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Contratos de Mandato: Conceito e Natureza Jurídica

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CONTRATOS
DO MANDATO
I – Conceito:
O mandato é o contrato pelo qual alguém – mandatário – recebe de outrem – mandante – poderes
para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. (art. 653 do CC).
A idéia da “representação” é o que distingue este contrato dos demais, em especial, o de locação de
serviços. Neste último, o locador atua para o locatário, ao passo que no mandato, o mandatário age
em nome, no lugar e pelo mandante.
Da idéia de representação decorrem quatro conseqüências:
a) os atos do mandatário vinculam o mandante, se dentro dos poderes constantes da procuração,
ainda que contravenham suas instruções;
b) se o mandatário obrar em seu próprio nome, não vincula o mandante;
c) os atos praticados além dos poderes conferidos no mandato não vinculam o mandante, se por ele
não forem ratificados;
d) os atos do mandatário, praticados após a extinção do mandato, são incapazes de vincular o
mandante.
Alguns atos não admitem representação, como, por exemplo, o testamento, o exercício de cargo
público e a prestação de serviço militar.
O casamento admite procuração.
Casos há de representação sem que haja mandato, como na hipótese do representante legal (pai,
tutor ou curador) ou judicial (inventariante, depositário judicial).
II – Natureza Jurídica:
a) unilateral: (admite-se que, às vezes, seja bilateral)
b) gratuito: (admite-se que, às vezes, seja oneroso) – O art. 658 do CC, presume gratuito o mandato
quando não se estipulou retribuição, exceto se o objeto do mandato for daqueles que o mandatário
trata por ofício ou profissão.
O mandato confiado ao advogado deve ser presumido oneroso.
c) consensual: se aperfeiçoa pelo mero consentimento das partes)
d) intuito personae: (ter carácterísticas personalíssimas)
e) não solene: embora determine a lei ser a procuração o instrumento de mandato (art. 653 do CC),
admite ela tanto o mandato tácito, como o verbal (art. 656 do CC).
Exceção: art. 657 do CC – atos que a lei exige certa solenidade.
e) depende da aceitação, a qual pode ser presumida, que se dá com o início das atividades (art. 659
do CC).
III – A Procuração e o Substabelecimento:
A procuração é o instrumento do mandato (art. 653, in fine do CC).
Pode ser outorgada tanto por instrumento público como particular.
Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-se mediante
instrumento particular (art. 655 do CC).
O substabelecimento é o ato pelo qual o mandatário transfere, ao substabelecido, os poderes que lhe
forem conferidos pelo mandante. Pode ser efetuado reservando-se ao procurador os mesmos
poderes para si, ou sem reserva.
Questão relevante é a da fixação da responsabilidade por atos praticados pelo substabelecido e de
que resultam prejuízos para o mandante. O legislador figura três hipóteses diferentes:
a) procurador tem poderes para substabelecer: não responde ele pelos danos causados, a não ser que
o mandante prove que a escolha recaiu em pessoa notoriamente incapaz, ou notoriamente insolvente
(art. 667, parágrafo 2o., do CC).
b) procurador substabelece a despeito de não haver sido autorizado para tanto: sua responsabilidade
aumenta, pois responde pelos prejuízos que o mandante experimentar em virtude do comportamento
negligente do substabelecido (art. 667 do CC).
c) a despeito de proibição, o procurador substabelece: Nessa hipótese, por ser mais grave, o
mandatário responderá pelos atos de seu substituto, não só pelos derivados da culpa ou dolo, como
também pelos verificados em razão de caso fortuito e força maior, salvo se provar que o dano teria
ocorrido ainda que não houvesse substabelecimento (art. 667, parágrafo 1o. do CC).
Obs: Se a proibição de substabelecer constar da procuração, os atos praticados pelo substabelecido
não obrigam o mandante, salvo ratificação expressa, que retroagirá à data do ato (art. 667, parágrafo
3o. do CC).
Se omissa a procuração quanto ao substabelecimento, o procurador será responsável se o
substabelecido proceder culposamente (art. 667, parágrafo 4o. do CC).
IV – Poderes conferidos no mandato:
Mandato ad negocia ou extrajudicial (autorização para a prática de atos extrajudiciais da vida civil).
Mandato ad judicia ou judicial autorização para a prática de atos judiciais).
V – Obrigações do Mandatário
a) agir em nome do mandante, com o necessário zelo e diligência;
b) transferir ao mandante as vantagens que em seu lugar auferir (art. 668 do CC):
conseqüências:
b.1) pelas somas que deveria entregar ao mandante mas empregou em proveito próprio, pagará o
mandatário juros desde o momento em que abusou (art. 670 do CC);
b.2) se o mandatário comprar em nome próprio, algo que deveria comprar para o mandante, terá a
obrigação da entrega da coisa (art. 671 do CC)
c) prestar, a final, contas de sua gestão (art. 668 do CC). Não é possível compensar os prejuízos a
que deu causa com os proveitos que tenha granjeado ao seu constituinte (art. 669 do CC)
d) concluir os negócios já iniciados no caso da hipótese do artigo 674 do CC.
e) direito de retenção pelo que despendeu no exercício do encargo: art. 681 do CC.
VI) Dois ou mais mandatários:
Observar da regra do art. 672 do CC que diz que qualquer dos mandatários poderá exercer os
poderes outorgados, se não forem expressamente declarados conjuntos, nem especificadamente
designados para atos diferentes, ou subordinados a atos sucessivos.
VII – Obrigações do Mandante
a) honrar as obrigações assumidas pelo mandatário, dentro dos poderes conferidos no mandato (art.
