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1 2 ASSEPSIA E ANTISSEPSIA Alysson Amaral Barreto Bianca Caluf Negrão Caren dos Santos Lima Louize Caroline Marques Oliveira Marcus Vinícius Henriques Brito Matheus Paiva Pacheco Silveira Renyer dos Santos Gonçalves Thyago Cezar Prado Pessôa Yara Monteiro Rodrigues 1. INTRODUÇÃO Semmelweis, em 1840, trabalhando em uma maternidade em Viena observou que as pacientes acompanhadas por estudantes apresentavam maior incidência de febre puerperal do que aquelas acompanhadas por parteiras. Após muitas investigações algo lhe chamou a atenção: os estudantes dirigiam-se diretamente das salas de necropsia para as enfermarias, com as mesmas roupas e sem lavarem as mãos. Procurando resolver a questão, estipulou que todos lavassem as mãos em solução de água clorada, não mais permitindo a passagem direta das salas de necropsia para as enfermarias. Os resultados em pouco tempo demonstraram redução sensível na porcentagem de febre puerperal. Apesar dos resultados, Semmelweis foi ridicularizado por alunos e professores, sendo mesmo afastado do serviço e sua hipótese ignorada. O ano de 1846 representa um marco na história da medicina: é realizada a primeira cirurgia sob anestesia, a dor finalmente vencida. A partir de então, operações inéditas puderam ser executadas e novas técnicas cirúrgicas desenvolveram-se, pois o cirurgião não mais necessitava trabalhar com máxima rapidez para amenizar o sofrimento do paciente. A anestesia foi realmente um triunfo para a cirurgia, porém só a anestesia não melhorou significativamente os resultados operatórios. Poucos dias após a intervenção o paciente desenvolvia febre alta, seguida de supuração da ferida com drenagem de grande quantidade de material purulento. Progressivamente havia necrose e gangrena dos tecidos e a morte do paciente sobrevinha dias após, na maioria dos casos. Várias foram as especulações a respeito do fenômeno, não se encontrando solução adequada. 2 Os trabalhos iniciados por Pasteur, em 1857, sobre o estudo de putrefação e fermentação colocam por terra a teoria de geração espontânea, demonstrando que a fermentação é causada por partículas minúsculas por ele denominados microorganismos. Em 1860, Lister ao mesmo tempo em que toma conhecimento dos trabalhos executados por Pasteur observa que fraturas fechadas ao contrário das expostas, progrediam raramente para febre e supuração. Finalmente, em 1887, obtém êxito na intervenção cirúrgica de uma fratura exposta de rótula, fazendo a limpeza com solução de ácido fênico a 5%. O paciente evoluiu sem apresentar sinais de febre ou formação de pus na ferida. Inicialmente houve resistência por parte dos cirurgiões da época em aceitar suas teorias, porém com o decorrer dos anos seus trabalhos tornaram-se universalmente conhecidos e aceitos. Lister, por isso, é considerado o precursor da antissepsia. Infecções hospitalares continuam sendo as principais complicações iatrogênicas, no entanto, podem ser evitáveis por meio da utilização das técnicas de esterilização e de antissepsia que visam atingir o estado de limpeza total (completamente livre de germes) denominado de estado de assepsia. Tais técnicas têm, por muitas vezes, seus conceitos confundidos e até mesmos tidos como sinônimos, porém cada uma guarda particularidades, o que as tornam bastante diferentes. 2. ESTERILIZAÇÃO Esterilização significa a destruição por completa de todos os microorganismos vivos, sejam eles patogênicos ou não, mediante agentes físicos (calor seco, calor úmido e radiação) e/ou químicos (gás óxido de etileno). Para conseguir-se a esterilização, há vários fatores importantes: as características dos micro-organismos, o grau de resistência das formas vegetativas, a resistência das bactérias produtoras de esporos e o número de micro-organismos e da característica do agente empregado para a esterilização. São esterilizados materiais metálicos, tecidos e vidrarias e antes que estes objetos sejam submetidos à esterilização, deve ser realizada a limpeza dos mesmos, para que se remova a maior quantidade de detritos e microorganismos superficiais. 