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DEPRESSÃO NO IDOSO ALUNOS: CAROLINE GEROLIN, FABIANA SOARES E JOÃO RENATO MOURÃO PROFESSORAS: FLÁVIA E JANAINA Depressão e Recorrência • Depressão de Início Tardio (DIT) -sintomas aparecem pela primeira vez após os 65 anos. -Mais queixas somáticas e hipocondríacas, menor relato de tristeza -Causas: multifatoriais, como estressores psicossociais, múltiplas comorbidades, polifarmácia, além das alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas próprias do envelhecimento. -Maior comprometimento cognitivo e funcional, aumentando o risco de demência. • Depressão no Adulto Jovem – Recorrente -Os primeiros episódios iniciam-se na fase adulta, tendo recorrências durante a vida, inclusive em >65 anos. • -Maior relato de tristeza Depressão e Recorrência Prevalência de sintomas depressivos foi fator de risco independente para da mortalidade e de doenças clínicas e subclínicas. A depressão é um fator de risco para doenças clínicas e quem tem doença clínica e desenvolve a depressão piora a doença clínica. A depressão afeta de maneira significativa a qualidade de vida, o estado funcional, o tempo de internação desses pacientes, os custos para a saúde. ∗Pacientes seguidos de 3 a 15 anos após a recuperação de episódios prévios. Fonte: (BRAGA, 2016) Epidemiologia Epidemiologia Transtornos depressivos: Acometem entre 4,8 e 14,6% dos idosos na comunidade 22% dos idosos hospitalizados ou institucionalizados Nos estudos que avaliam os sintomas depressivos clinicamente significantes, sem levar em consideração os critérios diagnósticos para depressão maior, mas utilizando escalas de sintomas, a variação na prevalência na comunidade aumenta para 6,4 a 59,3% (Braga,2015) E a prevalência dos sintomas depressivos é feita de acordo com a idade da população idosa, sendo: -17,1% para os maiores de 75 anos - 20 a 25% para os maiores de 85 anos - 30 a 50% para os maiores de 90 anos Fatores de Risco Fonte: Braga Junior D. Depressão no idoso: Diagnóstico e Tratamento. 2015 FATORES DE RISCO PREDISPONENTES PARA DEPRESSÃO FATORES DE RISCO PRECIPITANTES PARA DEPRESSÃO Sexo feminino Luto Viuvez ou divórcio Mudança de residência (casa de repouso) História prévia de depressão anterior Eventos adversos de vida (perdas, separação, problemas financeiros) Alterações cerebrovasculares Estresse crônico com declínio de saúde, problemas familiares ou conjugais Doenças crônicas e incapacitantes Isolamento social Polifarmácia ou uso de medicamentos Alterações do sono Uso excessivo de álcool Baixa renda e ou baixo suporte social Papel de cuidador de pessoas com doenças graves (demência) Tipo de personalidade (problemas de relacionamento ou dependência Tipos de Depressão Tipos de Depressão 1. Depressão Vascular 2. Depressão Psicótica 3. Depressão Melancólica 4. Depressão Subsindrômica/Subclínica 5. Depressão Secundária a Medicamentos 6. Depressão Secundária à Doenças Presença de duas características cardinais Presença de alguma característica secundária Evidência de fator de risco ou doença vascular Comprometimento cognitivo Início da depressão > 65anos ou mudança no curso da depressão depois da depressão vascular em pessoas com início precoce da depressão Lentificação psicomotora Ausência de história familiar de doença do humor Incapacidade Fonte: Braga,2015. Critérios Diagnósticos para Depressão Vascular Depressão Vascular É caracterizada por redução do interesse, retardo psicomotor, prejuízo na percepção e pouca agitação ou sentimento de culpa, além de uma possível piora na incapacidade. Dentre os sintomas cognitivos mais presentes estão o déficit de fluência verbal e a anomia. Deve ser suspeitada quando o primeiro episódio ocorre em idade mais avançada (mais de 85 anos) e não tem relação com história de depressão na família. Depressão