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Direito Civil Parte Geral

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DIREITO CIVIL - PARTE GERAL:
Professor: Carlos Fernando (c-fecchio@hotmail.com)
Das pessoas naturais:
1) Personalidade e sujeitos de direito (e deveres): 
Nasceu, respirou e faleceu. Tem registro de nascimento e registro de óbito. Nasceu é pessoa.
Nascimento da pessoa e da personalidade.
A personalidade começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo (resguarda/protege/garante) desde a concepção os direitos do nascituro. 
Nascituro é o ser que já foi concebido, mas que ainda não nasceu. O embrião fora do útero não é considerado nascituro, para ser considerado nascituro precisa estar dentro do útero. O conceito de nascituro envolve vida intrauterina, a partir da nidação do ovo/zigoto, ou seja, a fixação do embrião na parede do útero. 
A personalidade começa do nascimento, em questão dos nascituros a lei põe apenas a salvo. 
Eu sou pessoa da mesma forma que a pessoa jurídica é também pessoa, pois temos personalidade. 
São capazes de direitos as pessoas naturais e jurídicas.
Art. 1º, CC: pessoa e capacidade. O termo “dever” é mais amplo do que o termo “obrigação” que havia no antigo código. Por isso, o termo “obrigação” dói substituído pelo termo “dever”.
Somos pessoas porque possuímos personalidade. As pessoas jurídicas também são pessoas pelo mesmo motivo, porque também detêm personalidade.
Personalidade (atributo, qualidade, aptidão) é o que me torna pessoa.
É a lei que diz que eu tenho personalidade e tendo personalidade eu sou pessoa, e sendo pessoa eu sou capaz de direitos e obrigações.
Nascituro não tem personalidade, para a doutrina.
Natimorto não é pessoa.
STJ entende que nascituro é pessoa e tem personalidade.
Produto de abortamento (provocar aborto) não é considerado natimorto, não há registro. 
Para eu ser pessoa eu preciso ter (tenho) personalidade e sou capaz (tenho capacidade).
Para ser capaz não é necessário ser pessoa. Existem entes que não têm personalidade e são capazes. 
Se eu tenho personalidade, eu sou pessoa e sujeito de direitos, mas nem todo sujeito de direitos (deveres) tem personalidade (entes despersonalizados: espólio, massa falida, condomínio). Não é necessário ser pessoa para ter direitos, como estes entes despersonalizados, por exemplo, eles não são pessoas, mas possuem direitos e deveres. 
2) Início da personalidade (ideias juspositivas e jusnaturalistas) teorias:
Nasceu e respirou, mesmo que tenha morrido logo após, é pessoa.
Nascituro é o ser que já foi concebido, mas que ainda não nasceu.
Nascituro pode ser um embrião, não precisa já ser um feto, mas tem que estar sendo gerado no útero. Concepção: desde a introdução de vida uterina.
A personalidade começa do nascimento com vida, a personalidade do nascituro a lei põe a salvo (está protegida).
O art. 2º, CC: não diz que o nascituro tem personalidade. 
a) Teoria Natalista: prática de atos conservatórios. 
Para a teoria natalista nascituro não tem personalidade. 
Hoje essa doutrina não predomina na doutrina. 
Para esta teoria, o art. 2º, do CC, deve ser interpretado de forma literal, ou seja, para essa teoria só teria personalidade quem nasce e respira, quem ainda não nasceu, não tinha personalidade; sendo assim, nascituro para essa teoria não tem personalidade e, assim, não é pessoa. 
Para essa teoria, o problema de nascituro não ser pessoa, não significa que ele não tenha direitos, que não possa titularizar direitos, pois ele pode. 
b) Teoria Concepcionista (ou Concepcionalista):
Interpretação sistemática do art. 2º, CC.
Fecundação e vida intrauterina – vida distinta. Distinção entre embrião e nascituro. 
Para essa teoria, desde a concepção já se tem a personalidade. 
Nascituro é o ser que já foi concebido, então, já houve concepção, por isso, nascituro tem personalidade e, também, por isso, nascitura é pessoa, para essa teoria. 
Desde a concepção já tem personalidade, então, o nascituro é o ser que já foi concebido, por isso ele tem personalidade e se tem personalidade ele é considerado pessoa. 
É a teoria que hoje predomina na doutrina.
É a teoria que o STJ, em regra, aplica. 
Para essa teoria, o art. 2º, do CC, não pode ser interpretado literalmente, isoladamente, ele deve ser interpretado de modo sistemático, ou seja, deve analisar o dispositivo legal junto a outros dispositivos igualmente legais, igualmente iguais e até constitucionais. Analisa o objeto da interpretação como um todo. O art. 2º, CC, não pode ser analisado sozinho. 
c) Teoria da Personalidade Condicional:
Essa teoria se baseia no art. 121, CC, que trata de um elemento acidental ou modal dos negócios jurídicos, chamado condição. 
Os elementos modais/acidentais dos negócios jurídicos são: condição, termo e encargo. 
Condição, na teoria dos negócios jurídicos, é o evento futuro e incerto (por exemplo: nascimento, ninguém pode afirmar que o nascimento acontecerá), que subordina a produção de efeitos de um negócio jurídico. 
Só que condição é um temo correlato a negócios não à vida, não ao nascituro.
Essa teoria é um desdobramento da primeira teoria. Essa fala a mesma coisa que a teoria natalista fala, só que de um modo diferente. 
Essa teoria diz que nascituro não é pessoa, nascituro não tem personalidade, porque está escrito na lei, art. 2º, CC. Contudo essa teoria diz que os direitos do nascituro ficam subordinados ao implemento de um evento futuro e incerto chamado nascimento, ou seja, os direitos do nascituro ficam subordinados a uma condição. 
d) Teoria da Nidação (teoria penal):
É a nidação do zigoto ou do ovo, é a implantação do embrião no útero, na parede uterina.
Para essa teoria, só teria nascituro, quando o embrião estiver implantado, se houver vida uterina.
Essa teoria nega a questão dos embriões congelados à condição de nascituro e, também, nega, a fase anterior da implantação do embrião.
Para essa teoria, nascituro é pessoa, nascituro tem personalidade, a partir do momento em que ele está dentro do útero. 
É um desdobramento da teoria concepcionalista, a única coisa diferente, é que a teoria da nidação cria um marco inicial para considerar o nascituro (é só a partir da vida intrauterina). 
Para o código civil, quando que a personalidade começa?
Para o CC começa com o nascimento, é preciso respirar, mas também é preciso que se discutam mais coisas. 
2.1) Começo da personalidade no CC:
Respiração. 
Direitos assegurados ao nascituro (nascimento, curatela, vedação ao aborto, percepção de doação).
Ruptura do cordão umbilical. 
Para o STF, o aborto realizado dentro do primeiro trimestre gestacional não é conduta antijurídica, ou seja, não é criminosa (HC 124.306 – 1ª Turma). 	
Os alimentos gravídicos da lei nº 11.804/2008 deixa muito evidente que os alimentos são para o nascituro e não para a gestante, muito embora o suposto pai ele seja obrigado a pagar pensão em dinheiro, essa pensão visa alimentar o nascituro. 
Art. 1779, CC: dar-se-á curador ao nascituro se o pai falecer estando grávida a mulher e não tendo a mulher o poder familiar. 
Hoje, tanto na doutrina como na jurisprudência, nascituro tem personalidade.
2.1.1. Questões práticas:
Poder familiar: o nascituro está sujeito ao poder familiar, se o considerarmos uma pessoa, mas na doutrina há algumas discussões a este respeito, uma delas é a do art. 1779, CC, isso não quer dizer que, se a mulher foi destituída do poder familiar em relação aos seus filhos haverá uma destituição de poder familiar automaticamente ao filho que ela terá, por enquanto ela está no processo gestacional. 
A sentença que destitui o poder familiar menciona o nome dos filhos que estão submetidos a essa destituição. O nascituro que é um filho vindouro não está abrangido por esse tipo de sentença, então, não se tem destituição automática do poder familiar em relação ao nascituro, mas é provável que esta mulher também seja destituída do poder familiar em relação a essa criança quando ela nascer.
O pai pode reconhecer a paternidade do filho que ainda não nasceu, do nascituro, é mais um argumento para dizer que o nascituro é pessoa.Se o pai pode reconhecer a paternidade, não há porque negar a existência de poder familiar na relação, ao nascituro.
Outra situação, é do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, não diz expressamente que o nascituro está sobre o poder familiar, mas o ECA é aplicável ao nascituro e pode-se dizer que o nascituro está submetido ao poder familiar. 
Adoção: a situação é a mesma. Possibilidade de a adoção ocorrer desde já, adoção de embrião. A mulher grávida pode manifestar desde o início da sua gestação a sua intenção de dar a criança que ainda nascerá para adoção, podendo também voltar atrás em sua decisão e não dar mais a criança para adoção. O ECA permite isso. 
