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Resposta à Acusação - Inépcia da Denúncia

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EXELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CONCEIÇÃO DO AGRESTE/CE
Autos nº: xxx
JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, já qualificado nos autos da Ação Penal promovida pelo Ministério Público do Estado do Ceará, processo em mote, por seu advogado infra-assinado (procuração em anexo), vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento nos art. 396 e 396-A do Código de Processo Penal, apresentar
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
Pelas razões de fato e direito a seguir apresentadas:
DOS FATOS
1. O Ministério Público do Estado do Ceará, com fulcro no art. 129, inciso I da Constituição Federal, c/c art. 41 do Código de Processo Penal, e com base no incluso Inquérito Policial, ofereceu DENÚNCIA em desfavor de JOÃO SANTOS, vulgo “João do Açougue”, FERNANDO CAETANO, MARIA DO ROSÁRIO, e JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, vulgo “Zé da Farmácia”, alegando que estes, sob a liderança do Requerente José Percival da Silva (Zé da Farmácia, Presidente da Câmara dos Vereadores e liderança política do Município), valendo-se da qualidade de Vereadores do Município, se associaram, em unidade de desígnios, com o fim específico de cometer crimes, e que, dentro deste propósito, na sede da Câmara dos Vereadores desta Comarca, durante uma reunião da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara, exigiram do Sr. Paulo Matos, empresário sócio de uma empresa interessada em participar das contratações a serem realizadas pela Câmara de Vereadores, o pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para que sua empresa pudesse participar de um procedimento licitatório que estava agendado para o dia seguinte.
2. Diante do exposto, o Ministério Público denunciou o réu JOSÉ PERCIVAL DA SILVA como incurso nas iras dos artigos 288 e 317, na forma do art. 69, todos do Código Penal.
3. Ao analisar a resposta preliminar do réu, o Exmo. Sr. Juiz da Vara Criminal da Comarca de Conceição do Agreste/CE acatou parcialmente as teses por este arguidas e recebeu a denúncia apenas em relação ao delito de corrupção passiva (artigo 317 do CP). No tocante à imputação de associação criminosa (art. 288 do CP), a denúncia foi rejeitada, nos termos do artigo 395, III do CPP, por ausência de justa causa para a ação penal. O Ministério Público recorreu da decisão, foram oferecidas contrarrazões de recurso em sentido estrito pelo réu, estas foram acolhidas, negando provimento ao recurso em sentido estrito interposto, mantendo a rejeição da denúncia em relação à imputação de associação criminosa (art. 288 do CP). 
4. Contudo, assim que os autos retornaram da instância superior, o Promotor de Justiça Titular da Comarca de Conceição do Agreste/CE, juntou aos autos e anexou à referida denúncia, um Termo de Colaboração Premiada firmado entre o Ministério Público do Estado do Ceará e o então acusado João Santos. Neste termo, o acusado-colaborador João Santos, em depoimento prestado ao Ministério Público do Estado do Ceará, acompanhado de sua esposa, a dona de casa Laura Santos, em troca de uma futura redução em sua pena, admite a prática do crime de corrupção passiva que teve como vítima o Sr. Paulo Matos, afirmando que a exigência do pagamento partiu, exclusivamente, do acusado Zé da Farmácia, autor intelectual da referida conduta criminosa.
5. A denúncia sendo recebida em relação ao crime de corrupção passiva (art. 317 do CP), o réu foi citado pessoalmente para, no prazo de 10 dias, apresentar sua Resposta à Acusação, o que vem fazer, tempestivamente, pelos motivos de fato e direito a seguir expostos.
1. PRELIMINARMENTE
1.1 DA INÉPCIA DA DENÚNCIA
Cumpre salientar primeiramente, que a denúncia oferecida pelo Ministério Público padece de flagrante inépcia.
 No Código de Processo Penal, em seu art.41, estabelece que a denúncia deverá conter, dentre outros requisitos, a exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias.
A denúncia apta a dar início à segunda fase da persecutio criminis é aquela que precisa de forma limpida à exposição do fato criminoso, com as circunstâncias que o particularizam, definindo os contornos da imputação, possibilitando ao acusado conhecer de maneira clara e objetiva a alegada infringência à norma penal e exercer sua ampla defesa.
No caso em tela, a denúncia baseada em informações genéricas e amplas, viola as garantias constitucionais do contraditório e do devido processo legal.
Verifica-se que é extremamente sucinta quando da exposição do fato, sequer fazendo menção às suas circunstâncias. É uma denúncia genérica, que não expõe a particularidade do caso em tela e de que forma o acusado tenha efetivamente cometido o ilícito penal. É a transcrição da denúncia que importa. Em que pese o Ministério Público indicar que o fato delituoso ocorreu, que os demais réus exigiram do Sr. Paulo Matos o pagamento de R$ 100.000,00 para que sua empresa pudesse participar de um procedimento licitatório, não se conclui que o acusado (JOSÉ PERCIVAL DA SILVA) fez parte dessa ação.
Deste modo, tal omissão prejudica o efetivo exercício do contraditório e da ampla defesa, consubstanciando flagrante diante do princípio contido ao artigo 5º, LV, da Constituição Federal de 1988. O fato de o acusado não ter sua participação especificada em relação ao crime, inviabiliza o correto e necessário exercício defensivo do mesmo, entendendo-se que denúncias ou queixas genérica são ineptas. 
