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Setor de Urinálise

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CURSO DE BIOMEDICINA
VALDIANE REGO DOS SANTOS
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO (HABILITAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS)
Setor de Urinálise– Laboratório de Análises Clínicas II
Supervisor de Estágio Prof. Bruno Monteiro Pereira Lima
Preceptora: Bruno Monteiro Pereira Lima
MANAUS-AM
2016
FACULDADE METROPOLITANA DE MANAUS
VALDIANE REGO DOS SANTOS
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO (HABILITAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS)
Setor de Urinálise– Laboratório de Análises Clínicas II
Supervisor de Estágio Prof. Bruno Monteiro Pereira Lima
Preceptor: Bruno Monteiro pereira Lima
Apresentação do Relatório Final 
como exigência da disci
plina Estágio Supervisionado,
 sob a 
supervisão
 d
o estágio Bruno Monteiro
, 
da Faculdade Metropolitana de Manaus - FAMETRO.
MANAUS – AM
2016
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Frasco de Tiras reagentes.	17
Figura 2- Teste da Tira Reagente	18
Figura 3- Reativo de Benedict	27
Figura 4- Transferência de amostra para o tubo de ensaio	30
Figura 5- Sedimento ao fundo do tubo de ensaio.	30
INTRODUÇÃO
A urinálise foi um grande marco para a medicina laboratorial, no qual a sua origem deu-se a partir de estudos e análises de urinas de nossos primeiros ancestrais registrados em hieróglifos egípcios. Os médicos da antiguidade baseavam-se, na maioria das vezes, apenas na análise da urina do paciente para obter um diagnóstico; este era baseado na observação da turvação, odor, volume, cor e até a presença ou não de açúcar na urina. (STRASINGER, 2000)
Embora não tivessem aparatos sofisticados atualmente disponíveis, eram capazes de obter informações relevantes a partir dessas observações fundamentais, como cor, turbidez, odor, volume, viscosidade e mesmo doçura (observando que algumas amostras atraiam formigas). Atualmente essas mesmas características da urina ainda são relatadas pelos laboratórios. No entanto, com os avanços tecnológicos e o emprego dessas tecnologias nos laboratórios modernos, o exame de urina tem se expandido além da análise física, onde nos dias de hoje são empregados a análise química e a análise microscópica do sedimento urinário. (STRASINGER, 2009)
Hipócrates, um dos grandes nomes da medicina, no século V a.C dedicou-se a pesquisa da urina e escreveu sobre “Uroscopia”. Em meados de 1140 d.C tabelas de cores foram criadas para diferenciar cerca de vinte cores diferentes de urina. Já em 1694, Frederik Dekker desenvolveu um teste bioquímico eficaz de verificar a albuminúria, ou seja, presença de glicose, através da fervura da urina, deixando de lado os métodos antiquados “teste do sabor” e o “teste da formiga”. (HERMAN, 1973)
Com a invenção do microscópio, no século XVII, foi possível a realização do exame de sedimento urinário e a criação de métodos para a quantificação desses sedimentos por Thomas Addis em 1827. Richard Bright tornou a urinálise como exame de rotina, onde deixou de ser um exame importante na década de 30. Após o desenvolvimento de técnicas modernas de análise, a urinálise volta a ser rotina, o qual tem se mantido até hoje como parte integrante do exame do paciente.Uma das provas mais solicitadas rotineiramente, do ponto de vista do laboratório clínico, é o exame geral de urina. O exame de urina completo inclui exames físico, químico e microscópico. Cada um deles tem seu valor, sendo os dois primeiros de execução mais simples e o último sendo considerado moderadamente complexo (JEFF et al., 2005; GRAFF, 1983). 
A urina é um importante objeto de estudo por ser de fácil obtenção e é nela que se encontra informações sobre muitas funções metabólicas dos organismos. Sua análise é um método barato para analisar grandes quantidades de pessoas e com a vantagem de poder identificar não só problemas renais, mas como também descobrir problemas que não se manifestam de início, como o diabetes e as hepatopatias. (KIEL & MOSKOWITZ, 1987)
	A observação das características físicas é mantida até hoje, porém com uma análise mais precisa, devido ao uso de tecnologia por laboratórios altamente equipados e complementada pela análise bioquímica e exame microscópio do sedimento urinário (STRASINGER, 2000). 