Então, a doutrina diz que, como já é possível alguém adotar o nascituro, para que esperar a criança nascer, para depois a criança ser colocada em uma instituição (antes chamada de abrigo), para depois encontrar um pai ou mãe, já não seria possível começar o processo de adoção agora, enquanto essa criança está sendo gerada, isso seria a adoção do nascituro. Podendo até ter uma sentença de doação de uma criança que ainda não nasceu. 
O problema aqui, é que não há previsão legal para essa adoção e o estágio de convivência. 
Toda e qualquer adoção deve ocorrer nos moldes da lei, não tem na legislação a adoção de nascituro, o que se na lei (ECA) é a possibilidade da mulher se manifestar a sua intenção de dar o filho para adoção, filho que ainda não nasceu e ela ser acompanhada para que tome uma decisão firme, porque a adoção é um ato irrevogável. 
A adoção pressupõe estágio de convivência entre adotando e adotante. A lei permite que o tempo desse estágio seja reduzido em situações específicas. Ele pode ser até dispensado em alguns casos, quando a pessoa que vai adotar, por alguma razão, já está com a guarda ou a posse de fato da criança/adolescente que será adotada. 
Mas não há como se falar em estágio de convivência em relação ao nascituro, então, é bastante inviável a adoção de nascituro. 
Indenização por morte do nascituro: essa discussão começou com uma mulher que se sentiu mal e teve um sangramento e o sangramento decorria de grave deslocamento da placenta, ela procurou o hospital, sendo que o atendimento a ela precisava ser emergencial, mas o atendimento foi negado sob o argumento de que o plano de saúde não havia autorizado e a mulher acabou perdendo o bebê por negativa de atendimento. 
O STJ entende que, a mulher que perdeu o seu filho por negativa de atendimento, então, é devida a indenização decorrente da morte do filho, ou seja, o STJ tratou o nascituro como pessoa. 
Essa indenização não foi fixada por simples negativa de atendimento, essa indenização é para reparar o dano moral, sofrido pela mulher, pela morte de seu filho, não só a mulher como o pai também. É indenização decorrente de morte e não indenização de um simples transtorno. 
Morte do filho, mas o filho ainda não havia nascido, mas o STJ considera que o nascituro tem personalidade. 
Natimorto: não nasce vivo, não chegou a ganhar personalidade, mas também não pode ser confundido com produto de abortamento.
Natimorto tem um registro próprio, em um livro específico nos cartórios de registro civil, não é registro de nascimento nem de óbito, é registro de natimorte. 
Ao natimorto são garantidos os direitos da personalidade, garantidos igualmente ao nascituro, no que couberem como: nome, sepultura e imagem. Rol exemplificativo. 
É corriqueira a prática de se dá nome ao natimorto, não é uma obrigação da lei, mas há casos de registros de natimorto com nome. 
Indenização por DPVAT: é um seguro obrigatório e proporciona alguns benefícios, caso eu me envolva em um acidente de trânsito, posso procurar um hospital e custear as despesas e depois pleitear o reembolso das despesas que eu tive dentro de um limite, o reembolso não é ilimitado. 
Também tem direito a percepção de indenização no caso de invalidez, neste caso, o valor da indenização varia conforme o tipo/grau de invalidez.
Tem direito de receber indenização no caso de morte. 
Ex. a mulher grávida se envolve em um acidente de trânsito e em razão disso ela sofre um aborto, este gerado pelo acidente de trânsito, para ela é como se tivesse perdido o seu filho nascido, no caso, ela perdeu o nascituro, mas o STJ reconheceu mais uma vez que o nascituro tem personalidade e mandou pagar a indenização. 
É devida a indenização por morte do nascituro pelo seguro do DPVAT. 
3) Capacidade e incapacidade da pessoa natural:
Art. 1º, CC: toda pessoa é capaz de direito e de deveres na ordem civil. 
Capacidade de direito (jurídica ou de gozo). É uma capacidade que se refere à titularização de direitos e deveres. 
Somos pessoas porque temos personalidade, temos personalidade porque nascemos vivos, somos pessoa e só por esse fato somos capazes de titularizar direitos e deveres. 
Se eu tenho 18 anos e não sofro de nenhum problema que me reduza o discernimento, ou que retire o discernimento, eu posso exercitar aqueles direitos que eu titularizo sozinho, ou seja, ninguém precisa me auxiliar. 
O recém-nascido que nasceu e herdou a herança deixada pelo seu pai é capaz de direito, ele titulariza direitos, mas ele não pode pelo fator idade exercer esses direitos por ele mesmo, ele não está apto a exercer esses direitos sem a ajuda de alguém. No caso a mãe irá representá-lo nos atos inerentes da administração desses bens que ele herdou. 
Existem critérios que limitam a capacidade de exercer os direitos:
- critério cronológico. Tem uma presunção legal de que, pessoas que não tenham atingido uma idade mínima não possuem discernimento, para o exercício próprio de seus direitos. Quem não tem ainda 16 anos é presumida pela lei uma pessoa incapaz, no sentido absoluto, de exercer os seus direitos sozinha. Será representada. Representação é substituição de vontade. 
Se a pessoa já tem 16 anos, mas ainda não tem dezoito, precisará ser apenas auxiliada, alguém irá assisti-la. Assistência significa ajuda. O assistente não substitui a vontade da pessoa, ele conjuga a sua vontade com a vontade do assistido. 
Também pode ser que a pessoa que já tenha 18 anos, mas por alguma razão da sua vida, esteja desprovida do discernimento, não tem como manifestar vontade, ela titulariza direitos, mas não pode exercer sozinha, precisa ser auxiliada por alguém. 
Capacidade de fato ou de exercício refere-se à possibilidade de o titular do direito exercê-lo por si mesmo, isto é, sem representação, esta representação lato pode ser:
- representação estrita (substituição da vontade);
- assistência (conjunção de vontades).
O recém-nascido tem capacidade de direito, porque é pessoa, porque tem personalidade, porque nasceu vivo.
O recém-nascido não tem capacidade de fato, pelo critério cronológico. 
Até os 16 anos será regulado de uma maneira e dos 16 aos 18 anos de outra maneira. A criança/adolescente não tem capacidade de fato/de exercício. 
O maior que já tenha completado 18 anos tem capacidade de direito, mas a capacidade de fato depende de alguns requisitos. 
Como depois dos 18 anos, isso não é mais resolvido pelo critério cronológico, busca-se a solução pelo critério biopsicológico. 
Capacidade plena é a junção das duas capacidades. Quem tem a capacidade de direito e também tem a capacidade de fato, tem a plena capacidade. 
Capacidade judiciária é outorgada a alguns entes despersonalizados para que eles possam atuar em juízo. 
Um ente despersonalizado não é pessoa, mas não precisa ser pessoa para ser sujeito de direitos. Ex. espólio, massa falida, massa insolvente etc. 
Nunca me faltará capacidade de direito, se me faltar capacidade, será capacidade de fato (de exercício).
Se faltar a capacidade de fato, será incapacidade.
A incapacidade é sempre de fato/de exercício, não existe incapacidade de direito. A incapacidade é um óbice ao exercício direto do direito titularizado pela pessoa, demandando representação/assistência. 
A incapacidade pode ser absoluta ou relativa. 
3.1.) Incapacidade absoluta, art. 3º, CC:Lei 13.146/2014: estatuto da pessoa com deficiência é uma lei que nasceu em cumprimento a uma convenção que o Brasil assinou em 2006, convenção sobre pessoas com deficiência. Essa lei gerou varias mudanças dentro do código civil, todas as referências à deficiência foram tiradas do texto do CC. Ninguém pode ser considerado incapaz pelo simples fato de ter deficiência (de qualquer tipo). 
A deficiência não tira da pessoa a plena capacidade, podendo ela casar, divorciar, constituir união estável, pode ter filhos, mas a pessoa com deficiência pode ser submetida à curatela e a sentença da curatela vai dizer se ela pode ou não casar, se ela pode dirigir, vender. A pessoa com deficiência pode ser submetida à curatela não porque é deficiente, mas por não conseguir exprimir vontade, porque não tem discernimento. 
Na atual redação do art. 3º, CC, só tem uma categoria de absolutamente incapaz, quem ainda não completou 16 anos. Hoje, a incapacidade absoluta só existe pelo critério cronológico. 
O menor de 16 anos pode ser submetido à curatela? Não. Ele é incapaz pelo critério cronológico e só se submete à curatela pessoa incapaz pelo critério biopsicológico. O menor de 16 anos está sobre o poder familiar e ela já é representado naturalmente por seus pais. Se os pais falecerem ou forem destituído do poder familiar, ele terá um tutor. Não se interdita menor. A curatela é para maior incapaz. O estatuto com pessoa com deficiência não proibiu a sujeição do deficiente à curatela, ele não será submetido à curatela em razão da deficiência, mas em razão da impossibilidade de exprimir vontade. 
Art. 84, § 1º, Estatuto da pessoa com deficiência c/c art. 1767, CC: a pessoa com deficiência pode ser submetida à curatela, se uma das hipóteses do art., 1767, CC, estiver presente, são as hipóteses da incapacidade relativa só muda a ordem. 
