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Violência Sexual contra crianças e adolescentes

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Violência Sexual contra crianças e adolescentes. 
Anne Amaral, Eduardo Waczuk, Elaine Knaut, 
 Emmanuel Cunha, Fernando Henrique. 
 
O abuso sexual à criança tem sido um desafio a ser enfrentado por toda a 
sociedade. A violência sexual, em suas mais variadas formas, se traduz pelo abuso 
e exploração do corpo e da sexualidade de crianças e adolescentes, seja pela força 
física ou psicológica, violando seus direitos como ser humano diante a sociedade 
(Ribeiro, 2010). Com esse conceito em mente, o que pode ser observado é que 
atualmente há um constante debate sobre a violência praticada contra crianças e 
adolescentes, de uma forma que não era vista antigamente. Essa nova forma 
constitui-se não somente de uma discussão moral, mas também judicial, sobre 
como garantir os direitos desse grupo tão vulnerável. 
As ideias de como garantir o direito da criança e do adolescente vêm 
desligando o pensamento que ainda predomina em alguns grupos, de que as 
crianças e adolescentes são “propriedades” da família, sendo obrigadas a obedecer 
e aceitar qualquer decisão que os familiares julgarem adequadas, tendo apenas 
como mediador o bom senso dos adultos que compõem a família (Brito, 2005). As 
crianças passam da condição de seres humanos para a de objetos. E é sob esse 
contexto que em 1990 foi criado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que 
visa e garante os direitos dos menores, e que por se encontrarem em situação mais 
vulnerável, têm os direitos de proteção para preservar o desenvolvimento físico, 
mental, moral e social, em condições de liberdade e dignidade, garantidos por lei. 
Além das crianças e adolescentes serem reconhecidos como cidadãos, hoje 
o dever da manutenção do seu bem estar não cabe somente à família. Segundo o 
artigo 227, 4º da Constituição Federal, é dever tanto da família, quanto da sociedade 
e do Estado, assegurar à criança e ao adolescente direito à educação, alimentação, 
ao respeito, lazer, dignidade, além de mantê-los salvos de qualquer tipo de 
negligência, exploração violação, discriminação, opressão e crueldade. 
No Brasil, as crianças são as maiores vítimas de estupro, segundo o Atlas da 
Violência de 2018. O estudo, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica 
Aplicada (IPEA) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), aponta que 
50,9% dos casos registrados de estupro em 2016 foram cometidos contra menores 
de 12 anos de idade, além de que 17% do total de vítimas eram adolescentes. No 
Paraná, de acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP), no 
ano de 2017, foram registrados 1.637 casos de estupro de vulnerável no Estado 
com vítimas de até 12 anos, 16 casos de estupro de vulnerável com lesão corporal 
grave e 3 com resultado de morte. Em 2018, até abril, foram 562 estupros de 
vulneráveis, outros 5 estupros com lesão corporal grave e 1 registro de estupro 
resultando em óbito. 
Com o crescente número de atitudes à favor dos menores para a 
conscientização da população, o números de denúncias também aumentou. De 
janeiro à abril de 2018, os registros de violência sexual contra o menor se 
encontrava na faixa de 30 denúncias no Paraná, mas em maio chegou à casa dos 
60, segundo a Secretaria Estadual da Família e Desenvolvimento Social​. 
Outro programa importante é o Programa Nacional de Enfrentamento da 
Violência Sexual contra Crianças e adolescentes (PNEVSCA), que investe em 
projetos para atendimento às vítimas de violência sexual. Em 2003 esse programa 
passou a tratar da prática da violência sexual cometida contra crianças e 
adolescentes e a partir dele foram tomadas iniciativas importantes como o disque 
100 e o PAIR (Programa de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento à 
Violência Sexual, Infanto-Juvenil no Território Brasileiro). O PNEVSCA trabalha com 
a análise de estudos sobre a situação de violência sexual infanto-juvenil, 
sensibilizando campanhas e fortalecendo articulações nacionais para o combate à 
violência. 
O tema do abuso sexual, por sua complexidade, ultrapassa diferentes áreas 
do saber, pois as vítimas necessitam de intervenção em diferentes esferas, desde a 
médica e psicossocial até a jurídica. Dentre esses profissionais, que além de tratar, 
podem contribuir na prevenção da violência infantil, os psicólogos se evidenciam, 
tendo em vista sua presença de uma visão diferenciada a respeito da 
individualidade de cada ser humano. Abordando a importância do Psicólogo na 
defesa da criança e do adolescente, Alberto et al. (2008) propõem a noção da 
proteção integral, na qual a atuação do psicólogo deve ocorrer dentro de uma rede 
de complementaridade técnica, junto aos demais profissionais da saúde e o 
desenvolvimento social e das famílias. 
Analisando as ideias de alguns autores, torna-se compreensível que o 
psicólogo representa um mediador dos direitos da criança, agindo como um 
possibilitador, e para essa mediação ele precisa ter conhecimento profundo tanto da 
legislação, quanto de suas competências, além de possuir autonomia política 
administrativa, como afirma Balbinotti (2008). Ao psicólogo é atribuída a participação 
e o controle, o que requer uma estrutura teórico-técnico-operativo que aponta ao 
fortalecimento de práticas e espaços de debate. Logo é nítido que o trabalho com 
crianças e adolescentes deve ser engajado e de ampla coletividade, contando com 
apoio de políticas públicas e uma equipe multidisciplinar de profissionais, para que 
sejam protegida da violência a qual possam ser submetidas. 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
AMAZARRAY, M. R., e Keller, S. H. ​Algum Aspecto Observado no 
Desenvolvimento da Criança Vítimas de Abuso Sexual. Psicologia: reflexão e 
crítica vol. 11 n. 3. Porto Alegre, 1998. 
BALBINOTTI, C. ​A violência sexual infantil intrafamiliar: a revitimização da 
criança e do adolescente vítimas de abuso​​. Direito & Justiça, vol.35 n.1, 2008. 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988​​. Brasília, 5 out. 
1988. 
 
