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UM ESTUDO SOBRE A ESTRUTURA DOS TIPOS TEXTUAIS

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UM ESTUDO SOBRE A ESTRUTURA DOS TIPOS TEXTUAIS
Bianca Tereza da Silva Alves
RESUMO:Neste breve artigo analiso os tipos textuais. Tenho por objetivo verificar como se estruturam os tipos textuais na escrita, ponderando a forma que é usada e qual a finalidade que eles trazem para o texto. Para ficar mais claro o entendimento do artigo, lanço base, como referência teórica os estudos do doutor na área de Linguística, Luiz Antonio Marcuschi. A metodologia utilizada foi de uma pesquisa bibliográfica, onde foram escolhidos também alguns exemplos para expor cada tipo textual. Posso concluir que a estrutura dos tipos textuais na escrita trás elementos que tronam mais fácil a sua caracterização, fazendo com que ele seja de forma mais simples para o entendimento do leitor.
PALAVRAS-CHAVE:Gêneros textuais. Tipos textuais. Linguística.
1. Introdução
O presente artigo busca apresentar como se estruturam os tipos textuais na categoria que são ditos pertencentes. Este trabalho foi produzido com a hipótese de como os efeitos do tipo textual utilizado pelo autor pode causar no resultado final do texto. Para fazer este estudo lanço como justificativa o preceito de como o tipo textual pode trazer melhor compreensão ao texto.Tenho por objetivo verificar como se estruturam os tipos textuais na escrita.
Nos estudos linguísticos sobre o português temos vários autores que fazem estudos sobre o gênero textual, no presente artigo será usado de base teórica os estudos do professor Luiz Antônio Marcuschi, em que o autor dialoga com diversos outros autores. 
Marcuschi (2006, p.23) observa que “é inegável que a reflexão sobre gênero textual é hoje tão relevantequanto necessária, tendo em vista ser ele tão antigo como a linguagem, já que vem essencialmente envolto em linguagem”, devemos olhar para os gêneros como formas que se adaptam e renovam, tendo em vista que estão em constantes transformações, uma vez que são entidades dinâmicas.
Como assegurou Bronckart (1999:103) apud Marcuschi (2008, p.154), “a apropriação dos gêneros é um mecanismo fundamental de socialização, de inserção pratica nas atividades comunicativas humanas”, ou seja, mesmo que não notemos estamos utilizando os gêneros no nosso cotidiano.
2. Referencial Teórico
2.1. Gêneros Textuais
O estudo sobre os gêneros começou com Platão e Aristóteles, mas limitava-se, sobretudo à Literatura. Hoje eles estendem-se por todo tipo de texto, comunicação e seus gêneros, como explana Marcuschi:
A expressão “gênero” esteve, na tradição ocidental, especialmente ligada aos gêneros literários, cuja analise se inicia com Platão para se firmar com Aristóteles, passando por Horacio e Quintiliano, pela Idade Media, o Renascimento e a Modernidade, ate os primórdios do século XX. Atualmente, a noção de gênero já não mais se vincula apenas a literatura, como lembra Swales (1990:33), ao dizer que “hoje, gênero é facilmente usado para referir uma categoria distintiva de discurso de qualquer tipo, falado ou escrito com ou sem aspirações literárias”.(MARCUSCHI, 2008, p.147).
Para Aristóteles, existem três elementos que compõem o discurso: aquele que fala, aquilo sobre o que se fala e aquele a quem se fala; em seguida há três tipos ouvintes que operam o discurso: o espectador que olha o presente, a assembleia que olha para o futuro e o juiz que julga sobre as coisas passadas; e por fim há três gêneros de discurso retórico que são associados respectivamente com os ouvinte: o discurso demonstrativo (tem caráter de elogio ou censura), o discurso deliberativo(tem caráter de aconselhar ou desaconselhar) e o discurso judiciário (tem caráter de acusar ou defender). Essa estrutura de Aristóteles leva em conta a forma, o tempo e a função, tendo uma teoria mais sistemática sobre os gêneros.
De acordo com Marcuschi (2002, p.22/23) o gênero textual é “uma noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica”.
Os gêneros textuais não podem ser numerados, visto que variam muito e adaptam-se às necessidades dos falantes. Entre as características dos gêneros textuais estão à apresentação de tipos estáveis de enunciados, além de estruturas e conteúdos temáticos que facilitam sua definição.São utilizados todas as vezes que os falantes estão inseridos em alguma situação comunicativa. Ainda que inconscientemente, selecionamos um gênero que melhor se adapta àquilo que desejamos transmitir aos nossos interlocutores, sempre com a intenção de sobre ele obter algum efeito. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, bilhete, lista de compras, reportagem, cardápio de restaurante, romance, sermão, carta pessoal, resenha, conversação espontânea, aulas virtuais e entre outros.