Por fim, esse relatório descreve as atividades desenvolvidas no estágio de Análises Clínicas no setor de Urinálise do Laboratório de Análises Clínicas II da Faculdade Metropolitana de Manaus (FAMETRO), assim como as principais funções executadas pelo Biomédico no setor.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. Local de Estágio
O local de estágio em Análises Clínicas por mim realizado no setor de Urinálise, ocorreu no Laboratório de Análises Clínicas II da Faculdade Metropolitana de Manaus (FAMETRO), localizado na Av. Constantino Nery, 62, Chapada, Manaus-AM.
As atividades realizadas transcorreram no período de 01 de novembro de 2016 a 22 de novembro de 2016 com início as 07h00 e término as 12h00, sob supervisão do responsável do laboratório Bruno Monteiro.
O laboratório onde foram realizadas as atividades do estágio como um todo é composto por uma sala contendo: bancada principal para manipulação de material e realização de técnicas laboratoriais, cadeiras, centrífuga, pia de procedimentos, armários para armazenamento de produtos e vidrarias tubos de ensaios, bico de Bunsen, bancada de microscópio entre outros equipamentos e produtos necessários para a realização de análises diversas no setor.
2.2. Apresentação ao setor
No primeiro dia de atividades foram me passadas alguma informações básicas sobre o setor, a respeito do seu funcionamento e metodologia de trabalho desde o processo de recebimento das amostras e organização delas até o início com as análises de Técnicas empregadas para realização das mesmas.
Após todo o processo de adaptação, passei a realizar de forma participativa e orientada as atividades pertinentes ao setor, desde a entrada das amostras no setor de Triagem, interpretação dos resultados dos exames, limpeza das bancadas do laboratório antes e depois de acabar o expediente, utilização e tempo correto da centrífuga de acordo com as técnicas a serem utilizadas, utilização de EPI (equipamentos de proteção individual), além de ter recebido explicações sobre o processo de elaboração de POPs (procedimento operacional padrão) disponíveis no setor. Todos esses processos, assim, diga-se de passagem, são de grande relevância para um resultado final eficaz. 
2.3. Rotina do setor
Logo que chegamos ao laboratório, como medidas de biosseguranca colocamos os EPI’s (equipamentos de proteção individual) necessários para começar a rotina de trabalho, em seguida é feita a assepsia das bancadas com álcool a 70%, para posteriormente receber e analisar as amostras de urina coletadas e entregues pelos pacientes, onde serão identificadas e separadas de acordo com os exames a serem realizados.
Quanto aos equipamentos e materiais utilizados na rotina de laboratório do setor de Urinálise: tubos de Falcon, água destilada, centrífuga, lâmina e lamínula para microscopia, microscópio, álcool a 70%, tira reagente de urina, pipeta, bico de bunsen, reagentes, tubos de ensaio.
2.4. Formação e composição da urina
Em geral, a urina é constituída por uréia e outras substâncias químicas orgânicas e inorgânicas dissolvidas em água. Podem ocorrer grandes variações na concentração dessas substâncias, devido à influências de fatores como ingestão alimentar, atividade física, metabolismo orgânico, função endócrina e até mesmo posição do corpo. A uréia, resíduo metabólico produzido no fígado a partir da utilização de proteínas e aminoácidos, representa quase metade dos corpos sólidos dissolvidos na urina. Entre outras substâncias orgânicas estão a creatinina e o ácido úrico. O principal componente inorgânico dissolvido na urina é o cloreto, seguido pelo sódio e potássio. Também estão presentes outros compostos químicos inorgânicos, em quantidade ínfimas. A concentração desses compostos inorgânicossofre grande influência da ingestão alimentar, o que dificulta o estabelecimento de níveis normais. Outras substâncias encontradas são: hormônios, vitaminas e medicamentos. A urina também pode conter elementos que não fazem parte do filtrado plasmático inicial, como células, cristais, muco e bactérias, que em níveis elevados, podem ser indício de doença (STRASINGER, 1996; GUYTON & HALL, 2002). 