Ex. eu estou em coma induzido e por isso não posso exprimir vontade, dessa forma, posso ser submetida à curatela. 
O estatuto da pessoa com deficiência trouxe uma nova medida que é a tomada de decisão apoiada, por exemplo, uma pessoa com deficiência (serve para qualquer tipo de deficiência) sente necessidade de ser auxiliada (já sabemos que a pessoa com deficiência pode ser submetida à curatela), mas não é a pessoa com deficiência que requer sua própria curatela, mas ela pode requerer a medida de tomada de decisão apoiada.
Ex. o professor é deficiente, ele vai escolher duas pessoas da confiança dele, idôneas, ele vai elabora um plano de ajuda e vai dizer “fulano de tal me auxiliará nisso”, “beltrano me auxiliará naquilo”, pode colocar que essas pessoas agirão por ele junto aos bancos, que elas o representarão em tais casos. A pessoa com deficiência que vai elaborar um plano de ajuda e leva esse plano para um juiz da vara de família, para que ele homologue, Ministério Público será ouvido, terá um procedimento em torno disso, o juiz houve a pessoa com deficiência para ele saber se isso foi de forma voluntária, analisa a idoneidade das pessoas indicadas, para saber se são realmente pessoas de confiança, no final o juiz não submete a pessoa à curatela, ele homologa o pedido de decisão apoiada. 
Isso não é curatela, não confundir, art. 1783-A, CC.
3.2.) Incapacidade relativa, art. 4º, CC:
Alguns atos que podem ser praticados pela pessoa relativamente incapaz pela idade, independentemente de assistência. Quem tem 16 anos pode votar, ser ouvido como testemunha (pode depor em juízo), casar (com autorização dos pais), ser mandatário e fazer testamento.
3.3) Questões práticas:
Como fica a situação dos indígenas? Art. 4º, parágrafo único, CC
A lei trabalha com os índios não integrados, os em processo de integração e os integrados. 
Os índios não integrados são aqueles que não estão emancipados, que não conseguem conviver na comunidade nacional, porque faltam-lhes algo, como a língua portuguesa, conhecimento da cultura das pessoas que vivem na comunidade nacional, por exemplo.
O índio para se integrar não precisa largar mão da sua comunidade indígena, mas apenas conhecer a cultura da comunidade nacional. O índio integrado é aquele que provou o preenchimento dos requisitos e adquiriu até a emancipação indígena.
O Estatuto do Índio deixa bem claro que as relações realizadas entre pessoas da comunidade nacional com indígenas precisam da participação da FUNAI, porque os índios são tutelados pela FUNAI, sob pena de nulidade do negócio jurídico.
Logo, se celebro um contrato, sendo da comunidade nacional, com um índio não integrado (ainda não emancipado), um contrato de compra e venda, sem que a FUNAI tenha participado, o negócio jurídico é nulo.
A lei não diz se o índio é relativamente incapaz ou absolutamente incapaz, mas tem-se uma ideia errônea/equivocada de que o índio é relativamente incapaz, porque o índio está tratado no art. 4º do Código Civil, que fala dos relativamente incapazes. Contudo, se a FUNAI não participa, o negócio jurídico é nulo. E quando que o negócio é nulo? Quando a pessoa deveria ter sido representada, mas não foi.
Negócios jurídicos representados por relativamente incapazes sem assistência não são nulos, são anuláveis.
O Estatuto do índio dizendo que o negócio jurídico é nulo, dá a ideia (predominante na doutrina, mas não pacífico) de que os índios não integrados, não emancipados, são pessoas absolutamente incapazes. Caso contrário, os negócios praticados por eles sem a FUNAI não seriam nulos, seriam anuláveis.
Atos:
- nulos: absolutamente incapaz
- anuláveis: relativamente incapaz.
Emancipação, ouvido o MP e com instrução sumária: é possível que o índio peça a emancipação judicialmente. É um procedimento sumário (rápido). Ele faz o requerimento, a FUNAI participa. O índio dá suas razões, provando o preenchimento dos requisitos (demonstrando de conhecimento da cultura da comunidade nacional, conhecimento da língua portuguesa, aptidão para exercer alguma atividade econômica/remunerada, etc.). Provando esses requisitos, ouve a FUNAI e o Ministério Público. Essa emancipação indígena se dá por sentença.
Não existe uma hipótese de emancipação automática do índio, apenas judicial, com exceção de Decreto do Presidente da República emancipando a comunidade inteira (todos os membros daquela comunidade indígena estarão igualmente emancipados).
Para o índio se emancipar deve ter 21 anos.
Assistência e participação no ato: assistência e participação da pessoa que foi submetida à curatela no ato. 
Absolutamente incapaz → representação
Quem tem representação estrita? O absolutamente incapaz. 
Na representação, temos substituição de vontade. O representante age pelo representado. O representado não participa do ato.
Relativamente incapaz → assistência
Quem é assistido? O relativamente incapaz. 
Na assistência temos a conjugação das duas vontades. O assistido participa do ato.
Na sentença pode ter direitos à representação do assistente.
Ex: a pessoa com deficiência, em razão dela, não consegue manifestar vontade com discernimento – essa pessoa é relativamente incapaz. Por conta de não conseguir manifestar vontade, é submetido à curatela. Por ser relativamente incapaz, tem assistente, não representante. 
Então, para os atos de sua vida civil, o assistente (curador) terá que conjugar a vontade dele com a da pessoa com deficiência (que não consegue exprimir ou manifestar sua vontade)?
Ex: pessoa acamada em estado vegetativo é relativamente incapaz.
Como essa pessoa vai ser assistida? Como ela vai conjugar vontade?
A sentença não vai dar representante ao relativamente incapaz, mas sim assistente, mas dará poderes de representação ao assistente, e esses poderes devem estar expressos. 
Ex: você curador, pode assim sozinho, em nome do curatelado junto ao Banco X, órgãos Z, W etc. – é um assistente com poderes de representação.
Porque os absolutamente incapazes são apenas os menores de 16 anos e os índios.
Transcurso de prazos prescricional e decadencial contra pessoas com deficiência: art. 198, CC.
Quando o prazo prescricional corre contraou a favor da pessoa? A prescrição fulmina a pretensão. O credor não pode mais exigir do devedor a satisfação da prestação, que pode ser de dar (pagar quantia em dinheiro, entregar coisa, restituir coisa), fazer ou não fazer. Diante disso, a prescrição beneficia o credor ou o devedor? O devedor, pois ele quer que a pretensão “morra”. A prescrição é um instituto benéfico ao devedor, onde a obrigação se torna inexigível. Logo, a prescrição corre contra o credor e a favor do devedor.
Art. 197 a 199 do Código Civil: tratam das causas impeditivas ou suspensivas – Prescrição
Art. 197 – “não corre a prescrição”
Art. 198 – “também não corre”
Art. 199 – “não corre, igualmente”
Art. 198, I, do Código Civil: a prescrição não corre contra o credor incapaz, art. 3º. 
Ex: credor --- devedor (15 anos) → prazo só começa a correr quando ele fizer 16 anos (pois sai do art. 3º e entra no art. 4º, CC)
Os índios não estão nesse “credor incapaz”, pois fala apenas do art. 3º do CC/02, que são os menores de 16 anos.
Arts. 207 e seguintes, CC: decadência. Os prazos decadenciais também não correm contra o credor incapaz.
Nessa situação, a lei desprotege as pessoas com deficiência, pois elas estão inseridas no art. 4º do Código Civil. logo, os prazos prescricionais e decadenciais correm normalmente contra as pessoas com deficiência. 
4) Emancipação:
A pessoa atinge a maioridade civil quando completa 18 anos (completados as 0h do dia do aniversário).
Se essa pessoa não for portadora de algo que a impede de manifestar vontade, dando a plena capacidade de alcançar a maioridade (ex: alcoólico, dependente químico, prodigo), alcançou, por consequência plena, a capacidade. Exceto problemas biopsicológico.
Emancipação é o fenômeno pelo qual se antecipa a plena capacidade, ou seja, se antecipa a capacidade de exercício, pois a capacidade de direito todos possuem.
O Código Civil não trata da emancipação indígena. Esta é tratada na Lei nº 6.001/73.
Art. 5º, parágrafo único, CC. 
A emancipação pode ser:
- voluntária;
- judicial; 
- legal.
a) Emancipação voluntária (ou parental): autorização dos pais. Inciso I, do art. 5º, CC.
Nesse tipo de emancipação, os pais emancipam o filho que ainda não tem 18 anos completos por escritura pública de emancipação, registrada no Cartório de Registro Civil, onde sai a escritura de emancipação. 
Ocorre assim: os pais procuram o tabelionato de notas, onde é feito a escritura pública emancipatória. Essa escritura é levada para o Cartório de Registro Civil, onde sai a certidão de emancipação.
O filho tem que ter 16 anos e participa como anuente.
