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Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������1� Aula 1: Institutos Fundamentais e Direito Societário. Olá, meus amigos! Como estão? Satisfação em revê-los. Espero que tenham gostado da primeira aula. Resolveremos hoje a maior quantidade possível de exercícios ESAF (e também de outras bancas). Não vamos dar moleza para o examinador neste certame! Estamos à disposição para sanar as perguntas através do Fórum de dúvidas. Fiquem à vontade! Trataremos os tópicos 2 e 3 do edital nesta aula de hoje. Vamos lá? 2. Institutos fundamentais do direito empresarial: atividade empresarial, empresário (individual e sociedade empresária) e estabelecimento empresarial. 1. (ESAF/AFTM/Recife/2003) Nos termos do Código Civil, as sociedades são classificadas: a) empresárias e simples. b) de pessoas e de capitais. c) unipessoais e pluripessoais. d) grupadas e isoladas. e) com finalidade econômica e com finalidade religiosa ou cultural. Comentários Dissemos na aula 1 que o empresário pode ser pessoa física, quando figurará como empresário individual, ou pessoa jurídica, quando será sociedade empresária. Falemos um pouco agora sobre as pessoas jurídicas... No Brasil, as pessoas jurídicas podem se encontrar sob o manto de dois regimes jurídicos: 1) Regime jurídico de direito público: nele se encontram, quase que sempre, a União, Estados, Distrito Federal, Municípios, Territórios e autarquias. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������2� 2) Regime jurídico de direito privado: compreende todas as outras pessoas. A diferença entre os regimes reside justamente no tratamento jurídico que lhes são conferidos. As pessoas jurídicas de direito público, em virtude de zelarem pelo interesse coletivo, se situam quase sempre em posição de superioridade, de supremacia, sobre as pessoas privadas. Ao revés, as pessoas jurídicas de direito privado se respaldam no princípio da isonomia, inexistindo, entre elas, valoração diferenciada de seus interesses. Continuando, as pessoas jurídicas de direito privado podem se constituir sob duas formas: a) pessoas jurídicas de direito privado estatais: que compreende as empresas públicas e as sociedades de economia mista; b) pessoas jurídicas de direito privado não-estatais: abarcando este conceito as fundações, associações e sociedades. Nesta esteira, distinguem-se as fundações e associações das sociedades pelo escopo negocial das sociedades. Portanto, ficamos assim: Ainda, as sociedades podem se subdividir em simples e empresárias. Ok? Fácil, não? Agora, vamos lá! A distinção entre uma sociedade simples e uma sociedade empresária reside em que? Quem acha que é no lucro, levanta a mão! Bem, quem acha que é isso errou, meus amigos. Esse é um critério insuficiente para separar os dois institutos. Pessoas� jurídicas� PJ�de�direito� público� PJ�de�direito� privado� União,�Estados,�DF,�Município,� Territórios�e�autarquias� Estatais:�Empresas�púb.�e�SEMs�� Não�estatais:�Fundações,� associações�e�sociedades� Sociedades:� simples�e� empresárias� Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������3� Por exemplo, por força de disposição legal, as sociedades de advogados são sempre sociedades simples, mas, ora, como um advogado viveria sem a remuneração de sua profissão? Percebam, pois, que não podemos separar uma sociedade simples e empresária pelo critério lucro, uma vez que as simples também podem possuir fins lucrativos. A diferença, então, entre uma sociedade simples e uma sociedade empresária reside na exploração de seu objeto de forma profissional e organizada, como propõe o artigo 966 do Código Civil. A FGV explorou este assunto na prova para Fiscal de Rendas do Estado do RJ, 2008, com o seguinte enunciado: Tanto as sociedades simples quanto as sociedades empresárias exercem atividade econômica. Ora, o item está correto. Sem embargo do expendido, as sociedades por ações (que compreendem as sociedades anônimas e sociedades em comanditas por ações) são sempre sociedades empresárias, ainda que possuam fins pios. Ao revés, as cooperativas são sempre sociedades simples. É este o comando do artigo 982, par. único do CC. Face o exposto, temos que as sociedades podem ser classificadas em simples e empresárias. Gabarito, letra A. Esse é o “basicão” sobre as sociedades. Devemos conhecê-lo para a prova tal como nosso próprio nome e CPF. 2. (ESAF/Procurador do DF/2004) A alienação do estabelecimento empresarial: a) transfere automaticamente ao adquirente as obrigações regularmente contabilizadas, exonerando o alienante de qualquer responsabilidade. b) impede o alienante de exercer a mesma atividade que exercia anteriormente pelo prazo de cinco anos, em qualquer ponto do território nacional. c) não importa sub-rogação no contrato de locação comercial. d) não implica a cessão dos créditos relativos à atividade exercida no estabelecimento. e) equivale à alienação do imóvel utilizado para o exercício de atividade empresarial. Comentários Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������4� Vamos falar agora sobre o estabelecimento empresarial. O que vem a ser? Segundo a definição legal (e essa é a mais importante): Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. Trata-se de elemento indispensável ao exercício da empresa. Todo empresário deve possuí-lo. Os bens que o integram podem ser corpóreos (ex: móveis) ou incorpóreos (ex: marca, título do estabelecimento). Seguindo no assunto, há grande discussão doutrinária sobre a natureza jurídica do estabelecimento empresarial. A FCC e CESPE consideram que é a de universalidade de fato. A ESAF também o considerou como universalidade de fato, como se vê na questão a seguir, cobrada no concurso para PFN, nos idos de 1998, item correto: 3. (ESAF/PFN/1998) O estabelecimento, local em que se exerce a atividade, é coisa móvel, universalidade de fato. Universalidade de fato é um conjunto de bens que pode ser destinado de acordo com a vontade do particular. Universalidade de direito é um conjunto de bens a que a lei atribui determinada forma (por exemplo, a herança), imodificável por vontade própria. Portanto, se cair em provas, talvez o posicionamento mais seguro, seguindo as grandes bancas, seria tratá-lo como universalidade de fato. Por quê? Observe o que diz o artigo 1.143 do Código: Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos (que produz mudança) ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza. Assim, é livre a alienação do estabelecimento, dos bens que o compõem, transferência, arrendamento. Levem isto para a prova: o estabelecimento empresarial pode ser objeto de direito e negócios jurídicos, compatíveis com a sua natureza. Diferentemente do nome empresarial, cuja regra veda a sua alienação. PARA A PROVA Estabelecimento å Pode ser alienado. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������5� Nome empresarial å Via de regra, nãopode ser alienado. Todos os artigos que versem sobre estabelecimento empresarial devem ser levados na “ponta da língua” para a prova (CC, 1.142 a 1.149). Ok? Por isso, vamos transcrevê-los: TÍTULO III Do Estabelecimento CAPÍTULO ÚNICO DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza. Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência. Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato. Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������6� exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante. Art. 1.149. A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente. Continuando... O estabelecimento pode ser alienado. Essa alienação recebe o nome de trespasse. O que devemos saber sobre o trespasse? 1) Só produz efeito frente a terceiros quando averbado no Registro de Empresas Mercantis. 2) Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. 3) O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. Alienante� Tem�bens�para� pagar�o�passivo?� SIM� Eficácia�independe� do�consentimento� dos�credores.