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AULA 06 Críticas à escola Moderna As pedagogias liberais (tradicional, nova e tecnicista) fundaram o mito salvacionista da escola moderna, ou seja, de que através da educação teremos a superação da marginalidade social ou das desigualdades sociais. Contudo, cerca de dois séculos se passaram e a escola se demonstrou ineficiente em sua função, pois, os teóricos do liberalismo partem do princípio de que o problema não é da sociedade, mas sim da escola. O equívoco de tal pensamento está em compreender a educação como fator determinante da estrutura social e não como um fator determinado por esta. Em outras palavras, significa afirmar que se o problema da marginalidade não foi solucionado, a culpa é da escola e não de relações de poder e dominação de uma estrutura social desigual em sua natureza: uma sociedade dividida em classes sociais. Vale lembrar a frase emblemática de Adam Smith (principal teórico do liberalismo): “Educação sim, desde que em doses homeopáticas”. Pois, uma das artimanhas das relações de poder na sociedade moderna foi o de oferecer uma escola e uma educação diferenciada, ou seja, uma modelo para as elites e outro para as massas. Nesta aula, veremos as críticas realizadas no século XX à escola moderna. Trata-se das teorias crítico-reprodutivistas elaboradas na França na década de setenta, como também, a proposta de desescolarização da sociedade de Ivam Illich. Teorias crítico – reprodutivistas Para Dermeval Saviani, as teorias crítico- reprodutivistas postulam não ser possível compreender a educação senão a partir dos seus condicionantes sociais. Em outras palavras, evidencia-se a total dependência da educação em relação à sociedade, sendo a marginalidade algo inerente à mesma. Tais teorias apontam, em última instância, que o papel da escola é a reprodução social, ou seja, a reprodução das relações de poder e de dominação típica de uma sociedade dividida em classes sociais. Contudo, se o mérito de tais teorias foi desmistificar o caráter de equalização social da educação, as mesmas não oferecem uma alternativa às propostas pedagógicas de caráter liberal. Teoria do Sistema de Ensino Enquanto Violência Simbólica Bourdieu e Passeron Demerval Saviani salienta que esta teoria se caracteriza por tentar uma espécie de “explicitação das condições lógicas” pertencentes a todo e qualquer processo educacional, problematizando os fundamentos ideológicos da Escola a partir das relações simbólicas estabelecidas por esta em diversos níveis. Bourdieu e Passeron tomam, como princípio, o pressuposto de que a sociedade se constrói a partir de relações de "força material" entre grupos ou classes sociais dominantes e dominadas. Nesse contexto, o sistema de ensino, como se encontra estruturado, na contemporaneidade, é um mecanismo fundamental para mascarar tais relações de poder, ou seja,exerce assim a questão da "violência simbólica" ao coadunar com a manutenção do sistema de poder. Segundo eles: Teoria da Escola como Aparelho Ideológico do Estado (AIE) – Louis Althusser Filósofo francês (1918-1990) de origem argelina. Althusser era, portanto, um termo que significa literalmente "pé-negro" e é usado em francês para descrever a população francesa que vivia na Argélia e que se repatriou na França depois de 1962, ano em que a Argélia se tornou independente, naquilo que foi um longo conflito sangrento. No seu uso corrente em francês, pied-noir é quase um sinônimo de repatriado. Althusser ao se propor analisar as relações de produção existentes na sociedade capitalista, compreende que o Estado é composto por dois aparelhos: os Aparelhos Repressivos do Estado (ARE) e os Aparelhos Ideológicos do Estado (AIE). Os ARE´s agem massivamente pela força e secundariamente pela ideologia, enquanto que os AIE´s agem massivamente pela ideologia e secundariamente pela força, são eles: religioso, familiar, escolar, jurídico, político, sindical, da informação e cultural. Para Althusser, a ideologia tem uma existência material, ou seja, ela existe a partir de determinadas práticas materiais reguladas por instituições materiais. Tanto que, considera o AIE escolar como sendo dominante, por se constituir como o instrumento mais acabado de reprodução das relações de produção de tipo capitalista. Para tanto, a escola inculca “saberes práticos” da ideologia dominante a todas as crianças de todas as classes sociais durante anos a fio. Portanto, esta teoria se caracteriza por advogar que a educação é um processo de ideologização da sociedade. Na análise de Saviani, esta teoria compreende que a escola ao invés de promover a equalização social acaba por se constituir como um mecanismo para garantir e perpetuar os interesses burgueses. Ressalta ainda que, marginalizada é, pois, a classe trabalhadora. Teoria da Escola Dualista – Baudelot e Establet Esses teóricos apontam para o caráter ilusório da “unidade escolar” e formulam seis proposições fundamentais. São elas: “Existe uma rede de escolarização que chamaremos rede secundária-superior (rede S.S.) 1. Existe uma rede de escolarização que chamaremos de rede primária-profissional (rede P.P.). 