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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ Prática de Ensino e Estágio Supervisionado em Docência de Educação Infantil DERLI MEDEIROS FARIAS BARRA MANSA, 2017. UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ Prática de Ensino e Estágio Supervisionado em Docência de Educação Infantil Relatório exigido como parte dos requisitos para conclusão da disciplina de Prática de Estágio Supervisionado em Docência de Educação Infantil sob a orientação da Professora Maria de Fatima Fernandes Rodrigues. Curso: Pedagogia BARRA MANSA, 2017. AGRADECIMENTOS A Deus pela Sua infinita graça e misericórdia que tem me sustentado nessa jornada. A toda a minha família, meu pai e meus irmãos, em especial ao meu esposo e filhos que me apoiam incondicionalmente. Aos meus professores e colegas que pacientemente me apoiam no dia a dia. Aos meus amigos próximos que estão comigo nos momentos mais difíceis. E a todos aqueles que me apoiam com palavras de ânimo e coragem. “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” (Cora Coralina) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................05 2 CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA E DA TURMA OBSERVADA........................06 2.1 Caracterização da escola.................................................................................................06 2.2 Caracterização da turma e aspectos a serem observados................................................08 3 DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE DAS ATIVIDADES OBSERVADAS E REALIZADAS....................................................................................................................09 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................15 REFERÊNCIAS..............................................................................................................16 ANEXOS..........................................................................................................................18 5 1 – INTRODUÇÃO O presente relatório de estágio refere-se ao cumprimento do estágio supervisionado em Educação Infantil, conforme previsto na Lei Nº 11.788 de 25 de Setembro de 2008, da disciplina Prática de Ensino e Estágio Supervisionado em Docência de Educação Infantil, realizado na Creche Padre Adalberto em Barra Mansa/RJ, de 07/03/2017 a 05/04/2017, cumprindo a carga horária de 66 horas de estágio em educação infantil. A finalidade desse relatório é apresentar a experiência vivida nos dias de estágio, bem como, a apresentação de uma análise entre teoria e prática, expectativa e realidade, da difícil relação dialética do ensino- aprendizagem na educação infantil. Relatar a experiência pessoal em relação aos alunos, aos professores, aos coordenadores e equipe da instituição de ensino. Abordar os temas sobre a caracterização da escola, da turma observada, do desenvolvimento e análise das atividades observadas e realizadas. E ao concluir esse relatório de estágio, estarão relacionadas as informações quanto as experiências pessoais de aprendizado, as experiências de atuação como estagiária, as experiências de observação da prática pessoal , da prática dos professores, observação da interação dos alunos com os professores, com os colegas, com a instituição, com a rotina diária e com a aprendizagem. 6 2- CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA 2.1 - CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA A Creche Padre Adalberto foi fundada em 19 de setembro de 1988, está localizada na Rua Joaquim Batista da Silva, 22/23 - São Luiz, Barra Mansa - RJ, CEP 27343-430 e tem como missão acolher as crianças carentes para que suas mães possam trabalhar e assim buscar melhores condições de vida. O contexto socioeconômico da Creche Padre Adalberto bem como de seus alunos, encontra-se em um nível de baixa renda. A instituição apesar de fazer parte da Prefeitura Municipal de Barra Mansa, é mantida por doações da comunidade empresarial do município, tendo em vista que antes de ser uma instituição municipal, era mantida pela igreja católica local. Está situada em um bairro de periferia, com um nível de criminalidade alto para os padrões do município, atendendo também aos bairros vizinhos que não tem creche local. Tem uma comunidade que está assistida quanto a infraestrutura dos serviços de água, luz, esgoto e coleta de lixo. Quanto a estrutura e funcionamento da creche, o que se observa