675 do CC). Sobre essa passagem, observar, também, atentamente, a regra excepcional do art. 679
do CC que fala nas perdas e danos em razão da inobservância das instruções por parte do
mandatário.
b) pagar o mandatário, quando oneroso o contrato (art. 676 do CC);
c) reembolsar as despesas efetuadas pelo mandatário, ainda que o negócio não surta os efeitos
esperados (art. 676 do CC);
d) indenizar o mandatário dos prejuízos experimentados na execução do mandato (art. 678 do CC).
Seguro
No contrato de seguro, uma pessoa – segurador – se compromete, mediante o pagamento de
parcelas periódicas – prêmio –, a indenizar uma outra – segurado – de prejuízos ou danos futuros –
sinistro.
O instrumento do contrato de seguro é a apólice ou o bilhete do se¬guro, que deverá conter,
segundo a lei: os riscos assumidos, o início e o fim de sua validade, o limite da garantia e o prêmio
devido, e, quando for o caso, o nome do segurado e o do beneficiário.
Como alerta Maria Helena Diniz, existem três espécies de apólice e bilhete de seguro no tocante à
sua titularidade:
a) nominativos, que men¬cionam o nome do segurador, do segurado e de seu representante, se for o
caso, ou de terceiro beneficiário;
b) à ordem, quando forem transmissíveis por endosso em preto; ou
c) ao portador, quando transmissíveis por simples tradição, espécie inadmissível nos seguros de vida
ou de pessoas, casos em que é relevante a identidade do beneficiário.
Trata-se de contrato aleatório, posto que a obrigação da seguradora de indenizar se concretizará
apenas com o acontecimento de um evento futuro e incerto, que é a ocorrência do sinistro.
É claro que os riscos pelo qual se obriga a segu¬radora serão previamente estabelecidos na apólice,
podendo estar rela¬cionado com pessoas ou coisas.
Ademais, salientamos que para que a seguradora esteja efetivamente vinculada ao cumprimento da
sua obrigação, qual seja a de pagar a indenização em caso de ocorrência de sinistro, deve o
segurado cumprir a sua partedo contrato, pagando, no tempo, forma e modo devidos, o valor do
prêmio. Nesse sentido, caso ocorra o sinistro, estando o segurado em mora, não haverá o pagamento
da indenização.
Estando o contrato com regular cumprimento dado pelas partes, ocorrendo o sinistro, deverá a
seguradora apresentar o pagamento da indenização em dinheiro, salvo disposição expressa em
contrário de reposição da coisa.
Veja-se, nessa passagem, o art. 776, do Código Civil sobre o pagamento da indenização; e, uma vez
pago o devido ao segurado, a seguradora terá direito de regresso em face do causador do dano,
segundo a Súmula 188, do Supremo Tribunal Federal: “O segurador tem ação regressiva contra o
causador do dano, pelo que efetivamente pagou, até ao limite previsto no contrato de seguro”
Importante destacar outras figuras do contrato de seguro, como leciona Silvio Luís Ferreira da
Rocha: “Como espécies de seguros, mas com finalidades diversas, temos o resseguro e o co-seguro.
Ambos visam a repartir os riscos. Com o resseguro o segurador transfere para outros seguradores
parte dos riscos que ele assumiu, mediante a celebração de outro contrato de seguro ou mediante a
cessão do contrato de seguro. Já no co-seguro, o segurador propõe ao segurado que escolha, para a
cobertura global do risco, diversos seguradores, de modo que cada um deles assume uma parte do
risco. A diferença entre um e outro está que, no primeiro, o segurado é alheio ao contrato, pois a
operação de resseguro diz respeito com exclusividade ao segurador e ressegurados, enquanto no
segundo, o co-seguro, o segurado é parte, pois concordou em escolher vários seguradores”.
Por fim, o seguro mútuo (mutual corporations) é aquele que se constitui “de um grupo de pessoas
que se dispõem a proteger determinado prejuízo, a fim de que sua repercussão se atenue pela
dispersão dos valores vertidos em favor da coletividade restrita. Forma-se uma entidade de auxílio
mútuo para a qual contribuem todos os integrantes em benefício dos sócios atingidos pelo
infortúnio”.
DO JOGO E DA APOSTA
IConceito:
Nota-se, desde logo, contradição na ação do legislador que cuida no jogo e da aposta dentro do
título do Código Civil destinado aos contratos, mas nega os efeitos almejados pelas partes a estas
espécies de pactos. 
Lembrar que a sua exigência em juízo leva a extinção do processo sem julgamento de mérito em
razão da impossibilidade jurídica do pedido.
O jogo é o ato pelo qual duas ou mais pessoas se obrigam a pagar certa soma àquela que resulte
vencedora na prática de determinado ato, a que todos se entregam.
Aposta é o ajuste em que suas ou mais pessoas, de opinião diferente sobre qualquer assunto,
concordam em perder certa soma, ou certo objeto, em favor daquela, entre os contraentes, cuja
opinião se verificar ser verdadeira.
O jogo se distingue em lícito ou ilícito conforme seja permitido ou vedado por lei.
II -Conseqüências Jurídicas do Jogo e da Aposta:
As dívidas de jogo, ou de aposta, não obrigam o pagamento.
Não se pode recobrar a quantia que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o
perdente é menor ou interdito (art. 814 do CC). – obrigação natural.
Ë ineficaz não só qualquer negócio que encubra ou envolva reconhecimento, novação ou fiança de
dívida de jogo, como também é incobrável as dívidas resultantes de empréstimos destinados à
aposta ou ao jogo, feitos na hora de apostar ou de jogar (art. 815 do CC).
