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ESCOLA SÓCIO-TÉCNICA INTRODUÇÃO Mudança de contexto: maior competitividade industrial, avanço tecnológico constante, insatisfação da mão-de- obra (greves, conflitos etc). Segundo Valle (1994), o projeto e a gestão dos sistemas de produção vêm ganhando características cada vez mais distantes do modelo clássico. O “pós- fordismo” vem sendo anunciado desde os anos 60 e, mais recentemente, a intensificação do desafio devido à abertura de mercado deixou claro o obsoletismo competitivo da proposta “taylorista” em alguns setores. “No ponto de partida, temos Taylor pregando um objetivismo “científico” que pressupunha uma visão grosseira da subjetividade do trabalhador: um “bovino” interessado unicamente em salário. (...) A primeira correção veio do Grupo de Harvard, que passou a reconhecer alguma vida psíquica nos habitantes do mundo da produção. Mais tarde. Maslow desejou dotar os gerentes de um guia prático das prioridades que governam as mentes dos assalariados e elaborou sua famosa pirâmide das necessidades humanas. Argyris trouxe para o primeiro plano a incompatibilidade entre o indivíduo e a organização, entre a auto-realização pessoal e o esmagamento do desenvolvimento da personalidade.(Fonte: Valle (1994)) INTRODUÇÃO “(...) Mc Gregor denunciou o desperdício das potencialidades intelectuais do trabalhador, que ele via como alguém sedento de responsabilidades, e falou em uma participação eficiente e limitada.(...) Quando por fim Bennis passou a criticar a burocracia, elogiar a democracia e pregar um programa de mudanças nas organizações (...) A escola Sócio-técnica despontava como a continuidade natural destas idéias. (...) Ao propor mudanças no próprio processo de trabalho, seja nas oficinas (com a substituição das linhas de montagem fordistas por grupos semi- autônomos ), seja nos escritórios (com sua preferência pelas organização matricial),(...)” (Valle, 1994) INTRODUÇÃO “(...) Entretanto, vista como utopia delirante pelos empresários e como armadilha ideológica pelos sindicalistas mais radicais, a Escola Sócio-técnica não pode se desenvolver. (...) O vazio deixado pela rejeição da Escola Sócio-técnica foi logo preenchido por uma alternativa menos radical. Tudo aquilo que podemos agrupar sob o rótulo de “modelo japonês” (CCQ, TQC, Kanban, TQM, QFD, etc) foi aos poucos se impondo como a verdadeira terceira geração de racionalização da produção.” (Valle, 1994) INTRODUÇÃO Os métodos tradicionais, baseados apenas em rotinas de trabalho detalhadas e em uma organização segmentada, passam a revelar uma eficiência decrescente. Assim, o novo conceito central dos que projetam e geram os sistemas produtivos é integração da produção. Com as novas ferramentas tecnológicas e organizacionais, a necessidade e a forma das intervenções humanas é muito menos previsível e planejável; logo, é preciso que o próprio pessoal de produção tome, cotidianamente, inúmeras microdecisões operacionais. (Fonte: SALERNO, 1999) INTRODUÇÃO A dinâmica da nova forma de reestruturação produtiva, trata-se não somente de aspectos técnicos, mas também de interações sociais entre sujeitos com diferentes mundos, culturas e práticas sociais. INTRODUÇÃO A abordagem sócio-técnica nasceu das experiências de um grupo de pesquisadores (sociólogos e psicólogos) do TAVISTOCK INSTITUTE OF HUMAN RELATIONS, junto às minas de carvão de Durham, ao norte da Inglaterra, no ano de 1949. Os pesquisadores Erick L. Trist e Kenneth W. Bamforth introduziram o conceito de escolha organizacional. Ao contrário do que prega a administração científica, o projeto de trabalho não coube somente a especialistas. Embora não interferindo no projeto das máquinas, a concepção da organização do trabalho coube aos próprios mineiros, aos trabalhadores; a concepção foi, então, partilhada. ESCOLA SÓCIO-TÉCNICA Os fundamentos da Escola Sócio-Técnica, são: • A organização na perspectiva sócio-técnica é, antes de mais nada, um sistema aberto. Ela interage com o ambiente, é capaz de auto-regulação e possui a propriedade da equifinalidade, isto é, pode alcançar um mesmo objetivo a partir de diferentes