no aspecto físico da mesma, é que ele é amplo, pois trata-se de uma antiga casa residencial que foi doada para o funcionamento da instituição, sofreu várias adaptações para que fosse utilizada no formato educativo e quanto ao aspecto humano da escola, não existe uma equipe que atenda a demanda de alunos, processo que está sendo regularizado, porém, o pessoal que está na ativa trabalha dentro das possibilidades oferecidas, devido ao aspecto material/estrutural que necessita de muitas adequações. A creche é pequena, dispõe de cinco salas de aula, sendo uma de maternal 1, duas de maternal 2, uma de maternal 3 e uma de Pré 1. As turmas de maternal 3 e Pré 1, tem atendimento no turno da manhã e da tarde, enquanto os maternais 1 e 2 são atendidos em período integral. Tem uma sala de leitura pequena, porém muito bem organizada, com materiais diversos, livros ilustrados, fantoches, dedoches, móbiles, material de teatro, TV e DVD, mesas, cadeiras, tapetes para a hora das histórias, local colorido,bem decorado. Não tem auditório, mas tem um pátio coberto e espaçoso, onde são realizados os eventos e também as atividades externas. Não tem uma biblioteca, somente a sala de leitura, onde o acesso de dá em dias determinados. O refeitório é pequeno e bem organizado, com mesas e cadeiras adequadas para atender as crianças. 7 A qualidade das instalações poderiam ser melhores, mas tendo em vista as circunstâncias do atendimento municipal , os cuidados por parte dos funcionários compensam as perdas e danos. Não existe sala de repouso nem de estudo para os professores, existe uma pequena secretaria, onde tem duas pequenas salas, que são utilizadas pela direção, secretaria e orientação pedagógica. O mobiliário é antigo mas atende as necessidades, falta mais espaço na sala do que mobiliário. Se suprir a falta da mesa não tem espaço para as crianças atuarem em sala de aula. Existem dois turnos, 133 alunos, sete turmas e as turmas são organizadas por faixa etária. O quadro de funcionários está formado da seguinte forma: Diretora, Diretora adjunta, Orientadora Pedagógica, secretária, doze professores, onze auxiliares, uma cozinheira, uma ajudante de cozinha, quatro auxiliares de serviços gerais, não tem porteiro e nem tem vigilante. O Projeto Político Pedagógico da instituição, assim como o de toda a rede municipal de ensino do município de Barra Mansa/RJ, é sociointeracionista, ele busca uma aprendizagem mediada pelas ações dos professores e na relação entre os conhecimentos oriundos da cultura do aluno e os conhecimentos universais, esse projeto é de conhecimento de todos os professores e os mesmos procuram trabalhar seus projetos dentro dessa teoria, trazendo para a sua prática pedagógica.Existe também parcerias com as famílias e comunidades, apresentações em datas festivas, de atividades por parte dos alunos. Existe um conselho de pais amigos da escola que participam de reuniões e eventos para a melhoria da educação. Segundo Alves (2004) : Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá- los para onde quiser. Pássaros engaiolados têm sempre um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são os pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado. 8 2.2 - CARACTERIZAÇÃO DA TURMA E ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS No planejamento da professora, chamado de projeto detonador, é trabalhado um tema em um período aproximado de 2 meses, o objetivo desse projeto foi ensinar a identidade, usou dados desde a gestação até a maturidade, utilizou revistas, álbum de fotografias, bonecas, vídeos, músicas e jogos, esse projeto foi desenvolvido em uma classe de maternal 3, falaram sobre família, famílias separadas, grau de parentesco, nascimento, crescimento, morte, datas comemorativas e eventos. A metodologia utilizada pelo professor, foi lançar a ideia na primeira roda de conversa, mostrando o material daquela aula, por exemplo: um álbum de infância da professora, em ocasiões especiais, em datas festivas, com a família, na escola, no parque, no carnaval, nos aniversários, todos os fatos que ela viveu, eles também vivem, ela foi criança e agora é adulta, como eles serão um dia. E assim eles podem perceber que de fato existe uma identidade, que ela realmente foi um bebê, uma criança, uma adolescente e hoje uma adulta, eles visualizaram as informações. Gostaram muito, contaram sobre as experiências de casa com as fotos de família, com as datas comemorativas. Conhecimentos que já trazem do seu meio