Buscar

INTERLANDI 04 PRINCÍPIOS BIOLÓGICOS BÁSICOS

Prévia do material em texto

4
PRINCíPIOS BIOLÓGICOS BÁSICOS
EM ORTODONTIA
Oouglas Buck
Introdução
Ortodontia é uma divisão da Odontologia
que diz respeito à identificação e, em casos
selecionados, à correção da maloclusão. A
identificação da maloclusão tem sido um dos
grandes problemas enfrentados, pois é grande
a diversidade de opiniões sobre a mesma. O
conceito de "normalidade" tem sido empre-
gado como um dos critérios para aquela iden-
tificação: No entanto, a noção do "normal"
varia segundo a formação e a experiência de
cada ortodontista. Para uns, ele significa "ide-
al" ou "perfeita intercuspidação entre os arcos
dentários". Outros emprestam ao termo o sig-
nificado de "funcional" ou "que a dentadura
exibe uma atividade útil e com propósitos de-
terminados durante a mastigação dos alimen-
tos". Finalmente a interpretação pode ser de
ordem "estatística", adotando-se "médias
com os respectivos desvios", ficando o pro-
blema, assim, especificamente equacionado. É
evidente que nenhuma destas propostas pode
ser aceita inteiramente, muito embora todas
elas tenham o mérito de subsidiar, com novos
aspectos, a elucidação da matéria. Cabe aqui
ser ressaltada a conveniência de serem adota-
dos os aspectos válidos de todas as definições
a fim de que haja sempre resultantes favorá-
veis nas atividades clínicas. Não deve ser su-
bestimada a circunstância de que a melhor
decisão, ainda na clínica, por vezes, é não se
iniciar tratamento algum para não serem o --
dos resultados maléficos, com metas pura-
mente estéticas ou funcionais.
Que é, então, maloclusão e como pode ser
definida? Preferimos entendê-Ia como uma
entidade não patológica. Quando os dentes
estão desalinhados, a função não estará neces-
sariamente prejudicada, nem haverá maior
ocorrência de cáries. Não há também prma..:;;
evidentes de maior freqüência de problemas
periodontais em pessoas com maloclusão-.
Estas considerações permitem dar relevância
à tendência que existe em clínica ortodôntica
de se preocupar mais com a melhora esté .ca
da dentadura, o que, na verdade, é o deseje
da maioria dos pacientes. Esclarecendo, que-
remos dizer que não se morre devido à fal
de função nas anomalias de posição dentária..
No entato, os padrões de vida atingem níveis
mais altos e os pacientes desejam a melhora
estética que a ortodontia pode proporcionar
tendo o direito ao melhor dos resultados clíni-
cos. Um tratamento deficiente não é, quas
sempre, melhor do que o próprio caso não
tratado. O público tem, portanto, o direito e
esperar um alto padrão de tratamento de um
ortodontista qualificado.
Se ela não é "anormal", nem uma "baixa
média estatística" e nem "ideal", o que é, en-
tão, a maloclusão? Na verdade, ela é todas es-
tas coisas mas, a nosso ver, numa melhor defi-
nição, ela "é uma variação normal no tamanho
de estruturas faciais e dentárias, biologicamen-
te herdadas". Portanto, a maloclusão não é
uma entidade patológica, mas uma definição
cultural de desvios dos padrões estéticos soci-
almente estabelecidos". O leitor deve definir
"maloclusão" de acordo com os padrões de
sua comunidade. Nenhum dos chamados es-
pecialistas sabe tanto quanto ela sobre sua situ-
ação dentária. Com toda certeza, o ortodontis-
ta, em uma comunidade estranha, não pode
empregar seus próprios padrões de forma váli-
da. O termo "maloclusão", portanto, descreve
bj:ologicamente a variação normal.
-> Se estamos lidando com variação normal,
, podemos, neste capítulo, somente apresentar
alguns conceitos biológicos fundamentais que
s~ aplicam em toda a odontologia, bem como,
o'e especificamente, em ortodontia.
·/':E provável uma variação de opinião quan-
~to à maior ou menor importância dos temas
aqui considerados, e é realmente impossível
uma abordagem total de assuntos básicos, ra-
zão por que escolhemos as áreas que mais
merecem nossas considerações.
Anatomia Sistemática
O desenvolvimento geral da anatomia
apresenta várias divisões com a finalidade de
permitir uma simplificação do assunto a ser
apresentado. A Anatomia Sistemática reconhe-
ce o fato de que o corpo é composto de vários
sistemas, tais como o nervoso, digestivo, res-
piratório etc. O mais empregado no desenvol-
vimento deste assunto é o sistema esqueléti-
co, muito embora se deva reconhecer que
suas unidades construtivas fundamentais são
também aplicadas em outros sistemas, com
diferenciações específicas, como nomenclatu-
ra celular etc. A bioquímica também está se
tornando uma importante disciplina para o
entendimento das ciências básicas em mediei-
na e, portanto, a histoquímica tem merecido
uma consideração fundamental em anatomia.
