADORIAS
O STF, no julgamento do AI 646081 AgR/SP (AI 646081 AgR, Relator(a): Min. Ricardo 
Lewandowski, Primeira Turma, julgado em 26/11/2013, DJe-084 publicado em 06-05-2014), de-
cidiu que os pagamentos de complementação de débitos da Fazenda Pública Federal, Estadual 
ou Municipal, decorrentes de decisões judiciais, deverão ser objeto de novo precatório, sem, 
contudo, ser necessária nova citação da Fazenda Pública.
A expedição de precatório complementar ou suplementar, contudo, não pode ser fei-
ta em qualquer hipótese. Sobre a matéria, assim versa a CRFB/88:
Art. 100. [...]
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplemen-
tares de valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra 
do valor da execução para fins de enquadramento de parcela do total ao 
que dispõe o § 3º deste artigo.
Assim, não é possível o fracionamento do valor da execução a fim de receber parte 
do valor na forma de RPV, de maneira mais rápida, e o restante na forma de precatórios com-
plementares ou suplementares. Veda-se, com isso, a utilização simultânea, pelo mesmo credor, 
dos dois sistemas de satisfação de crédito.
Contudo, conforme já ressaltado anteriormente, a própria constituição estabeleceu 
exceção a essa vedação, ao admitir o fracionamento na hipótese de precatório de natureza ali-
mentar, quando o seu beneficiário possuir 60 (sessenta) anos de idade, for portador de doença 
grave, ou pessoa com deficiência (art. 100, §2º, da CRFB/88).
A matéria encontra terreno fértil à divergência no âmbito dos tribunais pátrios.
No que tange a possibilidade de fracionamentode precatório para o pagamento de 
honorários advocatícios em caso de litisconsórcio ativo facultativo, o STF não possui entendi-
mento pacífico sobre o tema.
Entende a primeira turma ser legítima a execução de honorários sucumbenciais pro-
porcional à respectiva fração de cada um dos substituídos processuais em “ação coletiva” con-
tra a Fazenda Pública (STF. 1ª Turma. RE 919269 AgR/RS, RE 913544 AgR/RS e RE 913568 AgR/RS, 
Rel. Ministro Edson Fachin, julgados em 15/12/2015 – Info 812).
Na defesa dessa posição, afirma a turma que o sistema processual, ao buscar a efi-
ciência da jurisdição, possibilitaria a concentração das demandas por meio das ações coletivas. 
Logo, seria totalmente contraproducente tornar a execução dessas demandas vinculadas ao 
todo e impossibilitar a execução facultativa e individualizada das partes substituídas no pro-
cesso original. Ademais, isso levaria ao enfraquecimento do movimento de coletivização das 
demandas de massa e provavelmente geraria proliferação de processos, pois nada impediria 
que os advogados fracionassem os litisconsórcios facultativos para depois executarem os ho-
33
PROCURADORIAS
norários de forma proporcional ao valor principal de cada cliente.
Por outro lado, entende a segunda turma não ser possível fracionar o crédito de ho-
norários advocatícios em litisconsórcio ativo facultativo simples em execução contra a Fazenda 
Pública por frustrar o regime do precatório (STF. 2º Turma. RE 949383 AgR/RS, Rel. Min. Cármen 
Lúcia, julgado em 17/05/2016 – Info 826 / STF. 2ª Turma. RE 1038035 AgR/RS, Rel. Orig. Ministro 
Edson Fachin, Rel. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 07/11/2017 – Info 884).
Conforme o mencionado entendimento, o fato de terem sido vários autores e cada 
um deles ter direito a uma parte na condenação não faz com quem o valor dos honorários tam-
bém possa ser dividido, uma vez que o titular do crédito de honorários é somente um. Além 
disso, os honorários advocatícios gozariam de autonomia em relação ao crédito principal e com 
ele nãos e confunde.
Por se tratar de julgado mais recente e ter sido a corrente adotada em duas oportuni-
dades, prevalece o entendimento da segunda turma.
8.10 Compensação de precatório realizado pela Fazenda Pública
A compensação consistia na possibilidade de o Estado, de ofício, abater do valor do 
precatório supostas dívidas do credor, inclusive no que se refere às parcelas vincendas. Sobre o 
tema, assim dispõe a CRFB/88:
Art. 100. [...]
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente 
de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de compensação, 
valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em 
dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública 
devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados 
aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação admi-
nistrativa ou judicial.
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda 
Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda 
do direito de abatimento, informação sobre os débitos que preencham 
as condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos.
É possível observar, portanto, que a Fazenda Pública detinha imenso privilégio, ao 
passo em que o indivíduo, além de aguardar extenso lapso temporal para receber valores do 
Poder Público, caso os desejasse receber integralmente, deveria quitar toda a sua dívida, mes-
mo parcelas vincendas.