 Não pode, no entanto, o devedor opor a inexigibilidade da dívida a terceiro de boa-fé. Se o
perdente emitiu, por exemplo, cheque para resgate de seu prejuízo e o beneficiário transferiu o título
a terceiro, que o recebeu ignorando sua origem espúria, não pode este, que agiu de boa-fé, ser
lesado pelo recusa do emissor em efetuar o pagamento.
III - Contratos diferenciais: analisar a regra do art. 816 do CC.
 
IV – O Sorteio: A lei permite a utilização do sorteio para dirimir questões ou dividir coisas comuns.
(art. 817 do CC).
DA FIANÇA
IConceito:
É uma espécie do gênero garantia. A garantia pode ser real, quando o devedor fornece um bem
móvel ou imóvel para responder pela dívida (penhor, hipoteca), ou pessoal (fidejussória), quando
uma terceira pessoa se propõe para pagar a dívida.
A garantia pessoal chama-se fiança e sua definição vem trazida no art. 818 do CC.
II – Espécies:
Convencional: resultante de contrato
Judicial: determinada pelo juiz
Legal: imposta pela lei (ex: tutor)
III – Natureza Jurídica:
Contrato acessório
 - segue sempre o principal (art. 824 do CC);
- não pode ser de valor superior ao principal. Se for maior, reduz-se o seu montante até o valor da
obrigação afiançada (art. 823 do CC);
unilateral;
- admite-se, mesmo contra a vontade do devedor (art. 820 do CC)
- não é obrigado o credor aceitar se não for pessoa idônea (art. 825 do CC)
- se o fiador se tornar insolvente ou incapaz, pode o credor exigir que seja substituído (art. 826 do
CC)
solene –
- depende de forma escrita, prevista em lei (art. 819 do CC)
gratuito (de regra)
-inspirado no propósito de ajudar;
- nada impede que o fiador exija remuneração (ex: fiança bancária)
IV – Exceção da lei de bem de família.:
Lei 8.009/90 – art. 3o.
V – Dos Efeitos da Fiança:
a) benefício de ordem: consiste na prerrogativa, conferida ao fiador, de exigir que os bens do
devedor principal sejam excutidos antes dos seus. Tal idéia funda-se no postulado de que a fiança é
obrigação subsidiária (salvo disposição em contrário – art. 828, II do CC) .
Observe-se que admite a lei a renuncia a esse direito. (art. 828, I, do CC)
Para ser exercito, exige-se os requisitos do art. 827, caput e parágrafo único do CC.
b) solidariedade dos co-fiadores: Se a fiança for prestada por dois ou mais fiadores, sem se
especificar a parte da dívida que cada qual garante, determina a lei a sua solidariedade. (art. 829 do
CC)
VI – Obrigações Impostas e direitos deferidos ao fiador:
A obrigação básica do fiador é pagar a dívida, a qual é transferida a seus herdeiros. (não pode
ultrapassar as forças da herança) – art. 836 do CC.
- sendo compelido a pagar a dívida, fica o fiador com direito de regresso contra o afiançado (art.
831 do CC), para dele reclamar não apenas a importância que desembolsou, como também todas as
perdas e danos que houver pago e ainda os prejuízos que sofrer em razão da garantia prestada. (arts.
832 e 833 do CC)
- vencida a dívida, pode o fiador exigir que o devedor satisfaça a obrigação para com o credor, ou
de qualquer modo o exonere de sua responsabilidade.
- confere a lei possibilidade ao fiador de promover o andamento da ação executiva iniciada contra o
devedor, quando o credor, sem justa causa, suster tal andamento ou demorar em sua promoção (art.
834 do CC)
- tem direito o fiador de exonerar-se da fiança assinada sem limitação de tempo. Observar que o art.
835 aduz a responsabilidade por mais 60 dias após notificação.
VII – Da extinção da fiança:
- extingue-se com o término do contrato principal;
- moratória concedida ao devedor, sem o consentimento do fiador; (observar que moratória é a
concessão expressa de prazo ao devedor e não a mera tolerância) – art. 838, I, do CC
- ato do credor que torne impossível a sub-rogação do fiador em seus direitos e preferências; (ex:
crédito garantido por penhor e fiança e o credor abre mão do penhor); - art. 838, II, do CC.
- dação em pagamento, consentida pelo credor; (aceita a dação pelo credor, extingue a obrigação da
fiança, ainda que haja evicção). – art. 838, III,do CC.
- retardamento do credor na execução. (ex: fiador mostra bens do devedor que, com a demora da
Outros Contratos:
Contrato Estimatório
É o negócio jurídico em que alguém (consignatário) recebe do consignante, bens móveis, e está
autorizado a vendê-los em seu próprio nome, onde se obriga a pagar um preço estimado
previamente, se não reconstituir as coisas consignadas no prazo combinado (CC, art. 534).
Contrato de Doação
Conceito – é um contrato em que uma pessoa, por liberalidade, entrega ou transfere do seu
patrimônio bens ou vantagens para o patrimônio de outra pessoa.
Do conceito extrai-se que:
- tem natureza jurídica contratual, unilateral, pois se aperfeiçoa por meio da manifestação de
vontade dos contratantes.
- gratuito, salvo exceção da construção da creche por ex.
- unilateral
- Formal ou solene e consensual. Para a doação de bens imóveis a lei exige a escritura pública e o
respectivo registro no cartório de registro imobiliário; a doação de bens móveis faz-se por
instrumento público ou particular. Mas a doação de bens móveis de pequeno, faz-se de forma verbal
(art. 541, par. único).
- Aceitação do beneficiário. A aceitação pode ser:
*Expressa.
*Tácita.