O estudo da anatomia não deve ser empreen-
dido através de simples memorização das
partes do corpo, mas deve compreender tam-
bém o estudo de fisiologia e química, em be-
nefício de um aproveitamento correto. Na
verdade, estas considetações impedem que a
anatomia seja "seca como um osso", tornan-
do-a excitante, interessante e dinâmica.
Uma consideração fundamental que favo-
rece a compreensão da anatomia sistemática,
é a circunstância de que as partes maiores são
descritas e, por sua vez, são constituídas de
unidades bem menores. Por exemplo, células,
fibras e substância intercelular formam os te-
cidos. A união de vários tecidos formam os
órgãos do corpo. Conseqüentemente, vários
órgãos formam os sistemas que constituem
todo o corpo humano. Portanto, reportando-
se às unidades menores, obtém-se um conhe-
cimento dinâmico da anatomia funcional.
A célula é uma unidade fundamental.
Cada uma tem a capacidade de se reproduzir
e, portanto, multiplicar-se sempre que neces-
sário. Como este desempenho requer energia,
a célula deve ter a capacidade para receber e
metabolizar substâncias nutritivas ou fontes
de energia.
As células são compostas de um núcleo,
citoplasma e organelas envolvidos por mem-
brana. Os principais componentes são consti-
tuídos por carboidratos, gorduras, proteínas,
ácidos nucléicos, minerais e água. O micros-
cópio eletrônico tem contribuído muito para a
interpretação morfológica dos elementos figu-
rados, mas para a compreensão da 'função se
faz necessário o estudo das interações de or-
dem química. A Energia é produzida pela oxi-
dação de glicose com a formação de gás car-
bônico e água, com desprendimento de calor.
Esta oxidação é feita por glicólise anaeróbica e
não é uma produtora eficiente de energia. O
ácido pirúvico resultante é, posteriormente,
oxidado por glicólise aeróbica no ciclo do áci-
do tricarboxílico; esta é a fonte de energia
mais eficiente. Os componentes gordurosos
são sítios de armazenamento de reserva ener-
gética, enquanto as proteínas são os elemen-
tos estruturais de construção da própria célu-
la. Os ácidos nucléicos são de dois tipos prin-
cipais: DNA e RNA. O DNA é encontrado no
núcleo e é o componente genético da célula. O
RNA toma parte na síntese de proteína e é
encontrado no citoplasma e nucléolos. Os mi-
nerais essenciais são necessários para a fun-
ção celular e a água é o maior componente da
célula",
As fibras presentes incluem componentes
colágenos, elásticos e reticulina. Fibras de oxi-
têm sido descritas, mas a função, ori-
e desaparecimento das mesmas, estão
sob investigação. Deve ser lembrado
também que nem todas as fibras são encon-
em qualquer tecido, sendo o colágeno
fibra mais importante.
A substância intercelular ou substância
damental é um complexo de mucopolissa-
ídeos compostos de ácido hialurônico e
vários sulfatos de condroitina. Esta entidade é
quimicamente complexa e constitui, presente-
ente, uma área de extremo interesse de in-
vestigação.
As células, as fibras e a substância interce-
ular são necessárias para a formação de qual-
quer tecido conjuntivo. A combinação de vá-
rios tecidos, que podem ser estudados em
qualquer texto de histologia, formam os ór-
gãos. e a função dos mesmos dão origem aos
váriossistemas. Os livros didáticos podem in-
formar sobre o tamanho aproximado dos vá-
rios componentes.
A biometria é uma área importante e que
trata especificamente das dimensões em
anatomia. Os textos mencionam freqüente-
mente que a célula exibe tantos mícrons de
diâmetro. Devemos, contudo, entender que
elas são tridimensionais e as suas variações
de tamanho não têm sido bem estudadas.
Enquanto muitas células de determinado
tipo são aproximadamente do mesmo tama-
nho, é bastante provável que exista uma va-
riação individual.
A adoção de certas normas em biometria
é também necessária para o entendimento
daquelas variações. Assim, esta providência
incluirá: medidas de tendência central, tais
como: média, mediana e moda; medidas de
dispersão ou variação, como: amplitude de
variação e desvio padrão; medidas de corre-
lação entre os componentes. Finalmente, há
necessidade de serem medidos os vários
componentes do corpo humano, com a de-
vida noção da ocorrência dos erros de medi-
ção.
. Desenvolvimento dos Tecidos
O ligamento periodontal é um tecido con-
juntivo que envolve o dente e o liga ao alvéo-
lo da maxila ou da mandíbula. Estende-se cer-
vicalmente da crista alveolar e continua com
o tecido conjuntivo da gengiva (Fig. 4.1). É
comum dividirem-se as fibras do ligamento
em alguns grupos, embora com limites indis-
tintos e significância apenas topográfica. Estes
grupos são: fibras livres, transeptais, da crista
alveolar, horizontais, oblíquas e apicais.
