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ESTRUTURAS CLÍNICAS EM PSICANÁLISE Profª. Ma. Camila Alencar Pereira Para que estudar as estruturas? Qual a função das estruturas para o enquadramento? “ ... o diagnóstico em psicanálise é uma construção e não uma classificação. Não basta circunscrever um nome e dá-lo ao sujeito, pois este, na sua eterna excentricidade, nunca vai estar lá onde é esperado. O diagnóstico psicanalítico visa a causa mas não a doença e sim o sujeito” (apud Oliveira, p.117) As razões para compreensão das estruturas: O DIAGNÓSTICO PARA PSICANÁLISE Efetivar a comunicação Conhecer o modo de funcionamento do paciente Ter embasamento para conduzir o processo Freud não utilizou com frequência o termo estrutura e nem mencionou a expressão estruturas clínicas; O termo estrutura foi consagrado por Durkheim em "Les règles de la méthode sociologique" (1895); empregado por Saussure no Curso de linguística geral ministrado entre 1907 e 1911; Difundido por Jakobson no I Congresso Internacional de Linguística realizado em Haia, em 1928. De acordo com as formulações de diversos estruturalistas, pode-se afirmar que uma estrutura implica uma conjunção de elementos, a posição de cada um no interior do conjunto e suas relações mútuas; A TERMINOLOGIA ESTRUTURAS Neurótico (Recalque) Perversa (Recusa) a castração Psicóticos (Forclusão) Negação Borderlines (Fronteiriços) ESTRUTURAS AS ESTRUTURAS NEUROSE •Angústia •Histeria •Obsessivo- compulsiva • Fobia •Depressão PSICOSE • Paranóia • Esquizofrenia •Melancolia PERVERSÃO AS NEUROSES Inicialmente Freud dividiu os transtornos emocionais em: Neuroses atuais Neuroses transferenciais (Histerias, fobias e obsessivas) Neuroses narcisistas (atuais casos psicóticos) Freud afirmar que apenas as neuroses transferências poderiam ser tratadas por meio da psicanálise. HISTÓRICO DO TERMO É notável algum grau de sofrimento e de desadaptação em alguma, ou mais de uma área importante da vida: • Sexual; Familiar; Profissional; Social; • Sua compreensão interna e externa; • Os mecanismos internos de defesa do ego não são tão primitivos; • 5 TIPOS DE ESTRUTURAS NEURÓTICAS: Nos Neuróticos: Angústia Histeria Obsessivo- Compulsiva DepressãoFobia Neuroses Atuais Não seriam produzidas por conflitos históricos, mas sim por motivos atuais: ex. Pacientes psicossomáticos (atualmente); Caracterizadas pela presença de motivos atuais, ou fatores biológicos de acumulo das “toxinas sexuais”; Freud descreveu 3 tipos de neuroses atuais: a)Neurose de angústia: resultante de uma “libido estancada” – coito interrompido; b)Neurastenia: excessiva descarga de “substâncias sexuais” – masturbação; c)Hipocondria: excesso de “auto-cuidado”. Neuroses de Angústia Manifestação de uma angústia livre, que se expressa por sintomas somáticos – taquicardia, dispneia, sensação de bola no peito-, sensação de medo de morte iminente. Distinção entre ansiedade e angústia: Ansiedade: descompensação da harmonia psíquica interna, nem sempre perceptível, um desejo desmedido. Pode se pensar em fobia. Angústia: falha no mecanismo de repressão. Nesse caso é possível pensar em doença do pânico. Neurose de Angústia - Neurose Atual A neurose de angústia: manifestação somática de uma angústia livre ligada à ameaça de retorno de primitivos desejos proibidos; - reprimido – A neurose atual: o sujeito não consegue processar um excesso de estímulos que, na realidade e na atualidade estão ameaçando seu ego, que escoam pela fisiologia orgânica; A neurose de angústia se confunde com a síndrome do pânico, com a neurose atual e com a angústia dos fóbicos, o que explica a denominação freudiana para as fobias de “histeria de angústia”. Fobias A fobia é multideterminada e varia intensamente de um indivíduo para o outro; Está associada à neurose histérica e principalmente à neurose obsessiva e à paranoia; Fobia: sempre tem a presença de uma circunstância ou objeto bem determinado, bastando evitá-la para que a angústia cesse. Síndrome do pânico: é difícil correlacionar a origem desencadeante da causa; responde mais positivamente à farmacoterapia. Pluralidade etiológica Cabe classificá-las de acordo com a pluralidade causal: Permanente deslocamento da ansiedade para outros objetos; Intensa relação simbiótica com a mãe na infância; Dificuldade da separação-individuação; Identificação da criança com a fobia