� NÃO� Eficácia�depende� do�consentimento� dos�credores.� Tácito:�decurso�de� 30�dias�da� notificação� Expresso� Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������7� Atente-se para o fato de que a responsabilidade é solidária. Não é subsidiária como já proposto em algumas questões de concursos. Outrossim, cumpre ressaltar que o trespasse não se confunde com a cessão de quotas sociais de sociedade limitada ou a alienação de controle da sociedade anônima. Na transferência da participação societária o estabelecimento empresarial não muda de titular, tanto antes como após a transação ele pertencia e continua a pertencer à sociedade empresária, à mesma pessoa jurídica, que apenas tem a sua composição de sócios alterada. Na cessão de quotas ou alienação de controle, o objeto da venda é a participação societária, ou seja, as quotas ou as ações, conforme a espécie societária. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência. Ok? É o suficiente. Vamos às questões? 2. (ESAF/Procurador do DF/2004) A alienação do estabelecimento empresarial: a) transfere automaticamente ao adquirente as obrigações regularmente contabilizadas, exonerando o alienante de qualquer responsabilidade. A transferência dos créditos (e débitos) nos contratos de trespasse é automática! Segundo o artigo 1.146 do CC: Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. A transferência dessas dívidas tem natureza cogente. Cláusula no contrato de trespasse que disponha de forma contrária (que o empresário não responderá pelas dívidas) não produzirá efeito. Diferente é a regra do artigo 1.148 do Código, que trata dos contratos do empresário (energia elétrica, água, luz, etc.). Vemos também que o devedor primitivo continuará a responder pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. O item, portanto, está incorreto. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������8� 2. (ESAF/Procurador do DF/2004) A alienação do estabelecimento empresarial: b) impede o alienante de exercer a mesma atividade que exercia anteriormente pelo prazo de cinco anos, em qualquer ponto do território nacional. O artigo 1.147 estabelece que, não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência. É conhecida esta cláusula nos contratos de trespasse como cláusula de não restabelecimento. Imagine-se que hoje A vende a empresa X, que já possui um imenso público, a B. Amanhã A abre outra loja no mesmo ramo ao lado da loja de B. Seria justo? Não! Por isso a disposição no Código Civil neste sentido. Em razão do art. 170, Constituição Federal de 1988, a cláusula de não restabelecimento deve apresentar limites materiais (ramo de atividade), territoriais (âmbito geográfico) e temporais (prazo de não concorrência) para não ofender os princípios constitucionais da livre iniciativa e da livre concorrência. A cláusula de não restabelecimento que vede a exploração de qualquer atividade econômica ou não estipule restrições temporais ou territoriais não gera o efeito pretendido pelas partes. Portanto, o item também está incorreto. Vamos à próxima alternativa... 2. (ESAF/Procurador do DF/2004) A alienação do estabelecimento empresarial: c) não importa sub-rogação no contrato de locação comercial. Essa é a alternativa considerada correta. Todavia, vai de encontro à regra disposta no artigo 1.148 do Código Civil, in fine: Art. 1.148. Salvo disposição em contrário,a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante. São contratos exploracionais os contratos de fornecimento de energia elétrica, embalagens e matéria-prima; Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������9� prestação de serviços de telefonia; contratos de locação; de franquia; de trabalho; de compra e venda empresarial, entre outros. A alternativa também vai na contra mão do que dispõe a Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91), em seu artigo 51, parágrafo 1º, que também prevê a sub-rogação do contrato de locação comercial na pessoa do adquirente. Se cair de forma semelhante na prova, parece ser o mais seguro marcar que não há sub-rogação no contrato de locação comercial. Nos outros, eu, enquanto candidato, marcaria que há sub-rogação sim! Se a banca der como errado, entramos como recurso, com fundamento no artigo 1.148 do Código Civil. Com a ESAF, é sempre bom ter uma solução rápida. Próxima! 2. (ESAF/Procurador do DF/2004) A alienação do estabelecimento empresarial: d) não implica a cessão dos créditos relativos à atividade exercida no estabelecimento. Os créditos são transferidos ao adquirente, produzindo efeitos perante os devedores a partir da publicação do trespasse no órgão oficial, conforme reza o art. 1.149, CC 2002, a saber: Art. 1.149. A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado de se boa-fé pagar ao cedente. O Código Civil estabelece a transmissão automática dos créditos no trespasse, transferindo-se de pleno direito ao empresário adquirente na forma correspondente à escrituração do empresário alienante, independente de qualquer notificação ao cedido. Alternativa d está incorreta! Por fim... e) equivale à alienação do imóvel utilizado para o exercício de atividade empresarial. O estabelecimento empresarial é composto por elementos corpóreos (ou materiais) e incorpóreos (ou imateriais). Os elementos materiais abrangem as mercadorias do estoque, utensílios, veículos, móveis, máquinas, edifícios, terrenos, matéria- prima, dinheiro e títulos (atividades bancárias) e, também, todos os demais bens corpóreos utilizados pelo empresário na exploração de sua atividade econômica. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������10� Por seu turno, os incorpóreos (ou imateriais) são, precipuamente, os bens industriais (patentes, registros de desenho industrial e marca), o nome empresarial, título de estabelecimento, sinais de publicidade, o ponto empresarial e o nome de domínio (endereço do empresário na Internet). Portanto, a ESAF “forçou a barra” ao equiparar a alienação de imóvel à alienação de um estabelecimento empresarial. Item incorreto. Atenção: Os contratos não integram o estabelecimento empresarial posto que não são bens!! Pronto, já sabemos tudo de estabelecimento empresarial. Vamos resolver outras questões sobre o assunto, mas de forma mais rápida. 4. (ESAF/Analista Jurídico/SEFAZ/CE/2007) Se o empresário A cede seu estabelecimento a outrem, não empresário, pode-se afirmar que a) o cessionário será qualificado empresário. b) após a cessão, o cedente perde a qualidade de empresário de vez que não mais exercerá atividade de empresa por ter-se desfeito dos bens para tanto predispostos. c) o cessionário se desobriga em relação às dívidas anteriores à cessão que eram de responsabilidade do cedente. d) a transferência do estabelecimento não preserva contratos anteriormente firmados pelo cedente. e) a cessão dos créditos referidos ao estabelecimento cedido é automática. Comentários Letra a: quais são os requisitos previstos no art. 966 do CC para caracterizar uma pessoa como empresária: atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Vimos também que o todo empresário deve possuir estabelecimento empresarial. Correto? Portanto, ao adquirir o estabelecimento empresarial de outrem, a pessoa não-empresária passará necessariamente a ser caracterízada como empresário? Não, amigos! Se não organizar uma atividade econômica para produção/circulação de bens/serviços não ostentará o status de empresário, uma vez que possuir estabelecimento empresarial é condição necessária, mas não suficiente para a caracterização. Item a incorreto. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������11� Letra b: O empresário só perde sua condição com o cancelamento de seu registro na Junta Comercial. No nosso caso fictício, após a alienação, o empresário ganha o título de “empresário inativo”, pois continua sendo empresário, sem exercer a atividade na qual se registrou, podendo, a qualquer momento, voltar a exercer sua atividade. Letra c: Vejamos o artigo 1.146 do CC: Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. Portanto, item incorreto! Letra d: Embora não integrem o estabelecimento, pois não são bens, o art. 1.148 do CC de 2002 estabelece que o trespasse importa a transferência dos contratos para o empresário adquirente, desde que não tenham caráter pessoal: Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para a exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante. O art. 1.148 do CC 2002, ao estabelecer que “a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento”, determina a substituição do empresário alienante pelo empresário adquirente nos contratos que não apresentam caráter pessoal. A sub-rogação prevista significa a substituição de uma pessoa por outra, no caso, o empresário alienante pelo empresário adquirente, mantendo-se a relação anteriormente existente. A lei não prevê a necessidade da anuência do contratante cedido, entretanto, havendo justa causa os terceiros podem rescindir o contrato no prazo de 90 dias da publicação do trespasse, ressalvada, nesse caso, a responsabilidade do alienante. Item também incorreto. Por fim, a letra e é o gabarito. Vimos que a cessão de créditos e dívidas é, sim, automática! Não podemos errar, ein. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������12� Mais algumas questões sobre estabelecimentos, para encerrar... 5. (ESAF/PFN/2006) Em regra, o trespasse importa em sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, respondendo o adquirente também pelo pagamento dos débitos contabilizados anteriores à transferência. Comentários Novamente, vamos lá: a transferência dos créditos(e débitos) nos contratos de trespasse é automática! Segundo o artigo 1.146 do CC: Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. A transferência dessas dívidas tem natureza cogente. Cláusula no contrato de trespasse que disponha de forma contrária (que o empresário não responderá pelas dívidas) não produzirá efeito. Diferente é a regra do artigo 1.148 do Código, que trata dos contratos do empresário (energia elétrica, água, luz, etc.). Vemos também que o devedor primitivo continuará a responder pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. 1 ano da publicação para os vencidos e do vencimento para os vincendos. Item, portanto, correto. 6. (ESAF/PFN/2006) Com o trespasse, o alienante não pode fazer concorrência ao adquirente pelo prazo de três anos subseqüentes à transferência. Trespasse� Adquirente:�responde�pelas�dívidas�(sub ?rogação)� Alienante� também� responde Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������13� Comentários O alienante do estabelecimento empresarial que se restabelece em concorrência com o adquirente do estabelecimento antigo, em geral, atrai para o novo local de seus negócios a clientela que formou no antigo. Fábio Ulhoa Coelho destaca que o desvio de clientela na atualidade deve-se menos ao contato pessoal entre o consumidor e o empresário e mais às informações que o empresário alienante detém sobre a realidade do mercado em que opera. Como o adquirente pagou ao alienante um valor baseado no aviamento (valor agregado) do estabelecimento, e não na simples soma dos bens que o compõem, o restabelecimento do alienante restará em prejuízo ao adquirente, podendo, inclusive, caracterizar enriquecimento indevido, daí a razão da já vista cláusula de não-restabelecimento, que tem por finalidade impedir que o empresário alienante se restabeleça em concorrência com o adquirente (na mesma atividade, em local que disputam a mesma clientela e nos 5 anos seguintes ao trespasse). Vejamos novamente o Código Civil: Art. 1.147 - Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência. Item, portanto, incorreto, uma vez que o prazo é de 5 anos. 7. (ESAF/AFTM/Fortaleza/2003) Considera-se estabelecimento: a) o estúdio de um artista plástico desde que em local diferente do da residência. b) o consultório dentário em que são prestados serviços e oferecidos aos clientes, para venda, produtos para a higiene bucal. c) o escritório de advocacia de que são locatários, em conjunto, vários profissionais do direito que dividem tarefas conforme as diferentes especializações. d) os locais mantidos por fotógrafos amadores no qual são revelados os filmes. e) somente são estabelecimentos, sujeitos à disciplina do Código Civil, aqueles locais nos quais o titular for empresário. Comentários Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������14� Amigos, o estabelecimento empresarial é privativo de sociedades empresárias. Não o possuem as sociedades simples. Antes, lembremo-nos do seguinte: Empresários são as pessoas que organizam as atividades econômicas para a produção/circulação de bens/serviços, nos moldes do art. 966 do CC. Esses empresários podem ser pessoas físicas ou jurídicas (sociedades). São empresárias as sociedades que se organizam na forma do 966 e simples as demais sociedades. Lembremo-nos, outrossim, que os trabalhos artísticos, literários, científicos, intelectual não caracterizam, via de regra, exercício de empresa, mesmo que com o concurso de colaboradores/auxiliares, salvo se o exercício da profissão constituir elemento da empresa (lembrar o exemplo do hospital). Assim, antes de resolvermos definitivamente a questão classifiquemos as atividades trazidas nas alternativas em empresárias e simples. O estúdio de um artista plástico desde que em local diferente do da residência (alternativa a) e os locais mantidos por fotógrafos amadores no qual são revelados os filmes (alternativa d) não caracterizarão exercício da empresa (CC, art. 966, parágrafo único), por constituírem profissão de caráter artístico. O fato de o estabelecimento se encontrar ou não no ambiente da residência é irrelevante. O consultório dentário em que são prestados serviços e oferecidos aos clientes, para venda de produtos para a higiene bucal deverá, nesta hipótese, ser considerado como atividade empresária, uma vez que foi silente acerca do cunho pessoal da prestação de serviços, bem como há realização de venda de produtos. O escritório de advocacia de que são locatários, em conjunto, vários profissionais do direito que dividem tarefas conforme as diferentes especializações é sempre sociedade simples, por disposição legal. Atente-se: sociedade de advogados sempre constituirá sociedade simples! Assim, apenas a alternativa b caracteriza exercício da empresa e sabemos que o estabelecimento é privativo de empresário. Não os possuindo as sociedades simples e atividades não- empresariais. Ficaríamos, portanto, com as letra b e e. Vamos comentar a alternativa e. O estabelecimento empresarial pode ser definido como o conjunto de bens corpóreos e incorpóreos organizados pelo empresário para a exploração da atividade econômica (empresa). Apresentando-se como um conjunto ou complexo de bens, não se F e r d i n a n d o d o s S a n t o s S i l v a , C P F : 7 8 0 8 4 8 1 8 4 0 6 Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������15� resume, conforme visto, ao local de desenvolvimento da empresa, tampouco aos bens de titularidade do empresário. Na exploração de uma atividade empresarial é necessária a organização de vários bens, sem a organização desses bens não é possível dar início à exploração da atividade econômica. O estabelecimento empresarial é essencial para o exercício da empresa, correspondendo a um dos elementos da empresarialidade. O empresário pode exercer sua atividade em mais de um estabelecimento, destacando-se o estabelecimento principal (sede ou matriz) e os secundários (filiais). Portanto, o gabarito da questão é a letra b. 8. (ESAF/Advogado/IRB/2004) A recepção do instituto empresa pelo Código Civil resultará em: a) retornar a discussão sobre ato de comércio como intermediação na circulação de mercadorias. b) realçar a idéia de atividade sobre a de ato. c) incorporar novos ofícios e profissões ao campo do direito mercantil. d) extremar atividades empresariais e não empresariais. e) criar novo sistema de análise da atividade econômica. Comentários Até a entrada em vigor do Novo Código Civil, o critério adotado para identificar a natureza das sociedades e conseqüentemente o órgão em que deveriam ser registradas, era a realização ou não de atos de comércio, adotado no sistema francês. Quando se praticava atividade prevista como sujeita ao Direito Comercial, estaria ela amparada por regime jurídico distinto do comum. Assim, como regra geral, realizando a intermediação de produtos, a sociedade deveria ser registrada no RegistroPúblico de Empresas Mercantis (Junta Comercial). Por outro lado, quando a sociedade não era destinada à mercancia, mas à prestação de serviços, o órgão competente seria o Registro Civil das Pessoas Jurídicas (Cartórios). Contudo, com a chegada do Novo Código Civil e revogação do Código Comercial de 1850, a nova sistemática afastou o critério da comercialidade, e consolidou o critério da empresariedade, inspirando-se no Código Civil italiano, de 1942, reformulando os tipos societários existentes que passaram a ser classificados como sociedades empresárias ou simples. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������16� Vimos que a diferença entre elas não reside mais no objeto social, se se presta este ou aquele serviço, ou se comercializa esta ou aquela mercadoria, haja vista que ambas as sociedades realizam atividades econômicas. O novo elemento de diferenciação consiste na organização, a forma como a atividade econômica objeto da sociedade é explorada. Portanto, o foco passa a ser na organização e não mais em determinadas atividades. A FGV, como de praxe, no concurso para Agente Fiscal de Rendas do Estado do RJ, 2008, cobrou este assunto, como vimos na questão 1 da aula 0. Como a empresa representa a “atividade econômica organizada de produção ou circulação de bens ou serviços”, consagrada no artigo 966 do CC, conclui-se que a sua idéia é reforçar a idéia de atividade em detrimento do ato, ou seja, a prevalência da teoria da empresa sobre a teoria dos atos do comércio. O gabarito é a letra b. 9. (ESAF/Agente Fiscal de Tributos Estaduais/SEFAZ-PI/2001) Do ponto de vista do Direito Comercial, o conceito de empresa deve ser entendido como equivalente a) ao de empresário, ou seja, o sujeito da atividade mercantil, que assume os riscos do negócio. b) ao de estabelecimento, como tal o conjunto de bens utilizados para o exercício da atividade mercantil. c) ao de qualquer entidade de fins lucrativos, qualquer que seja a forma utilizada. d) ao de uma atividade organizada com o objetivo da obtenção de lucros. e) ao de empresário, de estabelecimento, ou de uma forma societária qualquer, não se tratando de conceito doutrinariamente unívoco. Comentários A letra “a”, “b” e “e” estão incorretas. Dissemos aqui que as figuras do empresário, da empresa e do estabelecimento empresarial são distintas. A letra “c” também peca ao equivaler a a empresa a uma entidade. Tal comparação é equivocada. A letra “d” é o gabarito da questão, uma vez que a empresa é uma atividade econômica organizada para a produção/circulação de bens/serviços, e, consequentemente, a obtenção de lucro. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������17� 10. (ESAF/PFN/2007) A classificação da Lei n. 10.406/2002, no que diz respeito às sociedades, em simples e empresárias, adota como fundamento: a) a antiga noção de sociedades civis e mercantis, com base na intermediação na circulação de mercadorias. b) a distinção tem que ver com ser a prestação de cunho personalíssimo. c) a colaboração de terceiros para a consecução da atividade é elemento principal para a qualificação como empresa, ou não. d) atividades cujo objeto sejam de natureza científica mas exercidas em conjunto, como no caso de laboratórios farmacêuticos, são empresariais por força da cooperação entre várias pessoas. e) o que importa, na qualificação de uma sociedade como empresária, ou não, é a opção pelo Registro Público de Empresas, ou o Registro de Pessoa Jurídica. Comentários O novo critério de identificação da natureza das sociedades faz com que a diferença entre elas (simples e empresárias) não resida mais no objeto social, pois ambas realizam atividades econômicas. O novo elemento de diferenciação é a organização, a forma como a atividade econômica objeto da sociedade é explorada, nos termos do já propalado art. 966 do CC. Desta forma, não procedem algumas orientações que surgiram após a edição do Novo Código Civil no sentido de que empresária seria a antiga sociedade civil, enquanto que a sociedade empresária seria a antiga sociedade comercial. Portanto, a letra a está incorreta. Letra b: Vamos simular uma situação em que uma sociedade simples formada por dois contadores, a partir de um determinado ponto, pode transformar-se em uma sociedade empresária em decorrência do surgimento posterior do chamado “elemento de empresa”. Dois contadores criaram uma sociedade simples para atuar de forma profissional na atividade de assessoria contábil. No início os clientes utilizavam os conhecimentos técnicos dos referidos sócios. A partir de determinado momento, em decorrência do aumento da clientela, contrataram estagiários e outros auxiliares. Com o passar do tempo o negócio foi evoluindo e o escritório, para atender a demanda, teve que contratar outros contadores e mais auxiliares. Diante desta nova realidade, e na hipótese dos sócios não mais participarem das atividades, atuando somente como administradores, gestores ou mesmo investidores no escritório sem assumir nenhuma responsabilidade técnica profissional prevista na Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������18� regulamentação da sua profissão, presente estaria o elemento de empresa. Nesse caso os clientes não mais tinham qualquer contato ou orientação dos sócios que fundaram o negócio, a maioria dos clientes nem mesmo os conhecem. Os sócios tornaram-se administradores de uma grande sociedade de prestação de serviços contábeis. Seus conhecimentos técnicos ou mesmo seus nomes não seriam mais referências que viessem gerar um diferencial relacionado a pessoalidade pelas suas qualidades como profissionais. Portanto, nesta sociedade está presente o elemento de empresa, haja vista que estão sendo articulados os fatores de produção na prestação de serviços. A sociedade, que no início era uma sociedade simples, tornou-se uma sociedade empresária do ramo de prestação de serviços contábeis. A distinção está justamente no cunho personalíssimo. Item b correto. O item c está incorreto também, uma vez que a colaboração de terceiros para a consecução da atividade não é elemento principal para a qualificação como empresa. O empresário pode exercer a atividade sem o concurso de auxiliares. A letra d está igualmente correta. Explique-se. O laboratório é atividade de caráter científico. Portanto, via, de regra, não será considerada empresária. A atividade é profissional, econômica, mas não necessariamente organizada. Entenda-se organizada por constituir elemento de empresa. Onde a figura do profissional não seja preponderante para o negócio. Por exemplo, talvez os clientes adquirirão seus serviços porque o grupo farmacêutico é muito conhecido e respeitado. É preponderante sua participação, o que descaracteriza o elemento de empresa. Por fim, a letra e também está incorreta. Vimos, na aula 0, que o registro é obrigação legal a todos os empresários imposta. Não obstante, um empresário que não o faça não deixará de sê-lo por este motivo. Encontrar-se-á, tão-somente, em situação irregular. Assim, uma sociedade limitada que explore a atividade de circulação de determinada mercadoria de forma organizada, será considerada empresária, devendo-se registar na Junta Comercial compentente. Se se registrar no Registro de Pessoas Jurídicas, não deixará de ser empresária, mas, estará me situação irregular. Neste sentido foi elaborada uma questãopela FCC, cujo teor é o seguinte... 