A água é o principal constituinte do organismo e, portanto, a quantidade excretada, em geral, é determinada pelo estado de hidratação do corpo. Os fatores que influenciam o volume da urina são: ingestão de líquidos, perda de líquidos por fontes não renais, variações na secreção do hormônio antidiurético e necessidade de excretar grandes quantidades de solutos, como glicose ou sais. Levando-se esses fatores em consideração, pode-se observar que, embora cerca de 180 L de filtrado glomerular são formados a cada dia, menos de 1% dessa quantidade, cerca de 1,8 L por dia, é eliminado na urina. Apesar disso, esse pequeno volume contém a maior parte dos produtos finais do metabolismo, como: uréia, ácido úrico, creatinina, fosfatos, sulfatos e excesso de ácidos. A anúria (interrupção completa do fluxo urinário), oligúria (grande redução do fluxo uirnário), poliúria (grande aumento do fluxo urinário) e disúria (micção dolorosa) podem ser achados observados, respectivamente, nas síndormes nefróticas rônicas, glomeruloefrites agudas, diabetes mellitus (e insípido) e durante a eliminação de cálculos renais (STRASINGER, 1996).
2.5 Coleta e manipulação das amostras
Para analisar amostras de urina, alguns cuidados devem ser tomados como não manipular as amostras sem luvas e nem centrifugá-las sem tampa. O descarte pode ser feito em uma pia, contanto que grande quantidade de água seja jogada depois e o recipiente onde a amostra é colocada deve ser descartado como lixo com risco biológico. Se após a colheita a amostra não receber os cuidados necessários para manter sua integridade, ocorrem alterações na composição da urina tanto in vivo como in vitro. (STRASINGER, 2000) 
Em um laboratório, são obedecidas três regras básicas de como proceder com a amostra urinário quando chega para ser analisada: 
1) A coleta deve ser feita em um recipiente seco e limpo, de preferência descartável, diminuindo as chances de ocorrer contaminação. Há recipientes de diferentes tamanhos, inclusive bolsas de plástico com adesivo para uso pediátrico; uso preferencial de tampas com roscas para evitar vazamentos. 
2) O recipiente dever possuir identificação com uso de etiquetas contendo nome do paciente, data e hora da colheita; nomes do médico e do hospital também podem ser identificados.O uso de etiqueta garante a autenticidade do resultado, serve com um fator de controle de qualidade. 
3) Depois de coletada, a amostra deve ser entregue ao laboratório imediatamente e analisada em 1 hora; se isto não for possível é necessário refrigerar ou adicionar conservantes químicos à amostra. (STRASINGER, 2000)
2.5.1 Tipos de amostras
Para colher uma amostra que seja realmente representativa do estado metabólico do paciente, muitas vezes é necessário controlar certos aspectos da coleta, como hora, duração, dieta e medicamentos ingeridos e método de coleta. É importante dar instruções aos pacientes quando eles estiverem de seguir procedimentos especiais de colheita.
●Amostras aleatórias (ao acaso): é útil nos exames de triagem, para detectar anormalidades bem evidentes. Contudo, pode produzir resultados errados, devido à ingestão de alimentos ou à atividade física realizada pouco antes da coleta da amostra; 
●Primeira amostra da manhã: é a amostra ideal para o exame de rotina ou tipo I, trata-se de uma amostra concentrada, o que garante a detecção de elementos figurados que podem não estar presentes nas amostras aleatórias mais diluídas; 
●Amostra em jejum (segunda da manhã): difere da primeira da manhã por ser resultado da segunda micção após um período de jejum. Não conterá metabólitos provenientes dos alimentos ingeridos antes do início do período de jejum, sendo recomendada para monitorização da glicosúria. 
●Amostra colhida duas horas após a refeição (Pós prandial): faz-se a prova da glicosúria, e os resultados são utilizados principalmente para monitorar a terapia com insulina em portadores de diabetes melito. 
●Amostra para teste de tolerância à glicose: as amostras de urina são colhidas no mesmo instante em que se colhe o sangue para se fazer o teste de tolerância a glicose. O número de amostras pode variar. Na maioria das vezes, as amostras são colhidas em jejum, depois de meia hora, depois de uma hora, depois de duas horas e depois de três horas, consecutivamente após a ingestão da carga de glicose necessária na prova de tolerância à glicose. 