Psicótica e Melancólica Depressão psicótica: mais frequentes em idosos que nos adultos jovens, associa-se a alucinações e/ou delírios (culpa, hipocondria, niilismo, persecutório e de ciúmes, apodrecimento ou ausência de órgãos internos), com maior risco de comportamento de autolesão. Alucinações auditivas e, menos frequentemente visuais podem estar presentes. Depressão melancólica: caracterizada por incapacidade de reagir a estímulos positivos, piora do humor pela manhã, sentimento de culpa excessivo, despertar precoce, marcante retardo ou agitação psicomotora, perda de apetite ou peso. Depressão Psicótica e Melancólica É muito comum idosos apresentarem vários sintomas depressivos que são insuficientes para preencher critérios diagnósticos de TDM. Nessa situação é comum o uso do termo “depressão subsindrômica” ou “depressão subclínica”. A depressão subsindrômica pode levar ao mesmo nível de incapacidade pesente no TDM e também está associada ao aumento da mortalidade. Depressão Secundária Depressão secundária ao uso de substância lícitas e ilícitas Depressão secundária à doenças Depressão Secundária Depressão Secundária à fármacos Há uma relação entre a piora dos sintomas depressivos após o uso de determinados medicamentos. Como a depressão é comum em pacientes com doenças físicas, a avaliação se torna um grande desafio, pois, existe uma dificuldade de determinar se foi um medicamento que causou a depressão, ou se a condição é apenas uma coincidência. São drogas relacionadas com sintomas depressivos: Álcool Benzodiazepínicos Betabloqueadores ; Clonidina ; Hidralazina ; Metildopa ; Reserpina Cimetidina Corticoides Dextropropoxifeno Estrógenos ; Progesterona Levodopa Tamoxifeno ; Vimblastina Depressão secundária a doenças Frequência de depressão associada a doenças clínicas: Diabetes melito: 8 a 28 % Doença de Alzheimer: 15 a 57 % Doença de Parkinson: 20 a 70% Doença arterial coronariana: 23% Hipertensão arterial: 58% Câncer: 24% - (Gástrico 11%, Mama 13 a 26%, Linfoma 17%, Orofaringe 22 a 40%, Ginecológico 23%, Cólon 26%, Pâncreas 50%) Acidente Vascular Encefálico 26 a 54% Esclerose múltipla 27 a 54% Degeneração macular 33% Dor crônica 57% Hipotireoidismo 50% Depressão associada a enfermidades clínicas Depressão e dor crônica – mesma via descendente no SNC Depressão e doença cardiovascular - DAC e IAM Depressão e acidente vascular cerebral - preditores: incapacidade funcional, historia de depressão, disfunção cognitiva, gravidade do quadro e ansiedade Depressão e hipo/hipertireoidismo – humor deprimido e comprometimento da memória Depressão e apneia do sono - subdiagnóstico de SAOS Critérios Diagnósticos A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de duas semanas, na maior parte do dia, quase todos os dias. • 1. Humor deprimido • 2. Diminuição do interesse ou prazer • 3. alteração do peso/apetite • 4. alteração do sono • 5. Agitação ou retardo psicomotor • 6. Fadiga ou perda de energia • 7. sentimento de inutilidade ou culpa • 8. Diminuição da concentração • 9. Pensamento de morte, ideação suicida B. Com sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica D. Não é mais bem explicada por outro tipo de transtorno E. Nunca houve um episódiomaníaco ou um episódio hipomaníaco Ferramentas de Rastreio Escala de Depressão Geriátrica (EDG) – para idosos com comprometimento cognitivo mínimo Entrevista Clínica Estruturada para os Transtornos do DSM-5 (SCID-5) Patient Health Questionnaire 9 (PHQ-9) – reflete os critérios do diagnóstico do DSM-5 Cornell Depression Scale - para idosos com demência Stroke Aphasic Depression Questionnaire, Signs of Depression Scale e a Visual Analogue Mood Scale – para idosos com AVC Minimental* Testes neuropsicológicos Exames Complementares Hemograma Glicemia Função Renal Função Hepática Função tireoidiana Sódio Potássio