11. (Procurador do Estado/SE/2005/FCC) Dois médicos constituíram uma sociedade, sob a forma limitada, para exercício conjunto da profissão em caráter não empresarial, e registraram-na na Junta Comercial. A sociedade não adquiriu personalidade jurídica, porque o registro é irregular, e os sócios são pessoalmente responsáveis pelas dívidas sociais. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������19� O registro, neste caso, é tido por irregular, uma vez que as atividades de caráter não-empresarial não são registradas na Junta Comercial, mas no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Haja vista que não há existência de pessoa jurídica, os sócios devem responder pessoalmente pelas dívidas contraídas. O item encontra-se correto, pois. 12. (ESAF/AFTE/RN/2005) Os requisitos previstos em lei para que as pessoas naturais sejam qualificadas como empresários destinam- se a a) garantir o cumprimento de obrigações contraídas no exercício de atividade profissional. b) impedir, em face do registro obrigatório, que incapazes venham a ser considerados empresários. c) facilitar a aplicação da teoria da aparência. d) por conta da inscrição no Registro de Empresas, servirem para dar conhecimento a terceiros sobre os exercentes da profissão. e) facilitar o controle dos exercentes de atividades empresariais. Comentários Amigos, cumprir os requisitos para qualificação como empresário significa responder pelos atos praticados no exercício da empresa. Eis o motivo de o Código arrolar a capacidade civil e o não impedimento como condições para o exercício da empresa. A alternativa a, por este motivo, encontra-se correta. O que dissemos aqui sobre a obrigatoriedade do registro? Vamos relembrar? O registro é obrigação legal a todos os empresários imposta. Não obstante, um empresário que não o faça não deixará de sê-lo por este motivo. Encontrar-se-á, tão-somente, em situação irregular. Portanto, erram as assertivas b e d ao classificarem o registro como requisito, quando podemos considerá- lo tão-somente como instrumento. A letra c também está incorreta. A teoria da aparência se manifesta quando, por exemplo, a lei atribui valor jurídico a determinados atos que, em princípio, não teriam validade, mas que devem ser considerados válidos para proteger a boa-fé e condução habitual dos negócios. Como exemplo clássico temos a aplicação da responsabilidade dos atos praticados por empresários impedidos, segundo o artigo 973 do Código Civil. Portanto, quando um empresário perfaz-se capaz e não impedido, não há que se falar em aplicação desta teoria, pelo que o gabarito da questão encontra-se igualmente incorreto. Ao fim, a letra e também se encontra incorreta. O requisitos previstos no Código Civil têm por escopo precípuo dar segurança jurídica aos atos praticados (como a celebração de um Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������20� contrato, a concessão de um empréstimo, etc) e não facilitar o controle dos exercentes de atividades empresariais. Ok? Fácil, não? Próxima! 13. (ESAF/AFTM/Fortaleza/2003) Em vista de uma denúncia anônima, foi descoberto que um funcionário público era titular de um estabelecimento comercial. Como conseqüência desse fato, a) os negócios por ele feitos eram nulos de pleno direito. b) não haveria qualquer penalidade, desde que ele não tivesse se valido do cargo para conseguir algum favor. c) independentemente de efeitos na esfera administrativa, suas obrigações manter-se-iam válidas. d) ele não poderia ter a falência decretada. e) sua falência seria decretada de pleno direito. Comentários Com espeque no artigo 972 do CC, podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. Já se falou que a atividade empresarial é exercida, como regra, por aqueles que estejam em pleno gozo da capacidade civil, aquisição que se dá aos 18 anos, quando a pessoa fica apta para todos os atos da vida civil. Veda-se, dessa forma, o exercício da atividade empresarial aos absolutamente e relativamente incapazes (ressalvada a continuidade do negócio quando adquirido como herança ou em caso de incapacidade superveniente). Sobre o impedimento, há uma série de pessoas que estão impedidas de exercer a atividade empresarial, como os militares, juízes, servidores públicos federais. A proibição vige para que os impedidos não figurem como empresário individual. A depender do permissivo legal, poderão figurar como sócio de sociedade empresária, uma vez que neste caso não estão (os impedidos) atuando em nome próprio. Citemos a Lei 8.112/90 (Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União): Art. 117. Ao servidor é proibido: X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008). Assim, a qualidade de acionista, cotista, comanditário é perfeitamente compatível com a condição de servidor público, por Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������21� exemplo, não podendo exercer, contudo, funções de gerência ou administração. Mas e se esse servidor público, mesmo impedido de exercer a atividade empresarial, o fizer? Neste caso, o Código Civil estabeleceu que se a pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas (CC, art. 973). Assim, por conta da teoria da aparência, devem ser mantidos os efeitos das relações pelo servidor público praticadas, sem prejuízos das sanções que lhe sejam cominadas na esfera administrativa. O gabarito da questão, portanto, é a letra c. Sobre a falência, deixaremos pra abordar o assunto em aula própria. 3. Direito societário: teoria geral das sociedades; conceito de sociedade; sociedade simples e sociedade empresária; sociedade personificada e sociedade não personificada. 3.1. Sociedades não personificadas: sociedade em comum e sociedade em conta de participação. Terminada o item 2 do edital, passem adiante? 14. (FGV/Auditor/TCM RJ/2008) A personalidade jurídica das sociedades se inicia com a sua constituição e início das atividades. Comentários De acordo com o artigo 985 do Código Civil: Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos. Ok? Nesta parte não tem muito a inventar. Gabarito Correto. Uma ressalva, Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária. Personalidade�Juríd.� Inscrição�no�Registro� Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������22� O entendimento desse artigo 1.150 é o que se segue: Esse tema foi objeto de cobrança no concurso para Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro (FGV/2008-2) da seguinte forma: “Os atos constitutivos da sociedade são sempre arquivados na Junta Comercial”. Fácilperceber agora que o gabarito da questão é falso. Se a sociedade simples obedecer ao regime próprio que lhe fora previsto no Código Civil, o registro será nos moldes estabelecidos para os cartórios de pessoas civis. Caso a sociedade simples opte por uma das outras formas que lhe são possíveis (sociedade limitada, sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples), o Registro Civil obedecerá aos ritos previstos para inscrição dessas sociedades na Junta Comercial. O registro, todavia, continua sendo feito do Registro Civil. Só isso! Tudo bem? Levem para a prova o artigo 985 e o 1.150, com o entendimento aqui explanado. Certo? 15. (DPE SP/2006/FCC) De acordo com o Código Civil, a sociedade estrangeira não precisa de autorização governamental para operar no Brasil. Comentários Com espeque no artigo 1.134 do CC: A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no país, ainda que por estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionistas de sociedade anônima brasileira. O gabarito da questão é incorreto. 16. (DPE SP/2006/FCC) De acordo com o Código Civil, a sociedade em conta de participação é uma sociedade não personificada, que independe de qualquer formalidade e é formada com duas modalidades de sócios: o ostensivo e os participantes. Comentários Soc.�Empresária� Registro�no�Cartório�de�Pessoas�Civis�Soc.