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Renata Bittar Medicina UNIT TROMBOEMBOLISMO PULMONAR A embolia pulmonar (EP) ocorre como consequência de um trombo, formado no sistema venoso profundo, que se desprende e, atravessando as cavidades direitas do coração, obstrui a artéria pulmonar ou um de seus ramos, daí o termo adotado por muitos grupos de doença venosa tromboembólica. Sistema venoso profundo trombo Trombo AD e VD Obstrução da artéria pulmonar ou seus ramos OBS: nem sempre o parênquima pulmonar sofrerá infarto devido à hipoperfusão local pois há uma PROTEÇÃO PERFUSIONAL das ARTÉRIAS BRÔNQUICAS que também irrigam o pulmão. As embolias podem ter outra natureza: gasosa, gordurosa, neoplásica, séptica, líquido amniótico e parasitas. A oclusão súbita da circulação pulmonar vai determinar consequências hemodinâmicas e respiratórias dependendo do tamanho do trombo, estado anterior da função respiratória e pulmonar. Consequências respiratórias: a) Instalação de um espaço morto alveolar b) Pneumoconstrição (redução localizada da PaCO2) c) Hipoxemia d) Hiperventilação (Aumento do V/Q), e) Diminuição da surfactante e infarto pulmonar Consequências hemodinâmicas: a) Aumento da resistência arterial pulmonar b) Falência do VD quando há obstrução maior de 50% c) Microtromboembolismos podem fazer um aumento gradual da pressão da artéria pulmonar, levando ao cor pulmonale crônico. OBS: COR PULMONALE Aumento do ventrículo direito secundário ao aumento da resistência vascular pulmonar (uma doença pulmonar que causa hipertensão pulmonar), excluindo-se as dilatações de ventrículo direito secundárias à falência de ventrículo esquerdo, tais como as causadas por Renata Bittar Medicina UNIT doença congênita ou doença valvular adquirida. Ocorre hipertrofia da parede do ventrículo direito para tentar aumentar a pressão e conseguir distribuir o sangue pelas artérias pulmonares adequadamente. O VD tem paredes mais delgadas e não tolera bem os aumentos de pressão na circulação pulmonar. A musculatura lisa dos vasos também sofre hipertrofia como mecanismo compensatório. Isso tudo leva a uma VASOCONSTRIÇÃO AUMENTO DA PA Causas mais comuns de cor pulmonale: DPOC (bronquite e enfisema) e TVP. TROMBOSE VENOSE PROFUNDA Conhecida como flebite ou tromboflebite profunda, é a doença causada pela coagulação do sangue no interior das veias em um local ou momento não adequados (a coagulação é um mecanismo de defesa do organismo). As veias mais comumente acometidas são as dos membros inferiores (cerca de 90% dos casos). Os sintomas mais comuns são a inchaço e a dor. É uma patologia mais frequente em pessoas portadoras de certas condições predisponentes - uso de anticoncepcionais ou tratamento hormonal, tabagismo, presença de varizes, pacientes com insuficiência cardíaca, tumores malignos, obesidade ou a história prévia de trombose venosa. Outras situações são importantes no desencadeamento da trombose: cirurgias de médio e grande portes, infecções graves, traumatismo, a fase final da gestação e o puerpério e qualquer outra situação que obrigue a uma imobilização prolongada (paralisias, infarto agudo do miocárdio, viagens aéreas longas, etc). Entre as condições predisponentes é importante citar ainda a idade avançada e os pacientes com anormalidade genética do sistema de coagulação. Inicia-se em um ninho plaquetário junto às válvulas onde o fluxo sanguíneo é turbulento, e há depósito de fibrina formando o trombo. As situações em que prevaleçam um ou mais componentes da TRÍADE DE VIRCHOW (estase venosa, lesão endotelial e estado de hipercoagulabilidade) são as propícias ao