Vitamina B12 Ácido fólico VDRL e Anti-Hiv ECG Ressonância nuclear magnética ou tomografia computadorizada Subdiagnóstico e Subtratamento Fatores de Risco Para o Subdiagnóstico e Subtratamento da Depressão Sintomas muito leves ou pouco específicos Sintomas físicos comuns à depressão e a outras condições clinicas (ex.: fadiga, diminuição do apetite, dores, alterações do sono e perda de peso) Diminuição de energia (é considerada queixa comum no processo de envelhecimento) Presença de irritabilidade como traço marcante de depressão e não de tristeza Presença de comorbidades médicas Prejuízo cognitivo Efeitos colaterais de medicamentos Dificuldades pessoais do profissional de saúde em lidar com o adoecimento psiquiátrico Fonte: Braga Junior D. Depressão no idoso: Diagnóstico e Tratamento. 2015 Diagnósticos diferenciais Luto Tristeza Transtorno Bipolar Distimia Delirium Demência Parâmetros Depressão Demência Data de início pode ser identificada com precisão Usual Pouco usual Idade de inicio Qualquer idade Incomum antes dos 60 anos História de depressão Usual Menos usual Queixas de perda cognitiva / Incapacidade Enfatizadas Minimizadas no estagio tardio da doença Descrição pelo paciente de sua perda cognitiva Desempenho melhor que a autoavaliação Desempenho melhora com pistas para evocação Desempenho pior que a autoavaliação Desempenho não melhora com pistas para evocação Comportamento congruente com a gravidade da perda cognitiva Pouco usual Usual Humor Deprimido Labil; deprimido; embotamento afetivo Esforço para executar tarefas Pequeno Grande Deterioração da capacidade para atividades sociais Precoce Tardia Atenção e concentração Adequadas Deficientes Respostas como “não sei” Usuais Pouco usuais Perda de memória para eventos recentes comparada à perda de memória para eventos remotos Igual Maior Desempenho em tarefas com dificuldade semelhante Variável Consistente Velocidade de processamento Lentificada Normal Fonte: VIANA, 2016 - Adaptado Consequências Funcionais Varia segundo cada indivíduo, podendo ser leve, em que muitos daqueles que interagem com o indivíduo afetado não percebem os sintomas depressivos, até Incapacitante, que torna o indivíduo incapaz de dar atenção às necessidades básicas de cuidado consigo mesma ou fica muda ou catatônica Depressão e Suicídio Machucar-se ou as tentativas anteriores de suicídio são os principais preditores. Nos Estados Unidos existe a relação de 36:1 entre tentativas e efetivação de suicídios de jovens, de 8:1 na população em geral; entre idosos, essa relação é muito estreita: 4:1. As mulheres idosas pensam mais em suicídio e os homens estão na frente na efetivação do suicídio. Depressão e Suicídio Estudos demonstraram que: 71% e 95% das pessoas idosas que cometeram suicídio possuíam diagnóstico de algum transtorno mental 77% deles padeciam de algum distúrbio psiquiátrico quando cometeram o ato, dos quais 63% sofria de depressão Depressão e Suicídio Como desconfiar do pensamento suicida? Comportamentos sintomáticos: o mais previsível é a própria tentativa. Descuido com a medicação Desinteresse pelas coisas da vida Busca súbita de alguma religião ou igreja Fatores situacionais: Aposentado que se isola Morte do cônjuge, filhos ou amigos Diagnóstico de uma doença grave a perda das referências sociais, como a privação de espaço na própria casa. Fatores sindrômicos: Depressão com ansiedade, tensão, agitação Sentimento de culpa Mudanças nos hábitos de comer e de dormir; Súbita recuperação em relação a um quadro de depressão profunda. O paciente geralmente comenta com familiares e com seu médico que está tendo pensamentos de morte, que planeja se matar. Muitas vezes esses avisos são desconsiderados. Tratamento Tratamento O tratamento requer estratégias: A curto prazo - farmacológico A longo prazo - prevenir recorrências