�Simples� Registro�na�Junta�Comercial� Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������23� Inicialmente, o concurseiro deve saber que existem dois tipos de sociedades não personificadas. São elas: a) Sociedade em Comum (Art. 986 e 990, CC) e b) Sociedade em Conta de Participação (Art. 991 a 996, CC). Estudaremos mais adiante a sociedade em comum. A Sociedade em Conta de participação, também conhecida como Sociedade Secreta, não possui personalidade jurídica, patrimônio, tampouco nome empresarial. Trata-se, segundo parte da doutrina, de mero contrato de investimento, em que alguns sócios exercem a atividade empresarial e os outros participam dos resultados obtidos. Porém, para concursos, devemos considerá-la como sociedade (até mesmo por que o próprio Código assim dispôs). Só com o exposto, já “matamos” muitas questões em provas, como esta apresentada pela FGV no concurso para Auditor do TCM RJ/2008, segundo a qual: “A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação”. Ora, se se trata de sociedade secreta, qual seria a finalidade de um nome empresaria (firma ou denominação)? Neste sentido, vamos ao teor do art. 1.162 do CC: A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação. Na SCP, existem duas espécies de sócios: a) ostensivo, quem opera o negócio frente a terceiros, assumindo responsabilidade ilimitada pelas obrigações contraídas, não havendo que se falar sequer em subsidiariedade, face à falta de personalidade jurídica e de patrimônio da Sociedade; e, b) participante, também chamado de sócio oculto, não aparece nas relações desenvolvidas com terceiros, sendo mero prestador de capital, respondendo na forma estipulada em contrato (e apenas frente ao ostensivo). Assim, imagine-se uma sociedade limitada, que atua no ramo de comercialização de tênis para corrida e atravessa uma grave crise financeira, necessitando urgentemente de recursos, mas que tem encontrado dificuldades insuperáveis de tomar empréstimo junto a instituições financeiras; noutro pólo, imagine-se um grupo de quatro investidores que têm um grande capital disponível e que Sócio�da�SCP� Ostensivo:�opera�frente�a�terceiros,� responsabilidade�ilimitada� Participante:�sócio�oculto,�mero�prestador�de� capital,�interessado�nos�lucros� Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������24� está disposto a investir no setor produtivo, muito embora não tenha qualquer conhecimento sobre o mercado de tênis. Como, então, os investidores poderiam aplicar seu capital, de forma segura, nesta empresa, cuja rentabilidade eles acreditam? A formação de uma sociedade em conta de participação é uma alternativa bastante viável. Neste caso, a sociedade limitada seria o sócio ostensivo, enquanto que os investidores seriam os sócios participantes. Ok? Vamos ao que diz o CC: Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes. Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social. Art. 992. A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito. A questão, portanto, está correta. Ok? Que tal uma questão recente aplicada pela ESAF há pouco? 17. (ESAF/AFRFB/2009) A sociedade em conta de participação é uma pessoa jurídica. Comentários Já vimos que a sociedade em conta de participação, dado o seu caráter secreto, não se registra na Junta Comercial, não possuindo, também, personalidade jurídica. De acordo com o Código Civil: Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. Portanto, A SCP é despida de personalidade jurídica! Esse mesmo item foi cobrado no concurso para Defensor Público da União em 2007, como se vê (questão incorreta): (CESPE/Defensor Público da União/2007) Os sócios de certa sociedade em conta de participação lavraram o seu ato constitutivo em janeiro de 2007, mas o referido instrumento foi levado a registro Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������25� apenas após cerca de seis meses. Nessa situação, a sociedade somente passou a ter personalidade jurídica no momento da inscrição de seu contrato social no registro público de empresas mercantis. 18. (Inspetor Prefeitura de São Paulo/1999/FCC) A sociedade em conta de participação tem por característica peculiar, que a diferencia de todos os outros tipos societários, o fato de somente poder ser constituída por pessoas físicas. Comentários Não há óbice a que os sócios nas Sociedades em Conta de Participação, quer ostensivos, quer participantes, sejam pessoas físicas ou jurídicas. Gabarito å Incorreto. 19. (Promotor MP/SP/2008) Na _______ , a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes. Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna. a) sociedade em conta de participação b) sociedade em nome coletivo c) sociedade cooperativa d) sociedade em comandita simples e) sociedade em comum Comentários Dissemos que, na SCP, existem duas espécies de sócios: a) ostensivo, quem opera o negócio frente a terceiros, assumindo responsabilidade ilimitada pelas obrigações contraídas; e, b) participante, também chamado de sócio oculto, não aparece nas relações desenvolvidas com terceiros, sendo mero prestador de capital, respondendo na forma estipulada em contrato (eapenas frente ao ostensivo). Sócio�da�SCP� Ostensivo:�opera�frente�a�terceiros,� responsabilidade�ilimitada� Participante:�sócio�oculto,�mero�prestador�de� capital,�interessado�nos�lucros� Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������26� A FGV não cansa de cobrar este assunto, como vemos a seguir (a questão a seguir foi cobrada com o mesmo teor no Juiz de Direito de MG e do MS, pela banca): 20. (FGV/Juiz de Direito/TJ MG/2008) Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio-ostensivo. Com base no que já estudamos, sabemos que o item está correto. 21. (Juiz do Trabalho/TRT 14/2008) Na sociedade em conta de participação, a falência do sócio ostensivo não acarreta a dissolução da sociedade. Comentários Na sociedade em conta de participação não há falência da sociedade, pois, juridicamente falando, não há sociedade personalizada, e, sim, uma sociedade de fato, constituida sob a égide do "boca a boca" ou de contratos de gaveta. Importante salientar que mesmo que a conta de participação tenha registro na Junta Comercial ou no Cartório (o que pode ocorrer apenas para melhor assegurar os interesses dos contratantes), ela NÂO adquire CNPJ e, portanto, nem personalidade jurídica, não sendo passível de falir. Ademais, via de regra, a falência é requerida pelo credor, e como pode um credor requerer falência de uma sociedade que ele nem sabe que existe? A conta de participação não existe para terceiros, somente para os sócios (sócio(s) ostensivo(s) e oculto(s)). Assim, nas SCPs falem os seus sócios, sejam os ostensivos, sejam os participantes. O Código Civil assim dispõe sobre a falência dos sócios: Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais. § 1o A especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios. § 2o A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������27� § 3o Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas que regulam os efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido. O item, portanto, está incorreto. Vejamos mais uma questão do CESPE sobre o assunto... 22. (CESPE/OAB/DF/2006) Quanto à falência do sócio ostensivo na Sociedade em Conta de Participação, é correto afirmar não importa na dissolução da sociedade, em razão da função social desta. Com base no exposto, concluímos que o item está incorreto, uma vez que a falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade. O sócio participante, neste caso, passará a ser credor do sócio ostensivo, participando na falência, sendo seu crédito classificado como crédito quirografário. 23. (CESPE/Prefeitura Municipal de Rio Branco/AFTM/ 2007) Na sociedade em conta de participação, o contrato social produz efeitos somente entre os sócios; além disso, a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. Comentários É este o exato teor do artigo 993 do Código Civil: Art. 93. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. Item correto. Falemos agora sobre as sociedades em comum... 