*Presumida. Art. 539 e art. 546
*Ficta. (consentimento para a doação ao incapaz, desde que doação pura)
Elementos da doação:
1. O animus donandi, ou seja, a intenção de praticar a liberalidade (elemento subjetivo).
2. A transferência de bens, acarretando a diminuição do patrimônio do doador (elemento objetivo).
Objeto da doação.
Como dispõe o art. 538, é objeto da doação à prestação de dar coisa ou vantagens.
 
Prestação de Serviços
É o contrato cujo prestador se obriga com o tomador por certa prestação mediante remuneração; é
bilateral, oneroso e consensual.
Empreitada
É o contrato onde o empreiteiro se obriga sem subordinação, ou dependência, ou seja, sem vinculo
empregatício a realizar pessoalmente ou por terceiro uma obra para o contratante.
Comissão
É o contrato pelo qual uma pessoa (comissário) que vende ou compra bens em seu próprio nome e
responsabilidade, por ordem do comitente por remuneração, gerando vínculo obrigacional para com
terceiros contratantes.
Agência
É o contrato pelo qual uma pessoa se obriga para com a outra mediante retribuição, a realizar certos
negócios em determinada zona, com caráter de habitualidade, em favor e por conta de outrem sem
subordinação.
Distribuição
O fabricante vende ao distribuidor, para posterior revenda, o distribuidor age por conta própria,
adquirindo o produto do fabricante para revende-lo no mercado consumidor, com exclusividade em
certa zona, é bilateral, oneroso, comutativo e consensual.
Corretagem
É a convenção na qual uma pessoa, que não está ligada por mandato ou prestação de serviços, etc,
se obriga mediante remuneração, a obter para outrem um ou mais negócios, conforme instrução
recebida, ou a fornecer-lhe as informações necessárias para celebração de contrato.
Transporte
Contrato de transporte (CT) é aquele em que alguém se obriga, mediante retribuição, a transportar,
de um lugar para outro, pessoas ou coisas (CC730). A relação de transporte pode apresentar-se
como acessória de outro negócio jurídico, como a compra e venda, em que o vendedor se obriga a
entregar a coisa no domicílio do comprador. Nesse caso, o primeiro não se qualifica como
transportador, cuja obrigação é exclusivamente a de efetuar o translado de uma coisa ou pessoa,
regendo-se a sua responsabilidade pelas normas que disciplinam a compra e venda.
Constituição de renda
É o contrato pelo qual uma pessoa se obriga a pagar outra, a título gratuito, uma prestação periódica
(art. 803). Em sua modalidade onerosa, uma pessoa recebe de outra, certo capital, consistente em
bens móveis ou imóveis, obrigando-se a pagar a esta ou a um terceiro, eleito beneficiário, uma
prestação por determinado prazo (art. 804).
Contrato de Seguro
Contrato de seguro é aquele pelo qual uma das partes (segurador) se obriga para com a outra
(segurado), mediante o pagamento de um prêmio, a indenizá-lo de prejuízo decorrente de riscos
futuros, previstos no contrato (CC, art. 757).
Transação
É um negocio jurídico bilateral, pelo qual as partes interessadas, fazendo-se concessões mútuas,
previnem ou extinguem obrigações litigiosas ou duvidosas.
Compromisso
Segundo Maria Helena Diniz
“Um acordo bilateral em que as partes interessadas submeterem suas controvérsias jurídicas à
decisão de árbitros, comprometendo-se a acatá-la, subtraindo a demanda da jurisdição da justiça
comum.” (Diniz: 2011)
Contrato de Alienação Fiduciária em Garantia
Alienação fiduciária é a transferência da propriedade de um bem móvel ou imóvel do devedor ao
credor para garantir o cumprimento de uma obrigação.
Leasing
O leasing é um contrato denominado na legislação brasileira como “arrendamento mercantil”. As
partes desse contrato são denominadas “arrendador” e “arrendatário”, conforme sejam, de um lado,
um banco ou sociedade de arrendamento mercantil e, de outro, o cliente. O objeto do contrato é a
aquisição, por parte do arrendador, de bem escolhido pelo arrendatário para sua utilização. O
arrendador é, portanto, o proprietário do bem, sendo que a posse e o usufruto, durante a vigência do
contrato, são do arrendatário. O contrato de arrendamento mercantil pode prever ou não a opção de
compra, pelo arrendatário, do bem de propriedade do arrendador.
Factoring
É a prestação continua e cumulativa de assessoria mercadológica e creditícia, de seleção de riscos,
de gestão de crédito, de acompanhamento de contas a receber e de outros serviços, conjugada com a
aquisição de créditos de empresas resultantes de suas vendas mercantis ou de prestação de serviços,
realizadas a prazo. Esta definição foi aprovada na Convenção Diplomática de Ottawa-Maio/88 da
qual o Brasil foi uma da 53 nações signatárias, consta do Art. 28 da Lei 8981/95, ratificado pela
Resolução 2144/95, do Conselho Monetário Nacional.
(http://www.pa.sebrae.com.br/sessoes/pse/tdn/tdn_fac_oque.asp)
Atos Unilaterais: Conceito, obrigação das partes e requisitos
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Publicado por Laís Catapan
há 10 meses
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Os atos unilaterais elencados no Código Civil Brasileiro – especificamente no Livro I, Título VII, 
da Parte Especial, nada mais são do que atos que se desdobram em obrigações.
Sendo assim, os atos unilaterais constituem fonte de obrigações, ainda que decorrentes da vontade 
de uma única parte, sendo a manifestação de vontade (aquela com a intenção de se obrigar) o 
momento inicial e ocorrendo de forma imediata. 