com psicoterapia 40% abandonam o tratamento se melhora não ocorrer em até 1 mês Resultado melhora com maior frequência das consultas entre as primeiras 4 a 6 semanas e parecer psiquiátrico, quando necessário Tratamento O tratamento requer estratégias: Iniciar com ½ da dose terapêutica Informar ao paciente que ele pode sentir: náusea, cefaléia, ansiedade. Após 1 a 2 semanas aumentar para a dose terapêutica mínima Reavaliar em 3 a 4 semanas Na hora de retirar o medicamento: desmame, retirando ¼ da dose por semana Tratamento Fases do tratamento de depressão: Aguda: Visa remissão dos sintomas e início da recuperação psicossocial. Duração de 6 a 12 semanas. Paciente assintomático por 6 meses é considerado recuperado do episódio atual. De continuação: Visa prevenção de recaídas. Duração de 4 a 9 meses. De manutenção: Aos pacientes com grande risco de recorrência ao longo da vida: depressão crônica(duração acima de 2 anos), depressões resistentes a tratamento(mais de 2 episódios em 2 anos), depressões recorrentes(3 ou mais episódios ao longo da vida) e depressão nos idosos. Tratamento deve ser mantido por 1 ano ou mais, sendo contínuo em alguns casos. A dose de manutenção é a mesma para remissão. Tratamento Curso da Depressão O curso e o diagnostico dependem do tratamento adequado e os estudos demostram altas taxas de recuperação em 3 a 6 meses Resposta: melhora de 50% dos sintomas inicialmente presentes Remissão: desaparecimento dos sintomas Recuperação: manutenção da remissão dos sintomas por pelo menos 6 a 12 meses Recaída: piora dos sintomas antes da sua remissão completa ou quando já houve remissão, porém ainda não a recuperação da doença. Recorrência: refere-se a um novo episódio de depressão, pois acontece após a recuperação da doença. Após instituição de adequada terapêutica, 1/3 melhora e permanece bem, 1/3 apresenta recaída e 1/3 não melhora, cronifica. Tratamento Farmacológico Tratamento farmacológico - Classes: Antidepressivos tricíclicos (ADT ou ATC) Inibidores da monoamino-oxidase (IMAO) Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (ISRN) Antidepressivos atípicos Tratamento Farmacológico Entre 60 e 70% dos pacientes deprimidos respondem a qualquer fármaco administrado em dose suficiente por 6 a 8 semanas. Indivíduos com ideação suicida - fármaco com baixa toxicidade (perigo de overdose). Não existe antidepressivo ideal Duração do tratamento: 6 a 12 semanas Retirada de forma gradual Resposta parcial ao tratamento: 1° aumentar a dose do medicamento 2° trocar a classe do antidepressivoTratamento Farmacológico Escolha do antidepressivo: Preferência do paciente Respostas aos medicamentos anteriores Segurança Tolerabilidade Custo Efeitos colaterais Facilidade para descontinuação do tratamento Simplicidade da posologia Menor ajuste de doses possíveis Baixo perfil de interações medicamentosas Antidepressivos Tricíclicos Boa eficácia(semelhante à dos ISRS) Bloqueiam a ação da Norepinefrina e da Serotonina. Ligam-se a muitos receptores diferentes(muscarínicos, histamínicos, alfa adrenérgicos) – gerando muitos efeitos colaterais. Superdosagem potencialmente fatal. Contra indicados aos pacientes com fatores de risco cardiovasculares graves. Mais seguros para idosos: Nortriptilina e Desipramina. Eles podem ser monitorados pelo plasma. Idosos requerem dose inicial baixa e aumento progressivo lento. Efeitos colaterais mais comuns da Nortriptilina são anticolinérgicos, como constipação, visão turva, boca seca, sedação, alteração cognitiva, hipotensão ortostática, arritmias cardíacas e ganho de peso. Inibidores da monoaminoxidase(IMAO) Boa eficácia (mesma eficácia que ADT) em idosos. Inibe a enzima que degrada as aminas neurotransmissoras, a monoaminoxidase(MAO). Muitos efeitos colaterais, sendo os mais comuns são insônia e hipotensão ortostática. Suas