Quem emancipa? Os pais (mãe e pai). Um dos pais só pode emancipar sozinho se o outro tiver morto, ausente, sob curatela etc., ou seja, só emancipa sozinho se o outro tiver algum impedimento.
Suponhamos que os pais emanciparam,mas se arrependeram. Eles podem “desemancipar”? Não. O ato emancipatório é definitivo e irrevogável, exceto se houver vícios, sendo admissível a invalidação do ato emancipatório. 
Ex.: os pais emanciparam porque foram coagidos, ou porque foram enganados, ou anteciparam equivocadamente, etc.
E quando ocorre o casamento putativo do menor? 
Casamento é uma hipótese emancipatória, e o divórcio ou viuvez não desemancipa, a não ser quando o casamento é putativo, porque quando é putativo, em relação ao cônjuge de boa-fé, os efeitos benéficos do casamento, por exemplo, a emancipação, são preservados, continuando, portanto, o menor emancipado.
Se ocorrer um dos vícios, a emancipação é invalidável.
Invalidade é o termo genérico, ou seja, o gênero das espécies “nulidade absoluta” e “nulidade relativa”.
Nulidade relativa → anulabilidade.
A emancipação voluntária é irrevogável, mas é anulável? Pode ser. É nula? Pode ser. Depende da hipótese que gera a invalidade. 
Ex: mãe e pai emanciparam porque foram coagidos – coação é um vício sob o consentimento.
Ex: o tabelião não era tabelião de verdade.
Outros exemplos de vício sob o consentimento: Erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo etc.
Tem também os vícios sociais, como fraude, simulação etc.
Ex: o tabelião não era tabelião de verdade.
Logo, a emancipação voluntária é invalidável.
b) Emancipação judicial: parte final do inciso I, art. 5º, CC. 
Emancipação judicial, dois tipos:
- suprimento judicial (não previsto em lei);
- limitada aos menores que estão sob tutela.
Quando um dos pais quer emancipar e o outro não? Emancipa ou não emancipa? 
Não emancipa, a não ser que o que quer emancipar peça suprimento da autorização do outro por meio judicial. Neste caso, o outro será citado para mostrar suas razões, e o juiz verá se a recusa é justa ou injusta (devendo a recusa ser fundamentada). Se a recusa for injusta, o juiz supre a autorização do que não quer a emancipação. Quem quer a emancipação, pega a certidão da sentença que supriu a vontade, vai ao tabelionato, junta a certidão de suprimento e emancipa o filho.
A emancipação é voluntária, passou pelo juiz, mas não emancipou, apenas supriu a vontade de um dos pais.
Na prática: um dos genitores querer o suprimento da autorização do outro, normalmente a sentença que supre o consentimento não dado já é levado à registro público. Logo, já pede que mande um ofício para o Cartório de Registro Civil para registrar a emancipação. Se a decisão judicial vai para o cartório para ser registrado, não precisa mais de escritura. Essa hipótese não tem previsão legal, mas é perfeitamente admitida. Esse tipo de emancipação era pra ser voluntária, mas se transforma em judicial, porque o que emancipou foi a sentença, e não a vontade de ambos os genitores. 
A sentença que supre autorização e determina que a emancipação seja registrada depende de pedido. Se a parte se limitou a pleitear o suprimento da declaração do outro, a sentença deve ficar limitada à esse suprimento ou não. Mas, em regra, as partes já fazem o pedido para, assim que transitar em julgado a decisão que supre a vontade, já determine a expedição de ofício ao Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais, para que o registro da emancipação seja levado a efeito.
O menor tem que ter no mínimo 16 anos para ser emancipado.
O filho tem que concordar (a lei não exige, mas a rotina prática exige essa necessidade), participando da emancipação como anuente, não como parte. Essa exigência prática é exigível para ninguém questionar depois o ato, dizendo que o menor foi emancipado sem sua vontade.
Existe outro tipo de emancipação judicial. Esse primeiro que não está previsto em lei (mas é admitido na prática), e o segundo que está previsto na segunda parte do inciso I, do parágrafo único do art. 5º do, CC. Nesse caso, a emancipação judicial prevista no Código Civil é limitada aos menores que estão sob tutela.
O tutor tem sob seus cuidados um menor que ficou desprovido de alguém que exerça sobre ele o poder familiar.
Poder familiar não se transfere. É um complexo de direitos e deveres que os pais exercem sobre seus filhos. Apenas o pai e a mãe tem.
A emancipação faz cessar a incapacidade. E como causa que gera a cessação da incapacidade, gera também a cessação do poder familiar.
A sentença judicial emancipa, mas a manifestação de vontade deve ser requerida naqueles moldes, o juiz ouvido o tutor emancipará no caso o menor, esse menor, é o menor que está sob tutela, portanto, a emancipação judicial do código é limitada aos menores sob tutela. Por conta dessa exigência: ouvido o tutor. Então, a emancipação judicial prevista no código é a emancipação do menor sob tutela. 
Emancipação judicial pode acontecer de duas maneiras:
1) O tutor quer emancipar o menor, com a concordância deste:
O tutor de um jovem que tem pelo menos 16 anos, argumentando que esse jovem já tem maturidade suficiente para gerir os atos da vida civil, representando o menor, faz o pedido de emancipação ao juiz. O tutor contrata um advogado e assina a procuração juntamente com o tutelado, porque ele é relativamente incapaz, não adianta essa emancipação se esse jovem nãoaceitar, emancipação não envolve uma lide é um procedimento de jurisdição voluntária, e o advogado faz o pedido. As razões do tutor que levam o pedido de emancipação judicial já estão na petição inicial, então, nem sempre o juiz vai marcar uma audiência para ouvir o tutor, pois este já se manifestou na petição inicial, mas pode ser que o juiz queira ouvir o tutor e o menor que será emancipado. O MP participa, então, pode ser que este requeira a oitiva do menor e do tutor.
2) O menor, em desacordo com o tutor, pretende a emancipação:
O menor, que já tem 16 anos, quer a emancipação e está sob tutela (por não tem pai e mãe exercendo o poder familiar, seja por eles já terem falecido, terem sido destituídos ou qualquer outra forma), mas o tutor não quer emancipar (judicialmente, porque tutor não emancipa por escritura). O menor procura um advogado ou um Defensor Público, ou o Ministério Público. Nessa situação, o pedido será feito e, como há conflito de interesses neste processo entre o tutor e o menor, nesse processo, o tutor não pode atuar como assistente do menor, então, nomeia-se um curador especificamente para essa lide. No caso, o tutor não está sendo destituído da tutela, há apenas um conflito de interesse no caso da emancipação, então, para esse caso o menor terá um curador. Terá uma audiência para ouvir o menor e o tutor. Sendo demonstrada a aptidão que o menor é capaz de praticar os atos da vida civil, a sentença emancipa, e essa sentença será depois registrada.
A idade mínima de 16 anos é exigida tanto na emancipação voluntária, quanto na emancipação judicial. Não se emancipa judicialmente quem não tem 16 anos. 
c) Emancipação legal: incisos II, III, IV e V, art. 5º, CC.
Nessas hipóteses legais a emancipação é automática, a emancipação acontece pela realização da causa. Não necessita de um ato dirigido para a emancipação nos casos em que a lei determina. 
A idade de 16 anos é exigida nos incisos I, II e V. 
Casamento:
O Código Civil não exige idade mínima para o menor ser emancipado pelo casamento, mas exige a idade mínima de 16 anos para casar. Por isso, a idade núbil é de 16 anos, mas, como ainda não tem 18 anos, tem que haver o consentimento do representante do menor que já tem idade nupcial. 
No procedimento de habilitação matrimonial, essa autorização precisa ser dada pelos dois pais. Se um deles não quiser, pede o suprimento de autorização judicial, nos mesmos moldes do suprimento de manifestação de vontade para fins emancipatórios.
Em um caso o juiz pode autorizar o casamento para quem ainda não completou 16 anos, no caso de gravidez. Nesse caso o juiz poderá analisar, faculdade, tem que ser analisado as circunstâncias. 
Obs.: a situação do código civil que permitia ao juiz autorizar casamento de quem ainda não tinha completado 16 anos com seu ofensor, isso era permitido porque no código penal o casamento com a vítima extinguia a punibilidade, mas essa hipótese deixou de existir no código penal, portanto, ela não precisa mais existir no código civil. Não houve revogação expressa, mas houve revogação tácita do CC.
O divórcio desemancipa? E a viuvez de quem foi emanciado desemancipa? A emancipação voluntária e a sentença judicial que emancipa não podem ser objeto de revogação. Cabe ação anulatória contra a sentença, ação rescisória, mas revogação não. O divórcio e a viuvez de quem foi emancipado não gera a desemancipação. 
Invalidade de casamento (por nulidade ou anulabilidade) desemancipa? Depende. O entendimento majoritário trabalha com a ideia da putatividade matrimonial, o que gera o chamado casamento putativo. O casamento putativo é aquele contraído de boa-fé por um ou por ambos os nubentes, agora cônjuges. Se aquele que se casa conhecendo o vício invalidador, contraiu as núpcias de má-fé, mas se não conhecia, se casou de boa-fé. 