social. Quanto a postura e conduta do professor, estive em duas turmas, os primeiros 15 dias na turma de maternal 3, onde ocorreu a experiência acima, existe uma preocupação com a proposta pedagógica, existe um comprometimento com a aprendizagem. Já nos últimos 15 dias, por solicitação da direção, fui transferida para o maternal 2, para dar suporte a um aluno especial ainda sem laudo, nessa turma, a dificuldade foi bem maior, tendo em vista a falta de funcionários auxiliares nessa classe, que deixou a professora sem condições de entrar com o seu projeto pedagógico, por ter que assumir os cuidados que seriam da auxiliar, pelo bem estar e integridade física dos alunos, sendo assim, ela não desenvolveu nesses dias nenhum projeto, seguiu uma rotina diária, com horários de refeições e higiene, com atividades nas mesas, contação de histórias e músicas,porém nenhum projeto, nenhum tema específico foi tratado. A avaliação se dá pela observação, bem como as hipóteses de conhecimentos e erros dos alunos. 9 A disciplina em sala de aula no geral é muito boa, as crianças são tranquilas, existem sim alguns conflitos, porém típicos de crianças dessa idade, tudo resolvido de forma tranquila, com boa tolerância. A organização e utilização pedagógica da sala de aula fica prejudicada pela falta de espaço para adequar o mobiliário, os recursos de espaço e material são limitados, existem poucos brinquedos, pouca diversificação de material pedagógico, pouco lúdico, os alunos participam das atividades nas mesas e se revezam com dificuldades, sempre ficam alguns sentados vendo um livro e esperando uma vaga na mesa. 3-DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE DAS ATIVIDADES OBSERVADAS E REALIZADAS. Quando fui estagiar em educação infantil na Creche Padre Adalberto da rede municipal de ensino do município de Barra Mansa/RJ, no primeiro momento a expectativa era acompanhar a rotina de creche de alunos do maternal 1 ou 2, principalmente pelo fato de ter a oportunidade de aprofundar os conhecimentos quanto aos cuidados com a criança pequena, não tive essa oportunidade, pelo fato de só poder estagiar no período da tarde e a turma do maternal ainda estar em processo de adaptação, portanto, com a rotina reduzida saindo mais cedo. O único contato com esses pequenos foi no período de intervalos e lanches no pátio da instituição. Segundo o RCNEI (1988): O cuidado precisa considerar, principalmente, as necessidades das crianças, que quando observadas, ouvidas e respeitadas, podem dar pistas importantes sobre a qualidade do que estão recebendo. Os procedimentos de cuidado também precisam seguir os princípios de promoção da saúde. Para se atingir os objetivos dos cuidados com a preservação da vida e com o desenvolvimento das capacidades humanas, é necessário que as atitudes e procedimentos estejam baseadas em conhecimentos específicos sobre desenvolvimento biológico, emocional, e intelectual das crianças, levando em conta diferentes realidades sócio-culturais.(BRASIL, 1998, p.25). Fui direcionada para o maternal 3, em uma sala com 20 alunos, 1 professora e 1 auxiliar de turma. Turma muito ativa, professora e auxiliar me receberam bem, tive a oportunidade de vivenciar o ensino-aprendizagem nessa turma, pois ainda não atuo em sala de aula. Pelo fato de não ter experiência em sala de aula, tudo foi novidade, me encantei desde a 1ª rodinha até a hora da saída. 10 Eles mantém uma mesma rotina de horários, tem um bom relacionamento, não tem nenhum aluno com necessidades especiais nessa turma. Quanto a rotina, fiquei bastante intrigada com o passar dos dias, com a repetição das mesmas atividades de mesa, com os mesmos brinquedos, os mesmos livros, os mesmos objetos; porém fui orientada por minha professora/tutora da matéria de estágio, em relação a rotina. De acordo com Rodrigues (2017): A rotina proporciona estabilidade e segurança, maior facilidade na organização espaço-temporal e evita o sentimento de ansiedade que um dia inteiro na escola pode causar. É importante sempre no início da aula conversar com os alunos sobre quais atividades teremos, registrar em uma lista (para os maiores) ou mostrar através de figuras (veja a imagem abaixo) como será o dia na escola. Deixar que a criança participe desse planejamento. (RODRIGUES,2017). O turno tem início com a recepção do aluno na porta, pela auxiliar, logo em seguida recebe o cumprimento da professora e demais colegas, vão se acomodando, sentando-se na rodinha já para as primeiras