desvantagens no tratamento em idosos são: Necessita de dieta sem tiramina (queijo e vinho), pois não a metaboliza, gerando alta concentração desta substância no sangue, gerando efeitos simpaticomiméticos. Sua ingestão pode causar intensa crise hipertensiva com risco de vida para o paciente. Interações medicamentosas com diversos fármacos, produzindo crises hipertensivas ou hipertermia(exemplo: ADT, simpaticomiméticos, ISRS, meperidina) Inibidores seletivos da recaptação de serotonina(ISRS) Eficazes, seguros e bem tolerados em idosos. Fármacos de primeira escolha para essa população, que geralmente é acompanhada de comorbidades. Inibem seletivamente a recaptação da serotonina. Eficaz em pacientes que apresentam depressão e ansiedade associadas. Risco de hiponatremia, principalmete se paciente estiver em uso de diurético. Fadiga, mal estar e delírios estão relacionados a essa situação. Efeitos adversos: Distúrbios gastrointestinais(mais comuns), SIHAD, hiponatremia e distúrbios do sono (insônia ou sonolência), bradicardia e síndrome extrapiramidal. Inibidores seletivos da recaptação de serotonina(ISRS) Fluoxetina: meia vida longa, baixo custo, diminui apetite, pode causar ansiedade Sertralina: seguros para doença cardiovascular Escitalopram: poucas interações medicamentosas Citalopram: poucas interações medicamentosas Paroxetina: aumento de peso e de sono (bom para insônia) Fluvoxatina: menor chance de causar disfunção sexual Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina(IRSN): Impedem a recaptação de serotonina e norepinefrina. Mais seguros que os ADT, pois não afetam receptores muscarínicos, alfa-adrenégicos e histaminérgicos, tendo menos efeitos colaterais. Boa opção quando há dores crônicas generalizadas, como na fibromialgia, pois inibem recaptação de noradrenalina. Medicamentos: Duloxetina Venlafaxina Desvenlafaxina Tratamento Outros medicamentos: Trazodona: Forte agonista de receptor 5-HT2A, efeito provavelmente envolvido em sua ação antidepressiva e ansiolítica. Antagonista de autorreceptores pré-sinápticos 5-HT1. Sua indicação são os quadros depressivos, quando ansiedade e insônia estão presentes. . Usado mais como sedativo. Doses diárias antidepressivas variam de 150 a 200mg, podendo chegar a extremos de 50 a 600mg. Prescrita como hipnossedativo para insônia com doses baixas de 25 a 100mg, inclusive quando decorrente da ação de outros antidepressivos, como ISRS. Vortioxetina: Pertence a classe ISRS, mas também é um agonista dos receptores 5- HT1A, agonista parcial dos receptores 5-HT1B e antagonista dos receptores 5-HT1D, 5- HT3, 5-HT7, que leva a modulação de neurotransmissão em vários sistemas, principalmente o da serotonina, mas também os da norepinefrina, dopamina, histamina, acetilcolina, ácido gama-aminobutírico (GABA) e glutamato. Bupropiona: Inibidor relativamente seletivo da recaptação de noradrenalina e dopamina. Pouco efeito serotoninérgico. Boa escolha para tabagistas, casos de disfunção sexual e fadiga. Não aumenta ansiedade Tratamento Mirtazapina: Antagonista alfa-2 de ação pré sináptica que aumenta a atividade noradrenérgica e serotoninérgica. O aumento é mediado pelos receptores 5-HT1, pois os receptores 5-HT2 e 5-HT3 são bloqueados. Em decorrência de sua ação como antagonista dos receptores histaminérgicos H1, surgem efeitos colaterais como sonolência, sedação, aumento do apetite e do peso, o que pode ser uma vantagem em algumas situações, principalmente em pacientes com insônia e anorexia. Sua dose indicada para depressão é de 15 a 45mg/dia. Agomelatina: Antidepressivo agonista dos receptores melantoninégicos MT1 e MT2, e antagonista dos receptores serotoninérgicos 5-HT2C. Medicamento eficaz e bem tolerado em idosos. Viladozone: Considerado um ISRS, mas seu mecanismo de ação não é totalmente conhecido. Tem ação