O cônjuge que contrai as núpcias de boa-fé, mantém os efeitos benéficos do casamento (a emancipação é considerada um efeito benéfico). O cônjuge que contrai as núpcias de má-fé é desemancipado, mas os atos da vida civil praticados por ele com terceiros de boa-fé são mantidos, para não prejudicar os terceiros com quem houve qualquer contratação. É possível modulação dos efeitos, mas não há previsão legal, desde que haja pedido. A partilha de bens também segue a regra da putatividade. O cônjuge de boa-fé terá os bens partilhados de acordo com as regras do regime matrimonial de bens.
Como se prova a emancipação?
Se for pelos pais, pega a certidão do registro (certidão de emancipação) e prova a emancipação.
As provas legais da emancipação são provadas pela prova do ato que gerou a emancipação, não existe uma prova da emancipação, o que existe é uma prova do ato que gerou a emancipação, ou seja, o que gerou a minha emancipação, meu casamento, então, eu provo que estou emancipada, provando que eu estou casada.
União estável não emancipa. Iguala ao casamento só no que couber, a emancipação não cabe nesse caso. 
Exercício de emprego público efetivo: o menor de 18 anos que ingressar no serviço público efetivo está emancipado. Isso hoje não acontece, ninguém ingressa no serviço público efetivo com menos de 18 anos. Mas este caso se provaria a emancipação provando o ingresso no serviço/emprego público efetivo. 
Colação de grau de ensino superior: se o menor colar grau em ensino superior ele está emancipado. Diploma, certidão de conclusão de curso.
Estabelecimento civil ou comercial ou existência de relação de emprego – economia própria:
Desde que tenha 16 anos completos e economia própria. Economia própria significa que com o estabelecimento ou com o emprego o menor aufere rendimentos ou salário.
Uma pessoa pode trabalhar a partir dos 16 anos. Antes dos 16 e a partir dos 14, como aprendiz.
Suponha-se que alguém de 16 anos trabalhou e não tem CTPS assinada e saiu do emprego antes dos 18 anos. O que caracteriza a relação de emprego nesse caso, não é a CTPS, o emprego é informal. Está emancipado? Sim. Como prova a emancipação? A prova não tem como ser feita de modo prévio. 
Uma pessoa realiza um contrato sem representação. Depois de algum tempo, alguém requer a anulação do negócio jurídico porque o menor não foi assistido. Nesse caso, na contestação, o menor fará prova do vínculo de emprego e, assim, mostrando que já estava emancipado. Será necessária a propositura de uma ação trabalhista para conhecimento dessa relação de emprego.
Estabelecimento civil refere-se a aquelas atividades do intelecto (artes, letras, ciência, advocacia, clínica de médicos, atividade técnica) ou empresarialmente (reunindo fatores de produção)
É muito difícil antes dos 18 anos, pois o próprio Código Civil exige que, para se estabelecer civilmente ou empresarialmente, precisa ter a plena capacidade, que ocorre aos 18 anos. Pode ocorrer quando o juiz permite a continuidade do negócio quando os pais falecem, por exemplo.
4.1.) Aspectos práticos:
Extinção do poder familiar: questão já tratada. A emancipação extingue o poder familiar (o filho tem que querer, participando como anuente no ato da emancipação), assim como a morte do pai, a morte da mãe, a morte do próprio filho.
Emancipação para fins do serviço militar: aquele que desenvolve/presta serviço militar se emancipa aos 17 anos. O serviço militar não é obrigatório, ele pode ser facultativo, então, aquele que vai prestar serviço militar ele pode se emancipar aos 17 anos, mas somente para fins do serviço militar, não para toda e qualquer outra atividade. Esse jovem não precisa de autorização dos pais para desempenhar prestar serviço militar, para esse fim ele está emancipado. 
Revogação da emancipação voluntária e da judicial (enunciado 397): não precisa ter na escritura pública cláusula de revogabilidade. A emancipação voluntária e a emancipação judicial são irrevogáveis. O ato não pode ser objeto de revogação, mas pode ser de invalidação, rescisão, em razão de vícios ou defeitos (tem-se um ato jurídico em sentido estrito, passível de nulidade).
Emancipação e ECA, CP e CNH: o menor emancipadocontinua submetido ao ECA. A emancipação torna a pessoa apta à prática dos atos da vida civil, a emancipação não torna o menor emancipado em adulto, por isso o ECA é ainda aplicado. Não se aplica o código penal ao menor emancipado e sim o ECA (menor não pratica crime, menor pratica ato infracional). Menor emancipado não pode dirigir, não consegue tirar a CNH.
Obs.: pessoa que completa 18 anos não está emancipada. Completou 18 anos acabou a emancipação. Nesse caso, pode dirigir por conta da maioridade e não por conta da emancipação, porque ao completar 18 anos não está mais emancipado (questão de prova de concurso). 
Emancipação e o princípio da irresponsabilidade civil do incapaz: art. 928, CC, trata do incapaz. O artigo não é para menor de 18 anos apenas, ele é para qualquer incapaz, o maior pode ser incapaz, mas trazendo o assunto para emancipação, vamos falar do menor de 18 anos.
Regra geral: o incapaz (menor de 18 anos) não responde civilmente pelos danos que causar. Menor incapaz não paga indenização, mesmo se ele tiver patrimônio ele não paga. O menor de 18 anos pode ser incapaz não tem a responsabilidade de pagar indenização pelos atos ilícitos (mesmo se ele tiver patrimônio) por ele praticados, porque quem pagará será seu representando legal.
Exceção: excepcionalmente o menor pagará. Quando o representante não tiver obrigação e quando o representante não tiver patrimônio. Se o menor tem patrimônio e o representante não tem, quem vai pagar a indenização é o menor e o menor incapaz pagará a indenização se o representante não tiver a obrigação de pagar.
Art. 186 e 187, CC. 
Então, o menor é irresponsável civilmente, só responde a título de exceção.
Enunciado 41: na emancipação voluntária o princípio da irresponsabilidade do menor deixa de existir, ou seja, o menor emancipado responde sim com seu patrimônio pelo prejuízo que causar, não cabe para ele o art. 928, CC. Todavia, o responsável legal responde solidariamente com ele. 
O entendimento hoje é: não há que se falar em irresponsabilidade civil do menor emancipado, mas o pai que tiver emancipado de forma voluntária responde solidariamente. Não importa se emancipou de boa-fé ou de má-fé. O prejudicado pelo ato ilícito do menor emancipado poderá requerer a indenização de um ou do outro, ou dos dois. A fonte dessa solidariedade é a jurisprudência. 
Extinção da obrigação alimentar: é extinta a obrigação alimentar após a emancipação?
A obrigação alimentar tem dois fundamentos: 
1º fundamento: poder familiar, dever de sustento, padrão de vida.
2ºfundamento: princípio da solidariedade familiar (binômio necessidade de quem precisa dos alimentos/capacidade de quem paga os alimentos).
Portanto, a pensão alimentícia fixada no poder familiar será sempre levado em consideração o maior valor possível. Ex. se o meu pai pode pagar X, ele vai pagar esse valor, a capacidade do pai é importante, se ele pode pagar muito, mesmo que eu não precise desse muito, ele pagará. O dever de sustento é que os pais ou as mães sustentem o filho de acordo com o seu padrão de vida, valor que seja capaz de manter o filho no padrão de vida, que a outra pessoa que paga. 
Quando o poder familiar deixa de existir os alimentos passam a ter como fundamento o princípio da solidariedade familiar, pais e filhos, mais ascendentes e descendentes, devem uns aos outros alimentos reciprocamente. Art. 1696, CC.
Não é porque o poder familiar foi extinto em razão da emancipação, que o pai que paga pensão alimentícia a esse filho menor vai deixar de pagar pensão alimentícia. Dessa forma, não há a extinção da obrigação alimentar após a emancipação, a obrigação alimentar sempre existe entre pais e filhos, mas pode ser pedida a exoneração dessa pensão ou diminuída seu valor. Súmula 358, STJ. 
5) Extinção da pessoa natural: 
A pessoa natural só perde a personalidade com a morte e deixa de ser considerada pessoa. O morto não é pessoa. O que extingue a personalidade da pessoa é a morte. A morte pode ser real ou presumida (ficta).
Morte real é morte atestada diante do corpo, atestada por médico, este declara a morte e faz o registro do óbito. Nas localidades que não existir médico, pode ser atestada por duas pessoas que tenham visto o corpo.
Morte presumida é morte sem corpo presente. Provavelmente há a morte, mas não tem o corpo para afirmar com toda a certeza. Todas as hipóteses de morte ficta trabalham com a ideia que não há corpo.
1ª hipótese, art. 7º, CC: neste caso, há grande probabilidade de morte real. As circunstâncias indicam que houve morte. Chama morte presumida sem a declaração da ausência. Não tem corpo, mas têm indícios da morte. É exigido um procedimento judicial que reconheça a morte, que declare o óbito, mas esse procedimento judicial é simples e célere. Procedimento de justificação de óbito. A sentença declara a data e horário do óbito, vai para registro público, para fazer o registro do óbito. 