24. (CESPE/OAB 2009.1) Na sociedade em comum, todos os sócios respondem limitadamente pelas obrigações da sociedade; assim, todos os sócios podem valer-se do benefício de ordem a que os sócios da sociedade simples fazem jus. Comentários O artigo 1.024 do Código Civil dispõe que responde pelas obrigações sociais o patrimônio da própria sociedade (art. 1.024 do Novo Código Civil), dada a autonomia patrimonial inerente às pessoas jurídicas. Todavia, no caso de insuficiência desse Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������28� patrimônio, os sócios podem ser chamados a responder subsidiariamente com o seu patrimônio pessoal. Vejam o teor do artigo em comento: Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais. A sociedade em comum é aquela que não inscreveu seus atos constitutivos na Junta Comercial. É, por esse motivo, despida de personalidade jurídica. A responsabilidade dos sócios neste tipo de sociedade é ilimitada e direta, não havendo que se falar em execução dos bens sociais a priori, uma vez que sequer há formação desta sociedade formalmente. Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade. Esses são os principais aspectos cobrados quando o assunto é sociedade em comum. Gabarito, portanto, incorreto. 25. (ESAF/Analista Jurídico/Sefaz/CE/2007) A sociedade em comum é um tipo de organização que a) pode ser analisada como sociedade de fato. b) não define um centro de imputação autônomo. c) permite o início da atividade a partir da celebração do contrato societário. d) facilita contatos entre a sociedade e terceiros no período necessário para registro do instrumento contratual. e) pode persistir no tempo conforme vontade dos interessados. Comentários As sociedades em comum podem ser divididas em a) sociedades irregulares: possuem um ato constitutivo, embora não registrado; b) sociedades de fato: não possuem contrato ou estatuto social. Enquanto não estiverem devidamente registradas no Registro Público de Empresas Mercantis, as sociedades recém constituídas serão regidas pelas regras aplicáveis às sociedades em comum. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������29� Ressalve-se, contudo, as sociedades por ações, que, mesmo sem o estatuto social arquivado, serão regidas pelas disposições da Lei 6.404/1976. Por este motivo a ESAF considerou a letra a incorreto. Embora entendamos que o verbo PODER torna a questão correta. Da personalização da sociedade decorrem algumas características. Dentre elas: capacidade patrimonial (o patrimônio da pj não se confunde com de seus sócios), capacidade negocial, capacidade judicial, proteção ao nome e ao título, proteção ao ponto, registros e patentes junto ao INPI. Todavia, se a sociedade em comum destaca-se entre aquelas que não possuem personalidade jurídica, como falar em atribuição das características retro a elas? Exatamente! Não há. Por este motivo a questão asseverou que a sociedade em comum é um tipo de organização que não define um centro de imputação autônomo, ou seja, distinto de seus sócios. Item b correto. A letra c também está incorreta, considerando a classificação das sociedades em comum em sociedades irregulares e sociedades de fato. Como visto, as sociedades de fato não possuem ato constitutivo formalizado, tanto que os terceiros podem prová-la de qualquer modo, como se constata no Código Civil: Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-lade qualquer modo. Explique-se. Caso determinado sócio demande direito seu em relação a outros sócios ou mesmo terceiros, só poderá fazê- lo mediante apresentação de prova documental. Todavia, um terceiro, por exemplo, o credor de uma sociedade em comum, poderá fazê-lo de qualquer modo admitido em direito, como a apresentação de testemunhas, de cartas comerciais, de um documento assinado pelos sócios. O início das atividades da sociedade em comum independe de formalização de contrato. As letras d e e também não respondem adequadamente o comando do enunciado, uma vez que o fim maior das sociedades em comum é resguardar as relações jurídicas praticadas por sócios deste tipo. Vejam que essas questões da ESAF envolvem um alto grau de subjetivismo e interpretação. Entretanto, as últimas provas realizadas (como o AFT e AFRFB) parecem demonstrar uma nova tendência, cobrando mais literalidade do Código Civil. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������30� 26. (CESPE/TJ SE/Juiz Substituto/2008) Por não ter personalidade jurídica, a sociedade em comum não tem capacidade processual e não se sujeita ao processo falimentar. Comentários Não vamos entrar em muitos detalhes agora, o que cai é o seguinte: Quanto à capacidade processual da sociedade em comum, deve o candidato esclarecer que esta não existirá quando a sociedade for pólo ativo da demanda, porém haverá em caso de figurar como pólo passivo, inclusive para o requerimento de sua falência. Ok? O item está incorreto. Vejamos, também, como a VUNESP cobrou este assunto há muitos anos (item incorreto): 27. (Vunesp/Procurador/PM/Ribeirão Preto/SP/2004) Quanto à sociedade em comum, é correto afirmar que possui legitimidade ativa para o pedido de falência de seus devedores. 28. (CESPE/OAB/2007) Acerca da sociedade em comum, assinale a opção correta. a) Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem aquele que contratou pela sociedade. b) O regime da sociedade em comum aplica-se também às sociedades por ações em organização. c) A sociedade em comum é uma espécie societária personificada. d) Os bens e as dívidas da sociedade em comum constituem patrimônio especial, administrado e titularizado pelo sócio administrador. Comentários Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade. Art. 1.024 Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais. A letra a está correta. Este artigo 990 é o assunto mais cobrado quando o assunto é sociedade em comum. Como estamos aqui para “matar” questões, respondamos a questão a seguir: Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������31� (CESPE/Delegado de Polícia Federal/2004) Determinada sociedade em comum, formada por A, B e C, contraiu dívidas que não foram suportadas por seu patrimônio. Os sócios A e B não dispunham de recursos ou bens que pudessem saldar as referidas dívidas. Nessa situação, C responderá solidária e ilimitadamente, com seus bens pessoais, pelas dívidas da sociedade. Ora, ficou fácil perceber que o item acima está correto, com base no 990 do CC, não é? Ótimo. A letra b está incorreta. Enquanto não registrados os atos constitutivos, o contrato de sociedade será regido pelos Artigos 986 a 990, e, no que for compatível, será regido pelas normas da sociedade simples previstas nos Artigos 997 a 1.038, exceto quando se tratar de sociedade por ações em organização, que será disciplinada por lei especial nos termos do Artigo 1.089 (todos do Código Civil). Vimos, inúmeras vezes, que a sociedade em comum não possui personalidade jurrídica (letra c incorreta). A letra d também está incorreta, uma vez que o Código Civil prescreve que: Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum. Sociedades Simples 29. (ISS SP/2007/FCC) A sociedade personificada, própria de atividades empresariais e em que todos os sócios são solidariamente e ilimitadamente responsáveis pelas dívidas sociais é denominada sociedade simples. Comentários As sociedades simples devem ser registradas no Cartório de Pessoas Jurídicas do local da sede. A espécie de nome empresarial utilizado é a denominação – não se baseando em nome civil, mas, sim, em nome fantasia – acrescida da expressão S/S. O Capital Social pode ser formado através da contribuição em bens, dinheiro ou prestação de serviços. As sociedades simples não exploram atividade empresarial, não exploram seu objeto profissionalmente, organizando os fatores de produção (exemplo: sociedade de advogados). Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������32� Importante: Quando da contratação de uma sociedade simples, os sócios possuem a faculdade de escolher se assumirão, ou não, responsabilidade subsidiária pelas dívidas contraídas em nome da sociedade. Portanto, o gabarito está incorreto. 