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Formas indiretas de extinção das obrigações ou pagamentos especiais (arts. 334 a 388) 1.4. Dação em Pagamento. (art. 356 a 359) 1.5. Novação. (art. 360 a 367) 1.4. Dação em Pagamento. (art. 356 a 359) 1.4. Dação em Pagamento. (art. 356 a 359) • A dação em pagamento (datio in solutum) é um ACORDO de vontades entre credor e devedor, por meio do qual o primeiro concorda em receber do segundo, para exonerá-lo da dívida, prestação diversa da que lhe é devida. (art. 356) • Em regra, o credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa (art. 313). No entanto, se aceitar a oferta de uma coisa por outra, caracterizada estará a dação em pagamento. Tal não ocorrerá se as prestações forem da mesma espécie. • A dação em pagamento pode ter por objeto prestação diversa da devida de qualquer natureza: bem móvel ou imóvel, fatos e abstenções. Consequentemente, o devedor, com anuência do credo, poderá dar uma coisa por outra; coisa por fato; fato por coisa; fato por fato etc. Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida. 1.4. Dação em Pagamento. (art. 356 a 359) • Requisitos e natureza jurídica • Para que ocorra a dação em pagamento há necessidade de: • A) uma obrigação previamente criada; • B) um acordo posterior, em que o credor concorda em aceitar coisa diversa e, por fim, • C) a entrega da coisa diversa com a finalidade de extinguir a obrigação. • Trata-se, pois, de negócio jurídico bilateral, oneroso e real, pois implica a entrega de uma coisa (salvo se prestação substituída seja de fazer ou não fazer, pura e simples). Sua finalidade é extinguir a dívida. Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida. 1.4. Dação em Pagamento. (art. 356 a 359) • Requisitos e natureza jurídica • Na dação em pagamento não há necessidade de equivalência de valor na substituição. Não há nem mesmo necessidade de que as partes expressem um valor. • A dação pode ser parcial: apenas parte do conteúdo da obrigação é substituído. O devedor, por exemplo, não tendo dinheiro suficiente, dá parte em dinheiro e parte em espécie. • Não existe dação no pagamento com títulos de crédito, porque, no caso, haverá cessão de crédito (art. 358) O pagamento com cheque é pagamento e não dação; assim como o pagamento por meio do cartão de crédito. Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão. 1.4. Dação em Pagamento. (art. 356 a 359) • Equiparação da Datio in Solutum à compra e venda • Num primeiro momento se não foi determinado o preço da coisa que substitui a obrigação, não havemos de chamar à baila os dispositivos da compra e venda. • O art. 357 incide tanto se o bem objeto da dação for móvel quanto se for imóvel. No caso de perda da coisa pela evicção, repristina-se a obrigação originária. (art. 359) Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda. Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros. 1.4. Dação em Pagamento. (art. 356 a 359) • Equiparação da Datio in Solutum à compra e venda • Embora possa haver alguma semelhança entre dação em pagamento e compra e venda, esses institutos são inconfundíveis, pois: • A) a venda subsiste mesmo quando o vendedor nada deve ao comprador e a dação, na ausência de causa debendi, implica a repetição do indevido. • B) a dação visa extinguir a dívida, liberando o devedor, e a compra e venda não sofre influência do modo de pagamento. • C) a dação só se consuma com a tradição ou transcrição da coisa dada em pagamento, por pressupor transferência de domínio, enquanto a compra e venda cria apenas o dever de transmitir a propriedade de algo ou de pagar certo preço em dinheiro. TJ-RS - Recurso Cível 71004298840 RS (TJ-RS) • RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE COBRANÇA. DAÇÃO EM PAGAMENTO. NÃO CONCRETIZAÇÃO. CARTA DE ANUÊNCIA. Ainda que tenha havido acerto entre as partes, com a dação em pagamento de sacas de arroz por parte do réu à autora, por conta de sua dívida, tal teria abrangido apenas os títulos mencionados na carta de anuência, e não todos os declinados na inicial, o que por si só já levaria à procedência parcial do pedido. Ademais, a autora diz que não logrou retirar as sacas de arroz do local onde estariam depositadas em nome do réu, não fazendo esse prova em contrário, a despeito de assim determinado pelo juízo a quo, não se podendo, ademais, exigir prova da alegação da autora, por se tratar de fato negativo. Sentença de improcedência reformada. RECURSO PROVIDO. UNÂNIME. (Recurso Cível Nº 71004298840, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Pedro Luiz Pozza, Julgado em 28/10/2013) RECURSO ESPECIAL Nº 744.311 - MT (2005/0064667-5) RECORRENTE : BANCO BRADESCO S/A RECORRIDO : ERVIDES FIDÊNCIO KLAUK E OUTRO • DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO. DAÇÃO EM PAGAMENTO. IMÓVEL. LOCALIZAÇÃO. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA DE SÓLIDA POSIÇÃO NO MERCADO. ERRO INESCUSÁVEL. 1. Não se há falar em omissão em acórdão que deixa de analisar o segundo pedido do autor, cujo acolhimento depende da procedência do primeiro (cumulação de pedidos própria sucessiva). 2. O erro que enseja a anulação de negócio jurídico, além de essencial, deve ser inescusável, decorrente da falsa representação da realidade própria do homem mediano, perdoável, no mais das vezes, pelo desconhecimento natural das circunstâncias e particularidades do negócio jurídico. Vale dizer, para ser escusável o erro deve ser de tal monta que qualquer pessoa de inteligência mediana o cometeria. 3. No caso, não é crível que o autor, instituição financeira de sólida posição no mercado, tenha descurado-se das cautelas ordinárias à celebração de negócio jurídico absolutamente corriqueiro, como a dação de imóvel rural em pagamento, substituindo dívidas contraídas e recebendo imóvel cuja área encontrava-se deslocada topograficamente daquela constante em sua matrícula. Em realidade, se houve vício de vontade, este constituiu erro grosseiro, incapaz de anular o negócio jurídico, porquanto revela culpa imperdoável do próprio autor, dadas as peculiaridades da atividade desenvolvida. 4. Diante da improcedência dos pedidos deduzidos na exordial - inexistindo, por consequência, condenação -, mostra-se de rigor a incidência do § 4º do art. 20 do CPC , que permite o arbitramento por equidade. Provimento do recurso especial apenas nesse ponto. 5. Recurso especial parcialmente provido. 1.5. Novação. (art. 360 a 367) 1.5. Novação. (art. 360 a 367) • Ocorre quando as partes criam uma nova obrigação, substituindo e extinguindo a anterior. • Alguém deve um valor representado por um cheque; o devedor entrega duplicatas de seu comércio e extingue-se o débito representado pelo cheque. Passa a existir apenas a obrigação representada pela duplicata. • A novação é criada pelas partes e não imposta pela lei. • Ela tem duplo conteúdo: um extintivo, referente à obrigação antiga; outro gerador, relativo à obrigação nova. O último aspecto é o mais relevante, pois a novação não extingue uma obrigação preexistente para criar outra nova, mas cria apenas uma nova relação obrigacional, para extinguir a anterior. Sua intenção é criar para extinguir. 1.5. Novação. (art. 360 a 367) • A novação não produz, como o pagamento, a satisfação imediata do crédito, sendo, pois, modo extintivo não satisfatório. O credor não recebe a prestação devida, mas apenas adquire outro direito de crédito ou passa a exercê-lo contra outra pessoa. • Tem, ainda, a novação natureza contratual, operando-se em consequência deato de vontade dos interessados, jamais por força de lei. • Somente no direito moderno a novação passou a ter acepção ampla de meio liberatório, mediante a criação de uma obrigação nova, para extinguir uma anterior. A transmissão das posições obrigacionais se faz hoje pela CESSÃO DE CRÉDITO 1.5. Novação. (art. 360 a 367) • Requisitos ou pressupostos da novação • A) existência de uma obrigação anterior (obligatio novanda) uma vez que a novação visa sua substituição. É necessário que exista e seja válida a obrigação a ser novada (art. 367) • Não se pode novar o que não existe, ou já existiu mas encontra-se extinto, nem extinguir o que não produz efeitos jurídicos. • A obrigação simplesmente anulável, entretanto, pode ser confirmada pela novação, pois tem existência, enquanto não rescindida judicialmente. Podendo ser confirmada, interpreta-se sua substituição como renúncia do interessado ao direito de pleitear a anulação. Art. 367. Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas. 1.5. Novação. (art. 360 a 367) • Obrigações naturais (v.g. dívida prescrita) podem ser objeto de novação? • Segundo considerável parte da doutrina, as dívidas naturais não comportam novação, porque o seu pagamento não ode ser exigido compulsoriamente. Não se pode revitalizar ou validar relação obrigacional juridicamente inexigível. • Segundo Venosa, como persiste o débito na obrigação natural e o pagamento feito é válido e não enseja a repetição, a conclusão é pela possibilidade de novação da obrigação natural. A nova obrigação passa a ser plena. • Para Carlos Roberto Gonçalves, sendo a obrigação natural válida como qualquer obrigação civil, bem como válido o seu pagamento, com caráter satisfativo, embora não exigível (imperfeita), não há efetivamente, empeço justificável a que seja substituída por outra obrigatória, mediante livre acordo celebrado entre credor e devedor, visto que efetivamente, não é a exigibilidade, mas a possibilidade de cumprimento do crédito que justifica a novação. 