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CHARCOT MARIE TOOTH NATÁLIA CRISTINA MARTINS DEFINIÇÃO • Neuropatia periférica hereditária sensitivo-motora, na qual, por alterações gênicas, ocorre progressivo comprometimento mielínico e/ou axonal de neurônios periféricos e conseqüente atrofia da musculatura por estes inervada, afetando pés, pernas e mais tardiamente as mãos, tendo o envolvimento precoce de músculos inervados pelos nervos peroneais e as alterações sensitivas são tardias e menos grave. (COSTACURTA, 2011) FISIOPATOLOGIA FISIOPATOLOGIA ◦ Uma célula nervosa transmite informações ao conduzir sinais elétricos pelo axônio. Para aumentar a velocidade com que esses sinais elétricos se deslocam, o axônio é isolado pela bainha de mielina. ◦ A CMT é causada por mutações em genes que produzem proteínas envolvidas na estrutura e função do axônio do nervo periférico ou da bainha de mielina. ◦ Conseqüentemente, esses nervos lentamente degeneram e perdem a capacidade de ativar os músculos alvo ou retransmitir informações sensoriais dos membros de volta ao cérebro. A degeneração dos nervos motores resulta em fraqueza muscular e atrofia nas extremidades e, em alguns casos, a degeneração dos nervos sensoriais resulta em uma capacidade reduzida de sentir calor, frio e dor. CMT TIPO I ◦ Padrão desmielinizante com velocidade menor que 38 m/s e há hipertrofia de nervos periféricos devido desmielinização e remielinização segmentar. ◦ Mais freqüente do que o tipo II. ◦ Herança autossômica dominante. ◦ Inicia-se por volta dos cinco anos até a adolescência. ◦ Atrofia dos músculos do nervo peroneal e posteriormente da panturrilha. ◦ Alguns pacientes desenvolvem paralisia diafragmática, com falência respiratória e cardíaca. ◦ Reflexos profundos são abolidos ou hipoativos. ◦ Parestesia e dores associadas as deformidades dos pés. CMT TIPO II ◦ Padrão axonal com velocidade normal de 38 m/s ou ligeiramente comprometida, e geralmente não existe hipertrofia de nervos. ◦ Herança autossômica dominante. ◦ Menos freqüente e menor envolvimento de membros superiores. ◦ Clinicamente o quadro é similar ao da CMT tipo I, porém é a forma mais tardia. ◦ A fraqueza distal começa nas pernas e pode ser assimétrica. ◦ Deformidade do pé menos acentuada pelo desenvolvimento tardio da doença. INCIDÊNCIA • CMT possui a maior incidência entre as desordens neuromusculares hereditárias no mundo, sendo estimada em aproximadamente 1 a cada 2.500 indivíduos. A doença pode ser transmitida para ambos os sexos, porém é mais comum em homens. • Cerca de 97% dos indivíduos com CMT herdada apresentam a manifestação da doença até os 27 anos de idade. • BARRETO et al. (2016) em um estudo de revisão sistemática sobre estudos epidemiológicos em CMT, encontraram uma freqüência dos principais subtipos de CMT que variou 37,6 a 84% para CMT1 e 12 a 35,9% para CMT2. • CID-10: G60.0 – Neuropatia hereditária motora e sensorial (PEREIRA et al., 2014; LEITE et al., 2010) SINAIS E SINTOMAS ◦ Fraqueza muscular dos pés progredindo para mãos; ◦ Pé cavo e dedos em martelo; ◦ Dormência nos pés e/ou pernas; ◦ Queda do pé com dificuldade para levanta-lo; ◦ Perda de equilíbrio e marcha escarvante; ◦ Arreflexia ou hiporreflexia tendínea; ◦ Perda sensitiva de vibração, tato e dor; ◦ Presença freqüente de câimbras; (PEREIRA, 2014; LENCIONI et al., 2014) SINAIS E SINTOMAS DIAGNÓSTICO ◦ A história familiar é primordial na avaliação dos pacientes com neuropatia, questionando-os