de ambos os pais; Fobias Características clínicas: Sempre vem acompanhada de manifestações paranóides e obsessivas; Má elaboração de pulsões agressivas; Acentuada tendência a manifestações de natureza psicossomática; Uso da técnica de evitação ou de dissimulação; Fobias Neurose Obsessivo-Compulsiva Dúvidas ruminativas, pensamentos negativistas, obstinação, rituais e cerimoniais. Obsessão: refere-se aos pensamentos; Compulsão: atos motores para se contrapor à pressão dos pensamentos. Traços Obsessivos presença permanente e predominante dos traços de meticulosidade, controle... Caráter marcantemente obsessivo desde que não seja excessivo é sadio. Neurose Obsessivo-Compulsivo grau de sofrimento a si e aos demais e prejuízo familiar e social. Neurose Obsessivo-Compulsiva Obras exploradas: 1894 – As psiconeuroses de defesa; 1895 – Obsessões e fobias; 1907 – Atos obsessivos e práticas religiosas – formulação da religião enquanto neurose obsessiva universal, enquanto a neurose obsessiva uma religião em particular; 1908 – Carater e erotismo anal; 1909 – Notas sobre um caso de neurose obsessiva – O homem dos ratos; 1912 – Totem e Tabu 1913 – Disposição Neurose Obsessiva entre outras; Neurose Obsessivo-Compulsiva Fatores etiológicos mais marcante: Pais obsessivos que impuseram um superego por demais rígido; Falha na capacidade do ego de síntese; Conflito intrasistêmico:o ego está submetido ao super-ego cruel; Fixações anais; Neurose Obsessivo-Compulsiva Característica Clínica: Ambigüidade e ambivalência no sujeito obsessivo (tenho que fazer sob pena de...); Ordem, limpeza, disciplina, escrupulosidade; Ou se manifesta de forma passiva (necessidade de agradar) ou de forma sádica (identificação com o agressor – exercer um controle sádico sobre o outro); Mecanismos de defesas: a)Anulação b) isolamento, formações reativas como forma de negação, racionalização e intelectualização. Neurose Obsessivo-Compulsiva Mecanismos de defesas: a) Anulação desfazer aquilo que já foi feito, sentido ou pensado b) Isolamento isolar o afeto da ideia c) formações reativas como forma de negação como forma de negar os sentimentos que lhe despertem ansiedade d) racionalização e intelectualização utilizada especialmente na situação analítica a serviço das resistências. Neurose Obsessivo-Compulsiva Topograficamente Falando O conflito neurótico situa-se entre o superego e as pulsões e desenrola-se no interior do ego; O ego está completo na estrutura neurótica; O princípio do prazer sempre fica mais ou menos submetido ao controle do princípio de realidade; A defesa neurótica característica é o recalcamento (Verdrãngung); Resumindo Na clínica é necessário estar atendo as formas obsessivas e compulsivas que muitos tomam, como se “fossem um bom cumpridor de todas as tarefas”; Baixo grau de decomposição da personalidade, comportamento repetitivo, queixa-se de coisas triviais, são minuciosos, perfeccionistas, tensos, angustiados,ansiedade patológica, comportam-se de forma socialmente aceita; Raramente perde a orientação sobre si próprio e ambiental; São exceções as síndrome conversivas dissociativas ( antiga “histeria de conversão”); Somáticos (taquicardia, suor, taquipneia, peristaltismo aumentado), musculares (dores, contraturas, tremores), respiratório (sufocação), psiquismo (tensão, insegurança, dificuldade na concentração, estranheza, mal estar indefinido); Não há alucinações ou outros desvios externo no pensamento (delírios). Resumindo O “neurótico” tem certa compreensão da natureza do seu estado psíquico. Procura alguém que alimente as suas ideias doentes; Ele busca o tratamento, mas nem sempre quer se tratar. Sabe de tudo o que estar se passando; Resumindo AS PSICOSES O caso Schreber, publicado por Freud em 1911. Freud ocupa-se do delírio psicótico da mesma forma que do sintoma neurótico: ao invés de descartá-lo como manifestação patológica a ser eliminada, busca encontrar nele um sentido. “Dedica-se, portanto, a uma análise cuidadosa do conteúdo do delírio de Schreber que se crê perseguido por Deus, que lhe teria confiado a missão salvadora de se transformar em mulher e gerar uma nova raça o que lhe permite formular a hipótese de que o delírio seria uma defesa contra a homossexualidade." PSICOSES • Jaques Lacan, ocupa-se do caso e utiliza o termo Foraclusão: al. Verwerfung; esp. desestimación; fr. forclusion; ing. Foreclosure; Conceituado