3. TIPOS DE ESTERILIZAÇÃO 3.1. CALOR SECO 3 Existem vários meios de se obter a esterilização. Um deles é o calor seco, que é obtido através da utilização de estufas elétricas que promovem a oxidação do citoplasma dos microorganismos. São esterilizados por este método, especialmente materiais metálicos como instrumentais e vidrarias como os tubos de ensaios. Figura 2.1: Estufa elétrica 3.2. CALOR ÚMIDO Este método é obtido no interior das autoclaves que fazem a associação de altas pressões com altas temperaturas. O calor úmido é letal para os microorganismos ao promoverem a coagulação de suas proteínas citoplasmáticas. Age por meio da difusão do vapor d'água para dentro da membrana celular (osmose), hidratando o protoplasma celular, produzindo alterações químicas (hidrólise) e coagulando mais facilmente o protoplasma, sob ação do calor. São esterilizados por este método especialmente materiais de borracha como as luvas, e de tecido como, por exemplo, gorros, capotes, gazes e campos. Atualmente os materiais metálicos, como os instrumentais, são também esterilizados por essa técnica. Após a esterilização por calor úmido, os objetos deverão passar pelo processo de secagem que é realizado no interior da autoclave. 4 Figura 2.2: Autoclave A fervura, que por muitas vezes é empregada como meio de esterilização, foi um método corriqueiramente usado na prática diária, mas não oferece uma esterilização completa, pois a temperatura máxima que pode atingir é 100ºC ao nível do mar, e sabe-se que os esporos, e alguns vírus, como o da hepatite, resistem a essa temperatura, alguns até por 45 h. Por isso, sua utilização deve ser evitada, visto que a fervura não consegue promover a destruição dos esporos (formas bacterianas que resistem a condições inóspitas), já que os mesmos possuem um intenso poder de desidratação. 3.3. RADIAÇÃO A radiação é uma alternativa na esterilização de materiais termossensíveis, a exemplo de seringas de plástico, luvas e fios cirúrgicos. Por atuar em baixas temperaturas, é um método disponível em escala industrial devido aos elevados custos de implantação e controle. Radiações ionizantes (raios beta, gama, X, alfa): Tem boa penetrabilidade nos materiais, mesmo já empacotados. Radiações não ionizantes (raios ultravioleta, ondas curtas e raios infravermelhos): Devido a sua baixa eficiência, sua utilização está vetada pelo Ministério da Saúde desde 1992. 3.4. GASES A esterilização empregando gases é comumente realizada e um dos gases mais utilizados é o óxido de etileno. Porém, para o emprego deste, é necessário um equipamento especial e de alto custo, sendo este processo de esterilização mais utilizado por indústrias que fazem a aplicação do mesmo em objetos que não podem ser submetidos às estufas e às autoclaves, a exemplo de materiais descartáveis como telas de polipropileno, bem como embalagens de fios, agulhas e seringas. Destaca-se que o óxido de etileno é considerado 5 tóxico. Deve-se haver um período de, no mínimo, 7 dias entre a esterilização e utilização do material. Qualquer material é considerado não estéril a partir do momento em que este entra em contato com o ar que é contaminado. Assim, antes destes objetos sofrerem qualquer processo de esterilização os mesmos são envolvidos em panos ou papéis apropriados, o que garante uma maior durabilidade da esterilização. Deve-se lembrar que a durabilidade da esterilização vai depender do tipo de materialutilizado para armazenar o objeto estéril, e não somente da técnica utilizada. Figura 2.3: Equipamento para esterilização a gás 4. ANTISSEPSIA Antissepsia visa combater os microorganismos patogênicos promovendo sua destruição ou inativação, sendo assim considerada um sinônimo de desinfecção. Porém, a antissepsia é empregada apenas em tecidos vivos enquanto que a desinfecção é realizada em objetos inanimadas. Para a realização da antissepsia é necessário o emprego de certas substancias químicas, denominadas antissépticos. 4.1. ANTISSÉPTICO IDEAL O antisséptico ideal seria aquele que possuísse: Amplo espectro de ação: sendo eficaz no combate a diversos microorganismos, como: bactérias, fungos, vírus e inclusive esporos. Exercer a atividade germicida sobre a flora cutâneo-mucosa em presença de sangue, soro, muco ou pus. Início de ação imediato. 6 Efeito residual prolongado, mantendo sua ação antisséptica horas após a sua primeira aplicação. Apresentar uma baixa toxicidade para os tecidos orgânicos, como pele e mucosas. Baixo custo. 4.2. ANTISSÉPTICOS UTILIZADOS NA PRÁTICA O antisséptico ideal não existe, porém, devem ser utilizadas substâncias que agrupem a maior quantidade possível de suas propriedades. a) Álcoois Dentre estes, tem-se os álcoois etílico e isopropílico, em concentrações de 70 a 92 %. Estes antissépticos são utilizados com bastante freqüência na antissepsia da pele para a aplicação de injetáveis, pois exercem ação germicida quase imediata, sendo bactericida, fungicida e virucida para alguns vírus, razão pela qual é usado na composição de outros antissépticos. Porém possuem um efeito residual diminuto e um espectro de ação limitado, além de ressecarem a pele em repetidas aplicações. Em virtude disso, atualmente, estão sendo substituídos por substâncias à base de cloro e iodo. b) Aldeídos e derivados Apresentam um elevado