Os gêneros podem sofrer modificações ao longo do tempo, embora muitas vezes preservem características preponderantes. Como exemplo dessa mudança, temos a carta, que depois dachegada da tecnologia foi transformada no e-mail. Cada gênero textual possui seu próprio estilo e estrutura, possibilitando, assim, que nós o identifiquemos através de suas características.
2.2. Tipos Textuais
Para Marcuschi (2002, p.22) o tipo textual é “para designar uma espécie de construção teórica definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas)”,por isso, um tipo textual é dado por um conjunto de traços que formam uma sequência e não um texto.
De acordo com Silveira (2005, p.40) os tipos textuais “são formas linguísticas convencionais de que o falante dispõe na língua quando quer organizar o discurso”.
Cada uma das classificações varia de acordo como o texto se apresenta e com a finalidade para o qual foi escrito.Por isso, um tipo textual é dado por um conjunto de traços que formam uma sequência e não um texto. Cada texto possuiu uma linguagem e estrutura; note que existem inúmeros gêneros textuais dentro das categorias tipológicas de texto. 
Como tipos de gêneros textuais têm o narrativo, o descritivo, o expositivo/dissertativo, o argumentativo e o injuntivo. De acordo com Dias (2012, p.6) podemos notar “que a flexibilidade encontrada nos gêneros não faz parte da categoria dos tipos, sendo que os gêneros abrangem uma quantidade muito maior e são quase incontáveis”.
3. Metodologia
Para o corpus desse trabalho foram selecionados exemplos de cada tipo textual para uma analise de como é a sua estrutura na escrita. Os exemplos foram coletados de forma aleatória em sites e blogs. 
3.1. Narrativo
Os textos narrativos apresentam ações de personagens no tempo e no espaço. Sua estrutura é dividida em: apresentação, desenvolvimento,personagem, tempo, clímax e desfecho.A sua escrita é em prosa ou verso. 
Tem-se como exemplos: os contos de fadas; a fábula; a lenda; a narrativa de ficção científica; o romance; o conto; a piada e etc.
A seguir como exemplo, segue a fábula “O cavalo e o burro”:
Fonte: https://www.todamateria.com.br/texto-narrativo/
Nesta fábula, pode-se observar uma escrita em prosa. Na sua estrutura tem: o ambiente é a estrada que eles estão percorrendo; as personagens são o cavalo, o burro, o papagaio e os tropeiros; o clímax se da quando o burro falece; o desfecho é quando o cavalo tem que carregar todo o peso que o burro levava, alem dos que já carregava. Tem-se ainda como conclusão, uma lição de moral, que nos fala que não devemos ser egoístas, pois se ajudarmos os outros, estaremos nos ajudando.
3.2. Descritivo
Os textos descritivos relatam e expõe determinada pessoa, objeto, lugar, acontecimento. Dessa forma, são textos repletos de adjetivos os quais descrevem ou apresentam representações a partir das percepções sensoriais do locutor. A sua estrutura é de ordem cronológica, relatando um individuo ou objeto, com verbos no presente ou pretérito.
Apresenta como exemplos:o relato de viagem; o diário; a autobiografia; ocurriculum vitae; a notícia; a biografia; o relato histórico e entre outros.
A seguir como exemplo, segue uma curta biografia da escritora Ruth Rocha:
Fonte: http://www.professorasnaweb.com/2014/11/textos-de-biografia-para-ler-em-sala-de.html
Nesta curta biografia pode-se analisar que tem mais ênfase quando a Ruth Rochacomeçou a escrever e assim por diante.Apresenta uma ordem cronológica dos fatos.Contém verbos no pretérito, como por exemplo, nasceu, participou, foi e publicou. Mostra alguns adjetivos, como por exemplo, infância alegre e repleta de livro e gibis.
3.3. Expositivo/ Dissertativo	
Os textos expositivos possuem a função de mostrar determinada ideia, por meio de recursos como: definição, conceituação, informação, descrição e comparação.É um tipo destinado a consulta. Faz com que o leitor identifique facilmente o tema central do texto. 
Exibe como exemplos:o texto expositivo; o seminário; a conferência; a palestra; a entrevista de especialista; o texto explicativo; o relatório científico;os verbetes de dicionário; a enciclopédia e etc.
A seguir como exemplo, segue um verbete de dicionário:
Fonte: http://emefbartolomeucampos.blogspot.com.br/2015/12/atividade-4-8-anos.html
Neste exemplo de verbete de dicionário, pode-se ver que te uma descrição objetiva.Conceitua uma palavra da língua portuguesa, dando algumas definições para a mesma. Tem fácil compreensão por parte do leitor.