agonista parcial do receptor 5-HT1A. ++; relativamente comum ou forte; +; pode ocorrer; -; raro/fraco; ?; informação insuficiente; sintomas anticolinérgicos incluem boca seca, suor, visão borrada, constipação e retenção urinária. ++; relativamente comum ou forte; +; pode ocorrer; -; raro/fraco; ?; informação insuficiente; sintomas anticolinérgicos incluem boca seca, suor, visão borrada, constipação e retenção urinária. Tratamento Lítio como coadjuvante no tratamento em idosos O lítio é uma opção para potencializar os antidepressivos. Desidratação e declínio da TFG pode diminuir depuração do lítio. Pacientes mais velhos podem ter o nível sérico de lítio alterado. A tolerabilidade ao lítio em idosos pode estar rebaixada. Doses terapêuticas em adultos podem causar neurotoxicidade em pacientes mais velhos(tremor). Recomenda-se 300 a 600mg/dia para pacientes entre 65 a 75 anos e 150 a 300mg/dia para os acima de 80 anos. Tratamento Benzodiazepínicos em idosos A utilização prolongada de benzodiazepínico está associada a um maior risco para o desenvolvimento de doença de Alzheimer. Estes medicamentos estão na lista de medicamentos potencialmente impróprios para idosos, conforme o critério de Beers. Se prescrever esse medicamento, aconselha-se não ultrapassar seu uso por mais de 4 semanas. Psicoestimulantes Não há estudos suficientes comprovando os benefícios do uso de psicoestimulantes no tratamento para depressão, seja de forma isolada ou em associação a outro medicamento. Como iniciar o tratamento farmacológico? Tratamento Como proceder com os pacientes que não respondem aos antidepressivos ? Os primeiros passos após a não remissão dos sintomas com antidepressivos são: Aumento da dose do fármaco Mudança de classe do antidepressivo Associação de fármacos não antidepressivos (antidepressivo + antipsicótico) Associação de um segundo antidepressivo (ISRS + nortriptilina, reboxetina ou bupropiona) Outras combinações utilizadas são: Venlafaxina + ISRS Venlafaxina + Bupropiona Venlafaxina + ADT (Nortriptilina) Mirtazapina + Venlafaxina Fluoxetina +Trazodona Mirtazapina + ISRS Mirtazapina + Bupropiona Tratamento Antipsicóticos atípicos: Podem contribuir para a remissão de sintomas depressivos , quando pacientes não respondem ao uso de 2 antidepressivos diferentes, mesmo quando não há sintomas psicóticos. Risperidona – 3mg/dia Quetiapina – 25 a 400mg/dia Aripiprazol – 2,5 a 5mg/dia - melhor perfil para síndrome metabólica. A associação do tratamento com medicamentos antipsicóticos aumenta o risco de AVC. Efeitos coloaterais: síndrome metabólica (quetiapina e risperidona) e parkinsonismo. Tratamento Psicoterapia: Intervenções com ensino para adaptação e estratégias para enfrentar a depressão, aconselhamento familiar, atividades sociais e visitas regulares de equipes de saúde para revisão dos pacientes. Terapia cognitiva comportamental(TCC): análise dos problemas, objetivos e meios para alcançá-los. Monitorizar o paciente: sinais de agitação, ansiedade e risco de suicídio. Idosos tem melhor adesão ao tratamento farmacológico. Tratamento Eletroconvulsoterapia(ECT): Primeira escolha de tratamento, associada ou não a medicamentos, nos seguintes casos: Transtorno de depressão grave Resposta inadequada ou intolerância aos fármacos antidepressivos Manifestações psicóticas ou catatônicas Risco de suicídio Restrições: Tumor, infarto cerebral, IAM Arritmias cardíacas ou uso de Marca-passo Aneurisma Deslocamento de retina Feocromocitoma Farmacocinética e Farmacodinâmica no idoso Estratégias Terapêuticas Complementares A atividade física: Diminui o estresse e ansiedade Retardar sintomas depressivos Diminui o risco cardiovascular Religião e espiritualidade também podem influenciar no tratamento da depressão. Caso Clínico M.R.S, sexo feminino, 72 anos, é trazida à consulta