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Paciente do sexo masculino, 55 anos, negro, natural de Mariana (MG), residente em São Paulo (SP) há 35 anos. HISTÓRIA DA MOLÉSTIA ATUAL ● Diagnosticada hipertensão arterial (HAS) aos 30 anos, mantinha níveis pressóricos sempre elevados com pouca aderência ao tratamento proposto. Doença renal crônica foi detectada em 1998 quando deu entrada em outro serviço com uremia, iniciando então hemodiálise. Teve 3 FAVs, 2 enxertos (PTFE) e diversos cateteres no período. Diagnosticada hepatopatia por vírus B 3 anos após. Recebeu 4u de concentrado de hemácias nesse período. Foi priorizado por falta de acesso, internando 4 dias após para o transplante. Evoluiu com boa função do enxerto no 1º mês, após o qual apresentou elevação discreta e progressiva das escorias nitrogenadas, piora discreta da HAS e posteriormente aparecimento de proteinúria. Reduzido então a dose do Tacrolimus (FK), apesar de nível sérico dentro do esperado para a data. Mesmo assim, evoluiu com piora progressiva da função renal tendo sido então solicitado novo painel, UGS Doppler do rim transplantado e posteriormente biópsia para esclarecimento diagnóstico. ● DADOS DO TRANSPLANTE ● Doador falecido, de 40 anos, morte por AVC hemorrágico, com história de parada cardio respiratória. Reatividade contra painel (PRA): classe I 36% e classe II 0% (dia 15/03/2008), com 5 “mismatches”. Prova cruzada para CDC: negativa para linfócitos T e B. Transplante realizado no dia 12/04/2008. Tempo de Isquemia 22h. Imunossupressão inicial: Tacrolimus, micofenolato sódico e prednisona. Indução com basiliximab. Sorologias: hepatite B positiva com carga viral negativa; hepatite C e HIV: negativos; toxoplasmose: IgG + / IgM -; CMV: IgG + / IgM -; EBV: IgG + / IgM -. Novo painel com soro do dia 22/09/2008: classe I 0% e classe II 0%. ● EXAME FÍSICO ● Bom estado geral, consciente e orientado, eupnéico, acianótico, corado, anictérico e afebril. Sem adenomegalias. PA: 150×70 mmHg. FC: 90 bpm. Peso: 77,9 Kg. ● Aparelho cardiovascular: ritmo cardíaco regular a 2 tempos, bulhas normofonéticas, sem sopros. ● Aparelho respiratório : murmúrio vesicular bilateralmente, sem ruídos adventícios. ● Abdômen: plano, depressível, sem visceromegalias, ruídos hidroaéreos presentes. Enxerto renal palpável na FID. ● Extremidades : Sem edema, nem sinais de TVP. ● EXAMES COMPLEMENTARES (em 18/09/2008) ● Hemograma: Hb: 12,6 g/dL; Ht: 40%; VCM: 81; CHCM: 32; Leucócitos: 2970 mil com neutrófilos 1800/mm3, eosinófilos 0, basófilos 0, linfócitos 300/mm3 e monócitos 800/mm3Plaquetas: 219 mil ; Uréia: 58mg/dL; SCr: 2,3 mg/dL (ClCr calculado: 62 mL/min); Na: 142 mEq/L; K : 4,0mEq/L; pH venoso: 7,34; HCO3: 23; Albumina: 4,9 g/dL; Globulinas: 3,5g/dL; ALT: 25U/L;AST: 22U/L; CT: 212mg/dL; LDL: 132mg/dL; HDL: 48mg/dL; TG: 195mg/dL; DHL: 840U/L; Glicemia: 103mg/dL; ● C3 167 mg/dL, C4 64mg/dL; FAN: negativo. Pesquisa de Decoy cell urina: positiva. Eletroforese de proteínas: proteína 8,1 g/dL, albumina 4,1 g/dL, alfa-1 0,3 g/ dL, alfa-2 1,2 g/dL, beta 1,1 g/dL, gama 1,3 g/ dL, A/G: 1,0. ● Exame de urina: densidade: 1025; pH 6,0; sangue traços; Prot 0,6g/L; L 5 p/c; E 40 p/c. PTU amostra isolada: 0,2g/L; Cr u 0,77 g/L; PTU/Cr u 0,25. ● Tem po pós transplante ● 05/05 /2008 ● 23d ● 12/ 05/08 ● 1m ● 17/0 6/08 ● 2m 5d ● 27/0 8/08 ● 4m 15d ● 18/0 9/08 ● 5m 6d ● SCr (mg/dL) ● 1,1 * ● 1,2 ● 1,3 ● 1,3 ● 2,3 ● Albu mina (g/dL) ● 4,6 ● ● 4,1 ● ● 4,9 ● PTU/ Cru ● 0,25 ● 0,26 ● 0,14 ● 0,6 ● 0,25 ● CT / TG (mg/dL) ● 187 / 232 ● ● 194 / 176 ● ● 212 / 195 ● DHL u/L ● 412 ● ● 868 ● ● 840 ● Leuc ócitos ● 6070 ● 667 0 ● 497 0 ● 4510 ● 297 0 ● Dose FK ● 16,0 ● 16,0 ● 14 ● 12 ● 8 ● Nível sérico do FK (C0) ● 10,6 ● 9,3 ● 8,8 ● 9,3 ● 5,5 ● Cond uta ● Reduç ão da Prednisona ● Red ução da Pred e do FK ● Red ução da Pred e do FK ● Redu ção Prednisona e FK. Solicitado USG doppler do enxerto ● Solic itada biópsia renal e novo painel ● Meses (m); dias (d); colesterol total (CT); triglicéride (TG);* Cr mais baixa apresentada após o transplante. Exame anatomopatologico realizado pela Dra. Daisa Ribeiro David Figura 1 (H.E.) Figura 2 (H.E.) Figura 3 (IHQ) A biópsia do rim transplantado mostrou cortical e medular renal onde foram observados 22 glomérulos com sua estrutura histológica preservada. O interstício mostrava processo inflamatório intenso e difuso, composto predominantemente por linfócitos e macrófagos (figura 1). Estas células agrediam multifocalmente a membrana basal tubular, sendo que em várias áreas a membrana basal tubular estava rota. Observava-se ainda presença de várias inclusões intratubulares com características de “ BK vírus”e que se revelaram positivas à imunohistoquímica para SV40 (figuras 2 e 3). Cerca de 30% do interstício mostrava fibrose. Os túbulos nestas áreas tinham aspecto atrófico, com enrugamento e espessamento da sua membrana basal. Foram observadas 1 artéria interlobular e 2 arteríolas, sem alterações histológicas. Os capilares peritubulares estavam dilatados e com a luz ocupada por linfócitos. A pesquisa para C4d por imunofluorescência foi negativa. A imunohistoquímica para células CD3 resultou positiva (++) em interstício, para células CD20 (+) em interstício e para CD68 ( macrófagos) foi positiva (+++) em interstício, glomérulos e membrana basal tubular. Conclusão diagnósica: – Nefropatia por poliomavírus. – Fibrose intersticial e atrofia tubular focais – grau II da Classificação de Banff 2007.
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