poder germicida com poder de penetração relativamente alto, combatendo inclusive esporos, porém, quando utilizados por muito tempo, tornam-se irritantes para pele e mucosas. Como exemplo tem-se o formol. c) Agentes oxidantes Esses compostos se caracterizam por liberarem oxigênio, que é germicida, quando entram em contato com a catalase, enzima encontrada no sangue e na maioria dos tecidos. Atuam oxidando o sistema enzimático dos microorganismos. O destaque deste grupo é o peróxido de hidrogênio (água oxigenada). Estes compostos possuem um efeito residual diminuto e estão entrando em desuso, visto que geram radicais livres que dificultam a cicatrização. d) Derivados furânicos Possuem ação bactericida. Como exemplo tem-se a nitrofurazona (furacin) que possuem amplo espectro antibacteriano, interferindo no sistema enzimático dos microorganismos pela inibição do metabolismo dos carboidratos, sendo sua utilização apenas tópica no tratamento de certas infecções estabelecidas na pele, feridas infectadas ou 7 queimaduras, o uso contínuo pode provocar intolerância e sensibilização. Não afeta a cicatrização, a fagocitose e a atividade celular e a sua eficácia persiste na presença de sangue, pus ou exsudato. e) Halogênios e derivados Este grupo é composto por substâncias à base de cloro e iodo. Apresentam grande eficácia no combate aos microorganismos, eliminando até mesmo esporos. São recomendados em cirurgias de longa duração devido ao seu amplo efeito residual. O destaque deste grupo vai para o Iodopolivinilpirolidona (PVPI), conhecido comercialmente como Povidine®, apresentando-se de duas formas principais, o PVP-I tópico a base de álcool e o antisséptico PVP-I degermante que possui como base principal a água e o sabão. Vale a pena ressaltar que esta substância não deve ser utilizada no interior em lesões, pois diminui a quimiotaxia dos neutrófilos, ou seja, diminui a sinalização química emitida por essas células que deflagra o processo de cicatrização, além de promover citólise das mesmas. Dessa forma, em tecidos lesionados e em pessoas que possuem sensibilidade ao iodo, são empregadas substâncias a base de cloro como o Clorexidine, que tem ação imediata e efeito residual, visto que apresenta baixo potencial de toxicidade e de fotossensibilidade ao contato, sendo pouco absorvida pela pele íntegra. Este é um dos constituintes do Merthiolate®. 4.2. ANTISSÉPTICOS INADEQUADOS A legislação vigente (Port. 930/92) classifica as seguintes soluções como inadequadas para antissepsia: •Compostos mercuriais: merbromina (mercurocromo) e líquido de Dakin. •Compostos de amônio quaternário: cloreto de benzalcônio, cloreto ou brometo de cetilmetilamônio e cetilpiridona. •Éter: substância irritante que, quando aplicado localmente, produz uma reação inflamatória nos tecidos cutâneo e mucoso. Por suas propriedades físico-químicas, não tem indicação como solução antisséptica. •Clorofórmio •Acetona 5. MANUTENÇÃO DO ESTADO DE ASSEPSIA Os componentes básicos dos procedimentos assépticos são: o centro cirúrgico, o paciente, a equipe cirúrgica e os instrumentos e materiais cirúrgicos, sobre os quais se aplicam cuidados especiais para que o estado de assepsia seja mantido. 5.1. CENTRO CIRÚRGICO Deve ser projetado em ambiente isolado, sendo o ideal aquele que não oferece qualquer risco de contaminação bacteriana ou viral; para isto, devem-se instituir regras rigorosas relacionadas aos indivíduos que nele entram. 8 Deve sempre ser vedada a entrada ou permanência nos centros cirúrgicos de pessoas com lesões cutâneas não cicatrizadas ou com infecções de vias aéreas. No centro cirúrgico distinguem-se três áreas de relevância à técnica asséptica, que são: zona de proteção para a equipe cirúrgica e uma equivalente destinada ao paciente denominada zona de transferência, além da zona limpa e zona asséptica ou estéril. 5.1.1. ZONA DE PROTEÇÃO a) Vestiários Corresponde ao local de trânsito da equipe cirúrgica, onde serão abandonadas as roupas rotineiras e vestidas roupas apropriadas para adentrar o Centro Cirúrgico. Ainda nos vestiários, são colocados os gorros ou toucas, as máscaras e os pró-pés, ou pantufas de uso exclusivo do ambiente cirúrgico. Figura 2.4: Vestiários da equipe cirúrgica b) Zona de tranferência Corresponde ao local onde os pacientes são transferidos das macas de suas respectivas unidades de internação para macas que só trafegam no Centro Cirúrgico. Pelo fato de não se abrirem por completo, as portas da zona de transferência evitam a contaminação do ambiente cirúrgico pelas rodas das macas advindas de outros locais do hospital. 