Buscar

Prestação de Serviços e Empreitada

Prévia do material em texto

Da Prestação de Serviços
1.Conceito
O contrato de prestação de serviço é o negócio jurídico na qual uma das partes se obriga para com a outra a realizar uma atividade mediante remuneração, logo é toda espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial contratada mediante retribuição conforme art.594 do código civil de 2002, sendo estas regras porém, aplicadas apenas ás relações não regidas pela Consolidação das leis Trabalhistas e nem pelo Código do Consumidor, sem diferenciar a espécie de atividade prestada pelo locador ou prestador de serviços, que pode ser profissional liberal e trabalhador braçal conforme art. 593 CC/02.
Maria Helena Diniz (2007, p.288) enumera e explica as características do contrato de prestação de serviços:
A bilateralidade: pois gera obrigação para ambos os concorrentes, ou seja, o prestador se obriga a realizar determinada atividade, em troca da retribuição, enquanto o tomador se obriga a pagar o que foi pactuado, em retorno da conduta efetivada.
A onerosidade: pois se origina vantagens para os contraentes, mediante contraprestações recíprocas.
É individual: quanto á pessoa do contraente e, em regra, personalíssimo. Assim verifica-se que o prestador de serviço só poderá se fazer substituir por outrem, se houver anuência do tomador.
Consensualidade: porque se aperfeiçoa com o simples acordo de vontades das partes, independente de qualquer materialidade externa.
Quanto ao tempo: o contrato de prestação de serviço poderá ser instantâneo (de execução imediata), ou de duração (determinada ou indeterminada); caso seja contrato avançado na modalidade de duração determinada, há uma limitação temporal máxima de quatro anos, nos termos do artigo 598 do Código Civil.
É considerado como um contrato atividade, pela função econômica.
É um contrato principal e definitivo, uma vez que independe de outra avença, nem é preparatório de nenhum outro negócio jurídico.
Quanto a forma: requer sempre o a emissão de vontade das partes, e é considerado não solene, por poder ser verbal ou escrito. Portanto é um contrato de forma livre.
2.Natureza Jurídica
Trata-se de um contrato bilateral, sinalagmático, pois gera-se obrigações para ambos os contratantes. Assim, o prestador é o credor da remuneração e o devedor do serviço, já o tomador é credor do serviço e o devedor da remuneração.
Por trazer benefícios ou vantagens para um e outro contratante, não admitindo modalidade gratuita a prestação de serviço é também contrato oneroso.
A prestação de serviço é também contrato consensual, uma vez que se aperfeiçoa com a vontade dos contratantes.
Informal já que não é um contrato solene, não sendo exigida nem mesmo na sua forma escrita para sua configuração.
Embora na empreitada também haja prestação de serviço, nela uma das partes se obriga a realizar determinada obra com seu trabalho, e as vezes com fornecimento de materiais.
3.Objeto
O objeto desse contrato é a obrigação de fazer, ou seja, prestação da atividade lícita, não vedada pela lei e pelos bons costumes, podendo ser material ou imaterial conforme art.594 do Código Civil.
4.Duração do contrato
Para evitar prestações de serviço por tempo em demasiado, o tempo de duração do contrato é limitado a quatro anos, no máximo conforme artigo 598 do Código Civil.
Nada impede porem, que ao fim de do quatriênio, novo contrato seja ajustado entre as partes pelo mesmo prazo.
Quando o contrato for celebrado sem prazo determinado, e não puder este ser inferido de sua natureza, ou de costume do lugar, admite-se a resilição unilateral, por arbítrio de qualquer das partes, mediante aviso prévio conforme artigo 599 do Código Civil.
De acordo o artigo 600 do Código Civil, tal dispositivo tem aplicação somente aos casos em que o prestador de serviço, se ausenta, por deliberação própria e alheia aos interesses do dono do serviço, mas não aqueles que trabalha por motivo de doença.
5.Extinção do contrato
A extinção do contrato de prestação pode ocorrer sem justa causa, nos contratos de por tempo indeterminado, pois quando qualquer das partes tinha o dever de cumprir o aviso prévio; a extinção ocorre também por justa causa quando não há culpa de uma das partes, ou seja, independe da vontade das partes.
A inserção da morte em qualquer das partes como causa de extinção da prestação de serviço demonstra o caráter personalíssimo, insuscetível de transmissão causa mortis, conforme artigo 607 do Código Civil.
6.Conclusão
A obrigação de fazer assumida pelo prestador de serviço não pode ser transferida a terceiro, sem anuência da outra parte, assim como não pode esta, em respeito ao trabalho humano, ceder a outrem os serviços que lhe seriam prestados, conforme artigo 605 do Código Civil.
Ou seja, a prestação de serviços é toda e qualquer espécie de serviço ou trabalho contratado mediante retribuição, não tendo caráter especial pois, são regulados pelas determinações do Código Civil, ao contrário dos contratos trabalhistas e os regidos pelo Código de defesa do consumidor nas quais obedece a suas próprias normas.
Empreitada
1.Conceito
