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Relatório Botânica Marinha ficocoloides

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Relatório Botânica Marinha
Ficocolóides
Leandro Alves
Universidade Federal Fluminense
Ficocolóides são polissacarídeos coloidais extraídos de algas. Em soluções aquosas essas substâncias se comportam como gel. São polissacarídeos extraídos da parede celular de algas vermelhas ou pardas, que têm a propriedade de formar gel em solução aquosa. Devido às suas propriedades gelificantes, estabilizantes e emulsificantes, os ficocolóides passaram a ter grande aplicação nas indústrias alimentícia, farmacêutica e biotecnológica. Atualmente, cerca de 1 milhão de toneladas (massa fresca) de algas são coletadas e usadas para a extração de 55000 toneladas de ficocolóides, um mercado estimado em quase U$ 600 milhões (dados da FAO).
Os alginatos são utilizados como emulsificantes, estabilizantes e gelificante. São utilizados em tintas para tecidos e produção de espuma de cerveja. Extraído principalmente de Ascophyllum, Durvillaea, Ecklonia, Laminaria e Macrocystis, gêneros de algas pardas. A estrutura e, consequentemente, as propriedades químicas dos alginatos podem variar bastante entre os gêneros. As algas são totalmente oriundas de bancos naturais ao redor do mundo (Irlanda, Noruega, França, Inglaterra, Austrália, África do Sul), uma vez que o cultivo de algas pardas é muito caro, pois não se propagam por meio vegetativo. 
Cerca de 50% do mercado de alginato corresponde à indústria têxtil, onde ele é empregado como espessante da pasta que contém o corante. Também é usado em alimentos, por exemplo, molhos, coberturas de sorvete, iogurtes, maionese e achocolatados (neste caso, enfrente forte concorrência com a carragenana). Na área médica tem sido usado em curativos para ferimentos e queimaduras, por favorecer a cicatrização de lesões, e associado a algumas drogas, permitindo a liberação controlada no organismo
Os carragenanos são substâncias encontradas na parede celular de algumas algas vermelhas. São utilizados na indústria farmacêutica, alimentícia e cosmética. Atualmente, as principais fontes de carragenana são as algas vermelhas Kappaphycus alvarezii e Euchema denticulatum, cultivadas a um baixo custo em países de águas quentes (Indonésia, Filipinas, Tanzânia). Originalmente, esse ficocolóide era obtido a partir de Chondrus crispus de bancos naturais. Outras espécies têm sido valorizadas por produzirem tipos específicos de carragenana, por exemplo, Hypnea musciformis no Brasil. Aqui também existem cultivos de K. alvarezzi liberados pelo IBAMA no litoral norte de São Paulo e sul do Rio de Janeiro, apesar de esta ser uma alga exótica no país.
As principais aplicações da carragenana também estão relacionadas á indústria alimentícia: achocolatados, queijos, gelatinas e produtos à base de carne (presuntos, salsichas, hamburgeres). Muito usada também na composição de ração animal e creme dental
O ágar é encontrado em algas vermelhas e é um poderoso gel. É utilizado na produção de meios de cultura. Através dele também se produz a agarose, extraído de alguns gêneros de algas vermelhas, especialmente Gelidium, Gracilaria e Gracilariopsis. Até pouco tempo, tais gêneros eram apenas colhidos diretamente de bancos naturais, sem manejo adequado. Atualmente, cultivos têm sido desenvolvidos em mar aberto, estuários ou tanques. Gelidium é produzido principalmente no Japão, Indonésia, Coréia, Marrocos, Espanha e Portugal, e principal fornecedor de Gracilaria é o Chile.
No Brasil, embora a exploração de macroalgas tenha se iniciado por volta de 1940, o impacto social e econômico que esta atividade gera ainda é reduzido e restringe-se basicamente à região nordeste do país, sendo que a produção nacional movimenta menos de US$ 2 milhões. Gracilariopsis tenuifrons, Gracilaria birdiae, Gracilaria cornea e Gracilaria caudata são as principais espécies coletadas na costa nordeste do Brasil por famílias de pescadores, totalizando cerca de 600 toneladas de massa seca de alga para a produção de ágar.
Cerca de 90% da produção de ágar é usada na indústria alimentícia, como estabilizante e espessante em recheios de tortas, bolos, glacês, sorvetes, iogurtes, entre outros. Os 10% restantes são para uso bacteriológico (testar presença de bactérias) e biotecnológico (agarose) e seu preço é mais elevado devido aos processos de purificação.