informações. Essa primeira roda de conversas é sempre uma das mais animadas, até mesmo os que chegam desanimados se rendem a ela. Conversam inicialmente como foi o caminho de ida até a escola, falam sobre o clima, questionam quando algum amigo falta, depois de todos os assuntos iniciais abordados, eles partem para uma hora incrivelmente animada, que é a hora da chamadinha, muita música, muitas palmas, muita alegria, uma verdadeira festa. Acontece uma contagem dos alunos em números de meninos e meninas e posteriormente uma contagem geral. Nesse momento a professora entra com uma história, normalmente um livro, sempre utilizando um tema que será abordado posteriormente. Às 14:00 h eles seguem para o lanche, e uma observação a respeito desse período, eles mantêm a ordem na fila para caminhar até o refeitório e também existe uma regra, “ ninguém é obrigado a comer, porém se for comer, não pode deixar sobrar”, isso gera uma advertência verbal e também informaçõesa respeito da fome no mundo e na própria comunidade, informações em relação ao desperdício. Ao retornar do lanche, seguem para uma segunda roda de conversas, amadurecem o primeiro assunto, existe uma reflexão sobre o tema, gerando novos desafios de argumentação 11 para eles. Segundo Stadler ( et al, apud ROMERO, 2015): “ A linguagem age decisivamente na estrutura de pensamento e é ferramenta básica para a construção de conhecimentos”. Intervém no desenvolvimento intelectual da criança desde seu nascimento.” Seguem então para as atividades das mesas, nessa turma existem quatro mesas, sendo uma para a massinha de modelar, uma com brinquedos pré históricos, uma para desenho livre e uma para recorte e colagem, permanecendo ainda um grupo no tapete, por falta de mesa para acomodá-los, e esses últimos ficam com os livros e revistas, aguardando sua vaga na mesa. Outro fato observado é que existe música para tudo, para pegar os brinquedos, para guardar os brinquedos, para entrada e para a saída, para as refeições, a música é um momento feliz, reflexivo. Segundo Chiarelli; Barreto (2005): “ As atividades de musicalização permitem que a criança conheça melhor a si mesma, desenvolvendo sua noção de esquema corporal, e também permitem a comunicação com o outro.” Depois da atividade de mesa eles voltam para a terceira roda de conversa, nesse momento normalmente entra uma atividade prática pela professora, por exemplo, quando estava falando sobre as cores e texturas, fez geladinhos em sala. Após esse período da terceira roda de conversa, eles seguem para o jantar às 16:00h, no retorno do jantar eles assistem à um filme e cantam mais músicas e logo em seguida vão para as atividades externas no pátio, onde trabalham o movimento, quantidades, interagem entre eles. Existem atividades dirigidas e livres, com programação prévia direcionada pela professora. Não tive nenhuma oportunidade de trabalhar nenhum projeto nessa turma, foi um período de atuação baseado na observação e entrevista, mesmo comentando com a professora da turma sobre a necessidade de colocar em prática o meu projeto pedagógico, ela me liberou apenas o período de uma das rodinhas para estar falando, o que não ocorreu pelo fato de ter sido direcionada então, ao maternal 2. Ainda nessa turma, tive a oportunidade de participar de uma reunião a convite da Orientadora Pedagógica e pude verificar o comprometimento da mesma com o cuidado na elaboração dos projetos a serem apresentados no decorrer do ano. Ela orientou as professoras 12 a uma mudança de direção, deixar o tradicional e partir para uma prática que tenha significado na vida cotidiana das crianças, ao contrário de pensar datas comemorativas, abordar temas sobre a realidade da comunidade. A cada dia um novo aprendizado. A Orientadora Pedagógica faz parte da orientação pedagógica em Educação Infantil da rede municipal de ensino. Segundo Resende (2009 apud ROMERO 2015): “Vygotsky entende o homem e seu desenvolvimento numa perspectiva sociocultural,ou seja, percebe que o homem se constitui na interação com o meio em que está inserido.” Após as duas primeiras semanas iniciais de estágio, por solicitação da direção da creche, fui convidada a estar apoiando a turma do Maternal 2 B, tendo em vista a falta de pessoal do quadro de auxiliares, em processo de regularização e a necessidade de suporte e atenção a um aluno com necessidades especiais, ainda sem laudo, porém com necessidade de acompanhamento individualizado constante. Segundo Bersch; Machado ( 2007, p. 19 apud VITTA et al, 2010): [...] a educação infantil, proposta nos espaços da creche e pré-escola, possibilitará que a criança com deficiência experimente aquilo que outros bebês e crianças da mesma idade estão vivenciando: brincadeiras corporais, sensoriais, músicas, estórias, cores, formas, tempo e espaço e afeto. Buscando construir bases e alicerces para o aprendizado, a criança pequena com deficiência também necessita experimentar, movimentar-se e deslocar-se ( mesmo do seu jeito diferente); necessita tocar, perceber e comparar; entrar, sair , compor e desfazer, necessita significar o que percebe com os sentidos, como qualquer outra criança de sua idade (BERSCH; MACHADO, 2007, p.19). Foi desse ponto em diante que de fato a minha experiência mais profunda e marcante aconteceu nesse estágio, fiquei completamente agradecida por essa oportunidade de aprendizado com essa linda criança, que estarei relatando mais adiante. Nessa turma de maternal 2 estão matriculados 17 alunos, contando com 2 professores, 2 auxiliares, sendo que trabalham 1 professor e 1 auxiliar por turno, ficando assim, caracterizada a falta de pessoal para atendimento especializado nessa turma. Minha participação nessa turma tinha início às 13:00h, chegava no período em que eles estavam acordando do pós almoço, passando pelo período de higiene da troca de fraldas, a maioria ainda usa fraldas nessa turma, e escovação dos dentes, seguiam para o tapetinho para brincar livremente com os brinquedos e despertarem completamente. Logo em seguida a 13 saída para o lanche da tarde, no retorno do lanche, brincadeiras dirigidas e músicas dentro da sala, posteriormente brincadeiras dirigidas no pátio, retornam então para a 2ª roda de conversa onde vão para uma segunda história com mais músicas, as histórias são todas contadas de livros ilustrados da sala de leitura. Seguem então para as atividades nas mesas, são 4 mesas e as atividades são divididas em massa de modelar, brinquedos de encaixe, pintura, revistas e livros. Eles tem muitas dificuldades de relacionamentos, para dividir os brinquedos, para dividir espaço nas mesas, para escolher lugar na fila, no refeitório, tudo por conta do período que estão vivendo, que é o período pré-operatório ( estão no início desse período ), tendo como característica marcante , o egocentrismo, comum a essa fase, cabendo ao professor fazer a mediação entre as partes. Seguem para o jantar após as atividades de mesa, no retorno do jantar, voltam para a sala de vídeo, onde vão sendo preparados, um a um, com questão de troca e higienização, para a saída no final da tarde às 17:00h. Nessa turma, fiz a apresentação do meu projeto pedagógico, com uma atividade de contação de história, no dia 03/04/2017, na 2ª roda de histórias. Aproveitei a questão do egocentrismo e também a questão do período pré-operatório onde já se apropriam dos conceitos visuais concretos e contei uma história onde o objetivo principal foi deixar claro a importância dos “ combinados entre professora e alunos “ na sala de aula. Levei minha história " A Formiguinha Loirinha " ela é ilustrada , desenho em cartolina, as crianças ficaram bem atentas, pois as histórias que ouvem são sempre de livros, e essa estava em tamanho bem maior, bem colorida, chamou bastante a atenção. Essa história, que na verdade é uma fábula, relata o ocorrido entre mãe e filha formigas, onde a mãe sai para o trabalho e a filha fica em casa acamada, com ordens expressas para não sair e não cometer nenhum tipo de atitude que possa agravar a sua situação, ela então, levada pelas considerações das amigas, resolve desobedecer a mãe saindo e praticando todos os atos contrários às determinações dadas pela mãe, moral da história: a quebra dos combinados tem uma consequência negativa, perda de algum benefício. Pude então fazer uma adaptação para as necessidades deles, sobre obedecer os combinados, de forma clara e objetiva, cantamos a música da formiguinha, bem conhecida de todos, e agora quando escapam um pouco do combinado, a professora lembra" olha a formiguinha" e eles voltam para o combinado, me senti bastante feliz, eles gostaram bastante, ficaram atentos, responderam as perguntas, poucas perguntas e perguntas simples de acordo 14 com a faixa etária. Foi muito gratificante. Para Rodrigues ( 2017): As histórias contribuem para que a criança entre em contato com diversos modos de ver e sentir o mundo. É através da história que a dimensão simbólica da linguagem é experimentada em conjunção com o imaginário e o real. Ao se identificar com as histórias ou com os contos de fadas a criança passa a querer ouvi-la várias vezes por se identificar com a personagem ou com algo semelhante ao que vive naquele momento.