caminhos e usando diferentes recursos; • A organização é formada por dois subsistemas : o subsistema técnico - que são as máquinas, equipamentos, técnicas etc.; e o subsistema social - que são os indivíduos e grupos de indivíduos, seus comportamentos, capacidades, cultura, sentimentos e tudo de humano que os acompanha; ESCOLA SÓCIO-TÉCNICA Os fundamentos da Escola Sócio-Técnica, são: • O idéia de sistema aberto considera no projeto organizacional as relações com os movimentos social, econômico, político e tecnológico. Objetivo de favorecer a flexibilidade técnico-produtiva. Orientação para trabalho em grupos semi-autônomos, encoraja autonomia e iniciativa. ESCOLA SÓCIO-TÉCNICA Os fundamentos da Escola Sócio-Técnica, são: • A escola sócio-técnica considera que o comportamento das pessoas, face ao trabalho, depende da forma de organização deste trabalho e do conteúdo das tarefas a serem executadas; • Os subsistemas social e técnico devem ser cons iderados, par t i cu larmente, e ot imizados conjuntamente, para que os objetivos organizacionais sejam atingidos, ao mesmo tempo em que alcançamos o desenvolvimento e a integração dos indivíduos. Isto quer dizer que é preciso projetar em conjunto o sistema social e a tecnologia particular ao caso. (fonte: Duarte, 1982) ESCOLA SÓCIO-TÉCNICA Vistos como sistemas abertos, os grupos semi- autônomos são sistemas de trabalho com um espaço para a negociação e decisão que tendem a aumentar, à medida que se desenvolve a capacidade do grupo para a solução de problemas, e para a absorção das funções de manutenção e controle. Os grupos semi-autônomos são capazes de adquirir conhecimentos e evolução ( TRIST,1982 apud DUARTE, 1982) GRUPOS SEMI-AUTÔNOMOS Um grupo semi-autônomo ou auto-regulável se caracteriza pela responsabilidade coletiva frente a um conjunto de tarefas, onde o arranjo do trabalho é definido com a participação de seus próprios membros, permitindo o aprendizado de todas as tarefas e a rotação das funções, e facilitando uma interação cooperativa. A autonomia de um grupo semi-autônomo pode abranger : métodos de trabalho, escolha de lideres, distribuição de tarefas, definição de metas etc. Fonte: Duarte, 1982) GRUPOS SEMI-AUTÔNOMOS O líder, ao contrário do que acontece na organização burocrática convencional, não está preocupado com o controle do trabalho dos operários, mas, sim, voltado a garantir as condições e recursos necessários ao bom funcionamento do grupo, promover a interação entre grupos e com a direção. GRUPOS SEMI-AUTÔNOMOS VELHO PARADIGMA: § Componente tecnológico é imperativo § Homem é uma extensão da máquina § homem é um componente substituível § Divisão do trabalho exigindo baixas habilidades § Controle externo, supervisão § Muitos níveis hierárquicos e estilo autocrático § Competição § São considerados apenas os interesses da organização § Descomprometimento § Baixa taxa de mudança ESCOLA SÓCIO-TÉCNICA NOVO PARADIGMA: § Desenvolvimento conjunto dos sistemas técnico e social § Homem é complemento da máquina § Homem é recurso a ser desenvolvido § trabalho em grupo e incremento de habilidades § controle interno, auto-regulação § Poucos níveis hierárquicos, estilo participativo § Cooperação no trabalho § São considerados interesses individuais, sociais e organizacionais § Comprometimento § Inovações DUARTE,F.J.C.M.; O enfoque sócio-técnico: conceitos e condições de aplicação numa fundição de alumínio; Tese M.Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil;1987. SALERNO, M. S.; Projeto de Organizações Integradas e Flexíveis: processos, grupos e gestão democrática via espaços de comunicação-negociação, São Paulo, Editora Atlas S.A., 1999 VALLE, R., 1994; “Tecnologia, estratégia, cultura técnica: três dimensões para modernização da indústria brasileira” In: anais do Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos do Trabalho (ABET); 1994. VALLE, R at all; Novas qualificações e instituições de formação profissional no Brasil: enfim, a “nova classe operária”?; XXII Encontro Anual da ANPOCS; Caxambu, 1998 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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