por Jacques Lacan (1956) para designar um mecanismo específico da psicose, através do qual se produz a rejeição de um significante fundamental para fora do universo simbólico do sujeito. Quando essa rejeição se produz, o significante é foracluído. Não é integrado no inconsciente, como no recalque, e retorna sob forma alucinatória no real do sujeito. No Brasil também se usam "forclusão", "repúdio", "rejeição" e "preclusão". PSICOSES No Psicótico Na estrutura psicótica não há uma inscrição (e não um recalque) da realidade, o investimento objetal é precário; A Psicose não negocia com a realidade; Não trata-se de uma categoria homogênea (Zimerman): 1. Psicoses Propriamente Ditas; 2. Estados Psicóticos; 3. Condições Psicóticas. Psicoses Propriamente Ditas Processo deteriorativo das funções do ego, a tal ponto que haja, em graus variáveis, algum sério prejuízo de contato com a realidade. Ex.: Esquizofrenias crônicas; Filme: Uma mente brilhante; Estados Psicóticos Pressupõe a preservação de áreas do ego que: Permite uma relativa adaptação ao mundo exterior (borderlines); excessivamente narcísicas ou paranóides; Possibilitam recuperação, sem sequelas, após irrupção de surtos francamente psicóticos (reações esquizofrênicas agudas) Filme: Cisne Negro Condições Psicóticas Refere aqueles pacientes que, apesar de estarem manifestamente bem adaptados, são portadores de condições psíquicas que os caracterizam como potencialmente psicóticos. Bion, chamará de “a parte psicótica da personalidade” = núcleos psicóticos; Esse núcleos psicóticos estão ligados a estruturas neuróticas rigidamente organizadas funcionam como barreira defensiva contra a permanente ameaça de descompenssação psicótica; W. Bion : PPP Todo ser humano tem uma parte psicótica que deve ser analisada. Caso contrário análise está incompleta e superficial; Características mais marcantes segundo Bion: Existência de pulsões destrutivas, predomínio da inveja e voracidade; agindo dentro do próprio psiquismo, contra ele; Baixissímo limiar de tolerância as frustações e situações angustiantes; W. Bion : PPP Relações mais íntimas com vínculos de natureza sadomasoquistas; Existência de um grande ódio a toda realidade que seja penosa preferencia pelo mundo das ilusões. Prejuízo na capacidade das funções do pensamento verbal, formação de símbolos; A substituição da aprendizagem pela experiência, por onipotência, onisciência; W. Bion : PPP Perda da capacidade de discriminação perde a noção do que é real ou não. Existência de um “super” superego dita as leis e quer impor aos outros. Incapacidade de expressar ou colocar experiências emocionais sob pensamentos e pensamentos sobre palavras; “salada de palavras”; Confusão entre o real e o imaginário; W. Bion : PPP Não utilizam da “repressão”, e sim uso de splittings; Presença de “terror sem nome”, quando a criança não denominava o objeto, devolvia a sua mãe e não “recebia”; Linguagem: • Acting (substituir a capacidade de pensar sobre as angústias por evacuações motoras); • Comunicação primitiva (o que não consegue comunicar em palavras); • Modelo do pensamento (ausência de símbolos); • Produção de efeitos no outro (dissociar os vínculos associativos do analista); Psicoses Propriamente Ditas Um “tratamento” relativamente novo para o método psicanalítico; Zimerman propõe observar a partir da: Importância do corpo; A função cognitiva do ego; Prática Clínica; 1. Importância do corpo: No inicio da vida a criança não percebe seu corpo, unido, ao contrário, são várias partes; No psicótico a uma busca no outro destas partes que ele não vê organizadas em si, no seu self; Experiência a dissolução do ego e do self; Estranheza e uma despersonalização; Psicoses Propriamente Ditas 2. A função cognitiva do ego Bion aprimora a ideia de que uma das funções do Ego (patológicas), poderiam ser vistas na percepção, na comunicação e, principalmente, no pensamento; Psicótico existe uma lógica: 1. Sincrético: parecer é o mesmo que ser igual; 2. Reversivo: tudo que acontece tem uma recíproca; 3. Racionalizado: fazer o real adaptar-se ao seu; 4. Classificatório: todos por mais similares, são todos iguais; Psicoses Propriamente Ditas 3. Na prática clínica Interesse após os anos 50; A função atual eclética e uma formação pluralista; a) Recentes avanços teóricos; b) Valorização da realidade