BRASIL. ​Disque 100: cem mil denúncias e um retrato da violência sexual 
infanto-juvenil. Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual 
Contra Crianças e Adolescentes​​. Subsecretaria Nacional de Direitos da Criança e 
do Adolescente. Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da 
República, 2009. 
 
BRITO, A. M. M., Zanetta, D. M. T., Mendonça, R. C. V., Barison, S. Z. P. & 
Andrade, V. A. G. ​Violência doméstica contra crianças e adolescentes: estudo 
de um programa de intervenção. Ciência e Saúde Coletiva, vol.10 n.1, p143-149, 
2005. 
 
Centro Regional de Atenção aos Maus-Tratos na Infância do ABCD – CRAMI 
Violência sexual contra crianças e adolescentes: compreender para prevenir. 
2. ed. Santo André, SP: CRAMI-ABCD, 2009. 
 
Conselho Federal de Psicologia. ​Serviço de proteção social a crianças e 
adolescentes vítimas de violência, abuso e exploração sexual e suas famílias: 
referências paraa atuação do psicólogo​​. Brasília: Conselho Federal de 
Psicologia, 2009. 
 
ESTATUTO, D. C. E. D. A. ​Ministério da Justiça, Secretaria da Cidadania e 
Departamento da Criança e do Adolescente​​. 1990. 
 
MJ/CECRIA - Centro de Referência, Estudos e Ações Sobre Crianças e 
Adolescentes. ​Fundamentos e Politicas contra a exploração e Abuso Sexual de 
Crianças e Adolescentes​​. Brasília, p. 9, março de 1997. 
 
O PARANÁ - "Contra a criança: quase uma denúncia de crime por dia" ​​, 
Disponível em : <https://www.oparana.com.br/noticia/contra-a-crianca-quase-uma- 
denuncia-de-crime-por-dia > acessado em: 04 de outubro de 2018. 
 
PEREIRA Alberto. M. D. F., Rodrigues de Almeida, D., Chacon Dória, L., Cavalcanti 
Guedes, P., Ramalho de Sousa, T., & Pessoa de França, W. L. ​O papel do 
psicólogo e das entidades junto a crianças e adolescentes em situação de 
risco​​. Psicologia Ciência e Profissão, vol.28, n.3, 2008. 
 
RIBEIRO, M. A. F., Carvalho, M. G., e Reis, J. N. ​Violência sexual contra crianças 
e adolescentes ​​: características relativas à vitimização nas relações familiares. Cad. 
Saúde Pública, Rio de Janeiro. vol.20 n.2, 2010. 
 
Secretaria de Direitos Humanos Presidência da República – SDH/PR. ​Programa 
Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e 
Adolescentes (PNEVSCA).