2. Não existe terceira rede. 3. Estas duas redes constituem, pelas relações que as definem, o aparelho escolar capitalista. Esse aparelho é um aparelho ideológico do Estado capitalista. 4. Enquanto tal, este aparelho contribui, pela parte que lhe cabe, a reproduzir as relações de produção capitalistas, quer dizer, em definitivo a divisão da sociedade em classes, em proveito da classe dominante. “É a divisão da sociedade em classes antagonistas que explica em última instância não somente a existência das duas redes, mas ainda (o que as define como tais) os mecanismos de seu funcionamento, suas causas e seus efeitos”. Os autores retomam o conceito de Aparelho Ideológico do Estado de Althusser que o define como “unidade contraditória de duas redes de escolarização”. Portanto, advogam que a educação se processa mediante escolas subdivididas em dois grandes eixos que reproduzem a divisão social de classes da sociedade capitalista: a burguesia e o proletariado. Além do que, um sistema dualista de ensino, como o nosso, qualifica o trabalho intelectual e desqualifica o trabalho manual, sujeitando o proletariado à ideologia dominante. Sendo assim, compreende-se que a escola exerce uma dupla função: a formação da força de trabalho e a inculcação da ideologia dominante. Cabe ressaltar que a inculcação ideológica se dá de duas formas concomitantes: difundir e inculcar a ideologia burguesa e impedir a organização e a difusão da ideologia proletária. Sendo assim, o papel da escola é o de reforçar e legitimar a marginalidade própria de uma sociedade dividida em classes sociais desiguais e, o marginal aqui, é o proletariado. Desescolarização da Sociedade – A proposta de Ivan Illich Além das teorias crítico-reprodutivistas tivemos o projeto de desescolarização da sociedade aprensentada por Ivan Illich. Em “Sociedade sem escolas”, Illich faz uma crítica severa à institucionalização da educação nas sociedades contemporâneas. Em contraposição à educação institucionalizada, como algo ineficaz, defende à auto-aprendizagem. Esta se apóia em relações intencionais de nossa estrutura social, da seguinte forma: No trecho acima, fica evidente a seguinte tese: a desinstitucionalização da educação pode ser o ponto de partida para a desinstitucionalização da sociedade. Diante disto, cabe-nos a seguinte pergunta: de que sociedade Illich está falando? Vejamos alguns aspectos desta sociedade: 1 – Aprofundou a divisão social de classes e criou a divisão social do trabalho, ou seja, a divisão entre os que pensam (especialistas) e os que executam (executores de tarefas). 2 - Implantou a racionalidade científica e tecnológica no mundo do trabalho e da produção tornando a ciência uma força produtiva, ativa, aplicada. Portanto, como mais uma forma de dominação. 3 - Instituiu um novo modelo de Estado, o Estado Moderno ou Estado-Nação, com uma dupla tarefa: a de criaruma unidade em uma sociedade dividida em classes sociais e, para tanto, difundiu a ideologia da religião cívica do patriotrismo, e, a de regular as relações políticas, econômicas e sociais segundo os interesses do sistema capitalista de produção. 4 – Difundiu, através do Estado e da Sociedade Civil (Principalmente através dos meios de comunicação de massa – rádio, TV, cinemas, jornais etc.), a ideologia da liberdade e do individualismo. Afirmando que somos seres livres para ir e vir, se expressar e etc., mas, ao mesmo tempo, desenvolveu mecanismos de controle racional da vida humana. Tanto é, que a qualquer momento, sob uma determinada justificativa, quebra-se o sigilo bancário e telefônico em nome de uma ordem estabelecida. Sobre este ítem cabem dois comentários: A) No século XXI é comum ouvirmos dos especialistas das diversas áreas, principalmente da área de administração e, mais especificamente, dos “Recursos Humanos”, termos que camuflam as relações entre capital e trabalho na atualidade. Um bom exemplo disto é o uso do termo colaborador ao invés de trabalhador e que a razão deste existir é o mercado de trabalho. B) Tanto é que difunde-se a ideologia do individualismo com novas roupagens, tais como: sucesso pessoal e marketing pessoal, entre outros. Contraditoriamente, afirmam que o trabalhador de hoje, para ter espaço no mercado de trabalho, tem que ser flexível, participativo, saber trabalhar em equipe e tomar decisões, como também, de vestir a camisa da empresa. 