desenvolvimento da trombose. A insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) são situações clínicas predisponentes ao tromboembolismo venoso. A estase venosa Renata Bittar Medicina UNIT proporcionada pela hipertensão pulmonar e a liberação de substâncias trombóticas, presentes nessas situações, aumentam o risco de EP. Trombo impactado nas artérias pulmonares Aumento da RV pulmonar = Aumento da Pressão arterial pulmonar Aumento da pós-carga no VD Dilatação e Disfunção sistólica do VD Diminuição da pré-carga no VE Diminuição do enchimento no VE Diminuição do volume de ejeção do VE Redução do débito cardíaco Hipotensão sistêmica/Choque Pós-carga é a dificuldade enfrentada pelo ventrículo, durante o processo de ejeção. Pré-carga é a pressão de sangue (pressão diastólica final) presente no ventrículo do coração, após seu enchimento passivo e contração do átrio. QUADRO CLÍNICO: 1. Taquipneia 2. Dor torácica 3. Dispneia 4. Dor pleurítica 5. Apreensão 6. Tosse 7. Estertores Cianose, taquicardia, pressão venosa central elevada e ritmo de galope audível no bordo esternal esquerdo = 75% casos TRÍADE: dor torácica + hemoptise + doença venosa periférica 13% casos DIAGNÓSTICO: É muito difícil pois a clínica parece muito com outras doenças. O diagnóstico clínico possui baixa especificidade e sensibilidade. O escore de Wells avalia a probabilidade clínica de TEP: Renata Bittar Medicina UNIT EXAMES COMPLEMENTARES: a) Gasometria arterial b) D-dímero O D-dímero é produto da degradação da fibrina, tem ALTA sensibilidade e BAIXA especificidade. É utilizado para EXCLUSÃO DIAGNÓSTICA. Se o paciente não estiver aumento do d- dímero, não pode ser TEP, mas pode ser neoplasias, consequência do pós- operatório, gestação, doença vascular periférica, insuficiência renal, sepse e doenças inflamatórias. É feito através do ELISA. Paciente com alta probabilidade= >500microg/L c) Raio-x de tórax Achados raramente conclusivos. Um raio-x de tórax normal na presença de dispneia de causa não definida reforça a suspeita de TEP já que está tem um início súbito e agudo, não havendo tempo hábil para desenvolver alterações nos exames de imagem. d) ECG transtorácico Geralmente está alterado mas os achados são INESPECÍFICOS. Possui baixa sensibilidade. Exame útil para a estratificação do risco e determinação do prognóstico. e) Cintilografia Pulmonar Também é um EXAME DE EXCLUSÃO de TEP. Avalia a ventilação-perfusão. Paciente com alta probabilidade clínica (escore de Wells) + cintilografia revelando alta probabilidade = confirmação do diagnóstico. f) Angio-TC do tórax Vantagem: avaliação detalhada do parênquima pulmonar, espaço pleural, mediastino e grandes vasos. Excelente método também para diagnóstico diferencial. Sinal de Westermark: oligoemia regional com dilatação dos vasos adjacentes. g) Angio-RM do tórax Utilizado em pacientes que têm contra- indicação da TC como alergia grave ao iodo. h) ARTERIOGRAFIA PULMONAR EXAME PADRÃO-OURO para o diagnóstico. Como é um método mais invasico e com pouca disponibilidade, a angio-tc é mais aplicada. Renata Bittar Medicina UNIT Resumindo... Exame padrão-ouro: arteriografia pulmonar. Exames de exclusão: D-dímero e cintilografia pulmonar.TRATAMENTO: heparina de baixo peso molecular, heparina não fracionada, anticoagulantes orais, trombolíticos, cirurgia de embolectomia, filtro de veia cava. Pode ser utilizada a enzima ESTREPTOQUINASE que é uma proteína secretada por várias espécies de estreptococos que podem ligar e ativar o plasminogênio humano. É utilizado como um eficaz e barato trombolítico.
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