5.1.2. ZONA ASSÉPTICA É também denominada de zona estéril, sendo constituída pelas salas de operações, onde são realizadas as cirurgias, e pela sala de subesterilização, que serve para esterilizar qualquer material que por ventura tenha sido contaminado durante a cirurgia e cujo uso é imprescindível para a realização da mesma. Essa zona serve também para o acondicionamento temporário de roupa estéril e complementos para as mesas de instrumentação. O acabamento de um centro cirúrgico é o somatório de detalhes que conjuntamente irão influir na eficiência e segurança das atividades desenvolvidas no interior do mesmo, 9 facilitando, para tanto, a limpeza e reduzindo o risco de contaminação do ambiente. Figura 2.5: Porta da Zona de Transfe- Figura 2.6: Porta da Zona de Transfe- rência (Fechada) rência (Aberta) a) Piso O piso deve ser de material resistente, não poroso,de fácil visibilização de sujeiras, livre de ralos e frestas que possam facilitar o acúmulo de microorganismos, além de formar cantos arredondados com as paredes. Figura 2.7: Piso b) Paredes As paredes devem ser lisas, sem frestas, formando cantos arredondados entre si, com o piso e com o forro, visando facilitar a limpeza e evitar o acúmulo de poeira. Devem ser pintadas com cores tranqüilizantes como o verde claro, por exemplo, além de não possuírem ar condicionado e janelas acopladas às mesmas. Figura 2.8: Paredes c) Forro O forro, assim como as paredes, deve ser liso e de material não poroso para impedir a retenção de microorganismos. O mesmo deve formar cantos arredondados com as paredes, além de possuir luminárias embutidas e apresentar uma central de ar condicionado acoplada. 10 Figura 2.9: Forro d) Portas As portas de uma sala de operações são abertas um número significante de vezes durante as atividades diárias. Para diminuir a turbulência das correntes de ar, recomenda-se um sistema de pressão positiva no interior das salas de operação baseado na diferença da temperatura entre os dois ambientes. As portas também devem ser dotadas de visores de vidro para facilitar a visão entre os dois ambientes e diminuir o número de aberturas desnecessárias da porta. Figura 2.10: Portas da Sala de Operações 5.1.3. ZONA LIMPA A zona limpa é considerada uma zona de transição entre as zonas de proteção ou transferência e a zona asséptica ou estéril. Tal zona é composta por vários setores de serviços auxiliares para a realização dos atos operatórios. a) Sala de recuperação do paciente Ao término do ato cirúrgico os pacientes que se destinam aos seus leitos ficam em observação nesse local, sendo transferidos após estarem conscientes e estáveis hemodinamicamente e considerados fora de risco imediato. b) Sala de serviços auxiliares 11 Reservada para a realização de exames laboratoriais urgentes, bem como estocagem de sangue e medicação em geladeira. c) Sala de equipamentos É utilizada para a colocação de aparelhos de uso eventual ou de rotina nas operações, a exemplo dos bisturis elétricos, eletrocardiógrafos, desfibriladores, respiradores, etc. d) Secretaria É a unidade central do Centro Cirúrgico, de onde partem todas as diretrizes para os vários setores do ambiente cirúrgico e constitui também o local de contato com as demais áreas do hospital. Figura 2.11: Secretaria e) Conforto médico É a sala de estar, destinada à equipe médica de plantão ou que aguarda o momento da cirurgia, dispondo de sofás e poltronas para o descanso das equipes. Figura 2.12: Conforto Médico f) Sala de materiais Destina-se a guardar e estocar todos os materiais para uso imediato nas cirurgias, como por exemplo, aventais e capotes, pacotes de gazes, campos operatórios, caixas com instrumentais cirúrgicos, estando todos esterilizados e prontos para serem utilizados. 12 Figura 2.13: Sala de materiais g) Lavabo É uma peça fundamental para a antissepsia da equipe cirúrgica. Está localizado próximo às salas de operação, tendo escovas estéreis, sabão, aparelhos dispensadores e borrifadores, além de torneiras que apresentam hastes longas que facilitam sua abertura por movimentos realizados com os cotovelos. Essas também podem ser acionadas por dispositivos ativados por movimentos de pressão dos membros inferiores. Em centros cirúrgicos mais modernos, as torneiras podem estar associadas a sensores de movimento, que evitam o contato da pele com superfícies contaminadas. Figura 2.14: Lavabo 5.2. PACIENTE É a fonte mais importante de contaminação na sala de cirurgia, sendo que seu preparo deve se iniciar na véspera dos procedimentos eletivos, com banho geral, lavagem da cabeça, axilas e genitais, pois, junto com o trato respiratório, são os maiores fatores de contaminação. O doente precisa receber vários cuidados por parte da equipe cirúrgica. O cuidado não deve ser limitado somente a área correspondente à futura ferida