5 – Desenvolveu uma lógica de racionalidade no mundo do trabalho e da produção que muito das suas consequências são conhecidas: guerras, fomes, desastres ambientais e etc. Tanto que atualmente fala-se em desenvolvimento sustentável. Cabe-nos perguntar: Para quem? Para que? Como? É possível numa lógica em que a finalidade da relação do homem com a natureza é a reprodução do capital um desenvolvimento sustentável para todos? 6 – Difundiu a ideologia da luta do bem contra o mal, proclamando a guerra do Iraque, em nome dos interesses econômicos dos produtores de petróleo. Illich critica o modo de vida das sociedades industrializadas avançadas e deposita suas esperanças nos países em via de desenvolvimento. Além disso, admite que a vida em sociedade não seria possível sem as instituições, mas faz a seguinte distinção: as instituições manipulativas (instituições vigentes) não estão a serviço das pessoas, mas contra elas e defende as instituições conviviais, que seriam interativas, por permitirem o intercâmbio entre as pessoas com a condição de que todas mantenham sua autonomia. Illich coloca a escola em dúvida no que se refere a sua tarefa: a de educar, pois, o modelo de escola de nossa sociedade é manipulativa e, portanto, totalmente dispensável. Críticas à Illich Brevemente, podemos apontar as seguintes críticas: a) não reconhece a contribuição das teorias progressistas no século XX no campo da educação; b) sua crítica não é propriamente política, já que não questiona as causas das divisões sociais que tornam perversas a técnica e as instituições; c) não reflete sobre o conteúdo das instituiições; d) à dimensão idealista de seu projeto, que despreza análise mais profunda dos conflitos sociais. Teorias anarquistas 1a Questão Bourdieu e Passeron adotam o pressuposto de que a sociedade se constrói a partir de relações de "força material" entre grupos ou classes sociais de comandantes e comandados. Nesse sentido, o sistema de ensino, como se encontra estruturado, no Brasil, na contemporaneidade, é um agente poderoso o qual mascara ou camufla relações de poder. Essa caracterização corresponde a um dos conceitos abaixo em nível de ideias: Adestramento Alienação Reforço positivo Castração Ideologia 2a Questão Louis Althusser, típico representante do pensamento crítico-reprodutivista em educação, ao se propor analisar as relações de produção existentes na sociedade capitalista, compreende que o Estado é composto por dois aparelhos. São eles: 3. Aparelhos Repressivos do Estado - Aparelhos Ideológicos do Estado 5. Aparelhos Conciliatórias do Estado ¿ Aparelhos Culturais do Estado 1. Aparelhos Educacionais Pedagógico - Aparelhos Ideológicos do Estado 2. Aparelhos Repressivos do Estado - Aparelhos Culturais do Estado 4. Aparelhos Educacionais Pedagógicos - Aparelhos Repressivos do Estado 3a Questão A respeito da Teoria da Escola como aparelho ideológico do Estado de Louis Althusser é correto afirmar que: I. A escola em sua atuação não se encaixa em nenhum dos dois aparelhos do Estado, pois essa está livre das manipulações ideológicas e repressoras. II. Os Aparelhos repressivos do Estado agem massivamente pela força e secundariamente pela ideologia. III. Os Aparelhos Ideológicos do Estado agem massivamente pela ideologia e secundariamente pela força: religioso, familiar, escolar, jurídico, político, sindical, da informação e cultural. IV. A ideologia tem uma existência material, ou seja, ela existe a partir de determinadas práticas materiais reguladas por instituições materiais. Assinale a alternativa correta: 5. Somente os enunciados III e IV estão corretos 1. Somente os enunciados II, III e IV estão corretos 4. Somente os enunciados II e III estão corretos 2. Somente os enunciados I, II e III estão corretos 3. Somente os enunciados I e II estão corretos 4a Questão "Acreditamos, portanto ter boas razões para afirmar que, por trás dos jogos de seu Aparelho Ideológico de Estado político, que ocupava o primeiro plano do palco, a burguesia estabeleceu como seu aparelho de Estado n° 1, e portanto dominante, o aparelho escolar, que, na