externa (ob. Internos e ob. Externos); c) Relações familiares; d) Colaboração Multidisciplinar (Inter); Psicoses Propriamente Ditas e) Tratamento múltiplo; f) Promover constância objetal interna e a constância da percepção da realidade externa e integração das dissociações; g) Desenvolvimento das capacidades de domínio das frustrações; h) A transição do imaginário para o simbólico; i) A formação do sentimento de identidade. Psicoses Propriamente Ditas De Freud a Klein – grandes avanços; Temos que nos apegar a parte não psicótica do psicótico; Estabelecimento de Aliança terapêutica; Preservação do Setting básico; A Sensibilidade as frustrações; Conhecer o material que o paciente traz, como ele nomeia, conceitua e dá juízo crítico a isso; As respostas contratransferências; Analista deve exercer a mesma função que uma mãe adequadamente boa exerce para seu filho. Erro técnico dar ênfase a parte destrutiva do paciente. Psicoses Propriamente Ditas Topograficamente Falando O ego jamais está completo; encontra-se de saída fragmentado; A angústia está centrada na fragmentação, na destruição, na morte por estilhaçamento; A atividade sintética do ego encontra-se abolida nos casos extremos, ou então enfraquecida; O delírio, com a negação da realidade, tornar- se indispensável para a manutenção da vida por meio da reconstrução de uma nova realidade; Implicações Clínicas A grande novidade do tratamento psicanalítico de pacientes ditos psicóticos: Recentes Avanços Teóricos Valorização da Realidade Externa Relações Familiares Colaboração MultidisciplinarTratamento Múltiplo Particularidade da Técnica Psicanalítica Implicações Técnicas Manejar a idealização extremada deste paciente ao analista; Conhecer as manifestações psicosomáticas; O analista deve entender sua tolerância a frustação, pois psicóticos são sensíveis a frustrações; O psicanalista pode portar-se como um objeto transicional; passando de “dois para três”; Substituir a “lei do desejo” (Mãe) pelo “desejo da Lei” (pai); BORDERLINES (Pacientes Fronteiriços) ESTRUTURAS Neurótico (Recalque) Perversa (Recusa) a castração Psicóticos (Forclusão) Negação Borderlines (Fronteiriços) Conceitualizando Estrutura com características específicas e peculiares; Entretanto, é preciso entender que Borderline é uma parada no desenvolvimento do sujeito, consistindo em estruturas de transição; No início, o termo Borderline se encontrava na “fronteira da psicose”, mais especificamente na esquizofrenia. Com o tempo, esse transtorno se aproximou dos transtornos afetivos (Mc Glashan, apud Gabbard, 1998); Conceitualizando Conforme Kaplan (1997, p.693) “os pacientes com transtorno de personalidade Borderline situam-se no limite entre neurose e psicose, e se caracterizam por afeto, humor, relações objetais e auto imagem extraordinariamente instáveis”. De acordo com Bedani (2002) o surgimento dos estudos sobre Borderline origina-se em 1801; Conceitualizando Green (1986) lembra que esta terminologia foi adotada primeiramente pela psiquiatria, e que após alguns anos foi percebido que não eram psicoses latentes, mas organizações originais, estruturas autônomas e estáveis na medida em que necessariamente não evoluíam para a psicose; Desorganização de limites no interior do aparelho psíquico e não apenas da relação ego-objeto; Conceitualizando Laplanche (1992) - “caso-limite” e entende que é uma “expressão utilizada na maioria das vezes para designar afecções psicopatológicas situadas no limite entre neurose e psicose, particularmente esquizofrenias latentes que apresentam uma sintomatologia de afeição neurótica”; Características Gabbard (1998), Kernberg observou nesses pacientes: Sintomas obsessivos compulsivos; Fobias múltiplas; Reações dissociativas; Sexualidade perverso polimorfa; tendências paranóides; Preocupações hipocondríacas, ansiedade latente flutuante, abuso de substâncias, etc.; Conservam o juízo crítico e o senso de realidade; Ansiedade difusa a sensação de um vazio crônico; Neurose polissintomática; Angústias persecutórias e depressivas; Actings da natureza de sexualidade perversa e sadomasoquista; Casos mais avançados é possível “pré- psicose”: Hipomania; Neuroses impulsivas; Transtornos alimentares; Drogadigcções; Psicopatias; Características Transtorno no sentimento de identidade; Defesa de dissociação, há uma organização ambígua da pessoa, instável