Nesse sentido, a autonomia da vontade, conhecida popularmente como manifestação de vontade, 
tem cunho relativo a liberdade, ao poder de confeccionar livremente as cláusulas contratuais e 
regulamentar sobre a relação.
“A declaração unilateral de vontade é uma das fontes das obrigações resultantes da 
vontade de uma só pessoa, formando-se a partir do instante em que o agente se 
manifesta com a intenção de se obrigar, independentemente da existência ou não de uma
relação creditória, que poderá surgir posteriormente” (DINIZ, 2011, pág. 812).[1]
Apesar de simples, esses atos unilaterais de vontade, como qualquer obrigação, carecem de 
requisitos obrigatórios, de caráter subjetivo – partes (lembrando que o sujeito não é parte integrante 
da formação da obrigação, podendo ser indeterminado ou indeterminável), cumprir elementos como
o vínculo jurídico, e relativos ao objeto, licito e possível. Porém, não necessitam obrigatoriamente 
respeitar os princípios da boa-fé objetiva e da função social do contrato. 
Toda a questão gira em torno de alguém que se obriga sozinho, não através de um contrato, mas sim
atravésde atos unilaterais, assumidos independente da certeza do credor. As hipóteses são descritas 
em lei. Conforme nosso Código Civil, os atos unilaterais são divididos em quatro categorias: a 
promessa de recompensa, a gestão de negócios, o pagamento indevido e o enriquecimento sem 
causa.
PROMESSA DE RECOMPENSA
“Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar, a 
quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de 
cumprir o devido”. – Art. 854, Código Civil Brasileiro, 2002.
Elencados entre os artigos 854 a 860 do Código Civil Brasileiro, se caracterizam por declarações 
feita mediante anúncios públicos, divulgado publicamente, se comprometendo a recompensar ou 
gratificar aquele que preencha condição ou pratique determinado ato. Um exemplo prático é a 
promessa de recompensa para aquele que devolver carteiras/documentos perdidos.
É necessário mencionar que não se faz necessário a declaração de vontade de ambas as partes para 
caracterizar tal modalidade, visto se tratar de ato unilateral, tanto a declaração de vontade quando a 
obrigação de fazer atinge somente uma das partes. Somente uma das partes tem obrigação perante a 
outra. Também não é preciso haver consentimento do terceiro que satisfez a condição. 
Para que a promessa de recompensa adquira obrigatoriedade e se configure, é preciso satisfazer as 
seguintes pretensões: haver um anuncio com notória publicidade; o apontamento da condição a ser 
preenchida ou a realização de serviço (qualquer obrigação licita que constitua ato legal); e a 
indicação da recompensa ou gratificação. 
Vale destacar que existe a hipótese de revogar a promessa de recompensa, porém, deve ser realizada
antes do preenchimento da condição, devendo ter a revogação a mesma publicidade da a promessa. 
Por fim, voltando ao exemplo da carteira perdida, para exemplificar, o dono da carteira manifesta 
vontade pública de recompensar aquele que achar sua carteira, isto é, via mensagem, cartazes, radio,
internet. Aquele que preenche o requisito – pessoa que está com a carteira, não precisa 
necessariamente concretizar o negócio jurídico, mas caso queira, a parte devolve a carteira 
cumprimento com a natureza da obrigação fazendo então com que nasça a obrigação do dono de 
carteira de pagar o valor estipulado inicialmente. 
GESTÃO DE NEGÓCIOS
“Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão do negócio alheio, 
dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando 
responsável a este e as pessoas com que tratar. ” – Art. 861, Código Civil Brasileiro, 
2002.
Em síntese, a gestão de negócios consiste em uma ação (na maioria das vezes um ato altruísta) na 
qual o gestor a fim de evitar um prejuízo, usa do bom senso e de uma vontade presumida para tomar
decisão, isto é, ainda que não autorizado pelo dono do bem, imagina que haveria o consentimento. 
Em outras palavras, dá-se a gestão de negócios quando houver uma intervenção/administração 
oficiosa de negócios alheios, sem autorização/procuração, mas, visando proteger o bem. 
Cabe enfatizar que a gestão de negócios se enquadra nos atos unilaterais pelo fato de que não há um
acordo de vontades entre as partes para caracterizar um contrato, muito pelo contrário, o gestor age 
sem preia combinação com o dono do negócio. 
Há de se considerar, portanto, que os requisitos são: inicialmente que o se trate de negócio alheio, 
juntamente com a ausência de autorização caracterizando uma espontaneidade do gestor, 
completada pela atuação conforme a vontade presumida. Vale ressaltar também a necessidade de 
que a gestão ocorra em natureza patrimonial, que seja o ato necessário e útil, logo, operações 
arriscadas não configuram a gestão de negócios.
Para exemplificar, dar-se-á gestão de negócios, quando um vizinho viaja nas férias e deixa aberta 
uma torneira em sua residência. Um vizinho “arromba/adentra” a casa com o objeto de fechar a 
torneira e impedir prejuízos ainda maiores. É possível aferir que não á interesse lucrativo no ato, 
apenas uma intenção de ajudar, com a vontade presumida do dono, visto que o gestor evitou o 
desperdiçando água e danificando alguns móveis sensíveis à umidade.
Relativo as obrigações, frisa-se que tanto o gestor quanto o dono do negócio possuem obrigações. 
Obrigações do gestor: Ninguém é obrigado a iniciar a gestão, mas iniciado, deve agir com o 
máximo de diligência, para que não advenha ao dono qualquer prejuízo.