●Amostra de 24 horas: é utilizada pois, muitas vezes é necessário medir a quantidade exata de determinada substância química na urina, ao invés de registras apenas sua presença ou ausência. No laboratório a amostra deve ser homogeneizada e seu volume deve ser medido e registrado com precisão. 
●Amostra colhida por cateter: a amostra é colhida em condições estéreis, passando-se pela uretra um cateter que chegue até a bexiga. A finalidade mais comum desse tipo de amostra é a cultura bacteriana. Outra condição menos freqüente é a avaliação da função de cada rim, isoladamente. 
●Coleta estéril de jato médio: é um método mais seguro e menos traumático de se obter urina para cultura bacteriana. É necessário orientar o paciente sobre os métodos de higiene da genitália, com instruções para coleta apenas da parte média do jato de urina. 
●Aspiração supra-púbica: a urina é colhida por introdução de uma agulha que, do exterior, atinge a bexiga. Esse método proporciona amostras para cultura de bactérias completamente isentas de contaminação externa. Também pode ser usado para exame citológico. 
● Prova de Valentine (coleta de três frascos): esse procedimento é semelhante ao da coleta de jato médio; é usado para a detecção de infecções da próstata (colher 1º e 2º jato de urina separadamente e o 3º jato/amostra após massagem prostática). 
● Amostras pediátricas: Para este tipo de coleta, são utilizados coletores de plástico transparente com adesivos que se prendem à área genital de crianças de amos os sexos, para coleta de amostras de rotina. Quando a coleta tem que ser feita em condições estéreis, a cateterização ou a aspiração supra-púbica são utilizadas. Recomenda-se cuidado na hora de manipular a bolsa plástica para não tocar seu interior; para as análises bioqímicas quantitativas, existem bolsas que possibilitam a inserção de um tubo, transferindo-se o excesso de urina para um recipiente maior. (STRASINGER, 2000)
2.6 Exames realizados e suas correlações clínicas
2.6.1 EAS (Elementos anormais do Sedimento) ou Tipo I 
O exame de urina fornece uma ampla variedade de informações úteis no que se refere as doenças envolvendo os rins e o trato urinário inferior. Pode ser utilizado para avaliação diagnóstica de distúrbios funcionais (fisiológicos) e estruturais (anatômicos) dos rins e trato urinário inferior, bem como para acompanhamento e obtenção de informações prognósticas. (MOTTA, 2009)
O exame rotineiro de urina é um método simples não-invasivo capaz de fornecer uma variedade de informações úteis em relação às patologias envolvendo os rins, o trato urinário e, por dados indiretos algumas patologias sistêmicas. Sumário de urina, exame de urina tipo I e elementos anormais e sedimentos (EAS) são algumas sinônimas empregadas na identificação desse exame. Apesar de simples, diferentes técnicas encontram-se envolvidas na sua realização, em três etapas distintas: análise física , análise química e análise microscópica do sedimento urinário. (STRASINGER, 2009)
2.6.1.1. Exame Físico
Uma amostra de urina fresca deve ser obtida. Se a urina não for examinada dentro do período de 1 hora após a emissão, deve ser refrigerada a 4° C por até 8 horas, as amostras refrigeradas devem ser deixadasà temperatura ambiente antes de examinar. A urina deve ser bem homogeneizada e colocada em um tubo transparente onde serão observados, volume, cor, odor, aspecto e densidade. Os resultados devem ser anotados e a amostra deverá ser retida para exames químicos e microscópicos.( STRASINGER, 2009)
 
 Volume
 O determinante principal do volume urinário é a ingestão hídrica. O volume varia também com a perda de fluidos por fontes não renais e com relação à secreção do hormônio antidiurético e necessidade de excretar grandes quantidades de soluto. A determinação do volume se faz através de provetas graduadas rigorosamente limpas. Na análise, o volume só tem valor clínico se o volume total de urina for colhido nas 24 horas. Valor de referência: 600 a 2000 ml em 24 horas.
