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Anotações sobre História da Língua

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1) Existem razões tanto políticas quanto linguísticas para que o português e o 
espanhol sejam considerados línguas, e não dialetos. As características linguísticas 
marcavam os falantes como pertencentes a um grupo, por isso eram importantes do 
ponto de vista identitário, além disso, politicamente, essas características 
influenciavam nas relações de poder. 
Com a divisão da península ibérica, dividiu-se também a língua ali falada, ou 
seja, cada grupo, ao se entender como unidade, desenvolveu além de sua cultura 
própria, novas normas linguísticas baseadas na língua antes falada por todos da 
região antes sem divisões. Assim, após a ocupação romana e com a romanização 
tardia, surge em Lisboa o português, originado do galego-português, falado no reino 
da Galiza, e em Castela, o espanhol ou castelhano, que evoluiu a partir de dialetos 
do latim falados no centro-norte da Península Ibérica. Ambas oriundas de línguas 
românicas diferentes - o que já elimina a possibilidade de serem dialetos - que 
conservam muitas semelhanças, por conta da proximidade geográfica, assim como 
muitas diferenças. 
Com a evolução dessas duas línguas em condições diferentes, temos 
também marcas identitárias que as caracterizam e as afirmam como línguas. Temos 
como exemplos: a) A queda do /n/ e /l/, característica do português, herdada do 
galego-português, que faz com que tenhamos a palavra ‘Lua’, enquanto no espanhol 
manteve-se a consoante nasal (‘luna’). b) A aférese, supressão do fonema inicial, 
marca do espanhol que não fez parte da evolução do português, dando origem a 
‘hijo’, que se contrapõe a ‘filho’, ambas as palavras com origem na palavra latina 
‘filiu’. ou c) A ditongação, que ocorreu no espanhol nos casos em que no português 
houve uma metafonia. 
 
 
2) 
A cristianização pode ser entendida como uma romanização, em primeiro lugar, pois 
tinha os mesmos objetivos: transmitir a cultura (religião) romana aos povos colonizados, em 
um processo de implantação/ uniformização do império e demonstração de poder. Na 
Antiguidade, com o evento do nascimento de Jesus, a religião oficial do Império passa a ser 
a católica, e a cristianização aconteceu de forma parcial, porém incisiva: com a 
demonização de religiões pagãs, construções de igrejas ou conversões de templos. Na 
Idade Média, após a queda do império romano e invasão dos bárbaros, manteve-se muito 
dos costumes romanos, e a Itália, governada por um rei que ratificava os desejos da igreja, 
incentivou a conversão dos bárbaros à religião católica, processo facilitado pelo contato 
prévio desses povos com o islamismo. Ao serem convertidos ao catolicismo, os povos 
assimilavam não só a religião, mas outros costumes romanos e a língua latina, embutidos 
nela. 
 
Um exemplo de romanização plena é a região da Hispânia, onde os povos sofriam 
grande influência dos gregos e fenícios e onde, após a chegada dos romanos (na Península 
Ibérica) e conquista da Hispânia, a romanização se estendeu por todo o território, mesmo 
que de forma desigual (mais rápida ao sul e mais lenta ao norte). Ao chegarem à Península 
Ibérica, os romanos construíram colônias e doaram terras aos soldados reformados, que 
viveriam ali, botando em prática seus costumes e realizando um processo de aculturação. 
Como forma de conquistar o povo de maneira pacífica, os deuses locais e os deuses 
romanos eram partilhados, sendo o culto do imperador imposto. A 
 
A romanização foi a transformação dos povos colonizados, pouco a pouco, em povos 
romanos. A cristianização, que partia do mesmo princípio, visava transformar esses 
mesmos povos, pouco a pouco, em povos cristãos, religião romana. Por isso, a 
cristianização, ao “impor” às colônias a religião e, por meio disso, a língua romana, pode ser 
considerada uma forma de romanização. 
Na antiguidade, com o evento do nascimento de Jesus, a religuião ofical do império 
passa a ser a católica. Essa religião começa a ser implantada em todo o império por meio 
da construção de igrejas, conversão de templos e demonização das religiões pagãs. Além 
disso, todas as instituições de prestígio tinham o latim como língua oficial, e o povo, 
buscando ascender e se integrar ao meio mais prestigiado, aprendia o latim. A romanização 
chegou ao ponto de que os cidadãos livres do império foram considerados romanos. 
Na Idade Média, após a queda do império romano e as invasões germânicas, a Itália 
era governada por um rei católico, que não concorria com o poder da igreja. Esse fato 
ajudou na conversão dos povos bárbaros ao catolicismo, e com isso, a entrarem em contato 
com a língua latina, já em desuso nessa época, tendo dado lugar às línguas românicas, que 
possuíam influência germânica. Ao aderirem ao catolicismo, os povos adiquiriam tbm a 
línguas e traços da cultura romana, tendo sido a cristianização um forte elemento de 
romanização na época.

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