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Condições gengivais e periodontais associadas a fatores socioeconômicos

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Faculdade de Odontologia “Professor Albino Coimbra Filho”
Odontologia em Saúde Coletiva II
Profª Draª Valéria Lacerda
Acadêmicos: Caroline Pinheiro, Claudio Santana, Fernanda Ramos, Henrique Ribeiro, Iulia Lima, Jéssica Predolin, Lívia Helena, Mariana Chiqueto, Marina Gasparin, Raiany Aguiar.
Condições gengivais e periodontais associadas a fatores socioeconômicos
Hubert Chamone Gesser,
 Marco Aurélio Peres, 
Wagner Marcenes.
Introdução
Estudo Epidemiológico Nacional em Saúde Periodontal – 1986
 15-19 anos, 69,5% dos jovens apresentaram sangramento gengival e 0,7% apresentavam bolsas periodontais com 5,5 mm ou mais. 
Estudos internacionais demonstraram que maiores prevalências em periodontite e gengivite estão nas populações com piores indicadores socioeconômicos.
Métodos
População de referência foi de 3452 jovens, com 18 anos, que se apresentaram para o alistamento militar do Exército Brasileiro em Florianópolis, SC. Amostra de 286 jovens;
10 dias para realização de entrevistas e exames;
Questionário socioeconômico e ficha para os dados clínicos.
 Foram avaliados os indicadores: sangramento gengival após sondagem, cálculo dentário, bolsas periodontais rasas (3,5 mm a 5,5 mm) bolsas periodontais profundas (5,5 mm e mais).
Resultados
0,3% dos estudados apresentavam bolsas profundas; 7,7% apresentavam bolsas rasas; 86% apresentaram sangramento durante a sondagem; e 50,7% apresentavam cálculo dental.
 