(RODRIGUES, 2017). Sobre a minha maravilhosa experiência com o aluno com necessidades especiais, ele apresentava dificuldades de relacionamentos com a professora e com a turma, não gostava do barulho, só andava de uma lado para o outro em linha reta e chorava muito com os dedos no ouvido. Então, nas duas últimas semanas, eu comecei a mostrar livros ilustrados e ele teve um interesse imediato pelos livros, foi quando observei que ele cantava baixinho, houve então uma mudança na rotina dele, passou a acordar sozinho após o almoço, no tempo dele, o que levava mais ou menos 20 minutos a mais que o restante da turma, proporcionando um despertar tranquilo, isso fez com que o ânimo dele em participar das atividades com a turma fosse instigado, passou a lanchar sozinho depois de ter a oportunidade de fazer o reconhecimento do ambiente do refeitório sozinho e sem barulho, agora consegue lanchar e jantar com os amigos, mesmo em meio ao barulho, senta na rodinha no período de música em tempo integral e no período de histórias, fica quase todo o tempo, porém na história, ainda precisa de mais apoio. Já consegue entender quando o chamamos pelo seu nome, antes não entendia, faz boa parte dos gestos das músicas, mas ainda não verbaliza, mas o que me deixou mais feliz, é que aquele menino que só chorava, hoje só sorrir, consegue abraçar os amigos na rodinha, se esforça para acompanhar as músicas e gestos das coreografias. Ele está feliz. Agora ele faz parte da turma. Segundo Rodrigues (2017): Ao ouvir histórias, a criança tem a oportunidade de enriquecer e alimentar sua imaginação, ampliar seu vocabulário, permitir sua auto identificação e autorreconhecimento, aprender a refletir para aceitar situações relativas às dimensões diversas da vida, além de desenvolver o pensamento lógico que favorece a memória e o espírito crítico através da manifestação de humor e de satisfação de sua curiosidade. (RODRIGUES, 2017). Eles ainda contam com aulas de Educação física e leitura, ambas com uma aula semanal, para todas as turmas da creche. Na educação física não tem nenhuma atividade física esportiva direcionada, mas tem o trabalhar com o corpo, com as interações, a preocupação com a psicomotricidade. 15 Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional(LDB), lei nº 9.394(BRASIL,1996): A Educação Infantil, sendo a primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os 6 anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais, complementando a ação da família e da comunidade. Respeitando esses conceitos da LDB parte a ideia de valorização da Educação Física na Educação Infantil. Já as aulas de leitura são totalmente especiais, participei de algumas, a sala é muito organizada, decorada, tem muitos livros ilustrados, fantoches, dedoches, TV e DVS, mesas, cadeiras, tapete de história, móbiles, tudo colorido e convidativo. A professora de leitura promove aulas instigantes e recreativas, com muita criatividade, apresenta teatrinhos com as próprias crianças, usando material compatível com a história, por exemplo: Quando contou a história “ Cachinhos Dourados”, ela serviu um mingau em potinhos para a turma. E assim ela trabalha em cada aula, com muita criatividade, existe sempre alguma coisa que irá surpreender o aluno. Segundo Vygotsky ( 1992, p. 128, apud CASTRO, 2010): “ A imaginação é um momento totalmente necessário, inseparável do pensamento realista.” 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluo esse relatório com a grata satisfação de ter feito parte desse processo, de ter presenciado situações nesse estágio que mudaram com toda certeza a minha visão de educadora, com a certeza de que minha prática deve ser transformada e transformadora diariamente, com a certeza de que o meu olhar jamais será o mesmo, diante da minha e da prática de outrem, diante das crianças e diante da educação. Observei situações onde teoria e prática infelizmente na “ prática” andam separadas, observei educadores desistindo de suas profissões e por conta disso desistindo de pessoas, no caso, as crianças. Observei conflitos de ordem hierárquicas, conflitos pessoais, observei falta de estruturas físicas, faltas materiais, muitas faltas. Mas ainda assim, diante de tantos problemas aparentes, eu