30. (CESPE/OAB 2009.1) A sociedade simples não possui personalidade jurídica, sendo desnecessária a inscrição do seu contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede. Comentários O item está incorreto. Segundo o artigo 998 do Código Civil: Nos trinta dias subseqüentes à sua constituição, a sociedade deverá requerer a inscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede. Dessa forma, a SS possui, sim, personalidade jurídica. Uma outra questão muito boa da Fundação Carlos Chagas. 31. (OAB/SP/2005/FCC) O sócio de uma sociedade simples que ceder suas quotas responde, por dois anos, depois de averbada a modificação do contrato, solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio. Comentários Nas Sociedades Simples é possível a cessão das cotas sociais, desde que haja concordância dos demais sócios e que seja averbado o respectivo registro. Assim, para que um sócio de uma Sociedade Simples da área ceda sua parte do capital social a outro sócio precisará da anuência dos demais, além do registro no Cartório de Pessoas Civis. Ademais, responderá por dois anos, frente à sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha à época como sócio. Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente modificação do contrato social com o consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a estes e à sociedade. Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������33� Item correto. 32. (CESPE/TJ SE/Juiz Substituto/2008) É imprescindível o consentimento de todos os sócios quando da modificação das cláusulas do contrato social de sociedade simples que envolva matéria atinente à participação dos mesmos nos lucros da sociedade. Comentários Segundo disposição do artigo 997 do Código Civil: Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, alémde cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições; VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais. Art. 999. As modificações do contrato social, que tenham por objeto matéria indicada no art. 997, dependem do consentimento de todos os sócios; as demais podem ser decididas por maioria absoluta de votos, se o contrato não determinar a necessidade de deliberação unânime. Cessão�de�capital�de�uma� sociedade�simples Depende�de�anuência�dos�demais� sócios�e�de�averbação� Cedente�responde�com�cessionário� pelo�prazo�de�2�anos� Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������34� O item, portanto, está correto. 33. (ESAF/AFT/2006) A sociedade simples, regida pelas disposições do art. 997 e seguintes do Código Civil - Lei n. 10.406/02 - caracteriza-se por permitir combinar sócios que contribuem serviços com os que aportam capitais. Comentários A sociedade simples pode contar com sócio que contribua apenas com serviços (diferentemente das sociedades limitadas, onde é vedada a contribuição apenas com serviços), como se extrai do artigo 997 Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços. O gabarito da questão, portanto, está correto. Passemos a uma questão prática e igualmente interessante sobre as sociedades simples... 34. (Juiz Susbtituto TRT-RO/ 2005/FCC) Em uma sociedade simples formada por três sócios que subscrevem cotas iguais de R$ 1.000,00 (mil reais), e que, não possuindo mais patrimônio próprio, assume uma dívida de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), o patrimônio pessoal de cada um dos sócios responde em caráter subsidiário pela dívida da sociedade, observada a proporcionalidade de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para cada um, salvo cláusula de responsabilidade solidária. Comentários Esta é a inteligência do artigo 1.023 do codex: Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de responsabilidade solidária. Portanto, teremos a seguinte situação: 1) Os bens da sociedade são suficientes para pagamento das dívidas? Sim? Ok! Tudo resolvido (CC, art. 1.024). 2) Acabaram os bens da sociedade e ainda perduram dívidas. O que fazer? Aplica-se o artigo 1.023. Como cada sócio subscreveu uma Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������35� cota de R$ 1.000,00, todos participam de forma igual das perdas e ganhos sociais. Assim, a dívida de R$ 30.000,00 deverá ser dividida entre os três, constituindo-se três frações no valor de R$ 10.000,00. O item está correto. 35. (ESAF/AFT/2006) A sociedade simples, regida pelas disposições do art. 997 e seguintes do Código Civil - Lei n. 10.406/02 - caracteriza-se por garantir a todos os sócios participação nas deliberações sociais. Comentários Salvo quando a lei exigir a unanimidade, as deliberações serão tomadas por maioria dos votos, contados segundo o valor das quotas de cada um. Ora, o sócio de serviços não possui quotas de capital, logo não participa das decisões quando o Código se contenta com a maioria absoluta do capital (art. 1.010 do NCC). O item está incorreto. 36. (MPE AP/2006/FCC) Dissolve-se a sociedade por deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo determinado. Comentários A dissolução não somente possui a propriedade de desmanchar ou romper todo vínculo jurídico que unia as coisas ou pessoas, anteriormente, como desobriga, pela extinção, todas as pessoas envoltas no ato ou no contrato dos compromissos, que possam vir, desde que não tenham qualquer dependência com a situação desfeita, pela ruptura, que a dissolução ocasiona. A dissolução de uma sociedade simples pode ocorrer em duas searas: a) judicial; e b) extrajudicial. As causas extrajudiciais são as previstas no artigo 1.033 do Código. Já as judiciais vêm logo em seguida, arroladas no artigo 1.034. Nas sociedades de prazo determinado, para que haja dissolução é necessário consenso unânime dos sócios. Nas de prazo indeterminado é imprescindível o voto da maioria absoluta dos sócios (CC, art. 1.033, II e III). O item, portanto, está incorreto. Dissolução� Sociedades� Simples� Sociedade�prazo� determinado� �Consenso� unânime� Sociedade�prazo� indeterminado� � Maioria�absoluta� Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������36� Levem, na medida do possível, o texto legal para a prova: Dissolução Extrajudicial Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado; II - o consenso unânime dos sócios; III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; Vejam uma questão interessante sobre a pluralidade de sócios: (CESPE/Defensor Público-CE/2008) Considere que José e João sejam os únicos sócios da empresa MT Produtos e Serviços de Informática Ltda. e que, em razão da quebra da affectio societatis, José tenha decidido se retirar da sociedade. Nesse caso, a falta de pluralidade de sócios, se não for reconstituída no prazo de 180 dias, acarretará a dissolução da MT Produtos e Serviços de Informática Ltda. (Fácil inferir agora que o gabarito está correto). V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. Dissolução Judicial Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer dos sócios, quando: I - anulada a sua constituição; II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexeqüibilidade. 37. (ESAF/MTE/AFT/2003) Ao instituir a sociedade simples, o Novo Código Civil a) adotou uma forma societária de estrutura menos complexa, própria para a microempresa. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br���������������������������������������������������37� b) determinou que ela não pode ter filiais ou agências. c) estabeleceu que o excesso de poderes dos administradores pode ser oposto contra terceiro, provando-se que a limitação era conhecida deste. d) permitiu que os poderes conferidos aos administradores pelo contrato social, poderão ser alterados por voto de dois terços dos sócios. e) impediu que os bens particulares dos sócios possam ser executados por dívidas sociais, exceto os créditos trabalhistas e fiscais.�
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