associações entre: 
sangramento gengival x fatores socioeconômicos 
cálculo dental x escolaridade dos estudados e seus pais
bolsas periodontais x escolaridade do estudado e seu pai.
Discussão
Saúde Periodontal dos brasileiros da faixa etária é boa;
Presença de sangramento gengival em poucos sextantes;
Índices não representativos, os quais superestimam ou subestimam a atividade de doença periodontal.
Menor renda e escolaridade-> Deficiência na escovação e tendência ao fumo -> principais causas de periodontite e gengivite.
Aspectos culturais na compreensão da periodontite crônica: um estudo qualitativo
Sharmênia de Araújo Soares Nuto, 
 Marilyn Kay Nations ,
 Íris do Céu Clara Cost.
Introdução
O presente estudo foi desenvolvido para tentar responder as seguintes perguntas: Como os portadores de periodontite crônica compreendem a doença? Quais os mecanismos de autocuidado realizados? Por que os serviços especializados em Periodontia foram procurados?
As periodontites crônicas são inflamações crônicas e progressivas, caracterizadas clinicamente por inflamação gengival, sangramento à sondagem, diminuição da resistência dos tecidos periodontais à sondagem (bolsas periodontais), perda de inserção gengival e do osso alveolar.
O levantamento epidemiológico das condições de saúde bucal da população brasileira em 2002-2003 revela que a porcentagem de pessoas sem nenhum problema periodontal nas faixas etárias de 15 a 19 anos, 35 a 44 e 65 a 74 anos de idade foi, respectivamente, 46,2%, 21,9% e 7,9%.
Já em relação à doença periodontal severa (bolsas periodontais acima de 4mm), a porcentagem de doença presente foi de 1,3%, 9,9% e 6,3% nas faixas etárias de 15 a 19 anos, 35 a 44 e 65 a 74 anos. 
Métodos
No período de outubro de 2004 a janeiro de 2005, foram realizadas vinte entrevistas com portadores de periodontite crônica no curso de especialização de periodontia da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e da Associação Brasileira de Odontologia-Ceará, na cidade de Fortaleza, Ceará.
Neste trabalho foi realizado uma triangulação, isto é, o processo de observar um fato, um fenômeno social ou ainda uma doença a partir de vários ângulos.
Foi utilizado entrevistas semi-estruturadas, uma vez que constituiu uma opção metodológica, por conta da necessidade de maior aproximação das significações dos entrevistados, bem como, maior abertura na investigação e na relevância dos dados. 
Após a correta análise das entrevistas foram elaboradas categorias: causas, Motivação para o autocuidado, Substâncias utilizadas no autocuidado, Caráter crônico da doença, Procura pelo serviço.
Resultados
Sobre o que causa a periodontite crônica, os pacientes elegeram mais o descuido e a falta de escovação. 
Os pacientes relataram fatores que eles consideravam individuais causadores da doença, como : problema de sangue e estrutura óssea fraca, chamada de fraqueza de nascença; problema de família;falta de cálcio; excesso de antibiótico. Muitos pacientes associam o uso de medicamentos na infância como a causa da perda de dentes.
Apesar dos pacientes relatarem várias escovações ao dia, uso do fio dental, utilização de bochechos com água morna etc. sempre se culpam pela presença da doença e falando que é a má escovação, mesmo sabendo que há fatores individuais presentes.
Como fator etiológico da doença foram considerados pelos participantes os doces e a alimentação em geral, fumo, os germes, falta de tempo e outros. Também por um paciente foi relacionado o fumo e o alcoolismo como causa da doença.
Dos entrevistados apenas quatro pacientes procuraram devido á dores e fraturas dentárias, e que na triagem foram identificados doença periodontal. 80% dos pacientes já foram buscar o serviço especializado, sendo que 70% foram encaminhado por cirurgiões dentistas ou serviços odontológicos.
Os sintomas mais presentes entre os pacientes foram: sangramento, sendo o mais presente , dentes moles, tártaro, gengiva inflamada, mau hálito, dente sensível e retração gengival. A compreensão da doença pelos pacientes entrevistados é devido a muitos anos com a doença presente e o agravamento de seus sinais clínicos.
Discussão
Apesar de todos os avanços científicos ocorridos nos últimos anos, ainda existe uma grande discrepância quanto a compreensão da doença periodontal entre os pacientes e os profissionais da odontologia. 
Na visão dos pacientes, principalmente os de baixa renda, essa etiologia ainda é cercada de mitos, além do fato dos mesmos somente procurarem tratamento quando há dor e mobilidade dental, ou seja, quando a doença está em seu estágio mais avançado.
Quanto ao risco de adoecer, os pacientes tem diversos termos populares para explicar o que chamamos de deficiência imunológica, tais quais problema de sangue ou fraco de nascença e relacionaram a doença periodontal a falta de cálcio, consumo de antibióticos e fumo. 
As terapias também variam entre a crença popular e a biomédica. Enquanto a última explica o tratamento como raspagem, controle de placa, higienização e medicamentos cientificamente comprovados, a primeira acredita na ida ao dentista, melhora na higienização porem utiliza substâncias naturais, sem comprovação cientifica.
Entre os modelos explicativos é possível notar uma diferença comunicativa, o cultural é influenciado por diversos fatores e o do periodontista e influenciado pelo modelo cientifico.
Considerações finais
São passos para o sucesso em nosso tratamento:
1)Ensinar aos portadores de doenças crônicas sobre sua doença 
2) Ajudá-los a conviver com ela, minimizando os efeitos causados, por meio de uma adesão consciente ao tratamento. 
No caso da periodontite crônica alguns pontos se fizeram importantes:
Falar com o paciente de maneira a se fazer entender de maneira correta;
Esclarecer e divulgar o caráter crônico da periodontite, diminuindo os fatores geradores de ansiedade causados pelo prognóstico e evolução da doença;
Tratar o portador de periodontite crônica com uma equipe multiprofissional;
Diluir o sentimento de perda e culpabilidade do paciente diante de suas perdas dentárias, devido à responsabilização pela sua higiene bucal, para que o paciente não seja desmotivado e desista do tratamento
Devemos estar preparados para as doenças crônicas, que são multifatoriais, o que o obriga a enxergar o paciente como um todo e, como já dissemos, dentro do seu contexto social e ambiental. É preciso entender o paciente em seu domicílio, como elevive, onde e como trabalha, como se locomove, quais seus hábitos alimentares, quais são seus hábitos de lazer. Não se pode mais perguntar apenas onde dói, é preciso perguntar o que ele faz, como é a sua vida.

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