Ø Comunicar ao dono do negócio o início da gestão, e esperar uma resposta (se dá espera não 
resultar perigo);
Ø Responder perante o dono do negócio;
Ø Administrar no interesse do dono e segundo sua vontade real ou presumida;
Ø Não se fazer substituir na gestão, nem promover operações arriscadas.
Obrigações do dono do negócio: 
Ø Indenizar as despesas necessárias e os prejuízos do gestor, caso queira aproveitar-se da gestão;
Ø Na gestão útil, o dono do negócio deve cumprir as obrigações contraídas, além de indenizar 
prejuízos e despesas necessárias e úteis; 
Ø Na gestão necessária (para acudir prejuízos iminentes), os efeitos são os mesmos da gestão útil.
PAGAMENTO INDEVIDO
“Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação 
que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição”.
O pagamento indevido ocorre quando alguém recebe o que não lhe era devido. Sendo que aquele 
que recebeu o que não lhe era devido, fica obrigado a restituir. Sendo isso possível com uma ação 
de repetição do indébito, com base na tese que o pagamento extingue a obrigação, mas o pagamento
indevido cria uma outra obrigação.
Um dos requisitos para o pagamento indevido é a inexistência de causa para o pagamento, causa 
essa jurídica e lícita.
Quem voluntariamente pagou o indevido deve provar não somente ter realizado o pagamento, mas 
também que o fez por erro, pois a ausência de tal comprovação leva a se presumir que se trata de 
uma liberalidade.
Se o pagamento indevido tiver consistido no desempenho de obrigação de fazer ou não fazer, não 
haverá mais, em princípio, como restituir as coisas ao estado anterior, pois não sendo mais possível 
aquele que recebeu a prestação fica na obrigação de indenizar o que a cumpriu, na medida do lucro 
obtido.
ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA
Art. 884. “Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a
restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. ”
Por fim, o enriquecimento sem causa é vedado pelo Código Civil de 2002. Assim, quem, sem justa 
causa, auferir vantagem patrimonial à custa de outra pessoa, deverá, a depender do caso, restituir o 
bem, partilhar os lucros ou compor os prejuízos que causou.
Classicamente, para haver o enriquecimento sem causa, deverá haver o enriquecimento do 
accipiens (o que recebe), o empobrecimento do solvens (o que paga), relação de causalidade entre o 
enriquecimento e o empobrecimento e a inexistência de causa jurídica prevista por convenção das 
partes ou pela lei. 
SEGURO
O seguro pode ser conceituado conforme a concepção de cada autor, mas tem sido possível
uniformizar os conceitos básicos. Dentre os principais tratadistas, temos o seguinte:
“O seguro é a compensação , segundo as leis da estatística ou outros dados científicos, de um 
conjunto de riscos da mesma natureza, permitindo, mediante remuneração chamada prêmio ou 
cotização, fornecer, pela garantia mútua e nas condições fixadas, certas prestações em caso de 
realização de uma eventualidade suscetível de criar um estado de carência”. ( Félix Monette, Albert 
de Villé e Robert André, Traité des assurances terrestres, Bruxelas, 1949, V.1, P.46). 
E segundo Maria Helena Diniz (2003, p.441): 
“O contrato de seguro é aquele pelo qual uma das partes (segurador) se obrigapara com a 
outra( segurado),mediante pagamento de um prêmio, a garantir-lhe interesse legítimo relativo a 
pessoa ou a coisa e a indenizá-la de prejuízo decorrente de riscos futuros previstos no contrato”.
O conceito de contrato de seguro no Código Civil esta disciplinado no Art.757, com a seguinte 
redação:
“Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir 
interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados”.
 CARACTERES JURÍDICOS
1) contrato de natureza bilateral ou sinalagmático: contrato de seguro é bilateral devido aos efeitos 
por ele gerados que, exatamente, a constituição de obrigações para ambos os contraentes, ou seja, 
há reciprocidade de obrigações (sinalágma). As partes, segurado e segurador, são sujeitos de direitos
e deveres: um tem como uma de suas prestações a de pagar o prêmio e o outro tem como 
contraprestação pagar a indenização em se concretizando o risco.
2) contrato oneroso: pois traz prestações e contraprestações, uma vez que cada um dos contraentes 
visa obter vantagem patrimonial.
3) contrato aleatório: por não haver equivalência entre as prestações, o segurado não poderá antever,
de imediato, o que receberá em troca da sua prestação, pois o segurador assume o risco, elemento 
essencial desse contrato, devendo ressarcir o dano sofrido pelo segurado, se o evento incerto e 
previsto no contrato ocorreu. O ganho ou a perda dos contraentes dependerá de fatos futuros e 
incertos, previstos no contrato, que constituem o risco.
4) contrato formal: segundo entendimento da jurista Maria Helena Diniz, o contrato de seguro seria 
formal, visto ser obrigatório a forma escrita, já que não obriga antes de reduzido a escrito, 
considerando-se perfeito o contrato desde o momento em que o segurador remete a apólice ao 
segurado, ou faz nos livros o lançamento usual da operação ( CC,arts.758 e 759).A forma escrita é 
exigida para a substância do contrato. Porém, grande parte da doutrina afirma que o contrato de 
seguro está perfeito e acabado quando se der o acordo de vontades (consenso das partes). Numa 
primeira análise do art.758,CC , pode-se-ia concluir que o seguro seria formal devido à necessidade 
do documento. Todavia percebe-se facilmente que o documento exigido não faz parte da substância 
do ato, possuindo apenas caráter probatório.
5) contrato de execução sucessiva ou continuada: destinando a subsistir durante um período de 
tempo, por menos que seja, pois visa proteger o bem ou a pessoa. Sua execução se realiza 
escalonadamente, sendo necessário que a obrigação do segurado seja satisfeita dentro dos termos 
convencionados, sob pena de rescindir-se por tratar-se de obrigação de trato sucessivo. Os efeitos 
passados serão mantidos, cessando-se os que decorrerem dali para frente.