realidade, substitui o antigo aparelho ideológico de Estado dominante, a Igreja, em suas funções. Podemos acrescentar: o par Escola-Família substitui o par Igreja-Família." (ALTHUSSER, L. Aparelhos Ideológicos de Estado, p.78). A partir do pensamento de Althusser é CORRETO afirmar que: I. A escola se constitui como o instrumento mais acabado de reprodução das relações de produção social. Para tanto, inculca "saberes práticos" da ideologia dominante a todas as crianças de todas as classes sociais. II. O sistema de produção conseguiu arraigar as políticas liberais na educação, e elas se materializam no discurso e nas práticas escolares. Nenhum outro Aparelho Ideológico de Estado dispõe de uma audiência obrigatória por tanto tempo por semana e durante tantos anos. III. A escola é o espaço social para a organização e sistematização da visão de mundo dos trabalhadores na luta por um processo revolucionário. IV. A escola ao invés de promover a equalização social acaba por se constituir como um mecanismo para garantir e perpetuar os interesses burgueses Assinale a alternativa correta: 4. Somente os enunciados II e III estão corretos 1. Somente os enunciados I, II e III estão corretos 3. Somente os enunciados II e IV estão corretos 2. Somente os enunciados II, III e IV estão corretos 5. Somente os enunciados I, II e IV estão corretos 5a Questão De acordo com Louis Althusser a ideologia exerce um papel importante na reprodução dos valores capitalistas, Estado, a fim de garantir por muito tempo a manutenção da ordem vigente. Sendo assim, o Estado se constitui como: I. um dos elementos da superestrutura e, como tal, representa, nos países capitalistas, os interesses da burguesia; II. um instrumento de garantia do bem comum acima dos interesses das classes sociais; III. um instrumento de repressão que assegura a dominação de uma classe sobre a outra. Assinale a alternativa correta: 5. Somente os enunciados II e III estão corretos 1. Somente o enunciado II está correto 2. Somente os enunciados I e II estão corretos3. Somente os enunciados I e III estão corretos 4. Somente o enunciado III está correto 6a Questão Para os sociólogos franceses Bourdieau e Passeron a escola limita-se: I. a confirmar e reforçar um habitus de classe, ou seja, uma formação durável, transportável, isto é, um conjunto de esquemas comuns de pensamento, de percepção, de apreciação e de ação. II. a negar a formar do habitus de classe, ou seja, de uma formação durável e transportável. III. a difundir criticamente o saber sistematizado e acumulado historicamente e socialmente pela humanidade. Assinale a alternativa correta: 1. Somente o enunciado I está correto 4. Somente os enunciados II e III estão corretos 5. Somente o enunciado III está correto 3. Somente o enunciado II está correto 2. Somete os enunciados I e II estão corretos 7a Questão Sobre a tendência libertária em Educação é correto afirmar que: I. Tem como base a corrente do anarquismo que defende que "o caminho da liberdade é a própria liberdade". Sendo assim, questiona a ordem social existente e preocupa-se com a educação política dos indivíduos e com o desenvolvimento de pessoas mais livres. II. Por rejeitarem toda forma de governo, como também a burocracia como instrumento de ação dominadora e controladora do Estado, o anarquismo defende a auto-gestão. Sendo assim, estabelece uma profunda ligação entre a educação e os processos de mudanças sociais. III. Sustentam a finalidade social e política da educação e a compreendem como instrumento de manutenção da estrutura social capitalista. Assinale a alternativa correta: 4. Somente os enunciados I e II estão corretos. 2. Somente os enunciados I e III estão corretos. 3. Somente o enunciado III está correto. 1. Somente o enunciado II está correto. 5. Somente os enunciados II e III estão corretos. 8a Questão "A sociedade de constrói a partir de relações de 'força material' entre grupos ou classes dominantes com os grupos ou classes sociais dominadas. Sendo assim, o sistema de ensino é um mecanismo fundamental para mascarar tais relações de poder...". No texto acima, estamos fazendo referência a uma teoria crítico reprodutivista. Escolha a alternativa correta: Teoria do Sistema de Ensino como Violência Simbólica. Teoria de correspondência entre hierarquia no trabalho e sistema de relações sociais na educação. Teoria da Escola Dualista. Teoria da Escola como Aparelho Ideológico do Estado. Teoria Radical ou da Resistência em Educação.
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