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ANÁLISE DE IMPACTOS EMBIENTAIS E ANTRÓPICOS EM ECOSSISTEMAS DE MARISMA

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
cURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Análise de IMPACTOS embientais e antrópicos em ECOSSISTEMAS de marisma
Maiara Aparecida Aniceto
maiara.maai@gmail.com
RESUMO
As marismas são considerados um ecossistema costeiro estuarino, muitas vezes comparado com mangues, mas, diferente destes, não há grande diversificação de organismos. Em geral, são formações vegetais que cobrem uma extensa área no litoral brasileiro e estão entre as mais importantes áreas de produção primária do planeta. Sendo habitat de organismos e representando importante fonte de nutrientes e de detritos para a cadeira alimentar, sua situação atual preocupa novos pesquisadores. A má manutenção de recursos hídricos e saneamento básico afetam grande parte dos ecossistemas costeiros, se não todos. Comunidades que moram próximas destes ambientes e que necessitam da pesca em marismas são altamente prejudicados, levando em consideração que até mesmo estas comunidades podem estar prejudicando o ambiente. Este trabalho tende a apresentar e informar das consequências trazidas pelas mudanças climáticas e, principalmente, pela antropização.
Palavras-chave: estuário, saneamento, clima.
 introdução
As marismas são ecossistemas costeiros intermareais presente nas médias e altas latitudes com relevo pouco expressivo, em geral planícies ou depressões alagadas. Esse ecossistema oferece abrigo e hábitat para diversas espécies de animais estuarinos e costeiros, sendo sua produção primária um importantíssimo componente da teia trófica na região estuarina (COSTA et al. 1997, SEELIGER et al. 1998, COSTA 1998, BEMVENUTI 1998, SEELIGER 2001, ABREU et al. 2006). 
Seguindo a afirmação de que as marismas são importantes ecossistemas, vale lembrar que o saneamento inadequado afeta diretamente a qualidade da água e da vida dos organismos que vivem naquele ambiente, sem contar com os danos causados aos seres humanos. O crescimento da população e as atividades humanas podem ser considerados como os maiores responsáveis pela poluição do meio aquático. De acordo com NETO & FERREIRA (2007), os rios se tornaram, ao longo dos anos, depósitos de rejeitos e resíduos de diversas formas: através de esgotos domésticos com elevado nível de cargas orgânicas; as atividades agrícolas com a contaminação por pesticidas e fertilizantes ricos em sais minerais; e as indústrias com uma série de compostos sintéticos e elementos químicos potencialmente tóxicos. Tais ações trazem consigo sérios problemas com difícil regeneração do meio.
referencial teórico
De acordo com Adam (1990), marismas podem ser definidas como áreas vegetadas por ervas, gramas ou arbustos baixos, margeadas por corpos de água salina e sujeitas a inundações periódicas resultantes das flutuações nos níveis do mar adjacente. Para Costa e Davy (1992) as marismas são comunidades dominadas principalmente por vegetação herbácea perene ou “anual”, podendo estar ainda associada a alguns arbustos, contrastando com o manguezal que é dominado por espécies vegetais arbóreas. 
Muitos autores como De La Cruz (1973) e Odum (1980), sugerem que as marismas estão entre as mais importantes áreas de produção primária do planeta, e as halófitas destes ecossistemas são consideradas as responsáveis pela maior parte desta produtividade (MEZIANE, 1997).
Cima (1991) afirma que o lançamento de esgotos in natura, a inadequada disposição do lixo urbano e industrial, a ocupação de encostas de declividade acentuada, processos erosivos e de assoreamento bem como o surgimento de áreas críticas de inundação compõem uma mostra dos problemas ambientais urbanos mais comuns na faixa costeira. A mineração e as demais atividades a ela associadas (transporte, estocagem, beneficiamento, etc.) têm contribuído para a degradação localizada dos ecossistemas costeiros. Levando-se em conta que perto de 33 milhões de pessoas vivem hoje na periferia das grandes cidades, fica evidente que o problema de saneamento básico é, e continuará sendo, um dos maiores problemas ambientais urbanos em nosso país nas próximas décadas (CIMA, Op. cit). Para criar bairros, áreas industriais, marinas, aeroportos, portos e pólos petroquímicos, as autoridades brasileiras sempre optaram por soluções baratas, fáceis e/ou políticas (MACIEL, 1991).
discussão
Costa e Davy (1992) definem marismas como comunidades dominadas principalmente por vegetação herbácea perene ou “anual”, podendo estar ainda associada a alguns arbustos, contrastando com o manguezal que é dominado por espécies vegetais arbóreas. Em geral, pode-se dizer que a maioria das marismas é dominada por poucas ou por uma única espécie, podendo suportar temperaturas do ar e da água bem inferiores às suportadas pelas plantas típicas do manguezal (COSTA & DAVY, Op. cit.), um dos motivos do ecossistema estar mais presente nas regiões sul do Brasil. 