sobre familiares acometidos e na definição do padrão de herança genética. ◦ Biópsia nervosa. ◦ Teste de condução nervosa. ◦ Teste genético. ◦ As medidas da velocidade de condução nervosa motora, obtidas através da Eletroneuromiografia, são utilizadas para classificar a CMT. PROGNÓSTICO ◦ CMT é uma doença lenta e progressiva, o que proporciona aos pacientes uma longevidade próxima à da população em geral. A maioria dos pacientes tem algum grau de incapacidade, porém é variável para os diferentes tipos de CMT. a fraqueza pode continuar a progredir pode levar à incapacidade de caminhar sem assistência e falta de sensação predispõe a pessoa a ferimentos TRATAMENTO ◦ A fisioterapia pode minimizar ou adiar as necessidades das pessoas acometidas por CMT. São indicados exercícios de moderada para baixa resistência onde a prescrição é feita de acordo com o quadro apresentado pelo paciente determinando intensidade, duração e repetições apropriadas para cada situação. ◦ Manutenção de flexibilidade e amplitude de movimento; ◦ Melhorar força e resistência muscular; ◦ Treino de motricidade fina; ◦ Melhorar o equilíbrio e o padrão de marcha; ◦ Manter condicionamento cardiovascular; TRATAMENTO ◦ Alongamento muscular de quadríceps, adutores do quadril, abdutores do quadril, isquiotibiais, flexores plantares e dorsiflexores, flexores dos dedos e do hálux, inversores e eversores dos pés; ◦ Fortalecimento muscular de abdutores, adutores, flexores e extensores de quadril, flexores e extensores de joelho, dorsiflexores e plantiflexores, inversores e eversores do tornozelo; ◦ Treino de marcha e equilíbrio com subida e descida de escada, caminhadas de frente, de costas e lateralmente, com estimulo verbal a não utilizar o apoio do membro superiores, além do uso da esteira ergométrica; ◦ Estimulação do sistema sensorial com diversas texturas; ◦ Hidroterapia; ◦ Threshold para fortalecimento dos músculos inspiratórios; ◦ Equoterapia em pacientes com doença de Charcot Marie Tooth apresenta melhora em equilíbrio estático; ◦ As órteses são recursos propostos para otimizar a marcha e estabilizar a articulação do tornozelo. REFERÊNCIAS ◦ COSTACURTA, M. L. G.; SOUSA, P. P. C.; ZUCCON, A.; ROCCO, F. M.; GASPAR, A. P. Impacto da correção cirúrgica dos membros inferiores na qualidade de vida de pacientes com a doença de Charcot-Marie- Tooth. ACTA FISIATR., São Paulo, v. 18, n. 1, p. 1 – 5, fev. 2011 ◦ FERRARIN M.; BOVI G.; RABUFFETTI M. et al. Gait pattern classification in children with Charcot- Marie-Tooth disease type 1A. Gait & Posture . v. 35(1), p. 131-137, 2012. ◦ LEITE, R. H.; BATISTA, A. C.; CORRÊA, C. L. Hidroterapia associada à cinesioterapia em paciente com doença de Charcot-Marie-Tooth: relato de caso. Rev Neurocienc, Paraná, v. 18, n. 4, p. 485-490, 2010. ◦ LENCIONI T.; RABUFFETTI M.; PISCOSQUITO G. et al. Postural stabilization and balance assessment in Charcot–Marie–Tooth 1A subjects. Gait & Posture. v. 40, p. 481–486, 2014. ◦ PEREIRA, R. B. et al. Efeitos imediatos do uso de órteses tornozelo-pé na cinemática da marcha e nas reações de equilíbrio na doença de Charcot-Marie-Toot. Fisioter Pesq., Rio de Janeiro, v. 21, n.1, p. 87-93, 2014. Disponível em: < http://www.revistas.usp.br/fpusp/article/view/80148/84040>. ◦ SILVA T. R.; TESTA A.; BAPTISTA C. R. J. A.; MARQUES JR W; MATTIELLOSVERZUT A. C. Balance and muscle power of children with Charcot-Marie-Tooth. Braz J Phys Ther. v. 18, n. 4, p. 334-342, 2014.