Fig.4.1- Ligamento periodontal humano. Colora-
ção de Wilder (impregnação argêntiea).
O tecido componente básico é colágeno e
geralmente se aceita que não há fibras elásti-
cas no ligamento, embora a gengiva livre
possa exibir um componente elástico. Em
195818, fibras oxitalâmicas foram descritas
pela primeira vez, mas suas funções não es-
tão esclarecidas inteiramente. Elas são en-
contradas, com maior freqüência, no liga-
mento periodontal dos dentes decíduos e pa-
rece orientar-se com o sistema vascular san-
güíneo. Estão associadas com os dentes mais
solicitados pelas demandas funcionais, sen-
do também mais numerosas ao redor da por-
ção cervical do dente .
Como o colágeno é o maior componente
fibroso, faz-se necessário um estudo mais de-
talhado do mesmo. É composto de um poli-
peptídeo de grande peso molecular (300.000)
cuja unidade básica é o resíduo aminoácido
- CHR - CO - NH - e cuja cadeia lateral
R pode ser um dos 20 tipos diferentes de ami-
noácidos. Na verdade, as estruturas protéicas
são determinadas essencialmente, pela ocor-
rência de pontes de hidrogênio que ligam o -
NH - ao oxigênio carboxílico de outros resí-
duos e determina, na estrutura, a configura-
ção espiralada".
A unidade básica, a molécula de tropoco-
lágeno, consiste de uma hélice com três cadei-
as polipeptídicas, duas denominadas Ll e a
remanescente, L2' em espiral e estabilizada
por pontes de hidrogênio laterais e uma peri-
odicidade característica de 640 Á é vista em
fotomicrografia eletrônica. Há vários coláge-
nos fracionados que variam do solúvel ao não
solúvel e são relacionados à maturidade rela-
tiva como mostram as pontes cruzadas.
A composição em aminoácido inclui glici-
na, prolina, alanina e hidroxiprolina que é
essencialmente, e apenas encontrada no colá-
geno. Técnicas que usam precursores radioa-
tivos são largamente empregadas em traba-
lho experimental, envolvendo síntese do co-
lágeno". A prolina radioativa é injetada em
animais de laboratório e seu aparecimento
posterior, como hidroxiprolina ligada à pro-
teína, é utilizado como um índice de síntese
de colágeno.
O fribroblasto é o tipo predominante de
célula encontrado no ligamento periodontal e
é responsável pela biossíntese do colágeno. É
de origem mesodérmica e tido como uma cé-
lula diferenciada" Isto significa uma altera-
ção irreversível, quando comparada a uma
modulação em que uma troca potencialmente
reversível possa existir na atividade celular".
O fibroblasto em geral, tem a aparência de
uma célula em forma de fuso. Ele é encontra-
do nas adjacências de superfície dos feixes de
colágeno. O grande núcleo ovóide contém
partículas de cromatina dispersas, exigindo
um ou mais nucléolos evidentes. Junto ao nú-
cleo está o aparelho de Golgi, numerosos mi-
tocôndrios e retículo endoplasmático".
Fig. 4.2 - Osso imaturo fibroso conectando osso diferenciado no alvéolo dentário (Hematoxilina-Eosina).
As proteínas de tropocolágeno são secreta-
das,.de algwna forma, a partir do retículo en-
doplasmático e, aparentemente, extruídas
para o espaço extracelular onde se agregam
como fibrilas. Posteriormente, estas formam
fibras e, então, feixes fibrosos.
A orientação destes feixes de colágeno en-
cerra o ligamento periodontal com um extre-
mo ancorado como fibras de Sharpey, no osso
alveolar, e o outro no cimento dentário. Ape-
sar de evidenciada a presença de um plexo
intermediário em dentes de irrompimento
contínuo dos rodentia, sua presença é duvido-
sa no ligamento periodontal permanente de
seres humanos.
Outro tecido componente básico de gran-
de interesse é o osso. A nítida distinção entre
osso como tecido e ossos como órgãos foi de-
monstrada por Weinmann e Sicher". O osso
é um tecido conjuntivo duro e especializado,
com funções mecânicas de sustentação e de
proteção. É também um armazenamento fisi-
ológico de cálcio para o corpo e de grande
importância nos mecanismos homeostáticos.
Embora duro, o osso, ante os estímulos me-
cânicos, é metabolicamente lábil, plástico e
muito sensitivo. É um tecido vascular alta-
mente organizado e aumenta de tamanho
somente pela aposição de novo osso numa
superfície livre".
O osso pode ser classificado, simplesmen-
te, como "imaturo" e "maturo". O osso imatu-
ro ou fibroso exibe um aspecto característico
quando visto sob luz polarizada, e mostra um
número maior de osteocitos por unidade de
área" (Fig. 4.2). Isto é também denominado
"osso patológico", porém é um componente
normal do processo alveolar durante as de-
mandas funcionais de urgência, no movimen-
to dentário. Oportunamente, ele é reabsorvi-
do e substituído por osso maduro ou laminar
que constitui a estrutura do esqueleto. São
empregados muitos sinônimos para este osso
maturo lamelar, de acordo com a origem ou a
organização. Como exemplos podem ser cita-
dos: osso periostal, endostal, primário, haver-
siano, secundário etc.