Outras hipóteses, arts. 22 ao 39, CC: não há probabilidade de morte. Tem um mero desaparecimento da pessoa natural. Abertura da sucessão definitiva. Fase da curadoria, fase da sucessão provisória e depois de anos tem a fase da sucessão definitiva, é só nessa fase que se tem presunção de morte. Não é algo imediato, porque não há elementos que gerem conclusões de óbito, por isso é demorado. 
5.1) Morte presumida sem a declaração prévia da ausência:
Art. 7º, CC. Art. 88, Lei de registros públicos. Não exige nesses casos a declaração da ausência. Reconhecimento da morte por justificação de óbito. 
5.2) Morte presumida com a declaração prévia da ausência:
As circunstâncias não indicam a morte. Requer a declaração de desaparecimento (ausência). 
Quando o ausente tiver deixado alguém como seu procurador, para administrar suas coisas, seus bens, aguarda-se até 3 anos, para fazer o pedido da declaração de ausência. Se o ausente não deixou ninguém para administrar seus bem, não tem prazo para o pedido da declaração de ausência, pode ser a qualquer tempo, desde que se provê o desaparecimento. 
Requerida a declaração da ausência o juiz analisará os elementos que indicam essa ausência, verificados esses elementos, o juiz profere uma sentença reconhecendo/declarando a ausência e nomeia uma pessoa como curadora dos bens deixados pelo ausente. Não é curador do ausente, é curador dos bens do ausente. O curador vai representar os bens. Essa sentença que nomeia o curador vai fixar os limites dele, o que ele poderá fazer em relação aos bens ou não (poderes de mera administração). 
1 ano depois: da declaração de ausência. Tem a declaração de ausência quando o desaparecido não deixou procurador. Sentença para declarar a ausência e nomear curador. 
3 anos depois: do desaparecimento. Se a pessoa que desapareceu deixou alguém como procurador, este ficará administrando. Esses 3 anos podem ser diminuídos, são 3 anos em tese. Esse procurador deixado pelo ausente pode não querer mais dentre esses 3 anos. Se tiver procurador não tem sentença declarando a ausência, não tem curador nomeado. 
Vai passar para a próxima fase passado 1 ano ou 3 anos, depende do caso. 
Na nova fase, uma nova sentença será proferida e declarará aberta a sucessão provisória. 
Se for o caso em que o ausente tinha procurador, passados os 3 anos, na sentença de sucessão provisória vai ser declarada a ausência do desaparecido, que até então não foi declarada, porque havia procurador (diferente do caso de 1 ano, que não tem procurador e o juiz dá uma sentença, depois de 1 ano declarando a ausência e nomeando curador). Então, vai ser declarada a ausência, nessa nova fase, e abre a sua sucessão provisória do ausente. 
Na primeira hipótese (de 1 ano), quando o juiz nomeia curador ele já declara a ausência também, então, na sentença da sucessão provisória não precisa declarar a ausência de novo, porque ela já foi declarada. Essa segunda sentença se limita a abrir a sucessão provisória. 
O juízo competente materialmente para declarar a ausência é a Vara de Família, esta vai declarar a ausência e com a certidãodessa sentença leva para a Vara de Órfãos e Sucessões que tem competência para abrir sucessão. 
Antes da sucessão definitiva tem a sucessão provisória, antes da sucessão provisória, pode ter a curadoria de bens. Antes de chegar à parte da sucessão definitiva muita coisa ainda vai acontecer. 
Ausente é a pessoa que desaparece e não deixou notícia. Ausente não é quem está em uma situação de catástrofe ou em uma situação onde há presunção forte de óbito, porque se fosse este caso, não precisaríamos passar pelo procedimento do art. 22 até o art. 30, CC, neste caso, requereríamos uma justificação de óbito. 
O ausente pode ter a sua situação enquadrada como caso de morte presumida, mas de acordo com o art. 6º, CC, essa presunção somente acontecerá quando chegarmos à fase da sucessão definitiva. 
Obs.: abaixo o professor vai repetir o que está disposto acima, só que de outra forma.
Procedimento envolvendo o ausente:
1ª fase - curadoria dos bens do desaparecido: não é uma fase obrigatória. É uma fase que ocorrerá conforme as circunstâncias. Terá essa fase se o ausente não tiver deixado ninguém para administrar seus bens. 
2ª fase - sucessão provisória: nesta fase não há ainda presunção de morte. 
3ª fase - sucessão definitiva: nesta fase há nessa fase presunção de morte.
Quando uma pessoa desaparece e não deixa notícia do seu paradeiro, duas situações precisam ser analisadas, para que possamos adotar a primeira providência. 
Devem ser analisadas:
O ausente/desaparecido deixou alguém com poderes para administrar seus bens? 
Se a resposta for sim, essa situação dispensa a primeira fase, que é a nomeação de curador. Se ele deixou procurador para administrar seus bens, não se faz a primeira fase, não tem nomeação por sentença de curador para os bens do ausente e aguarda o retorno do ausente, isso pode durar até 3 anos (até, porque o ausente pode retornar antes desse prazo). Depois desses 3 anos, se o ausente não retornar, passa para a fase da sucessão provisória. 
Tem que analisar também se esse procurador deixado pelo ausente têm poderes para administração ou não. Talvez ele tenha poderes para alguns atos e não para todos de administração e são insuficientes, nesse caso, será necessária a primeira fase, sentença para nomear curador para administrar esses bens.
Outra coisa que pode acontecer é o administrador deixado pelo ausente não querer administrar os bens, nesse caso, também será necessária a primeira fase, sentença que nomeie curador para administrar os bens do ausente. 
Se a resposta for não, o ausente não deixou ninguém para administrar seus bens, vai ser feita a primeira fase, terá uma sentença para nomear curador dos bens do ausente. 
Na curadoria dos bens do ausente, algum interessado irá requerer a nomeação de um curador, para iniciar esse procedimento que culminará com a presunção de morte. Art. 25, CC. Não é curador do ausente, porque este não é incapaz, ausente é a pessoa desaparecida, o curador vai gerar/administrar os bens dele, é um caso de curadoria de bens (não é curadoria de pessoa). 
O juiz nomeia alguém para ser curador dos bens, mas o juiz precisa antes declarar a ausência. Para ser caracterizada a ausência, precisa de uma sentença para declarar que alguém está ausente. A sentença para nomear curador, ela precisa antes declarar a ausência, então, toda sentença que nomeia curador, antes declara a ausência. 
Conforme o art. 25, CC, o juiz nomeará como curador dos bens do ausente em primeiro lugar o cônjuge, essa ordem precisa ser observada, na falta de cônjuge (se estava separado de fato a mais de dois anos ele não pode ser curador mais), serão os pais do desaparecido (pode até ser os dois em conjunto. Só os pais, ascendente de 1º grau), na falta dos pais, vai procurar alguém na descendência que não tem limitação de grau (pode ser filhos, netos, etc.). Não tendo nenhum desses da lista, o juiz vai procurar alguém para nomear e ser curador desses bens do ausente. 
Nomeado o curador, a sentença fixa os poderes dessa curatela. A sentença vai dizer o que poderá fazer em relação aos bens. Normalmente são poderes de mera administração. 
Quem tem competência para declarar a ausência (situação de estado de pessoa) é o juízo da Vara de Família. 
A sentença declara a ausência e depois nomeia o curador dos bens e depois, após vamos aguardar certo tempo, que é de 1 ano e depois desse prazo, se passado 1 ano de curadoria e o ausente não volta, teremos a abertura da sucessão provisória. Durante esse 1 ano, o ausente será convocado a voltar, de 2 em 2 meses serão expedidos editais convocatórios do ausente. 
Tem a abertura da sucessão provisória, em dois casos:
- passado 1 ano da curadoria dos bens do ausente, determinada por sentença; ou
- passado 3 anos pela administração feita, pela pessoa deixada pelo ausente e este não retornou após esse prazo.
Compete ao curador nomeado pelo juiz, antes de administrar, ele tem que arrecadar esses bens. Esse curador vai arrolar, em documento escrito, todos os bens que o ausente deixou, que ele vai intitular termo de arrecadação, por exemplo, ele assina embaixo e junta isso no processo. Arrecadar não é tomar os bens. Arrecadar é arrolar os bens, mas precisa de um documento arrecadatório no processo, até para que saiba quais são os bens que estão na administração do curador. 
A partir do momento em que os bens são arrecadados, 1 ano depois, pode fazer a abertura da sucessão provisória. 
Abrir a sucessão provisória é algo de interesse das partes que estão descritas no art. 27, CC. 