operatória e sim, ao paciente como um todo, estendendo-se as suas roupas pessoais e de cama. a) Banho O preparo da pele do paciente antes de uma incisão é um dos métodos mais importantes para redução da infecção. O banho no dia da cirurgia tem sido contra-indicado 13 por aumentar a difusão de germes, visto que com o uso de detergentes, a gordura existente na pele é removida e há descamação acentuada, veiculando maior quantidade de microorganismos. Contudo, em regiões de clima quente como Belém, permite-se que o banho seja tomado até 8 horas antes da cirurgia. b) Tricotomia/epilação Só deve ser empregada quando se prevê que o pêlo possa interferir no processo cirúrgico. Em cirurgias emergenciais dá-se prioridade a realização da tricotomia, que consiste na simples aparação dos pêlos, uma vez que esta evita a ocorrência de escoriações que podem se tornar fontes de contaminação, a qual pode evoluir para uma infecção. A epilação, por sua vez, implica na retirada total dos pêlos desde sua raiz, sendo mais utilizada em procedimentos eletivos. Estudos recentes demonstram que tanto a tricotomia quanto a epilação devem ser realizadas em área limitada ao local da incisão cirúrgica, exteriorização de drenos e fixação de curativos. As tricotomias devem ser realizadas, de preferência, com o auxílio de creme depilatório ou depiladores elétricos, ao invés do uso de lâminas diminuindo o efeito lesivo ao tecido. c) Roupas É recomendado que o doente seja introduzido na sala de cirurgia sem os lençóis e roupas com que saiu da enfermaria ou quarto, pois estes são geralmente fontes de infecção. Não é admissível a entrada na sala de operações de pacientes com próteses, anéis, cordões, brincos e outros, assim como a utilização de esmaltes e batom, pois estes, além de serem fontes de infecção, impedem uma correta visibilização das unhas e da mucosa oral do paciente, que podem estar cianóticas, apresentando uma coloração azul-arroxeada em função do aumento da concentração da hemoglobina reduzida (responsável pelo transporte de gás carbônico) no sangue. d) Antissepsia Na sala de operações, a pele do paciente é previamente lavada com soro fisiológico, para em seguida ser preparada com substância à base de iodo ou cloro; os detergentes antissépticos à base de clorofeno são utilizados nos indivíduos com sensibilidade cutânea ao iodo. Estes compostos são aplicados na área onde se planeja realizar a incisão. As soluções mais utilizadas para antissepsia são os iodóforos (Betadine*). O iodo é reconhecido como antimicrobiano de amplo espectro, com atividade contra fungos, vírus, 14 bactérias e até mesmo esporos. Compostos de iodo altamente complexos são muito estáveis, não possuem odor e são menos irritantes para os tecidos do que a tintura de iodo. Após o contato com a pele, estes complexos liberam iodo lentamente, promovendo atividade prolongada. A técnica mais aceita para limpeza da pele do paciente consiste em iniciar pela área onde será feita a incisão e considerar esta porção mais limpa. A gaze contaminada nunca deve ser recolocada na solução antisséptica e jamais realizar o procedimento da periferia para o local da incisão. Dependendo do tipo de cirurgia a ser realizada, há uma técnica específica para a antissepsia da pele do paciente. Em cirurgias gastrintestinais (laparotomias), porexemplo, o campo operatório se estende da linha intermamilar até a metade das coxas, englobando a região pudenda. O primeiro passo é embeber a gaze estéril em solução antisséptica e realizar a limpeza da cicatriz umbilical. Figura 2.15: Antissepsia da pele do paciente: cicatriz umbilical Em seguida, com outra gaze com antisséptico, desenha-se uma linha partindo de uma linha axilar posterior à outra passando sobre os mamilos. Figura 2.16: Antissepsia da pele do paciente: linha intermamilar 15 Contornando a cicatriz umbilical com uma terceira gaze, desenha-se uma linha perpendicular à anterior, indo do corpo do esterno até a sínfese púbica. Figura 2.17: Antissepsia da pele do paciente: Linha perpendicular do corpo do Esterno até a sínfese púbica Com outra gaze, segue-se com a antissepsia, espalhando a solução antisséptica sobre as laterais do campo operatório, obedecendo o sentido de cima para baixo e do centro para a periferia. Figura 2.18: Antissepsia da pele do paciente: lateral do campo operatório Até que a antissepsia seja realizada por completo. 