O osso, como todos tecidos, é caracteriza-
do por células, fibras e substância intercelu-
lar. As células são de origem mesodérmica.
O osteoblasto é responsável pela formação
de osso. Tem a forma colunar baixa e o nú-
cleo mostra polaridade. O citoplasma con-
tém alto índice de RNA, um rico retículo en-
doplasmático e mitocondria. Tem um curto
período de vida média de,aproximadamen-
te, 14 dias. O osteocito é um osteoblasto cir-
cundado por matriz óssea e se nutre através
de pequenos canais denominados "canalícu-
Ias". Ele é necessário para a vitalidade óssea
e parece ter atividade na remoção de mine-
rais ósseos, o que é denominado "osteocitóli-
se"." A duração de sua vida, acredita-se, é de
20 anos. Os osteoclastos são células gigantes,
multinucleadas e responsáveis pela reabsor-
ção óssea. Deve ser lembrado que a reabsor-
ção óssea não é um processo patológico, mas
um mecanismo normal de remodelação ós-
sea. O citoplasma é freqüentem ente espumo-
so e a célula pode ter até 90 núcleos. Uma
Fig. 4.3 - Duas amostras de osso alveolar humano de densidade, porém um deles mais esponjoso que o outro.
superfície irregular de colágeno não reabsor-
vido se encontra com freqüência entre a célu-
la e a superfície óssea em reabsorção. A célu-
la é rica de mitocôndrios e muitas vezes exi-
be a presença de vacúolos. Acredita-se que a
duração de sua vida seja relativamente curta,
isto é, em torno de 48 horas.
As fibrilas do osso são colágenas e a subs-
tância intercelulartorna-se um elemento de
cimentação pelo processo de mineralização da
matriz óssea.
A dureza é devido a uma substância mi-
neral complexa, composta de cálcio, fosfato,
carbonato, citrato e traços de vários outros
elementos.
O osso pode ser esponjoso ou trabeculado,
e compacto. A calcificação óssea ocorre rapi-
damente, após a construção da matriz óssea.
O osso é altamente vascularizado e, em
qualquer momento, contém, aproximadamen-
te, 20% do volume de sangue circulante. Os
diversos espaços do tecido ósseo são denomi-
nados "canalículos", "lacunas", "canais vas-
culares sangüíneos" e "espaços medulares".
Freqüentemente o osso é referido como
"denso" ou "esponjoso", baseando-se na apa-
rência radiográfica, quando, na verdade, todo
osso alveolar é da mesma densidade, no que
diz respeito à massa por unidade de volume.
Todavia, a presença de porosidade pode ser
maior ou menor" (Fig. 4.3).
O remodelamento ósseo, um processo
ativo, contínuo e constante, deve ser bem
compreendido. Durante o movimento den-
tário, podem ser observados remodelamen-
tos de crescimento, de reconstrução interna
e ativo. Todos eles abrangem, de forma
idêntica, as mesmas células de mesmas fun-
ções. O remodelamento ósseo tem sido colo-
cado em posição relevante, em cirurgia or-
topédica 16.
O tecido ósseo que forma o alvéolo den-
tário não apresenta características especiais.
quanto à natureza histológica. Ele é o mes-
mo tecido do restante do esqueleto; no en-
tanto, como órgão, se apresenta altamente
cribiforme, permitindo rica vascularização
ao ligamento periodontal (Fig. 4.4). É reco-
mendável, no entanto, aceitarem-se os prin-
cípios fundamentais de remodelamento e
atividade óssea do alvéolo dentário, como
os mesmos que governam o sistemaesque-
lético de todo o corpo.
Aplicação de Princípios
Durante a primeira metade do Século XX,
a metodologia científica, em odontologia, ge-
ralmente foi de natureza descritiva. Os orto-
dontistas foram um dos primeiros a reconhe-
cer a necessidade de se consideraremmelhor
as avaliações quantitativas. Ao se trabalhar
com valores extremos em variações biológi-
cas, tais como: dimensões faciais, tamanho
de dentes, tamanho dos maxilares etc., tor-
nou-se necessário o emprego constante de bi-
Fig. 4.4 - Osso alveolar mostrando a
natureza cribiforme da lâmina dura.