É o contrato o qual uma das partes (o empreiteiro) se obriga a realizar uma obra específica, pessoalmente ou por intermédio de terceiros, cobrando uma remuneração a ser paga pela outra parte (proprietário da obra), sem vínculo de subordinação. A empreitada se distingui da prestação de serviço por gerar uma obrigação de resultado, tendo como escopo apenas o resultado final, que pode ser a construção de uma obra material ou criação intelectual ou artística, não levando em consideração a atividade do empreiteiro em si como objeto da relação contratual.
Na empreitada não importa o rigor do tempo de duração da obra, o objeto não é a simples prestação de serviço, mas a obra em si. Por isso neste tipo de contrato a remuneração não está vinculado ao tempo, mas a conclusão da obra.
2.Características
O contrato de empreitada pode ser bilateral, pois gera obrigação para os dois lados; é consensual, pois se conclui com o acordo de vontade das partes; é comutativo, considerando que cada parte pode prevê as vantagens e os ônus; e pode ser não solene, não havendo formalidades específicas na contratação.
3.Especies de empreitada
As espécies podem ser contratadas considerando duas modalidades:
A empreitada somente da mão de obra ou de Lavor ou a empreitada mista, incluindo seus materiais conforme artigo 610 do Código Civil. No primeiro caso, assume ele apenas a obrigação de fazer, consistente em executar o serviço, cabendo ao proprietário fornecer materiais; já no segundo, obriga-se não só em realizar um trabalho de qualidade, mas também a dar, consistente em fornecer os materiais.
Destacamos que a construção sob administração difere da empreitada, pois na modalidade de administração o construtor se encarrega da execução do projeto, sendo remunerado de forma fixa ou um percentual sobre o custo da obra. Nesta forma de construção o proprietário da obra assume todos os encargos do empreendimento. Já na empreitada o empreiteiro assume os gastos globais da obra contratada, sendo a remuneração total fechada previamente.
4.Verificação e recebimento da obra
A entrega da obra por ser feita por partes, na medida que for sendo parcialmente concluída ou então, somente após a conclusão conforme artigo 614 do Código Civil, ou seja, o empreiteiro terá direito a que também se verifique por medida, ou segundo as partes em que se dividir, podendo exigir o pagamento na proporção da obra executada.
Ainda por determinação legal, concluída a obra de acordo com o ajuste, ou costume do lugar, o dono é obrigado a recebê-la. Esta obrigação, porém, não é absoluta, pois poderá o proprietário rejeitá-la, ou exigir abatimento no preço, se o empreiteiro se afastou das instruções recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas em trabalhos de tal natureza.
Utiliza-se também o Código civil, como se verifica, da teoria tradicional dos vícios redibitórios. O prazo de um ano para reclamar dos defeitos ocultos só abrangeos que não afetem a segurança e solidez da obra, pois para estes há prazo de cinco anos conforme artigo 618 do Código Civil.
O valor do contrato poderá ser revisto. Neste sentido, se ocorrer diminuição no preço do material ou da mão-de-obra superior a um décimo do preço global convencionado, poderá este ser revisto, a pedido do dono da obra, para que lhe assegure a diferença apurada conforme artigo 620 do Código Civil.
5.Responsabilidade do empreiteiro
A responsabilidade do empreiteiro no tocante aos riscos da obra, se a empreitada é de lavor, todos aqueles em que o empreiteiro não tiver culpa correm por conta do dono conforme artigo 612 do código civil. No entanto quando o empreiteiro fornece também os materiais, em que “correm por sua conta os riscos até o momento da entrega da obra” conforme artigo 611 do Código Civil. 
Silvio Rodrigues resume didaticamente as aludidas hipóteses “se a empreitada for unicamente de lavor, o dono da obra sofre o prejuízo pelo seu perecimento e o empreiteiro perde a retribuição; se a empreitada for de lavor e materiais, os prejuízos são sofridos pelo empreiteiro, exceto em caso de mora do dono da obra, caso em que se responde pelo prejuízo”.
6.Responsabilidade do proprietário
A principal obrigação do dono da obra é efetuar o pagamento do preço, visto que a empreitada, sendo sinalagmático, gera obrigações para ambos os contratantes. Trata-se de obrigação fundamental, cuja falta pode importar na resolução do contrato, com perdas e danos; na suspenção da execução, mediante a arguição da axceptio non adimplenti contractus; na sua cobrança executiva, se o contrato preencher os requisitos de título executivo extrajudicial; ou no direito de retenção. Nas épocas de inflação elevada costuma-se convencionar a atualização monetária da contraprestação, como forma de proteger o empreiteiro da desvalorização da moeda e instabilidade do preço dos materiais conforme artigo 619 do Código Civil.
7.Extinção da empreitada
A extinção do contrato de empreitada ocorre pelo seu cumprimento e pode resolver-se se um dos contratantes não cumpre qualquer das cláusulas assumidas. Como também, não se extingue contrato de empreitada pela morte de qualquer das partes, salvo se ajustado em consideração às qualidades pessoais do empreiteiro conforme artigos 389 e 623 do Código civil.
Referências bibliográficas
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: contratos e atos
unilaterais. São Paulo: Saraiva jur, 2018, 15ª edição, v. 3.
https://www.adrianodiasadvocacia.adv.br/documents/DA_EMPREITADA.pdf

Continue navegando