As marismas, segundo Panitz (1992), constituem um dos mais produtivos ecossistemas costeiros, principalmente aquelas dominadas pela gramínea Spartina. São bastante semelhantes aos manguezais nas regiões tropicais e representam importante fonte de nutrientes e de detritos para a cadeira alimentar, levando em consideração que a maioria das espécies vegetais das marismas da América Latina pertence a gêneros amplamente distribuídos pelas comunidades halófitas (COSTA & DAVI, 1992). Habitats naturais costeiros como mangues, marismas, corais e recifes servem como proteção para a linha de costa contra erosão, inundação, área de pouso para espécies migratórias, berçário para diversas espécies além de possuir valor cultural para diversas comunidades que retiram desse ambiente o seu sustento. Uma das vantagens de uma proteção natural é que alguns desses habitats também possuem outras funções, como berçário para espécies de importância comercial e de lazer, área de pouso para aves migratórias, filtro para sedimento e poluentes, sequestro e armazenamento de carbono (CARVALHO NETA, 2007; FAO, 2007; SCAVIA et al., 2002). 
Como dito anteriormente, as atividades humanas podem causar danos ao meio ambiente e as marismas não poderiam estar fora. Quando há corte indiscriminado das árvores de mangue pode vir a transformar este ambiente em marismas, tendo, após o corte, espécies vegetais que seriam mais resistentes às novas condições antropizadas (COSTA & DAVI, 1992). Assim, ocasionaria um declínio da produtividade e consequentemente das atividades pesqueiras junto a costa. Privatizando áreas de praias e junto às margens dos rios e estuários, onde legalmente os pescadores artesanais praticavam atividades, diminui consideravelmente as oportunidades de sobrevivência das populações ribeirinhas e reduz o estoque de recursos vivos (SCHARFFER-NOVELLI, 1989). Na região de Florida Keys, Stevens et al. (2006) demonstrou que os mangues estão expandindo desde o último período de inverno rigoroso e estão ocupando locais anteriormente ocupados por marismas.
As marismas são consideradas como um ecossistema sensível às mudanças ao seu redor, tendo como exemplo o aumento do nível do mar, que pode acarretar mudanças na zonação deste ambiente, até sua total eliminação (HUISKES, 1990). Como existem poucos estudos sobre esse ambiente, sabe-se da urgência em restaurá-los e/ou evitar sua extinção, pois serve como habitat para outros seres, refúgio e rica fonte de alimentos. Sua recuperação é vista, por diversos autores, como um desafio para a ecologia, um elo de ligação entre a teoria e a prática (MENEZES, 1999). Todos os impactos que ocorrem na bacia hidrográfica refletem em áreas costeiras, sendo, portanto necessário que haja estudos que contemplem toda a bacia, para que se possa ter um correto planejamento e gerenciamento (MACIEL, 1991).
Além dos problemas antrópicos, sabe-se da existência dos impactos naturais que podem afetar ambientes de marismas, como a diminuição das chuvas e o aumento do nível do mar. Tendo diminuição das chuvas, pode causar, futuramente, uma diminuição na vazão dos rios e, consequentemente, o aumento da importância da maré na regulamentaçãoda salinidade dos estuários. Com esse aumento da salinidade, haveria também o aumento de área de mangues, uma vez que essa vegetação é bem mais adaptada para a sobrevivência em ambientes salinos, esse fenômeno já foi descrito no estado do Ceará por Lacerda (2009) e Lacerda et al. (2006). Essa afirmação traz, novamente, o fato de que pode haver substituição das marismas por manguezais, como foi descrito anteriormente no presente trabalho. O aumento do nível do mar também seria responsável, em parte, pelo aumento das áreas de mangue.
considerações finais
Baseado no tema abordado e das informações colocadas no presente trabalho, sabe-se que os impactos das mudanças climáticas globais, como a falta de chuva e o aumento no nível do mar, são problemas muito mais difíceis de se prever, modelar e minimizar. Há uma grande falha na área de estudos de ambientes estuarinos relacionados a flora e fauna, as consequências com a antropização no local e impactos naturais e formas claras para resolver e evitar tais problemas.
Em nível federal, devem ser implementados os programas de manutenção do homem nas terras interiores, como forma de distribuir melhor a população. Grande parte das áreas antropizadas em ecossistemas costeiros são feitos de forma errônea, sem o devido conhecimento e/ou regulamentação, trazendo perigo aos moradores. Em nível nacional é necessária e urgente uma política integrada dos recursos hídricos e costeiros. A falta de saneamento básico é um dos problemas mais sérios encontrados em estuários e rios, pois, sabe-se que rios e lagoas, atualmente, servem como depósitos de esgoto e lixo industrial. 
A compreensão de como as atividades humanas e as alterações climáticas irão interagir e afetar o fornecimento destes serviços ambientais é de extrema importância para o processo de tomada de decisões que afetam a saúde dos sistemas marinhos e costeiros e a sua capacidade de sustentar as gerações futuras.
REFERÊNCIAS
ABREU, PC, CSB COSTA, C BEMVENUTI, C ODEBRECHT, W GRANÉLI & AM ANÉSIO. 2006. Eutrophication Processes and Trophic Interactions in a Shallow Estuary: Preliminary Results Based on Stable Isotope Analysis. Estuaries and Coasts., 29(2): 277-285. 
ADAM, P., 1990. Saltmarsh ecology. Cambridge Studies in Ecology. Cambridge Press. 461 pp
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CARVALHO NETA ML. 2007. Evolução Geomorfológica Atual e Análise da Foz do Rio Jaguaribe, Ceará. Dissertação
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20 de Abril de 2018

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