oestatística. Já foi mencionada a conveniên-
cia de se quantificar o tamanho dos compo-
nentes do corpo, em estudos anatõmicos:
portanto, a aplicação direta dos instrumentos
de estatística em antropologia facial se im-
põe. O ortodontista qualificado não somente
deve possuir uma compreensão fundamental
de estatística, como deve ser capaz de aplicar
este conhecimento na atividade clínica. Do
contrário, não poderá sequer interpretar as
publicações no campo da ortodontia". A ati-
vidade de maior importância para o orto-
dontista clínico é a aplicação dos conheci-
mentos experimentais na movimentação
dentária. Os primeiros experimentos neste
sentido foram feitos em vários animais de
laboratório. Sandstedt, no início do século,
procedeu os primeiros trabalhos histológicos
descritivos de interesse ortodôntico, utilizan-
do 0 cachorro". Foi quem descreveu a reab-
sorção minante", ocorrida nos espaços me-
dulares adjacentes à zona de pressão do liga-
mento periodontal, quando a pressão trans-
mitida dos dentes, comprimindo os capilares
sangüíneos, destruiu a vitalidade do liga-
mento. Após esta experiência, aquele autor
elaborou a teoria da pressão - tensão, relati-
va à movimentação dentária. Esta teoria, que
persiste até nossos dias, diz respeito à reab-
sorção do osso alveolar através dos osteo-
clastos na zona .de pressão e concomitante
aposição óssea pelos osteoblastos na zona de
tensão, permitindo ao dente que mude de
posição.
Logo após os experimentos descritos, os
ortodontistas tomaram conhecimento dos
clássicos trabalhos de Oppenheim com ma-
cacos, sobre movimentação dentária, o que
modificou o pensamento da época relativo às
forças ortodôn ticas menos in tensas":
Schwartz publicou um estudo quantitativo
de forças, em cachorro, e muito pouca contri-
buição surgiu neste campo nos vinte anos
que se seguiram". A seguir, e com novos ins-
trumentos de pesquisa, foi conseguida docu-
mentação mais específica relativa à movi-
mentação dentária, à custa de agentes marca-
.•.Tradução para "undermining resorption". É tam-
bém empregada a expressão "à distância" (N.T.).
Fig. 4.5 - Ligamento periodontal humano com aspec-
to acelular na zona de pressão (Hematoxilina-Eosina).
dores do OSS013. À custa também de precur-
sores radioativos, maiores contribuições fo-
ram conseguidas no .campo do metabolismo
celular e teciduaP. Em livros de texto e revis-
tas especializadas podem ser encontrados ar-
tigos básicos sobre histologia da movimenta-
ção dentária'v ' e 15,
Reitan tem sido Um dos autores responsá-
veis pela maioria das experiências relativas às
reações histológicas dos movimentos dentári-
os em seres humanos": Seus experimentos
têm abrangido desde as reações teciduais ge-
rais à força ortodôntica, até estudos mais de-
talhados sobre retenção de dentes que sofre-
ram rotação e o comportamento dos restos
epiteliais durante a movimentação dentária.
Utilizando cortes histológicos de premolares
humanos a serem extraídos durante o trata-
mento ortodôntico, foi possível àquele autor,
a investigação dos dentes-controle e dos que
se submeteram à movimentação num mesmo
paciente, A descrição por Reitan, das áreas te-
ciduais acelulares, é um trabalho clássico na
literatura ortodôntica. Seus estudos têm sido
largamente mencionados para a explicação da
Fig. 4.6,- Reabsorção "à distância" no espaço medular, adjacente à zona de pressão
(acelular) em ligamento periodontal humano (Hematoxilina-Eosina).
Fig. 4.7 - Área de extrema compressão e possível hialinização das fibras do ligamento
periodontal (Mallory).
Fig. 4;8 - Lipócitos característicos de degeneração
gordurosa no ligamento periodontal humano
(Hematoxilina-Eosina),
observação clínica da "fase que antecede o
movimento dentário"*.
Utilizando o processo de Reitan, tem-nos
sido possível estudar a movimentação dentá-
ria através de técnicas especiais de coloração,
durante 28 dias de aplicação de força". Segue
um resumo da experiência relativa ao lado de
pressão em que foi aplicada força de 70 gra-
mas em movimento de inclinação dentária.
No sétimo dia foi notada compressão do
espaço do ligamento periodontal. Todas
amostras exibiram condensação de fibras co-
lágenas, com ausência das células de ocorrên-
cia normal (Fig. 4.5). O fenômeno de perda
celular ocorreu mais significantemente perto
da crista alveolar. Foi observada reabsorção à
distância (ou minante) que ocorreu dos espa-
ços medulares em direção ao ligamento (Fig.
4.6). Nova proliferação óssea apical à área
acelular foi observada pela presença de osso
'"Tradução adotada para "Lag phase" (N.T.).
imaturo fibroso. Coloração especial do tecido
conjuntivo demonstrou, em áreas de extrema
compressão, modificação na coloração azul,
que caracteriza o colágeno, para o amarelo,
indicando um metabolismo de colágeno alte-
rado ou modificação de estrutura, o que pode
indicar hialinização das fibras (Fig. 4.7).Após
14 dias, houve apenas compressão localizada
do ligamento com nítida reorganização e rea-
bsorção frontal de osso alveolar.