pela filha, que sempre morou com ela. A paciente tem mais dois filhos, que moram próximos a ela. É aposentada há 20 anos como professora do ensino básico. Segundo a filha, após o falecimento do marido por um câncer gástrico há 3 meses, a paciente tem participado menos das reuniões familiares, e, às vezes, até se negado a ir. Tem ficado muito irritada e sem paciência com os netos. A filha observou também que M.R.S. está mais “lenta e distraída”, inclusive se esquecendo de dar alguns recados. Em duas situações, a filha a viu chorando no banheiro de sua casa e, quando questionada, a mãe relatava que sentia muita falta do marido. A paciente conta que não faz sua caminhada pela manhã há 6 meses, pois, acorda cansada e não tem ânimo para sair de casa. Usa com frequência dipirona para as dores que se espalham por todo o corpo e que interferem no seu sono. Relata que, nesse período, perdeu 4kg devido à falta de apetite e a uma “dor no estômago”, da qual nunca tinha se queixado, mas estava preocupada, pois o câncer do marido começou com o mesmo sintoma. A paciente relatou ideações de morte isoladas, mas sem planejamento. Caso Clínico A paciente é hipertensa há 9 anos e faz uso de candesartana na dose de 16mg/dia. Faz uso de Carbonato de cálcio 500mg/dia, “para os ossos” e Dipirona quase todos os dias, para dor. M.R.S, negou outros tratamentos. Não tem história pregressa de depressão, etilismo ou tabagismo. Na história familiar, teve um avô com Doença de Alzheimer, falecido há muito tempo. Apesar do embotamento afetivo, a paciente respondeu as perguntas e comandos solicitados. Perguntas: 1. Qual o diagnóstico? A)Distimia B)Transtorno Depressivo Maior C)Demência D)Luto Perguntas: 1. Qual o diagnóstico? A)Distimia B)Transtorno Depressivo Maior C)Demência E) Luto 2. De acordo com o quadro clínico qual tratamento indicado para a paciente? Perguntas 2. De acordo com o quadro clínico qual tratamento indicado para a paciente? Foi diagnosticado HAS, gastrite leve de antro, deficiência de vit D e dislipidemia. Iniciar tratamento com pantoprazol(40 mg/dia), vit D(800U/dia), manter candesartana(16mg/dia) e esperar tratamento da depressão antes de tratar dislipidemia, pois paciente pode retomar atividades físicas, se retomar ânimo. Iniciar tratamento com medicamento antidepressivo e recomendar psicoterapia. 3. Quais critérios devem ser utilizados para escolha do antidepressivo? Perguntas: 3. Quais critérios devem ser utilizados para escolha do antidepressivo? Paciente, 72 anos, sem histórico de depressão ou uso de antidepressivo. Informa dores por todo corpo, que interferem no sono e perda de peso. É hipertensa, mas controlada. Atualmente com gastrite de antro. Sem demais comorbidades. Possibilidades de antidepressivos: Duloxetina(IRSR): 30mg/dia (1/2 dose terapêutica) – trata dores generalizadas, como na fibromialgia. Sertralina(ISRS): 25mg/dia(1/2 dose terapêutica) - seguro Escitalopram(ISRS): 5 mg/dia(1/2 dose terapêutica) – seguro Paroxetina(ISRS): 10mg/dia(1/2 dose terapêutica) – sono + e peso + Caso clínico Após 15 dias, a paciente retorna para reavaliação. Refere pouca melhora com o tratamento. Relatou que apresentou náuseas e cefaleia de intensidade leve, sem a necessidade de usar qualquer medicamento. Segundo a filha, sua mãe continuava indisposta e irritada. Percebeu que a idosa diminuiu as queixas de dor e o uso de dipirona. Não houve perda de peso nesse período. 4. Quais alterações devem ser feitas no tratamento da paciente? Caso clínico 4. Quais alterações devem ser feitas no tratamento da paciente? Paciente com melhora parcial quadro depressivo em 15 dias. Tolerante aos efeitos colaterais do medicamento(Duloxetina). Aumentar a dose de Duloxetina para 60mg/dia(dose terapêutica) até reavaliação em 4 semanas. 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