3.4. Argumentativo
Os textos argumentativos são aqueles encarregados de expor um tema ou assunto por meio de argumentações; são marcados pela defesa de um ponto de vista, ao mesmo tempo em que tenta persuadir o leitor. Sua estrutura textual é dividida em três partes: apresentação, desenvolvimento e conclusão.
Mostra como exemplos: o texto de opinião; a carta de leitor; a carta de solicitação; o editorial; o ensaio; as resenhas críticas;a monografia; a dissertação de mestrado; a tese de doutorado e etc.
A seguir como exemplo, segue uma carta de leitor:
Fonte:http://escolaantoniomatos.blogspot.com.br/2015/08/genero-textual-carta-do-leitor-genero.html
Nesta carta de leitor, se caracteriza por ter um remetente, quem escreve e o destinatário, para quem é enviado. O seu objetivo é fazer uma descrição de como esta o transporte metroviário e os seus arredores, fazendo uma ressalva para que o governador desse uma volta e visse o estado caótico com que o transporte opera.
3.5. Injuntivo
O texto injuntivo, também chamado de texto instrucional, é aquele que indica uma ordem, de modo que o locutor objetiva orientar e persuadir o interlocutor; por isso, apresentam, na maioria dos casos, verbos no imperativo. Seu objetivo é instruir o leitor.
Expõe como exemplos:a receita; as instruções de uso; o regulamento; os textos prescritivos; a bula de remédio e entre outros.
A seguir como exemplo, segue uma receita culinária:
Fonte: http://studiodalu.com.br/2011/07/07/caderno-de-receitas-11/
Nesta receita culinária, o texto vem com instruções de como fazer um bolo, trazendo a descrição dos ingredientes, bem como a quantidade que deve ser usada. Sua estrutura se da pelos ingredientes e o modo de preparo. Os verbos são apresentados no modo imperativo indicando uma ordemao leitor. Por vezes pode vir com dicas de acompanhamento ou de substituições dos ingredientes.
4. Considerações Finais
Com esse trabalho posso compreender que os tipos textuais podem vir normalmente interligados no texto, sendo que um tipo se sobressai entre os outros. Nos tipos textuais analisados, juntamente com os exemplos dados, eles se mostram de acordo com o que é proposto nos estudos de Marcuschi, onde compreendo que a sua estrutura é devidamente dinâmica. 
Contudo posso notar como é importante fazer as distinções de gênero textual e tipo textual para a área de linguística, tendo em vista que todos os textos se manifestam sempre num ou outro gênero textual, sejam eles orais ou escritos. Um maior conhecimento do funcionamento dos gêneros textuais é importante tanto para a produção textual como para a compreensão. 
Conclui-se que, mesmo seo texto for curto ou extenso é possível distinguir um tipo textual predominante, e as possibilidades de mudança, crescimento e inovação parecem abrangentes, pois é possível que ao longo do tempo possam ter mudanças que podem trazer diversos resultados.
5. Referências
BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. 4ed. São Paulo: Martins Fontes,
2003.
DIAS, Laice Raquel. Gêneros Textuais para a Produção de Textos Escritos no Livro Didático. Anais do SIELP. Volume 2, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2012. ISSN 2237-8758. Disponível em:<http://www.ileel.ufu.br/anaisdosielp/wp-content/uploads/2014/07/volume_2_artigo_166.pdf>. Acesso em 18 Jan. 2017.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros Textuais: Definição e funcionalidade. In:
DIONÍSIO, Ângela P.; BEZERRA. M. Auxiliadora. Gêneros textuais e ensino. 2a ed.Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. cap. 1, p.19-36. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1209000/mod_resource/content/1/02%20MARCUSCHI%20G%C3%AAneros%20textuais.pdf>. Acesso em 18 Jan. 2017.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e circulação.In: Karwoski, Acir et al. (Org.). Gêneros textuais: reflexões e ensino. 2.ed. ver. E ampliada. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
SILVA, Jane Quintiliano Guimarães. Gênero discursivo e tipo textual. Scripta, [S.l.], v. 2, n. 4, p. 87-106, 1999. ISSN 2358-3428. Disponível em: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/scripta/article/view/10278>. Acesso em: 19 Jan. 2017.
SILVEIRA, Maria Inez Matoso. A análise de gênero textual: concepção sócio-retórica. Maceió: Edufal, 2005. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=cIOBQLZR4SwC&oi=fnd&pg=PA9&dq=g%C3%AAnero+textual&ots=fZq_4SBZ5d&sig=jmIlhsmki4WQxxdFUWugrM8rJbk#v=onepage&q=g%C3%AAnero%20textual&f=false>. Acesso em: 20 Jan. 2017.

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