Todos os espécimes examinados no 21º dia
exibiram atividade osteoblástica e reorganiza-
ção do ligamento caracterizada por prolifera-
ção capilar, fibroblastos com citoplasma basó-
filo e nova produção de fibra colágena. Um
ligamento com vacúolos e com células con-
tendo anel de Signet, caracteristicamente
idênticas às da degeneração gordurosa, foi ra-
ramente encontrado (Fig. 4.8). '
Após 28 dias, completou-se a reorganiza-
ção fibrosa e celular. Poucos osteoclastos eram
encontrados e notou-e alguma evidência de
reabsorção lateral de raiz (Fig. 4.9).
Em resumo, parece-nos que no sétimo dia há
uma compressão do ligamento que oblitera a
vascularização sangüínea, o que determina es-
quemia com subseqüente morte e desapareci-
mento celular.Isto não é hialinização.No entan-
to, é notada, embora raramente, ocorrência de
hialinização fibrilar em áreas de extrema com-
pressão. A atividade osteoclásticaocorreu à dis-
tância. No 14ºdia, observou-se um espessamen-
to do ligamento, resultante da reabsorção à dis-
tância, com reaparecimento da vitalidade celu-
lar, reabsorção frontal e movimento dentário
subseqüente. A reorganização estava quase
completa no 21º dia, todavia com ocorrência de
possível degeneração gordurosa, o que não era
esperado e para o que não foi encontrada expli-
cação, inuito embora possam ser lembradas as
seguintes circunstâncias: 1) degeneração gordu-
rosa; 2) movimentação do dente para o espaço
de medula adiposa; 3) formação gordurosa re-
generativa devido à diminuição de circulação;
4) fenômeno não associado com movimentação
dentária. A reabsorção radicular lateral, no 28º
dia, deveria ser reparada e não apresentaria sig-
nificânciaclínica.Finalmente, todas estas altera-
ções são prontamente reversíveis e não são de
grande significância na seqüência clínica das
movimentações dentárias.
,
Fig. 4.9 - Reabsorçãoradicularlateralemdentehumanoe conseqüenteà movimentação(Hematoxilina-Eosina).
Existem outras possíveis teorias sobre mo-
vimentação dentária e que requerem ainda
complementação das investigações. Uma delas
diz respeito à possível ativação dos elementos
celulares ósseos pelo fenômeno piezoelétrico-.
Outro possível estude envolve a teoria da umi-
dificação hidrodinâmica". A grande maioria
dos investigadores, no entanto, está de acordo
com a hipótese da "pressão-tensão".
A diversificação dos resultados histológicos
não está devidamente correlacionada com a
experiência clínica. A hipótese da força ótima
foi apresentada por Storey e Smith em 195234•
Muitos ortodontistas clínicos aceitam este tra-
balho como a base científica para entendimen-
to dos sistemas de força. No entanto, Hixon e
colaboradores não lograram confirmar esta te-:
oria após um estudo clínico bem elaboradow".
Muito trabalho de investigação deve ainda ser
feito sobre este assunto. Ainda não se pode sa-
ber, presentemente, o quanto de movimento
pode ser esperado em decorrência de uma de-
terminada quantidade de força aplicada.
A previsão de crescimento facial é também
de grande interesse para o ortodontista clíni-
co. As variações individuais do crescimento
somente podem ser definidas através de repe-
tidas observações dos mesmos indivíduos.
Qualquer tentativa de previsão de crescimen-
to somente se justifica através do método lon-
gitudinal. Os computadores constituem so-
mente um meio através do qual se esclarecem
os objetivos bioestatísticos de um determina-
do estudo". Não se pode obter de um compu-
tador uma informação mais válida do que a
que foi nele introduzida. Os computadores
realmente economizam tempo neste tipo de
investigação, mas eles não pensam por nós e,
apesar de serem conseguidas informações so-
bre crescimento médio, não há possibilidade
de previsão individual. Uma boa revisão do
crescimento facial e também dos coeficientes
de correlação, é essencial para a compreensão
deste complexo assunto". Sempre que houver
necessidade de se tentar prever crescimento, a
melhor técnica disponível é adicionar a média
de crescimento ainda por ocorrer às dimen-
sões obtidas de uma criança".
Não se deve subestimar a valiosa informa-
ção existente sobre o desenvolvimento das ar-
cadas dentárias". As informações sobre o ta-
manho dos dentes da arcada inferior são tam-
bém de grande exatidão".
Qual, portanto, o esquema de diagnóstico
que poderia ser empregado, em obediência a
princípios biológicos válidos? A resposta po-
derá ser encontrada, embora abreviadamente,
numa pequena monografia clínicas. As refe-
rências" e 9 nos fornecem uma explicação mais
completa. Em resumo, o esquema citado
abrange o exame de: 1) esqueleto facial; 2) ar-
cada dentária inferior; 3) arcada dentária su-
perior; 4) presença de movimento mandibular
após o primeiro contato oclusal. Há muitas
referências específicas e também investiga-
ções originais que emprestam validade a este
esquema, o que deveria encorajar a leitura
das mencionadas referências bibliográficas.