e compartimentada; Contraditoriamente, são mais gratificantes de “tratar”; Idealização primitiva: é o exagero de ver objetos externos como bons, excluindo falhas e não tolerando imperfeição. Em contraposição, há a desvalorização dos outros ou a percepção deles como persecutórios e perigosos; Denegação: tem consciência de que seus pensamentos, sentimentos e percepções são opostos aos expressos, porém isso não consegue influenciar o seu estado mental atual. Características Borderlines na Clínica Possíveis falhas no desenvolvimento emocional primitivo, formação de “buracos negros”, esperando serem preenchidos, pela postura analítica do terapeuta; Bom prognóstico na prática clínica; Estados paranóides podem acontecer isoladamente ou mesclados entre si: Zimerman Ideação delirante de perseguição; Ciúmes; Erotomania; Megalomania. Em situação de borderline, o paciente faz uso de excessiva defesa de dissociação: É uma defesa necessária para proteger o ego ainda frágil da criança de uma angústia excessiva; favorece a organização das primeiras estruturas da mente, que depois poderão se integrar. Mecanismo de defesa onde ocorre a perda do estado de unidade da consciência, com uma desintegração dos sentimentos, pensamentos e ações do indivíduo. Borderlines na Clínica A PERVERSÃO Perversão A perversão permanece como um desafio teórico e clínico. Talvez não seja apenas pelos interesses comerciais em explorar a veia mórbida do público consumidor que o tema da perversão esteja em voga na mídia contemporânea, excitando o imaginário social. Esse foco na perversão também responde a novos desafios que se colocam em uma sociedade não mais regulada por regras religiosas, ritos e usos universais, mas que se apoia em uma ciência e em um corpo jurídico que pouco avançaram a respeito desse fenômeno. O significado da palavra perversão articula- se com a palavra que lhe deu origem: perversidade; Há no ser humano uma duplicidade: ele quer o bem, crê nele, mas faz o mal; Ele tende a perverter, a desviar, o bem em mal. Perversão O termo perversão é bastante antigo e significa “inversão”, sugerindo a noção de uma norma moral, ou de um comportamento natural, dos quais o perverso estaria se afastando. Perversão O perverso não se considera um doente e, portanto, fica longe dos consultórios médicos; Na maior parte do tempo, são homens e mulheres respeitáveis em sua vida social, profissional e familiar, embora tenham, por outro lado, secretamente, discretamente, uma vida paralela que não é vista pelos guardiões da ordem médico-legal. Perversão Krafft-Ebing declarava perversa toda exteriorização do instinto sexual que não respondesse ao objetivo da natureza, isto é, à reprodução, quando a ocasião de uma satisfação sexual natural fosse dada: 1. Aquelas em que o objetivo da ação é perverso: o sadismo, o masoquismo, o fetichismo e o exibicionismo; 2. Aquelas em que o objeto é perverso: o grupo da homossexualidade, da pedofilia, da gerontofilia, da zoofila e do auto-erotismo; Perversão Freud Três ensaios sobre a teoria sexual, fala sobre a perversão sendo: Resíduo da sexualidade infantil, ligada as fixações em certas zonas erógenas; Negativo das neuroses; Estágio evolutivo normal. Leonardo da Vinci e uma lembrança da sua infância (1910): Freud aborda a origem da homossexualidade de Leonardo a partir da primitiva relação com sua mãe, desde a amamentação = identificação de Leonardo com sua mãe; Sobre o narcisismo: uma introdução (1914): Trata a homosexualidade, os objetos homossexuais como uma perversão; 1° 2° “Mesmo no processo mais normal reconhecem-se os rudimentos daquilo que, se desenvolvido, levaria às aberrações descritas como perversões.” (Freud, 1905) “Nenhuma pessoa sadia, ao que parece, pode deixar de adicionar alguma coisa capaz de ser chamada de perversa ao objetivo sexual normal, e a universalidade desta conclusão é em si suficiente para mostrar quão inadequado é usar a palavra perversão como um termo de censura.” (Freud, 1905) Nos “Três Ensaios sobre a Sexualidade” (1905), Freud propõe a existência de uma sexualidade infantil ainda não genital, que denomina de disposição perversa polimorfa. Freud 1927 – O fetichismo: Postula sobre as defesas de renegação da angústia de castração; Clivagem do Ego no processo de defesa (1938/1940): O ego da criança precisa decidir se reconhece o perigo real, cedendo