Requerida a abertura da sucessão provisória, esta é aberta por sentença, e a sentença que abre a sucessão provisória precisará antes declarar a ausência, neste caso, quando não houve prévia curadoria, quando não houve nomeação de curador, ausente deixou administrador. Agora, se houve a fase da curadoria, houve nomeação por sentença de curador para os bens do ausente, a ausência já foi declarada por sentença, neste caso, a sentença se limitará à abertura da sucessão provisória. Não se declara a ausência duas vezes, mas ela precisar ser declarada. 
Aberta a sucessão provisória, ainda não se tem a morte presumida. 
A competência para abrir a sucessão provisória é do juízo da Vara de Sucessões. 
Abriu a sucessão provisória, tem-se o inventário. Procede-se o inventário dos bens deixados pelo ausente, porque ainda não temos morte ainda. Morto é só quando a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva. 
Feito o inventário, arrecadado os bens, paga-se primeiro os credores e só depois faz a divisão dos bens para os herdeiros. 
Da sentença que abre a sucessão provisória, são observados dois prazos diferentes:
- prazo de 15 dias depois da sentença. Este prazo é processual, contado em dias úteis. A sentença após este prazo transita em julgado se não houver recurso;
- prazo de 180 dias. Este prazo não é processual, ou seja, não é contado em dias úteis. É um prazo material porque ele tem outra finalidade. 
Com o trânsito em julgado, após o prazo de 15 dias, da sentença que abriu a sucessão provisória, procede-se ao inventário dos bens, como se morto o ausente estivesse. Pode abrir o inventário neste momento, mas não pode ainda ter a partilha dos bens, a partilha só pode depois do prazo de 180 dias. 
Essa sentença precisa ser publicada em jornal de circulação na região e não no diário. Para fins processuais publica-se a sentença no diário, mas para o cumprimento do prazo de 180 dias, essa sentença precisa ser publicada em jornal de circulação na região. Para aumentar a chance do ausente saber o que está acontecendo, de que seus bens estão em vias de partilha e que volte. Então, publica no jornal e aguarda o prazo de 180 dias. 
Se o inventário tramitar e terminar antes do prazo de 180 dias, para e não se faz a partilha. Partilha só é permitida depois dos 180 dias. 
Agora, pode acontecer também dos 180 dias passarem e o inventário não ter terminado, aí também não dá para partilhar.
Para ter a partilha são necessárias as duas situações: precisa deinventário pronto e precisa de 180 dias da publicação em jornal transcorridos. 
É no inventário que se paga aos credores do ausente/morto.
Se todos os requisitos forem cumpridos, far-se-á a partilha do ausente. 
Cada herdeiro, na sucessão provisória, quando chegar à fase da partilha, cada herdeiro receberá o quinhão que lhe tocar. 
Como está ainda na sucessão provisória, os herdeiros não recebem a propriedade dos bens. Foi feito o inventário, cada herdeiro recebe o que é seu, mas o herdeiro só recebe a posse, ele não recebe ainda o poder de disposição sobre esses bens (não pode vender, permutar, doar, dar em garantia). O herdeiro vai fazer o que o curador nomeado em sentença já fazia, ou o que o administrador deixado pelo ausente fazia, porque o herdeiro vai apenas administrar (pode alugar, conservar, emprestar), porque o herdeiro não recebe na sucessão provisória a propriedade dos bens. O CC fala que os herdeiros serão imitidos na posse dos bens de acordo com o que for decidido na partilha do inventário e tramitou depois de aberta a sucessão provisória. 
Para o herdeiro ser imitido na posse do bem, conforme a partilha feita no inventário, em regra, ele precisa prestar caução, porque o ausente pode voltar, porque ainda estamos tratando de sucessão provisória, se o ausente volta o herdeiro tem que devolver tudo o que recebeu. Então, o herdeiro, nessa fase, só será imitido na posse se prestar caução. 
O herdeiro que não prestar caução não será imitido na posse e ficará de fora. Ele não perde o direito, mas até a sucessão definitiva, ele não tem a posse do bem. Então, esse bem será administrado por outra pessoa, nomeia-se outro curador para o bem do herdeiro que não prestou caução e não o recebe. 
Herdeiros necessários: são os herdeiros que, pela lei, têm direitos a pelo menos 50% dos bens da pessoa que morre. Descendentes, ascendentes e cônjuge. 
Herdeiro necessário é dispensado de prestar caução, ele é imitido na posse do bem mesmo sem prestar caução na fase de sucessão provisória.
Herdeiros não necessários, colaterais até o 4º grau e testamentários, precisam prestar caução, para terem a posse do bem. 
Os herdeiros necessários, que são imitidos na posse do bem independente de caução, eles fazem seus todos os frutos gerados pelos bens que receberam. Quer dizer o seguinte, se o ausente volta, porque ainda estamos em sucessão provisória, os bens precisam ser devolvidos a ele, mas os frutos não. Ex. se eu sou herdeira necessária e tiver alugado o imóvel, o aluguel é meu, se o ausente voltar eu devolvo o imóvel e não os valores do aluguel. 
Obs.: correção monetária não são frutos, os juros sim. 
Herdeiros não necessários primeiro prestam caução e fazem seus 50% só dos frutos. Os outros 50% são investidos, o CC fala que são capitalizados.
A caução é fixada pelo juiz. 
O herdeiro não necessário que não prestou caução e não foi imitido na posse, ele fica fora da sucessão provisória e os bens serão administrados por outra pessoa, então, ele não recebe frutos, nem nada. Mas se esse herdeiro não necessário, no caso, demonstrar que precisa desses frutos para sobreviver, o juiz poderá permitir, ouvido o Ministério Público, que ele receba parte desses frutos, não necessariamente os 50% do que ele receberia se tivesse prestado caução do bem, mas é possível uma parte desses 50%, para que ele consiga sobreviver, mas depende da demonstração dessa necessidade. 
A fase da sucessão provisória vai até que se prove a morte, então, se a qualquer tempo, antes da sucessão definitiva, for provado o verdadeiro óbito do ausente, encerra-se a sucessão provisória e muda para a sucessão definitiva em razão da morte verdadeira. 
Se o ausente volta em qualquer momento da sucessão provisória, encerra a sucessão provisória. Neste caso, tudo é devolvido para o ausente e os 50% capitalizados se ele tiver justo motivo para a ausência. Os frutos dos herdeiros necessários não são devolvidos, herdeiro necessário só devolve o bem. 
Se não for provada a morte real, se eu ausente não voltar, a sucessão provisória vai durar, em regra, 10 anos. Art. 37, CC, mas com as exceções acima em que a sucessão provisória acaba antes. 
10 anos depois do trânsito em julgado da sentença que abre a sucessão provisória, poderão os interesses promover a sucessão definitiva.
Não tem um rol de pessoas aptas ao requerimento para a sucessão definitiva, como tem no art. 27, CC, as entende que todas as pessoas elencadas neste artigo têm legitimidade, para requerer a sucessão definitiva. 
Não é por sentença que se muda da sucessão provisória para a definitiva, basta uma decisão. 
O que acontece quando é aberta a sucessão definitiva, o que era provisório torna definitivo, mas ainda não é um definitivo absoluto. Os herdeiros que receberam a posse dos bens, na definitiva eles recebem poderes de disposição, a propriedade. Agora os herdeiros podem fazer o que quiserem com os bens. O herdeiro que tiver prestado caução, levanta a caução. O herdeiro que capitalizou os 50% dos frutos, levanta os frutos capitalizados. 
Mas a propriedade que os herdeiros recebem dos bens agora, ela é resolúvel. Porque se o ausente voltar nos próximos 10 anos, agora na fase da sucessão definitiva, eles terão que devolver os bens. Os herdeiros podem vender, doar, gravar os bens, mas se o ausente voltar, eles terão que devolver, corre-se o risco. Se o bem existir ainda, devolve-se o bem, mas se ele não existir mais, vendeu, mas comprou outro por menor valor, entrega este bem e ainda fica devendo a diferença que resta para o ausente. 
5 anos contados do desaparecimento e o ausente hoje com 80 anos, pode pedir a sucessão definitiva. 
Enunciado 97: o companheiro, em caso de união estável, também pode ser curador, na lei está o cônjuge, mas o companheiro também pode. 
6) Direitos da personalidade:
Os direitos da personalidade são protegidos, porque é a personalidade que nos torna pessoa. Direito da personalidade é aquilo que me torna pessoa. São os direitos da personalidade que me permitem viver de modo digno. Não existe rol de direitos da personalidade no ordenamento jurídico. Tudo que diz respeito a existência da pessoa pode ser tratado como direito da personalidade. 
Adotamos, sobre os direitos da personalidade, uma visão jusnaturalista, eles não precisam constar em rol legal.
A visão juspositivista é diferente, só é direito da personalidade aquilo que está na lei. 
Existe uma cláusula geral dos direitos da personalidade, que é o princípio da dignidade da pessoa humana. O que eu preciso para viver dignamente. 
Nós adotamos a visão jusnaturalista. Enunciado 274. Não existe rol fechado/taxativo de direitos da personalidade. 
As pessoas jurídicas têm direitos à personalidade, no que couber. Art. 52, CC. 