Alterações no volume urinário:
●Poliúria: aumento do volume urinário. Ocorre em diabetes mellitus, diabetes insípidos, esclerose renal, rim amiloíde, glomerulonefrite, uso de diuréticos, cafeína ou álcool que reduzem a secreção do hormônio antidiurético.
●Oligúria: diminuição do volume urinário. Ocorre em estados de desidratação do organismo, vômitos, diarréias, transpiração, queimaduras graves, nefrose, fase de formação de edemas.
●Anúria: volume inferior a 50 ml em 24 h. Ocorre em obstrução das vias excretoras urinárias, lesão renal grave ou diminuição do fluxo sanguíneo para os rins (insuficiência renal aguda). (STRASINGER, 2000)
 Cor
A coloração normal da urina consiste nas denominações amarelo-claro, amarelo, amarelo-escuro e âmbar são as mais utilizadas pelos laboratórios para classificar a coloração normal das amostras de urina. A cor amarela é caracterizada pela presença de pigmentos de urocromo, que é produto do metabolismo endógeno e que é produzido em velocidade constante em condições normais. A coloração indica de forma grosseira, o grau de hidratação e o grau de concentração de solutos. O procedimento para verificar a coloração consiste em observar macroscopicamente a coloração da urina. (STRASINGER, 2000)
Alterações na coloração da urina:
Uma amostra com a coloração amarelo-escura ou âmbar nem sempre pode ser considerada normal, pois esta coloração pode ser determinada pela presença anormal do pigmento bilirrubina; este pigmento é detectado durante a análise química e quando aparecer uma espuma amarelo ao agitar o tubo contendo a amostra. A bilirrubina é um fator muito importante para diagnosticar caso seja identificado na urina, pois junto a este pigmento, é normal encontrar o vírus da hepatite. (STRASINGER, 2000)
Coloração amarelo-alaranjada: ocorre quando há administração de derivados de piridina para combate a infecções urinárias, este pigmento interfere nas análises químicas baseadas em reações cromáticas. A presença de derivados de piridina é facilmente confundida com a presença de bilirrubina, pois se agitar a amostra também aparecerá uma espuma amarela, como faz quando desconfia-se a presença de bilirrubina na urina. (STRASINGER, 2000; GUYTON & HALL, 2002)
Presença de sangue na urina: é uma das causas mais comuns de anormalidade na sua coloração. Na maioria das vezes, o sangue tinge a urina de vermelho, mas pode variar do rosado ao negro, dependendo da quantidade de sangue, do pH e a duração do contato: se a urina possuir pH ácido e não for recente, possuirá coloração marrom-escura vinda da conversão da hemoglobina em meta-hemoglobina; se a urina possuir esta coloração, mas coletada recentemente e contendo hemácias, há grandes chances de ser sinal de hemorragia glomerular. (BERMAN, 1977) 
A hemoglobina e a mioglobina produzem urina vermelha e teste positivo para presença de sangue; a urina na presença destas substâncias apresenta-se vermelha e clara, já na presença de hemácias, vermelha e turva. Há como diferenciar a hemoglobinúria da mioglobinúria: a hemoglobinúria altera a cor do plasma para vermelho, devido ao colapso das hemácias in vivo e a mioglobinúria, produzida pelo músculo-esquelético, não interfere na coloração do plasma; as amostras de urina contendo porfirina também possuem cor vermelha. Para amostras de cor marrom ou preta, quando em repouso e com resultados negativos para sangue, são recomendados testes adicionais, pois podem conter melanina e ácido homogentísico. (STRASINGER, 2000) 
Mas a coloração da urina não muda apenas pela presença de fatores patogênicos no organismo, a ingestão de terminados alimentos, medicações e vitaminas também poder provocar esta mudança; exemplo disso é a ingestão de beterraba que tinge a urina de vermelho e algumas gomas de marcar que tinge a urina de verde (EVANS, 1979; REIMAN,1979)
Odor