16 Figura 2.19: Antissepsia da pele do paciente: lateral do campo operatório completa Utilizando-se outra gaze, segue-se com a antissepsia das coxas, indo de cima para baixo, do centro para a periferia até atingir a metade de sua extensão. Figura 2.20: Antissepsia da pele do paciente: coxa Realizando o mesmo procedimento do outro lado. Figura 2.21: Antissepsia da pele do paciente: coxa (completa) Por fim é realizado a antissepsia da região pudenda em movimentos de cima para baixo. Outra técnica para laparotomias é descrita em duas fases: a Degermação e a antissepsia 17 propriamente dita (MARQUES, 2005). Na Degermação deve-se lavar minuciosamente o campo operatório com esponja ou compressa estéril, ou mesmo escova com cerdas delicadas, utilizando-se solução antisséptica degermante. É realizada de maneira centrífuga, ou seja, do centro (local da incisão) para a periferia com movimentos circulares ou lateralizados, procurando atingir boa margem entre os quadrantes, pela possibilidade de se estender a incisão durante o ato operatório. Jamais se deve retornar (com a mesma compressa, esponja ou escova) a um local já degermado, sob o risco de carreamento bacteriano. Toda a área escovada deve ser enxuta com absorventes estéreis, também do centro para a periferia. A antissepsia propriamente dita é realizada pelo cirurgião ou pelo primeiro auxiliar, com uma solução antisséptica (comumente solução alcoólica de iodopovidona ou clorexidina), logo após a degermação. Devem-se ter os mesmo cuidados utilizados na escovação. Com o uso de uma pinça longa com chumaços de gaze em sua ponta (“gaze montada”), inicia-se a antissepsia, em uma forma centrífuga. Inúmeros chumaços de gaze deverão ser utilizados, lembrando-se que, somente com a gaze ainda não utilizada (estéril), pode-se retornar ao local onde já foi aplicado o antisséptico e) Campos operatórios Campos são tecidos grossos e estéreis de formato quadrado ou retangular de dimensões variadas utilizados para delimitar e isolar o campo operatório. O primeiro campo a ser colocado é o inferior para preservar o pudor do paciente. Figura 2.22: Campo operatório inferior Posteriormente, coloca-se o campo superior, que será erguido para formar a tenda do anestesiologista. Esse profissional ficará localizado posterior à tenda monitorando os sinais vitais do paciente, como pressão arterial e freqüência respiratória. 18 Figura 2.23: Campo operatório superior Alguns cirurgiões optam pela colocação de um filme plástico sobre a pele do paciente, visando evitar a dispersão da solução antisséptica prolongando o efeito residual da mesma. Por fim, são colocados os campos operatórios laterais. Figura 2.24: Campos operatórios laterais Os campos operatórios são fixados entre si por meio de pinças de campo (Backhaus). Figura 2.25: Fixação dos campos operatórios com o auxílio de pinças de campo 5.3. EQUIPE CIRÚRGICA O preparo e a conduta da equipe cirúrgica é de grande importância no tratamento asséptico do paciente devido contaminação estar diretamente relacionada com o número e trânsito de pessoas na sala. 19 A equipe cirúrgica é composta pelo cirurgião, auxiliares, instrumentador e anestesiologista. Sua constituição é extremamente variável, estando em estreita relação com o tipo e porte da intervenção a ser realizada. 5.3.1. Banho Deve ser evitado momentos antes da cirurgia, pelo mesmo motivo que é contra indicado para o paciente. A propagação de germes é maior no período de 30 a 90 minutos após o banho, diminuindo progressivamente até estabilização em 2 horas. 5.3.2. Roupas As roupas rotineiras devem ser trocadas antes de se adentrar no ambiente cirúrgico. São vestidas calça e blusa após a retirada de toda a roupa anteriormente usada. Além disso, a equipe cirúrgica deve também utilizar pró-pés (pantufas) para adentrar no centro cirúrgico. 5.3.3. Gorros e toucas Devem cobrir todo o couro cabeludo, impedindo que os cabelos sejam fonte de contaminação. Pessoas de cabelos longos devem dar preferência às toucas, pois estas possuem elástico e capacidade de conter fios e cabelo em seu interior Figura 2.26: Toucas e gorros 5.3.4. Máscaras (Figura 2.26) Devem recobrir confortavelmente a boca e o nariz, estando justas o suficiente para impedir a contaminação do ambiente cirúrgico com gotículas e secreções oronasais. Até 40% da equipe cirúrgica carreiam Staphylococcus aureus em suas cavidades oral e nasal. No interior do centro cirúrgico, deve ser evitada a expiração forçada como tosse e espirro, bem como a fala excessiva. A máscara deve ser repetidamente trocada durante as operações duradouras, uma vez que sua eficiência decresce progressivamente com o passar do tempo. 5.3.5. Óculos Podem ser utilizados com anteparos laterais para proteger os olhos sempre que houver a possibilidade de borrifos ou respingos de sangue e/ou outros líquidos corporais. 