Outros Assuntos Básicos
a Serem Considerados
Como foi dito na Introdução, é impossível
uma pesquisa completa dos conceitos biológi-
cos básicos empregados rotineiramente em
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ARANGO, J. - Histologia deI movimiento
dentario ..Odontologo (Panama), 1:6, 1971.
2. BASSET,C.AL.& BECKER,R.O. - Generation of
electricpotentialsby bone in response tomechanical
stress.Science, 137(3535):1063-4, Sept. 1962.
3. BAUMRIND, S.& BUCK,D.L.: - Rate changes
in cell replication and protein synthesis in the
periodontal ligament incident to tooth
movement. Amer. J. Orthodoni., 57(2):109-31,
Feb. 1970.
4. BELANGER, L.F. et alii - Mechanisms of hard
tissue destruction. 1963. 1AAAS. PubI. 751
.J. BIEN, S. - Hydrodynamic damping of tooth
movement.J. dent. Res., 45(3):907~14,MayIJune 1966.
6. BLOOM, W. & FAWCETT,D.W. - Histology. 8.
ed. Philadelphia, Saunders, 1962. 720 p.
BUCK, D.L. - Un aparato ortodoncico para el
problema de Ias diastemas. Odontologo
(Panama), 1:47, 1971.
BUCK,D.L. - Un aparato para Ia correcion de
mordida cruzada posterior en los nifios. Rev.
Fac. Odont. (Guayaquil), 1969.
BUCK, D.L. - The fixed Warch for correction
of posterior crossbite in children. J. Amer. dent.
Ass., 81(5):1140-2, Nov. 1970.
ortodontia. Seria interessante lembrar ainda
outras áreas de interesse e também fazer algu-
mas sugestões bibliográficas para a obtenção
de informações adicionais.
Embriologia e Genética são duas áreas im-
portantes e que se relacionam intimamente
com o tratamento das fissuras palatinas. É fá-
cil a consulta dos textos usuais de embriolo-
gia como também muita contribuição tem
surgido recentemente no campo da genética
dentária= 20 e 29. O tratamento de pacientes fis-
surados mereceu também publicações várias"
e o problema da fala é uma das principais
considerações a serem feitas durante o trata-
mento. O exame da oclusão relacionada aos
problemas fonéticos abrange, evidentemente,
as sobremordidas, as sobres saliências, os dias-
temas incisais, bem como a fisiologia da lín-
gua e do palato".
A oclusão tornou-se o tema central de to-
das as áreas de odontologia, tendo exigido
instrumentos de pesquisa de alguma comple-
xidade para o seu estudo e, naturalmente, se
constitui em conhecimento básico da maior
importância na formação do ortodontista.
10. BUCK, D.L. - Tissue response to orthodontic
tooth movement. In: HOROWITZ, S.L. &
HIXON, E.H. - The nature of orthodontic
diagnosis. St. Louis, Mosby, 1966. p. 56-69.
11. BUCK, D.L. - The uptake of H3 proline in the
guinea pig gingiva and palate. J. periodont. Res.
4(2):94-6, 1969.
12. BUCK, D.L. & CHURCH, D.H. - A histologic
study of human tooth movement. Int. Ass. dent.
Res., 50:134, Mar. 1972.
13. BUCK, D.L. & WEAVER, M.E. - Tooth
movement in miniature swine labeled with
tetracycline. J. dent. Res., 44(2):450, Apr. 1965 .
14. BUCK, D.L. & WHEEKER, P.H. - A density
comparison of human alveolar and retromolar
bone. Angle orthodont., 39(2):133-6, Apr. 1969.
15. CRYSON, J. - Changes in the periodontal
ligament incident to orthodontic therapy. J.
West. Soe. Periodont., 13(1):14-21, Mar. 1965.
16. FROST, H.M. - Bone remodelling dynamics.
Springfield, m., Thomas, 1963.
17. FULMER, H.M. - The development of oxytalan
fibers in mechanism of tooth supoort. Baltimore,
Williams & Wilkins, 1967.
18. FULMER, H.M. & LILLE, R.D. - The
42 ORTODONTIA - BASES PARA A INICIAÇÃO
oxytalanfiber: a previously undescribed con-
nective tissue fiber. J. Histochem. Cytochem.,
6(6):425-30,Nov. 1958.
19.GIANELLY,AA & GOLDMAN, H.M. -
Biologic basis of orthodontics. Philadelphia, Lea
& Febiger, 1971. 414 p.
20.GOODMAN, RM. & GORLIN, RJ. - The
face in genetic disorders. St. Louis, Mosby, 1970.
21.HIXON, E.H. - Development of the facial
complexo 1970. / AS.H.A Report nº 5/.
22.HIXON, E.H. et alii - On force and tooth
movement. Amer. J. Orthodont., 57(5):476-89,
May 1970.