A inconstitucionalidade desses dispositivos foi suscitada perante o STF por meio do 
ajuizamento das ADI nº. 4357 e 4425. Veja-se trecho da ementa do referido julgado:
34
PROCURADORIAS
DIREITO CONSTITUCIONAL. REGIME DE EXECUÇÃO DA FAZENDA PÚBLI-
CA MEDIANTE PRECATÓRIO. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 62/2009. [...] 
INCONSTITUCIONALIDADE DA SISTEMÁTICA DE COMPENSAÇÃO DE DÉBI-
TOS INSCRITOS EM PRECATÓRIOS EM PROVEITO EXCLUSIVO DA FAZENDA 
PÚBLICA. EMBARAÇO À EFETIVIDADE DA JURISDIÇÃO (CF, ART. 5º, XXXV), 
DESRESPEITO À COISA JULGADA MATERIAL (CF, ART. 5º XXXVI), OFENSA 
À SEPARAÇÃO DOS PODERES (CF, ART. 2º) E ULTRAJE À ISONOMIA EN-
TRE O ESTADO E O PARTICULAR (CF, ART. 1º, CAPUT, C/C ART. 5º, CAPUT). 
[...] PEDIDO JULGADO PROCEDENTE EM PARTE. [...] 4. A compensação 
dos débitos da Fazenda Pública inscritos em precatórios, previsto nos 
§§ 9º e 10 do art. 100 da Constituição Federal, incluídos pela EC nº 62/09, 
embaraça a efetividade da jurisdição (CF, art. 5º, XXXV), desrespeita a 
coisa julgada material (CF, art. 5º, XXXVI), vulnera a Separação dos Pode-
res (CF, art. 2º) e ofende a isonomia entre o Poder Público e o particular 
(CF, art. 5º, caput), cânone essencial do Estado Democrático de Direito 
(CF, art. 1º, caput). [...] 9. Pedido de declaração de inconstitucionalidade 
julgado procedente em parte. (ADI 4357, Relator(a): Min. AYRES BRIT-
TO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 
14/03/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-188 DIVULG 25-09-2014 PUBLIC 
26-09-2014)
Dessa forma, confere-se tratamento similar ao contribuinte e ao Poder Público. As-
sim como é vedado ao indivíduo compensar de ofício a sua dívida tributária com seus créditos 
perante a Fazenda Pública, também é vedada a compensação de ofício pelo Estado.
O mesmo raciocínio se aplica no âmbito do RPV. Dessa forma, não é possível a com-
pensação de RPV com débitos tributários. Nesse sentido:
RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO CONS-
TITUCIONAL. REGIME DE EXECUÇÃO PECUNIÁRIA DA FAZENDA PÚBLICA. 
COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS PERANTE A FAZENDA PÚBLICA COM CRÉDI-
TOS SUJEITOS A REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR. IMPOSSIBILIDADE. 
JULGAMENTO DAS ADI’S 4357 E 4425 PELO PLENÁRIO DO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 62/2009. INCONS-
TITUCIONALIDADE DA SISTEMÁTICA DE COMPENSAÇÃO EM PROVEITO 
EXCLUSIVO DA FAZENDA PÚBLICA. [...] . ENTENDIMENTO QUE SE APLICA 
NA MESMA EXTENSÃO ÀS REQUISIÇÕES DE PEQUENO VALOR. RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. A compensação de 
tributos devidos à Fazenda Pública com créditos decorrentes de decisão 
judicial caracteriza pretensão assentada em norma considerada incons-
titucional (art. 100, §§ 9º e 10, da Constituição da República, com reda-
35
PROCURADORIAS
ção conferida pela EC nº 62/2009). [...] 3. Destarte, não se revela constitu-
cionalmente possível a compensação unilateral de débitos em proveito 
exclusivo da Fazenda Pública mesmo que os valores envolvidos estejam 
sujeitos ao regime de pagamento por requisição de pequeno valor (RPV). 
4. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE 657686, Rela-
tor(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 23/10/2014, ACÓRDÃO 
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-239 DIVULG 04-12-
2014 PUBLIC 05-12-2014)
8.11 Precatório e reflexos tributários 
8.11.1 Compensação de precatório realizado pelo contribuinte
O instituto da compensação no direito tributário encontra previsão no art. 156, II, do 
Código Tributário Nacional – CTN como causa de extinção do crédito tributário. O art. 170 do 
mesmo diploma legal, contudo, disciplina que essa modalidade de extinção do crédito deman-
da a existência de lei tratando da matéria, nestes termos: 
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou 
cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, au-
torizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e 
certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pú-
blica. 
Assim, a compensação apenas seria possível diante de previsão normativa específica 
de cada ente federativo a esse respeito, disciplinando o seu cabimento, a sua forma e os crédi-
tos que podem ser compensados.
Na hipótese de haver lei tratando da matéria, resta saber se o precatório é crédito 
líquido e certo. 
Em princípio, a resposta seria positiva, considerando-se

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