Pessoa natural tem honra subjetiva e objetiva. Pessoa jurídica só tem honra objetiva. 
6.1) Características dos direitos da personalidade, art. 11, CC:
- intransmissibilidade;
- irrenunciabilidade;
- impossibilidade relativa de os direitos da personalidade sofrerem limitação voluntária;
- são direito inatos (ínsitos). Para a escola juspositivista esses direitos não seriam inatos, seriam postos;
- constituem direitos gerais e absolutos. Porque são entregues a todas as pessoas indistintamente e são absolutos porque são oponíveis erga omnes, a qualquer pessoa, todas as pessoas também precisam respeitar os direitos da personalidade da outra. 
Obs.: nenhum direito é absoluto, todo direito comporta relativização. Inclusive os direitos da personalidade. Confronto de dois direitos da personalidade, um deles será relativizado. 
- existem direitos da personalidade relativos e são oponíveis contra o Estado. Ex. direito à saúde, educação, moradia;
- são indisponíveis. Os direitos da personalidade não podem ser transmitidos, não podem ser renunciados. A indisponibilidade gera também a imprescritibilidade e a inexpropriabilidade. 
Obs.: art. 11, CC. A intransmissibilidade e a irrenunciabilidade não são características absolutas. A lei permite a cessão de alguns efeitospatrimoniais decorrentes de direitos da personalidade, não tem como eu transmitir a minha imagem, mas tem como eu ceder a exploração da minha imagem. Direito de autor sempre deve ser trabalhado sobre dois aspectos: existe o direito moral do autor e existe o direito patrimonial do autor. O direito patrimonial do autor pode ser objeto de transmissão, a lei permite a exploração econômica. O que a lei não permite é a transmissão do direito moral do autor, nem os herdeiros do autor (de obra literária, artística, etc.) recebem o direito moral, pois quando o autor morre, acaba o direito moral, os herdeiros recebem apenas o direito patrimonial decorrente. 
São intransmissíveis os direitos da personalidade, inatos, inerentes a alguém, não podem mudar de titular. Os direitos da personalidade não se sujeitam à mudança de titularidade. Faceta econômica pode ser transmitida temporariamente sempre. 
É possível a exploração econômica de alguns direitos da personalidade, artistas fazem isso. Esse tipo de exploração é limitada no tempo, precisa de autorização do titular, mas isso não significa que a imagem está sendo transmitida, quem está explorando a imagem não do artista não passa a ser titular da imagem dele.
Os direitos da personalidade são irrenunciáveis, porque não tem como o titular abrir mão desses direitos.
Eles são imprescritíveis, porque o titular não perde o direito de exercitar pelo decurso do tempo, não tem prazo para exercitar direito da personalidade. Não há prescrição e nem decadência desses direitos. 
Questões econômicas ligadas aos direitos da personalidade se submetem a prazo prescricional, não é o direito da personalidade em si que está sujeito a prazo, é o exercício de pretensões econômicas. 
Ex. eu sou ofendido em minha honra subjetiva, 5, 10 anos sofrendo bullying. Eu posso depois de 20 anos resolver não sofrer mais essa prática. Porque eu sempre posso exercer meu direito da personalidade, eu não perco o direito pelo transcurso do tempo. 
Agora, os danos morais que me foram gerados a mais de 3 anos, estão dentro daquilo que a prescrição fulminou, porque, em tese, eu tenho 3 anos, para requerer indenização da reparação econômica de danos sofrido. Foi violada minha honra, isso me gera dano moral, tenho 3 anos, em regra, para pleitear indenização. 
Os direitos da personalidade são também inexpropriáveis, são impenhoráveis.
São vitalícios, surgem quando a pessoa nasce e acabam quando a pessoa morre, mas não significa que alguns atributos da personalidade continuem sendo protegidos depois.
SEM O CONTEÚDO DA AULA DO DIA 10/07.
6.3) Principais direitos da personalidade disciplinados no CC:
c.1) O titular lesado em seu direito de imagem pode invocar as tutelas protetivas dos direitos da personalidade, que se aplicam igualmente à imagem, porque imagem é um direito da personalidade. A diferença diz respeito ao dano reflexo, pois quando o direito violado é a imagem, os lesados de modo reflexo estão em um rol um pouco mais restrito, já que o § único, do art. 20, CC, não trata dos colaterais até o 4º grau. 
Relativização da proteção à imagem, do seu direito de imagem, exceções que estão dentro do art. 20, CC e outras não. Casos em que eu não autorizo o uso da minha imagem, mas o uso pode ser feito sem que isso me gere qualquer dano, então, nesses casos, eu não vou ter direito à percepção de indenização por dano moral, porque não haverá a prática de ato ilícito naquelas situações. 
Casos que relativizam a proteção do usa da imagem: administração da justiça, manutenção da ordem pública e o consentimento. Estão prevista no início do art. 20, CC.
Nossos documentos estão com o poder público, eu tenho que ter minha foto na carteira de identidade, minha foto também está sob o poder da polícia federal em seu sistema. É possível sim divulgar imagem, foto de pessoas foragidas.
Eu posso permitir a exploração econômica da minha imagem, posso ceder o uso da minha imagem, de forma onerosa ou gratuita, mas é preciso o “termo de uso”, não precisa ser um documento escrito, pode também ser de forma verbal, só precisa que eu dê autorização. 
Às vezes essa autorização é presumida da minha conduta. Ex. repórter noticiando um fato e tem uma pessoa atrás dela aparecendo porque quer. Neste caso não existe um termo de cessão da imagem, mas o fato dela está ali, sabendo que será filmada e aparecerá na televisão, ela está tacitamente permitindo a utilização de sua imagem. Não poderá depois buscar indenização, alegar que sua imagem foi utilizada sem autorização.
O consentimento do uso da imagem pode ser expresso, quando se tem o documento, ou tácito, extraído das circunstâncias do caso. 
Liberdade, não absoluta, da imprensa. A imprensa deve observar um limite. Direito de imprensa não é absoluto, como qualquer outro direito não é. Também é uma forma de relativização do direito da imagem. Até onde a impressa pode ir para noticiar. A liberdade de impressa é uma forma de relativização do direito à imagem, a impressa quando noticia um fato, pode sim expor a imagem de uma pessoa. Até onde vai esse direito de informar, quando ele se torna abusivo. 
Ex. Sabrina Sato fotografada na cobertura dela tomando sol de topless, ela estava na casa dela e foi fotografada por um drone. Ela é uma personalidade pública, mas se ela vai à praia e faz topless e sua imagem é capturada ela não pode reclamar, mas se ela faz topless na casa dela e o drone tira foto dela, ela pode reclamar neste caso, porque isso extrapola o limite de imprensa, porque dentro de casa deixa de lado a imagem e analisa a nossa intimidade. Neste caso tem limite sim. 
Tem o direito da personalidade, mas esse direito pode sofrer relativização. O fato de ser personalidade pública relativiza, e eu estar ao lado de uma pessoa pública e sair em vídeo/foto relativiza, o fato de eu ir a um local público relativiza, mas tudo tem que ter limite. 
d) Proteção à vida, à intimidade e ao segredo, art. 21, CC:
As biografias não autorizadas não podem ter a sua veiculação proibida, vedação à censura prévia. A biografia não autorizada não trabalha apenas com a imagem da pessoa, trabalha com fatos íntimos, questões ligadas à vida privada. Biografias são assuntos correspondentes à imagem e à vida privada. Os artigos 20 e 21 foram discutidos em ação direta de inconstitucionalidade. 
Proteção à privacidade da pessoa: vida privada, intimidade e segredo. 
Vida privada: trabalha com questões ligadas aos dados, de modo geral, inerentes das pessoas. Os dados referentes à vida de uma pessoa podem ser telefônicos (não é comunicação, são dados), fiscais (situações ligadas ao nosso patrimônio), bancários, etc. A vida privada que é um dos aspectos da nossa privacidade engloba os nossos dados.
Intimidade: comunicação telefônica (interceptação de comunicação telefônica), emprego de escutas autorizadas judicialmente, captar a conversa. Modo de ser da pessoa, como a pessoa é em sua intimidade, questões íntimas. Proteção ao domicílio, preservação de correspondência. 
É muito mais fácil quebrar sigilo de dados, do que quebrar um sigilo que envolva comunicação. 
Segredo: envolve questões que não podem ser divulgadas. O segredo é patricamente inviolável, mas há exceções. Existem profissionais que são obrigados a manter segredo (psicólogo, advogado, padre, médico), mas essas profissões permitem, com a autorização do paciente, divulgar a informação, mas às vezes essa permissão não existe e ainda tem caso que mesmo com a permissão do paciente não se pode divulgar. A divulgação de sigilo profissional é proibida, em alguns casos é permitida com autorização da pessoa interessada, por exemplo, do paciente. Também tem o caso de eu trabalhar em um lugar e ter o dever de guardar sigilo, se eu revelo o segredo industrial, eu estou violando o direito de outra pessoa, que envolve questão ligada ao segredo. Não tem como obrigar alguém a divulgar um segredo.