6) contrato por adesão: formando-se com a aceitação pelo segurado, sem qualquer discussão, das 
cláusulas impostas ou previamente estabelecidas pelo segurador na apólice impressa, e as 
modificações especiais que se lhe introduzem são ressalvadas que o segurador insere por carimbo 
ou justaposição.
7) contrato de boa-fé: (CC,arts.765,766 e parágrafo único),pois o contrato de seguro, por exigir uma
conclusão rápida, requer que o segurado tenha uma conduta sincera e leal em suas declarações a 
respeito do seu conteúdo e dos riscos, sob pena de receber sanções se proceder de má-fé, em 
circunstâncias em que o segurador não pode fazer as diligências recomendáveis à sua aferição, 
como vistorias, inspeções ou exames médicos, fiando-se apenas nas afirmações do segurado, que 
por isso deverão ser verdadeiras e completas, não omitindo fatos que possam influir na aceitação do
seguro. A boa-fé é exigida também do segurador.
ELEMENTOS E REQUISITOS
SUJEITOS
- SEGURADOR: é aquele que suporta o risco, assumindo mediante o recebimento do prêmio, 
obrigando-se a pagar uma indenização. Assim, o prêmio é a garantia pecuniária que o segurado 
paga à seguradora para obter o direito a uma indenização se ocorrer o sinistro oriundo do risco 
garantido e previsto no contrato, o risco constituirá num acontecimento futuro e incerto, que poderá 
prejudicar os interesses do segurado, provocando-lhe uma diminuição patrimonial evitável pelo 
seguro, e a indenização é a importância paga pela seguradora ao segurado, compensando-lhe o 
prejuízo econômico decorrente do risco e assumido na apólice da seguradora. A atividade do 
segurador é exercida por companhias especializadas, isto é, por sociedades anônimas, mediante 
prévia autorização do governo federal (ASSP,1.852:74; CF 88,art.192,II, com redação da EC 13/96; 
lei nº 8.177/91, art. 21;CC, art.757, paragráfo único), ou cooperativas devidamente autorizadas 
(Dec- Lei nº 73166, art.24; Regulamento nº 59.195/66), porém tais cooperativas só poderão operar 
em seguros agrícolas e seguros de saúde.
O seguro social de acidentes do trabalho tem hoje, como único segurador, o INSS (uma autarquia 
federal, que é o Instituto Nacional de Seguridade Social).
- SEGURADO: é o que tem interesse direto na conservação da coisa ou da pessoa, fornecendo uma 
contribuição periódica e moderada, isto é, o prêmio, em troca do risco que o segurador assumirá de, 
em caso se incêndio, abalroamento, naufrágio, furto, falência, acidente, morte, perda das faculdades 
humanas, etc , indenizá-los pelos danos sofridos. Dessa forma, ao contrário do que se dá com o 
segurador, qualquer pessoa pode figurar na posição de segurado, sendo necessário, em princípio ter 
capacidade civil.
- BENEFICIÁRIO: é uma figura que exsurge nos contratos de seguro de vida e no obrigatório de 
acidentes pessoais em que ocorre morte por acidente e que consiste na pessoa a quem é pago o valor
do seguro, a “indenização”. Nos casos em que o beneficiário é um terceiro, ou seja, um estranho a 
relação contratual estaremos diante de um caso de estipulação em favor de terceiro. Tal estipulação 
ocorre quando uma pessoa convenciona com outra que está concederá uma vantagem ou benefício 
em favor daquele que não é parte no contrato. É o que ocorre nos seguros de vida em favos de 
terceiro: o estipulante convenciona com o segurador que ocorrendo o sinistro, o valor do seguro será
pago a um terceiro. Não é qualquer pessoa que pode figurar como beneficiário, deve-se observar os 
arts.793 e 1814, CC.
- CO-SEGURADOR: no caso de seguros vultosos, pode acontecer de uma pluralidade de 
seguradores dar cobertura simultaneamente e a um mesmo risco, configurando-se a multiplicidade 
de seguros. Contudo o art.778, CC, dispõe que “nos seguros de dano, a garantia prometida não pode
ultrapassar o valor do interesse segurado no momento da conclusão do contrato...”. Dessa maneira, 
é defeso ao segurador celebrar mais de um contrato relativo ao mesmo bem, pelos mesmos riscos de
maneira que, em ocorrendo o sinistro, receba-se a indenização integral de todos os seguradores. Isto
se dá, pois o contrato não é instrumento de lucro.
-RESSEGURADOR: a figura do resseguro consiste na transferência de parte ou toda 
responsabilidade do segurador para o ressegurador, com a finalidade de distribuir para mais de um 
segurador a responsabilidade pelo adimplemento da contraprestação. Na verdade, o resseguro 
consiste no “seguro do seguro”, uma vez que é o segurador que transfere a sua responsabilidade ou 
“um seguro mediato”, na medida em que é um seguro assumido entre o segurador e a resseguradora.
OBJETO
- INTERESSE: Sílvio Venosa aponta como objeto do seguro o interesse segurável, sendo o 
posicionamento mais correto entre os doutrinadores, na medida em que é o mais abrangente. Sob o 
rótulo de interesse segurável pode--se colocar qualquer relação econômica ameaçada ou posta em 
risco. Ou seja, tudo o que puder ser passível de apreciação econômica e até aquilo que não pode, 
como a doutrina aponta, a vida pode ser objeto de seguro. Atualmente, praticamentetodos os 
interesses são passíveis de cobertura, com exceção dos excluídos pela lei, tais como, os relativos a 
atos dolosos ou ilícitos e os de valor superior ao do bem.