ante ele e renunciando a satisfação pulsional, ou ignorando a realidade para ver que não existe motivo para o medo, tentando assim manter-se satisfeita; 3° Freud Novas Classificações Freudianas Freud sobre objetos sexuais fala sobre os desvios: Por exemplo, a homossexualidade, a pedofilia, e a zoofilia, entre outros; Freud afirma que a bissexualidade é inata aos seres humanos. A definição por uma sexualidade adulta homo, bi, ou hetero dependerá da combinação dos fatores constitucionais e adquiridos (identificações); Evolução de um Conceito Freud A fixação e a regressão, podem predispor o sujeito à perversão, na medida em que mantêm o funcionamento psíquico num patamar onde prevalece o prazer, o primitivismo e as pulsões sexuais parciais; A educação e a cultura impõem ao sujeito restrições a livre manifestações dessas tendências da infância. Essas tendências primitivas são submetidas às ações da repressão e do recalque; Sem o recalque, o sujeito se tornaria perverso; Por outro lado, o recalque é um mecanismo ligado à frustração e à neurose: fenômenos constitutivos da vida em cultura; Evolução de um Conceito Freud Enquanto a neurose mantém o sujeito inibido e contido a partir de valores morais e éticos, a perversão se caracteriza pela ausência da repressão ou do recalque; O sujeito perverso só se contém pelo medo de punições externas; A função ética, para Freud, nasce paulatinamente como resultado da vivência edipiana e da castração. Perversão O perverso permanece a meio caminho da resolução do complexo de Édipo. Ele não leva em conta o desejo de seu objeto de amor, nem as leis éticas; reivindica para si a total exclusividade do gozo, impondo aos seus objetos um modo de relação primitivo e violento; A perversão não se restringe às formas sociopáticas ou manifestações bizarras. Perversão Consiste numa presença inerente ao desejo humano que se ancora nas camadas mais primitivas do psiquismo, onde as memórias das vivências de satisfação infantis continuam a alimentar e sustentar o desejo do adulto, permitindo que as pulsões agressivas e destrutivas se atualizem. Freud Se todos nós “somos perversos”, o que faz com que não sejamos seriais killers, ou algo do tipo? Perversão Porque nós conseguimos inserir nossos desejos no mundo sem se fixar na perversão; O termo perversão designa fixações infantis da sexualidade em objetos e atividades que se cronificam no adulto; Estas fixações manifestam-se como comportamentos repetitivos e estereotipados em que o parceiro é um mero figurante em ritos sexuais; Perversão O termo é também utilizado para designar comportamentos narcisistas, malignos, em que o sujeito sente prazer em maltratar o outro; No âmago das várias formas de perversão, sempre estão em jogo o prazer e o medo; Assim, quando o psicanalista enfoca o inconsciente e seus conteúdos latentes, são os conflitos mais arcaicos do entrelaçamento entre o medo e o prazer que lhe interessa revelar. Psicopatia Na prática analítica, são pacientes que raramente entram espontaneamente em análise, e quando o fazem, mostram uma forte propensão para atuações e para o abandono do tratamento quando percebem a seriedade do analista; Esta dificuldade de dar continuidade ao trabalho analítico se deve a uma arraigada predominância da pulsão de morte e de seus derivados que impõem, ao indivíduo, uma conduta hétero e auto-destrutiva; Há muitos pontos comuns entre perversões e psicopatias porém existem diferenças entre elas, às vezes muito sutis, não sendo raro que elas se interponham entre si. Resumindo Não há fuga da realidade em sua totalidade; Sujeito que transgride para sentir prazer e manter-se vivo; Recusa a castração; Fixa sua libido em objetos privilegiados; Está ligado ao narcisismo; Da ordem do ético: é o desejo de anulação do outro; Na neurose há uma negação. O sujeito nega simbolicamente um desejo. Desse modo o retorno deve ser também simbólico e por isso aparece por meio de sintoma. Na psicose há um não inscrição. Não é que houve uma negação de algo! É que algo não se inscreveu. Como não se instalou no simbólico, volta no não simbólico, ou seja, no real. Na perversão teríamos uma negação do materno, da castração da mãe. Uma negação que retorna no simbólico imaginário, em uma estrutura que não significante, mas é um objeto Resumindo OBRIGADA!
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