1.5. Novação. (art. 360 a 367) • Requisitos ou pressupostos da novação • B) a constituição de nova obrigação (aliquid novi) em substituição à anterior. A inovação pode recair sobre o objeto e sobre os sujeitos, ativo e passivo, da obrigação, gerando, em cada caso, uma espécie diversa de novação. Por isso, não há novação quando se verifiquem alterações secundárias na dívida, como exclusão de uma garantia, alongamento ou encurtamento do prazo, etc. • C) animus novandi (Intenção de novar). É imprescindível que o credor tenha a intenção de novar, pois importa renúncia ao crédito e aos direitos acessórios que o acompanham. Quando não manifestada expressamente, deve resultar de modo claro e inequívoco. (art. 361) Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente a primeira. 1.5. Novação. (art. 360 a 367) • Espécies de novação • 1. Novação objetiva ou real – (360, I) – Ocorre, v.g., quando o devedor, não estando em condições de saldar a dívida em dinheiro, propõe ao credor, que aceita, a substituição da obrigação por prestação de serviços. Para que se configure, todavia, faz-se mister o animus novandi, sob pena de caracterizar- se uma dação em pagamento, na qual o solvens não mais seria devedor. Na novação, continua a sê-lo. Produz, assim, a novação a mudança de um objeto da prestação em outro, quando não seja imediatamente transferido como na dação. • A novação objetiva pode decorrer de mudança no objeto principal da obrigação (conversão de dívida em dinheiro em renda vitalícia ou em prestação de serviços, o. ex.), em sua natureza (uma obrigação de dar substituída por outra de fazer, ou vice- versa) Art. 360. Dá-se a novação: I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior; II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor; III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este. 1.5. Novação. (art. 360 a 367) • Espécies de novação • 2. Novação subjetiva ou pessoal – (360, II) – quando promove a substituição dos sujeitos da relação jurídica. Pode ocorrer por substituição do devedor (360, II) ou por substituição do credor (360, III). • A novação subjetiva por substituição do DEVEDOR (novação passiva) pode ser efetuada independentemente de consentimento deste (art. 362) e neste caso, denomina-se expromisão. Pode ser efetuada, ainda, por ordem ou com o consentimento do devedor, havendo neste caso um novo contrato de que todos os interessados participam, dando seu consentimento. Art. 360. Dá-se a novação: I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior; II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor; III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este. Art. 362. A novação por substituição do devedor pode ser efetuada independentemente de consentimento deste. 1.5. Novação. (art. 360 a 367) • Espécies de novação • 2. Novação subjetiva ou pessoal – (360, II) • Nesta espécie de novação ocorre o fenômeno da assunção de dívida ou cessão de débito, especialmente quando se trata de delegação, em que o devedor indica terceira pessoa para resgatar seu débito (mudança de devedor e também da obrigação). • A referida cessão pode ocorrer sem novação, ou seja, com a mudança do devedor e sem alteração na substância da relação obrigacional (v.g. cessão de financiamento para aquisição da casa própria, cessão de fundo de comércio, etc). 1.5. Novação. (art. 360 a 367) • Espécies de novação • Novação subjetiva com substituição do credor (novação ativa ou mutatio creditores). • Ocorre quando um acordo de vontades, pelo qual muda a pessoa do credor. Mediante nova obrigação, o primitivo credor deixa a relação jurídica e outro lhe toma o lugar. Assim, o devedor se desobriga para com o primeiro, estabelecendo novo vínculo para com o segundo, pelo acordo dos três. • V.g. Ailton deve para Bismack, que deve igual importância a Cristina. Ailton pagará diretamente a Cristina, sendo que Bismack se retirará da relação jurídica. Estinto ficará o crédito de Bismack em relação a Ailton, por ter sido criado o de Cristina em face Ailton. Não se trata de cessão de crédito porque surgiu de uma dívida inteiramente nova. Extinguiu-se um crédito por ter sido criado outro. De certa forma se configurou uma assunção de dívida, pois Ailton, assumiu perante Cristina, dívida que era de Bismack. Todavia não se confunde com a disciplinada no Código Civil, por ter havido novação. 1.5. Novação. (art. 360 a 367) • Espécies de novação • 3. Novação mista • Nessa espécie decorre da fusão das duas primeiras espécies e se configura quando ocorre, ao mesmo tempo, mudança do objeto da prestação r dos sujeitos da relação jurídica obrigacional. V.g. Pai assume dívida em dinheiro do filho (mudança de devedor), mas com a condição de pagá-la mediante a prestação de determinado serviço (mudança de objeto) • Trata-se de um tertium genus, que congrega simultaneamente as duas espécies anteriormente mencionadas, conservando, por essa razão, as características destas. TRT - RR 121007520085170141 12100-75.2008.5.17.0141 Recorrente UNIÃO Federal Recorrido JOSÉ LUIZ GRAMELICK - ME • RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO FISCAL. PARCELAMENTO DO DÉBITO. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA DE NOVAÇÃO. O parcelamento da dívida fiscal não implica extinção da execução por novação e sim a suspensão da exigibilidade do crédito tributário e, consequentemente, da execução fiscal, até a quitação do débito. Se descumprido o parcelamento, aexecução deve ser processada nos autos originários na Justiça do Trabalho. Recurso de revista conhecido por violação do artigo 151 do CTN e provido . • Obs.: Versam os autos sobre execução fiscal decorrente de aplicação de multa administrativa por infração de normas trabalhistas RECURSO ESPECIAL Nº 1.297.847 - RS (2011⁄0078614-9) Recorrente: VONPAR REFRESCOS S⁄A Recorrido: DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS TRANSTIL S⁄A • RECURSO ESPECIAL. INCORPORAÇÃO. EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA INCORPORADA. DIREITOS E OBRIGAÇÕES TRANSMITIDOS À INCORPORADORA. SUCESSÃO A TÍTULO UNIVERSAL. NOVAÇÃO. INTENÇÃO DE NOVAR. PREEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO. CRIAÇÃO DE NOVA OBRIGAÇÃO. • 1. Na incorporação, uma sociedade empresarial engloba a outra, fazendo com que o ativo e o passivo da incorporada passem a integrar o patrimônio da incorporadora e aquela deixe de possuir existência. A incorporação caracteriza-se pela absorção total do patrimônio da incorporada pela incorporadora (direitos e obrigações), bem como pela extinção da personalidade jurídica da incorporada. • 2. A novação constitui a assunção de nova dívida, tendo por consequência a extinção da anterior. Os requisitos essenciais à configuração da novação são: a intenção de novar, a preexistência de obrigação e a criação de nova obrigação; podendo também ser reconhecida em razão da evidente incompatibilidade da nova obrigação com a anterior. • 3. No caso em julgamento, a própria autora Bortolazzo narra que firmou contrato verbal com a Vonpar em 1982 para que fosse distribuidora de seus produtos. Aduziu na inicial que, na mesma época, a Vonpar possuía uma empresa pertencente ao seu grupo societário, a Transtil. Afirma que por esse mesmo contrato verbal ficou convencionado que a distribuição dos produtos da Vonpar dar-se-ia em conjunto pela Bortolazzo e pela Vonpar, por meio da Transtil. • 4. Assim, tendo sido a Transtil incorporada à Vonpar, operou-se a sucessão universal da incorporadora, abarcando a transferência de todos os direitos e obrigações da empresa incorporada. Outrossim, estando a Transtil extinta por causa da incorporação, logicamente não poderia firmar avença entre as partes, incorporadora e Bortolazzo, que chancelou a existência do contrato verbal anterior. • 5. Em razão da sucessão universal decorrente da incorporação, caso a autora Bortolazzo vislumbrasse algum prejuízo em face de suposto crédito existente com a incorporada, poderia ter pleiteado a anulação da operação, na forma autorizada pela Lei das S.A.; ou, ainda mais, poderia contestar as cláusulas constantes do contrato posteriormente firmado, em que concordou com a quitação de todos os débitos e indenizações de qualquer espécie. • 6. O intento da autora Bortolazzo de cobrar valores supostamente devidos pela incorporada Transtil, após expressamente quitar toda e quaisquer dívidas com a incorporadora Vonpar, por meio de novação da relação contratual havida entre as três desde 1982, atenta contra o princípio da boa- fé objetiva, notadamente em sua vertente do venire contra factum proprium. • 7. Consiste tal princípio em diretriz pautada sobretudo na boa-fé, segundo a qual "a ninguém é lícito fazer valer um direito em contradição com sua anterior conduta, quando essa conduta interpretada objetivamente segundo a lei, os bons costumes ou a boa-fé, justifica a conclusão de que não se fará valer o direito, ou quando o exercício posterior choque contra a lei, os bons costumes ou a boa-fé" (Apud, NERI JUNIOR, Nelson. Código civil comentado (...), 6 ed. p.507). • 8. Na esteira da jurisprudência dominante desta Corte, mostra-se inviável, em sede de recurso especial, o reexame dos critérios fáticos utilizados pelo Tribunal a quo para fixação dos honorários advocatícios, ressalvadas as hipóteses em que essa verba é arbitrada em valor excessivo ou irrisório. Isso porque a discussão acerca do montante da verba honorária encontra-se, em regra, indissociável do contexto fático-probatório dos autos, obstando o revolvimento do valor arbitrado nas instâncias ordinárias por este Tribunal Superior em face do teor da Súmula 7 do STJ. • 9. Recurso especial da recorrente Vonpar provido para excluir a condenação quanto a verbas referentes a "fretes"; recurso especial da recorrente Bortolazzo não conhecido.
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