20 5.3.6. Pro-pés Sapatos privativos e pro-pés constituem barreiras contra microrganismos carreados nas solas dos sapatos comuns. A sua importância no controle da infecção do centro cirúrgico está na possibilidade da contaminação do piso atingir a incisão cirúrgica aberta, a qual pode ocorrer pelo contato de objetos e mãos que tocam piso e sapatos ou pela dispersão de microrganismos do piso para o ar ambiente. 21 5.3.7. Mãos A equipe cirúrgica deve escovar as suas mãos e braços até os cotovelos com uma solução antisséptica antes de cada cirurgia. Agentes como iodóforos e clorexidine associados a um detergente provaram ser eficazes. Não foi observada diferença entre tempos de escovação de 3 a 5 minutos e tempos maiores, ou entre o uso de uma esponja e de uma escova. Mais recentemente há grandes evidências de que a simples lavagem cumpre a função de escovação dos membros, limitando este procedimento às unhas. O antisséptico ideal deve ter amplo espectro de ação, alto poder germicida, atuando de forma rápida e prolongada sobre microrganismos e que mantenha a sua ação mesmo na presençade líquidos orgânicos. UZEDA e col. estudaram a ação imediata de alguns produtos (sabões e ou antissépticos) utilizados em larga escala, tais como: clorexidine a 4%, propilenoglicol, irgasan DP-300, sabão de coco (óleo de coco de babaçu, hidróxido de sódio, carbonato de cálcio, cloreto de sódio e água), PVPI e álcool isopropílico a 70%. Estes dois últimos determinaram redução estatisticamente significativa em relação aos demais, sendo, portanto, considerados eficientes na redução da microbiota das mãos. A equipe cirúrgica deve estar sempre com as unhas limpas, aparadas e sem esmalte. Além disso, antes de iniciar a lavagem das mãos deve-se remover jóias e relógios. A limpeza das mãos deve ser realizada em duas etapas: a) Desinquinação Sabões e detergentes sintéticos, graças a sua propriedade de umidificação, penetração, emulsificação e dispersão, removem mecanicamente a maior parte da microbiota existente nas camadas superficiais da pele, também chamada de microbiota transitória, mas não conseguem remover aquela que coloniza as camadas mais profundas ou microbiota residente. Desta forma, a desinquinação consiste na limpeza da pele para remoção da microbiota superficial nela existente. Este processo requer a escovação da pele com água e sabão em abundância. Pela possibilidade das escovas veicularem infecções das mãos de um cirurgião para o outro, é recomendada a esterilização ou descarte das escovas após sua utilização. Os lavabos dispõem de torneiras com braços longos para facilitar o fechamento das mesmas com o auxílio de pequenos movimentos com o cotovelo. A água deverá ser despejada nas mãos do cirurgião. 22 Figura 2.27: Movimentos com os cotovelos Figura 2.28: Lavagem das mãos com água los para abrir a torneira Posteriormente, com os pés, ele pressionará a bomba do aparelho dispensador que despejará o antisséptico degermante, produzindo espuma no momento da escovação. Figura 2.29: Bomba do aparelho dispensador sendo acionada com o pé A técnica de escovação deverá sempre ser iniciada pelas unhas, e a escova que foi utilizada deverá ser desprezada. Figura 2.30: Escovação das unhas Figura 2.31: Descarte da escova Posteriormente faz-se a escovação das mãos, caminhando em sentido ao cotovelo que será a zona de transição entre a parte limpa (mãos e antebraço) e a parte contaminada (braço). A seqüência de escovação deve ser: 23 2.32: Face palmar Figura 2.33: Face dorsal da mão Figura 2.34: Interdígitos (sentido radio- Figura 2.35: Face anterior do ante- ulnar) braço Figura 2.36: Face posterior do ante- Figura 2.37: Remoção do antisséptico braço A posição correta para a lavagem das mãos deve ser com estas a um nível acima dos cotovelos, de modo que a água e o sabão utilizados na desinquinação escorram da área limpa (mãos) para a área contaminada (cotovelos). A secagem das mãos deverá ser realizada nesta mesma posição, com movimentos compressivos, e não de fricção, feitos com o auxílio de uma compressa estéril, obedecendo a mesma seqüência da escovação. 24 Figura 2.38: Secagem com o auxílio de uma compressa estéril b) Antissepsia complementar Após a secagem das mãos e antebraço com compressa estéril, deve ser procedida a aplicação da solução antisséptica complementar com álcool iodado ou poliviniliodopirrolidona (PVPI) tópico, que não produza espuma. Esta aplicação pode ser realizada de duas maneiras: uma em que um circulante irá borrifar o antisséptico nas mãos do cirurgião ou em que o antisséptico seja despejado através de um aparelho dispensador. É conveniente que a secagem da solução se faça pela evaporação, deixando que se forme uma película sobre a pele que aumentará seu efeito residual. Figura 2.39: Borrifador de PVPI tópico 5.3.7. Aventais ou capotes NEUBER (1882) propôs o uso de aventais cirúrgicos em substituição as tradicionais casacas e sobrecasacas. Os aventais quando confeccionadas em tecido de malha frouxa, como os usuais, são ineficazes para impedir a contaminação, logo são feitos de tecido vegetal ou sintético, devendo se estender até abaixo do nível dos joelhos, possuindo mangas compridas com punhos elásticos. São dotados de cinto ou cordões para a sua amarração. Têm como finalidade a formação de barreira estéril entre as superfícies contaminadas e o campo operatório. Para a colocação do avental deve-se manipular somente pelos cordões existentes na gola para que ele se desdobre. 