- RISCO: consiste o risco no acontecimento futuro é incerto previsto no contrato, suscetível de 
causar dano. Quando este evento ocorre, a técnica securitária o denomina sinistro. A obrigação de 
garantia contida no seguro, só obriga a seguradora a pagar a indenização quando o risco se 
concretiza, de maneira que este acontecimento torna-se essencial.
- FORMA: como já dissemos anteriormente ao tratarmos das características do contrato de seguro, 
grande parte da doutrina defende que ele é consensual, ou seja, basta o acordo de vontades, para a 
conclusão do contrato. A posição defendida por alguns doutrinadores, como Maria Helena Diniz, é 
de que o seguro é formal. O novo código civil, deu uma redação mais clara ao dispositivo que trata 
da importância da apólice, adotando o posicionamento da maioria da doutrina, quanto ao caráter 
probatório deste instrumento. Importante observar o que diz o art. 758, CC – “o contrato de seguro 
prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete do seguro, e, na falta deles, por documento 
comprobatório do pagamento do respectivo prêmio”.
CLASSIFICAÇÃO DOS SEGUROS
1) QUANTO ÀS NORMAS QUE OS DISCIPLINAM, em: A) comerciais, regidos pelo Código 
Comercial, que trata dos seguros marítimos de transporte e de caso; B) civis, disciplinados pelo 
Código Civil, atinentes aos seguros de dano e aos de pessoa (CC, arts.778 a 802 ).
2) QUANTO AO NÚMERO DE PESSOAS, em: A) individuais, se compreenderem um só 
segurado; e B) coletivos ou em grupo, se abrangerem várias pessoas. É frequente o seguro de vida 
em grupo, pelo qual as pessoas têm por escopo aumentar a renda em certas circunstâncias, como 
após a aposentadoria, e com o evento morte, relativamente aos beneficiários.
3) QUANTO AO MEIO EM QUE SE DESENROLA O RISCO, em: A) terrestres , B) marítimos; e 
C) aéreos.
4) QUANTO AO OBJETO QUE VISAM GARANTIR, em: A) patrimoniais, se se destinam a 
cobrir as perdas resultantes de obrigações; B) reais, se obtiverem os prejuízos sofridos por uma 
coisa; e C) pessoais, se disserem respeito às faculdades humanas, à saúde e à vida. Ou ainda, como 
prefere o novo Código Civil em: A) de dano (arts.778 a 788) ou B) de pessoa (arts.789 a 802).
5) QUANTO À PRESTAÇÃO DOS SEGURADOS, em: A) a prêmio, se se referirem aos que 
obrigam o contratante a pagar uma parcela fixa convencional; B) mútuos, como os admitidos pelo 
Código Civil de 1916, quando as obrigações eram recolhidas em função dos riscos verificados, 
repartindo-se as consequências, a posteriori, entre os associados mutualistas; e C) mistos, se 
determinarem uma paga fixa e outra de repique, em função de sinistro, a ser dividida entre os 
mutualistas, como admitia o Código Civil de 1916.
6) QUANTO ÀS OBRIGAÇÕES DO SEGURADOR, em: A) dos ramos elementares, abrangendo 
seguros para garantir perdas e danos ou responsabilidades oriundas dos riscos de fogo, de 
transportes e outros acontecimentos danosos, sendo que a obrigação do segurador consiste numa 
indenização, se o sinistro se verificar. Pode abranger, ainda, o seguro de responsabilidade civil (CC, 
arts. 787 e 788, parágrafo único); B) de pessoas ou de vida, se garantirem o segurado contra riscos a
que estão expostas sua existência, sua integridade física e sua saúde, não havendo uma reparação de
dano ou indenização propriamente dita. Não são contratos de indenização, pois não se pretende 
eliminar as consequências patrimoniais de um sinistro, mas sim pagar certa soma ao beneficiário 
designado pelo segurado. Dentre estes, os mais importantes são: os seguros de vida stricto sensu e 
os seguros contra acidentes. Sendo que há duas espécies de seguros contra acidentes: o seguro 
contra acidentes no trabalho, obrigatório a todo empregador, visando cobrir riscos de morte ou lesão
provocados pelo exercício do trabalho; e o seguro contra acidentes pessoais, que tem por fim cobrir 
riscos de morte ou lesão oriundos de acidente ocorrido com o segurado. Abrange também o seguro 
obrigatório para proprietários de veículos automotores.
EXTINÇÃO
O contrato de seguro extinguir-se-á:
- pelo decurso do prazo estipulado;
- pelo distrato, se ambos os contraentes concordarem em dissolver os vínculos que os sujeitavam 
(Dec.-Lei nº73-66, art.13);
- pela resolução por inadimplemento de obrigação legal ou de cláusula contratual que, por efeito ex 
nunc, não afetará as situações consumadas e os riscos verificados;
- pela superveniência do risco, porque então, o contrato deixará de ter objeto e a seguradora pagará 
o valor segurado. Mas se tal indenização for parcial, o contrato terá vigência apenas pelo saldo da 
indenização;
- pela cessação do risco, em seguro de vida, se o contrato se configurar sob a forma de seguro de 
sobrevivência;
- pela nulidade, que não é causa que extingue o contrato, mas apenas o torna ineficaz por força de 
lei, como ocorre nos arts. 762, 766 e 768 do Código Civil, e nos arts. 677 e 678 do Código 
Comercial.
	Atos Unilaterais: Conceito, obrigação das partes e requisitos

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