também observei a aprendizagem, como ela me encanta, como ela me comove, como ela me faz bem. 16 Você ser capaz de ensinar algo novo, todos os dias, com encantamento e ter quem te ouça e querendo aprender essa novidade, com um brilho nos olhos, com alegria de viver, com perfume de vida, isso sim me encanta, isso sim me motiva, isso sim me faz querer prosseguir, saber que pude por tão pouco tempo fazer diferença na vida de uma criança, a ponto de toda uma equipe e até mesmo a família notar essa mudança, não tem preço, isso de fato me motiva. Sinto-me honrada em fazer parte desse processo, não tinha ideia da dimensão. Aprendi que preciso ouvir mais atentamente não só a fala, mas também o olhar e a atitude de uma criança, preciso fazer a leitura de suas intenções e sentimentos. Aprendi que preciso aprender diariamente com eles, com o seu conhecimento de mundo, o que trazem de suas histórias familiares, que são tantas. Aprendi que é preciso tão pouco para ser feliz, não é complicado, eles sempre tem uma bela explicação para qualquer que seja o problema. Aprendi a necessidade da pesquisa, da investigação, da problematização, da interação, parecem palavras tão complicadas, mas são usadas diariamente em sala de aula, de fato “ensino-aprendizagem” são indissociáveis. Minhas expectativas foram superadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, R. Gaiolas ou Asas: A arte do voo ou a busca da alegria de prender.Porto: Edições Asa, 2004. BERSCH, R.; MACHADO, R. Atendimento educacional especializado: Deficiência física. SEESP/SEED/MEC. Brasília, 2007. p.15-24. BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Ministério da Educação, 1996. BRASIL, Lei nº 11.788, de 25 de Setembro de 2008. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Da definição, classificação e relações de estágio: edição federal, Brasília, 2008. BRASIL. Referencial Curricular Para a Educação Infantil. v. 1, Brasília: MEC/SEF, 1998. CASTRO, E. F. A importância da leitura infantil para o desenvolvimento da criança . Disponível em:<http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-importancia-literatura- infantil-para-desenvolvimento.htm> Acesso em: 15 de Mai 2017. 17 CHIARELLI, L. K. M.; BARRETO, S. J. A importância da musicalização na educação infantil e no ensino fundamental: a música como meio de desenvolver a inteligência e a integração do ser. Revista Recre@rte. n. 3, 2005. CORALINA, C. Vintém de cobre: meias confissões de Aninha. 9. ed. São Paulo: Ed. Global Gaia, 2007. RODRIGUES, M.F.F.A contribuição da história na Educação Infantil. Fórum de Discussão - 2017.1 EAD - PRAT, DE ENS. E EST. SUP. DOCÊNCIA. EDUC. INFANTIL (CEL0356/2494582) 9014. Acesso em: 15 Mai 2017. ______ A história enriquece a imaginação. Fórum de Discussão - 2017.1 EAD - PRAT, DE ENS. E EST. SUP. DOCÊNCIA. EDUC. INFANTIL (CEL0356/2494582) 9014. Acesso em: 15 Mai 2017. ______ A rotina proporciona estabilidade e segurança. Fórum de Discussão - 2017.1 EAD - PRAT, DE ENS. E EST. SUP. DOCÊNCIA. EDUC. INFANTIL (CEL0356/2494582) 9014. Acesso em: 15 Mai 2017. ROMERO, P. Breve estudo sobre Lev Vygotsky e o sociointeracionismo.Dispoinível em: < http://educacaopublica.cederj.edu.br/revista/artigos/breve-estudo-sobre-lev-vygotsky-e-o- sociointeracionismo > Acesso em: 08 de Mai 2017. STADLER, G; ROMANOWSKI, J. P.; LAZARIN, L.; ENS, R. T.; VASCONCELLOS, S. Proposta pedagógica interacionista. Disponível em: <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2004/anaisEvento/Documentos/CI/TC- CI0087.pdf.> Acesso em: 10 Mai 2017. 18 ANEXOS Atividades escolhidas para a aula Tema da aula – “ Obedecer os combinados” . Plano de Aula: 1ª etapa - Conversar com os alunos sobre a importância dos combinados; - Mostrar através das figuras, quais são os combinados para essa turma; - Apresentação da história ( Fábula ) “ A Formiguinha Loirinha”. 2ª etapa - Questionar a respeito dos combinados da história; - Reforçar a respeito dos combinados da turma; -Trabalhar as questões sobre o egocentrismo. Plano de Atividades Objetivo geral O tema da aula tem como finalidade trabalhar as questões do egocentrismo, típico dessa faixa etária de maternal 2, que segundo Piaget, estão no período pré-operatório, e portanto vivem de imagem e não de conceitos. Objetivo específico Conhecimento e aceitação das regras Material necessário: História em cartolina. 19 FOTO 1 20 FOTO 2 FOTO 3 21 FOTO 4 FOTO 5 22 FOTO 6 FOTO 7 23 FOTO 8
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