Por todo o exposto, requer a rejeição da inicial, com fundamento no art. 395, I, do Código de Processo Penal.
Entretanto, caso não seja este o entendimento de Vossa Excelência, o que se admite apenas por amor ao debate, passa-se à análise do meritum causae.
2. DO DIREITO
2.1 DO CRIME DE CORRUPÇÃO PASSIVA
No caso tela, o acusado Zé da Farmácia foi denunciado pela suposta prática do delito previsto no artigo 317 do Código Penal: “Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa”.
Corrupção passiva é conhecido por ser o crime praticado contra a administração pública em geral. Sua previsão se encontra no artigo 317 do Código Penal brasileiro, que o caracteriza como o ato onde o funcionário público solicita (pede ou requere) ou recebe (aceita em pagamento ou simplesmente aceita algo), para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa (consentir em receber dádiva futura) de tal vantagem (pode ser qualquer lucro, ganho, privilégio ou benefício ilícito, ou seja, contrário ao direito, ainda que ofensivo apenas aos bons costumes). A peculiaridade deste ato ilícito é que ele é praticado apenas e tão somente pelo funcionário público, mesmo que a letra da lei não traga a definição explícita deste ser o sujeito ativo. Além disso, o artigo traz ainda em seu texto que será penalizado mesmo aquele agente que esteja fora da função ou ainda não a tenha assumido.
 O requerente, no caso em questão, só estava presente no Plenário da Câmara no momento da operação policial e acabou também sendo acusado de participar do esquema criminoso, mesmo sem ter ciência de nenhum dos fatos, o que torna, portanto, sua conduta atípica para o crime em que este fora envolvido (art. 317 CP).
2.2 DO INSTITUTO DA COLABORAÇÃO PREMIADA
Como é sabido, a colaboração premiada pode ser conceituada como uma técnica especial de investigação por meio da qual o coautor e/ou partícipe da infração penal, além de confessar seu envolvimento no fato delituoso, fornece aos órgãos responsáveis pela persecução penal informações objetivamente eficazes para a consecução de um dos objetivos previstos em lei, recebendo, em contrapartida, determinado prêmio legal.
Deste modo, caracteriza-se a colaboração como um meio de obtenção de prova em que um prêmio é dado a um autor que colabora voluntária e efetivamente para o esclarecimento de um determinado fatocriminoso.
Este instituto encontra-se previsto atualmente no artigo 4º a 7º da Lei nº 12.850/2013, que além de ter trazido a previsão da “colaboração premiada”, trouxe especificado o procedimento a ser adotado.
Como procedimento do instituto de colaboração premiada, realiza-se o acordo de colaboração premiada entre o acusado, assistido por advogado, e o Delegado de Polícia ou o Ministério Público, o juiz não participará, em hipótese alguma, das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração (§ 6º do art. 4º da Lei n.º 12.850/2013).
Entretanto, segundo o §15, do art. 4º da Lei n.º 12.850/2013: “Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da colaboração, o colaborador deverá estar assistido por defensor.
 No caso em tela, sob análise ao termo de colaboração, o acusado-colaborador João Santos, em depoimento prestado ao Ministério Público do Estado do Ceará, estava acompanhado apenas de sua esposa, a dona de casa Laura Santos, sem a presença de um defensor, o que motiva o réu a pleitear por sua nulidade, face à inobservância do procedimento adotado legalmente à realização da colaboração premiada.
Sobre este prisma, dispõe o art. 157 do CP: “São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais”.
Diante do exposto, requer a declaração da nulidade do Termo de Colaboração Premiada celebrado entre o Ministério Público e o Acusado João Santos, por violação ao §15 do art. 40 da Lei n.0 12.850/13, uma vez que colaborador não foi assistido por advogado em nenhuma das etapas da negociação, e por consequência, pleiteia pelo desentranhamento do referido acordo dos autos, segundo prevê o artigo 157 do CPP.
DO PEDIDO
Ante o exposto, requer se digne Vossa Excelência:
a) seja rejeitada a denúncia, nos termos do art. 395, I, do Código de Processo Penal;
b) ad cautelam, não sendo acolhida a tese de rejeição da denúncia, requer seja decretada a absolvição sumária do denunciado, uma vez que sua conduta não configura o crime previsto no artigo 317 do CP, pois sem ter ciência de nenhum dos fatos, torna sua conduta atípica para o crime em que este fora incurso;
c) requer ainda, seja reconhecida a nulidade do Termo de Colaboração Premiada celebrado entre o Ministério Público e o Acusado João Santos, por violação ao §15 do art. 40 da Lei n.0 12.850/13, uma vez que colaborador não foi assistido por advogado em nenhuma das etapas da negociação. E consequentemente, requer determine-se o desentranhamento do referido acordo dos autos, segundo prevê o artigo 157 do CPP;
d) caso superadas as preliminares, o que admitimos apenas por amor ao debate, requer sejam intimados, na qualidade de testemunhas, as elencadas no rol abaixo;
e) no mérito, requer a presente seja a denúncia julgada totalmente improcedente.
Manifesta provar o alegado por todos meios de provas, documental, testemunhais e demais meios de prova em direito admitidos. 
São os termos em que,
Pede deferimento.
Conceição do Agreste – CE, 14 de Setembro de 2017.
Advogado, OAB
ROL DE TESTEMUNHAS
Nome: 
RG: xx
CPF: xx
Endereço: xx

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