25 Figura 2.40: Manipulação dos capotes pelos cintos existentes na gola Depois são introduzidas as mãos em direção as mangas e após estas terem ultrapassado os punhos, os cintos deverão ser apresentados para que o circulante proceda a amarração. Figura 2.41: Etapas da Colocação do capote Os pontos vulneráveis de um avental são: região das golas, punhos e barra inferior. Estudos de penetração bacteriana no material do avental mostraram que a contaminação é maior com o pano, menor com o papel e mínima com o plástico. O uso de aventais descartáveis foi associado a uma redução significativa no número de infecções da ferida operatória, porém na maioria das vezes, após a utilização, os capotes são desprezados em cestos, de onde serão recolhidos para sofrerem esterilização. 5.3.8. Luvas Possuem dupla função: proteger o paciente da mão do cirurgião e proteger o cirurgião de sangue potencialmente contaminado. Introduzidas no meio médico por HALSTED (1889) para proteger as mãos de sua instrumentadora, alérgica ao ácido carbólico, substância então utilizada para a esterilização. São feitas de látex e preparadas com talco em seu interior para o fácil calçamento. Os tamanhos variam de 6 a 9. O cuidado principal no calçamento está em não tocar com a mão nua as faces externas da luva, assim como não tocar, com a mão já enluvada, a face interna, superfícies ou objetos contaminados. Para a retirada do talco de sua face externa, pode- se fazê-la com o auxílio de uma compressa umedecida em soro fisiológico. Figura 2.47: Etapas da Colocação do capote 26 6. Conclusão A assepsia é um estado total de limpeza que pode ser alcançada por diferentes técnicas, como a esterilização, a antissepsia e a desinfecção. O primeiro desses meios, a esterilização, visa à eliminação de todos os microorganismos vivos e apresenta-se sobre diferentes formas como a esterilização por calor seco, calor úmido ou gases. Já a antissepsia e a desinfecção visam à eliminação somente dos microorganismos patogênicos diferindo apenas quanto ao local de aplicação, tecidos vivos para a antissepsia e superfícies inanimadas para a desinfecção. Quanto aos cuidados relacionados a um procedimento cirúrgico é importante ressaltar a estrutura do centro cirúrgico e os cuidados relacionados ao paciente e a equipe cirúrgica. O Centro cirúrgico é dividido em diferentes zonas destacando-se a zona de proteção para a equipe cirúrgica e a zona asséptica onde são realizadas as cirurgias. Em relação aos cuidados com o paciente deve-se atentar ao banho, a tricotomiaou epilação e as roupas e acessórios utilizados. Já quanto a equipe cirúrgica é importante a sua correta paramentação e antissepsia das suas mãos. REFERÊNCIAS ANDRADE et al. Álcoois: a produção do conhecimento com ênfase na sua atividade antimicrobiana. Medicina, São Paulo, v. 35, p. 7–13, 2002. CARDOSO, S.R. et. al. Anti-sepsia para administração de medicamentos por via endovenosa e intramuscular. Rev. Eletr. Enf., [Internet], v.8, n.1, p. 75-82, 2006. CERQUEIRA, M.C.M. Anti-sepsia – princípios gerais e anti-sépticos. In: RODRIGUES, E. A. C.et al. Infecções Hospitalares: prevenção e controle. São Paulo: Sarvier, 1997. DAROUICHE, R.O. et al. Chlorhexidine-Alcohol versus Povidone-Iodine for Surgical- Site Antisepsis. N. Engl. J. Med., London, v. 362, n. 1, p. 18-26, Jan, 2010. 27 FEIST, I.S.; MICHELI, G.; SARIAN, R. Clorexidina – os prós e os contras da sua utilização em Periodontia. Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent., São Paulo, v. 43, n. 1, p. 20- 23, Fev. 1989. FERNANDES, A.T.; FILHO, N.R. Infecção do Acesso Vascular. In: FERNANDES, A T.; FERNANDES, M.O.V.; RIBEIRO FILHO, N. Infecção Hospitalar e suas Interfaces na Área da Saúde. São Paulo: Atheneu, 2000. 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Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de procedimentos básicos em microbiologia clínica para o controle de infecção hospitalar. Brasília, 2000. 28 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 930, Diário Oficial da União, Brasília 27 de agosto de 1992.
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