23.HIXON, E.H. et alii - Optimal force diffe-
rential force and anchorage. Amer. J. Oriho-
dant., 55(5):437-57,May 1969.
24.HIXON, E.H. & OLDFATHER, RE. - Es-
timation of the sizes of unerupted cuspid and
bicuspid teeth. Angle Orthadont., 28(4):236-40.
Oct.1958.
25.HOROWITZ, S. & HIXON, E.H. - The na-
ture af arthadantic diagnasis. St. Louis, Mosby,
1966,393 p.
26.McLEAN, EC & URIST, M.R - Bane. 2.
ed. Chicago, Univ. Chicago, 1961. 260 p.
27.MOORREES,CEA et alii - Research rela-
ted to malocclusion. Amer. J. Orthadant.,
59(1):1-18,[an. 1971.
28.0PPENHEIM, A - Tissue changes, parti-
culary of the bone, incident to tooth move-
ment. Amer. J. Orthadant., 3:57-67, 113-32,
1911/i2.
29.PRUZANSKY, S. - Cangenital anamalies af
the face and assaciated structures. Springfield,
Thomas, 1961. 385 p.
30.REITAN, K. - The initial tissue reaction
incident to orthodontic tooth movement. Acta
adant. scand. 9(Suppl. 6), 1951.
31.REMACHANDRAN, S.N. - Structure of
fibrous proteins and polypetides. In: ed. Que-
mistry af callagen. Interscience Publishers,
1962.
32.SANDSTEDT, C - Nagra bidgag til lan-
dregteringens teori. Stockholm, 1901. Einege
Beitrage Zur Theori der Zahnregulierung.
Nard. tandliik.-T., 5:236, 1904, bil. 1905.
33.SCHWARTZ,AM. - Tissue changes inci-
dental to tooth movement. Int. J. Orthadant.,
18:331, 1932.
34.STOREY,E. & SMITH, R - Force in or-
thodontics and its relation to tooth move-
ment. Aust. J. dent., 56(1):11-8,Feb. 1952.
35.WEINMANN, J.P. & SICHER, H. - Bane
and bane. 2. ed. St. Louis, Mosby, 1955. 508 p.
36.WILKOP, CJ.Jr. - Genetics and dental heal-
th. New York, McGraw-Hill, 1962. 300 p.
~S6 1~ CHIRUltGr~N
les de l'inférieure : La rnoyenne, il'lci-
tive du côré droir de cerre machoire
étoit inclinée vers le palais: L'une des
parries latérales de Ia grande inciíive
éroie un peu rournée cn dehors , &
I'autre partie larérale de cette méme
dent éroir tournée en dedans : Je
rétab.is parfaitcment toures ces dcrns
dérangées; ce qui me réuílit en quin-
ze jours par le moyen d c fept appli-
caríons de fil, fans employer aucun
autre fecours.
Depois peu Vai encore arrangé les
dents du fils de M. de Pleurre Confeil-
ler au Parlemenc de Paris. Ce jeune
MonCieur âgé d'environ douze ans ,
avoir toures Ies denrs, incifives conh-
tiérablement dérangées & diffOTqlc~ :
L'extrêmité des unes inclinoie en de-
dans , l'exrrêmiré des aurres inclinoit
en dehors; ce qui lui rendoic Ia bouche
rrés-défagréable & défedueufé. Aprés
les avoir nettérées , égalifées & Iépa-
Jées avec Ia lime, je les lui arrangeai
par l'ufage des fils; ce qui m'a parfai-
eernenr bien réuffi en moins de fix Ie-
mame).
Peu de terns aprês 1\fac1ame Joly de
Fleury époufe de M. le Procureur gé-
Jléral au Parlemem de Paris, rn'envoya
· D E N TIS 't K. ~17
au Couvent des Religieufes de Lieíle ,
prês Ia barriére de Séve , pour vifiter
ia bouche de Mademoifelle fa fille,
âgée d'environ quarorze à quinze ans 7
& qui pour lors étoir en peníion dans ce
Couvent: Je trouvai fes denrs incifi-
ves & canines tres en défordre , dé-
rJng(~es & inégales en longueur , fil-
lonnées & partemées d'un grand nom- .
bre de taches; les unes fe portant par
leur extrérniré en dedans, & les au-
tres exccílivemenr en dehors: Je re-
médiai à tous ces accidens de mêrne
que ie viens de l'enfeigner, & j'eus
grand foin de les Iéparer íuffifammenr,
pour qu'il me fur plus facile de les re-
drefler & de les arranger j ce qui me
réuflit à mervcille en douze applica-
tions de fils de foye.
V, O B S E RV ATIO N.
Sur Ia fraaur~ d'une grande Dent
inclfivt' à [on extrêmiré infi-
rieure , er fur cell« de Ia moyen-
ne incifillt' 'Uoifine J qui étoit
~affie enti irement, .
Au mois dc Janvicr '717·1cfilsdc
M. Ic Préíidcnt Amclot de Gournay ,

Continue navegando