 A urina recém eliminada tem um leve odor de seus componentes aromáticos. O cheiro característico da urina é denominado “sui generis”. Quando observa-se odores incomuns, como em casos de infecções bacterianas, estes são denominados pútridos. Quando se deixa a mostra repousar, o odor de amônia passa a ser predominante; este é, causado pela degradação da uréia, sendo denominado odor amoniacal “sui generis” acentuado. As causas de odores anormais são: infecções bacterianas (causam cheiro forte e desagradável) e a presença de corpos cetônicos do diabetes (provocam um odor adocicado ou de frutas).(STRASINGER, 2000)
Aspecto (aparência ) 
Geralmente, a urina normal e recentemente emitida é límpida. Nas urinas alcalinas é freqüente o aparecimento de opacidade por precipitação de fosfatos amorfos ocasionalmente carbonatos na forma de névoa branca. A adição de algumas gotas de ácido acético dissolve os fosfatos e os carbonatos. A urina ácida normal também pode mostrar-se opaca devido à precipitação de uratos amorfos, cristais de oxalato de cálcio ou de ácido úrico. Muitas vezes, o aspecto da urina ácida lembra pó de tijolo, provocado pelo acúmulo de pigmento róseo de uroeritrina na superfície dos cristais. A uroeritrina é um componente normal na urina. (MOTTA, 2009) 
A turvação provocada pelos uratos pode ser dissolvida por aquecimento da urina a 60◦C. A turvação comumente é causada por leucócitos, hemácias, células epiteliais ou bactérias. Os leucócitos formam precipitados semelhantes aos provocados pelos fosfatos mas não se dissolvem pela adição de ácido acético; a presença de leucócitos é confirmada pela sedimentoscopia. A bacteriúria produz opalescência uniforme que não é removida pela acidificação, de modo geral, estas urinas apresentam cheiro amoniacal pelo desdobramento da uréia pelas bactérias. A presença de hemácias (hematúria) promove turvação que é confirmada microscopicamente. (MOTTA, 2009)
Espermatozóides e líquido prostático causam turvação que pode ser clarificada por acidificação ou aquecimento. O líquido prostático normalmente contém alguns leucócitos e outros elementos. A mucina pode causar filamentos e depósito volumoso, sobretudo nos estados inflamatórios do trato urinário inferior ou trato genital. Algumas vezes a urina apresenta aspecto turvo em razão de coágulos sangüíneos, pedaços de tecido, lipídios, levedura, pequenos cálculos, pus, material fecal, talco, antissépticos, cremes vaginais e contrastes radiológicos. São ainda causas de turvação a presença de linfa e glóbulos de gordura. O aspecto da urina é observado após a homogeinização da mesma. A urina se apresenta límpida, opaca, leitosa, levemente turva, turva ou fortemente turva. A verificação também da presença de componentes anormais como coágulos, muco ou pedaços de tecido é de importância para diagnóstico. (MOTTA, 2009)
Densidade
A avaliação da capacidade de reabsorção renal (que muitas vezes é a primeira função renal a se tornar deficiente) é feita medindo a densidade da amostra, o que também detectará uma possível desidratação ou anormalidade de hormônio antidiurético, podendo usar essa verificação para determinar se a concentração da amostra é suficiente para garantir a precisão das análises bioquímicas (HENRY, 1999).
A densidade é uma função direta, mas não proporcional, do número de partículas na urina. A concentração de solutos na urina varia com a ingestão deágua e solutos, o estado das células tubulares e a influência do hormônio antidiurético (HAD) sobre a reabsorção de água nos túbulos distais. A incapacidade de concentrar ou diluir a urina é uma indicação de enfermidade renal ou deficiência hormonal (HAD). Em condições normais (dieta e ingestão de líquidos habituais) o adulto produz urinas com densidades de 1.015 a 1.025 num período de 24 horas. Para uma amostra de urina ao acaso, a densidade pode variar de 1.002 a 1.030. (MOTTA, 2009)
Densidade urinária aumentada: é encontrada na amiloidose renal, diabetes pancreático, enfe rmidade de Addison, hipersecreção descontrolada de HAD (mixedema, porfiria, abscesso cerebral, meningite tuberculosa), nefropatia obstrutiva, nefropatia vasomotora, obesidade, oligúria funcional (estados febris, desidratação, terapia com diuréticos, hipoproteinemia), politraumatismo, pós-operatório imediato e síndrome hepatorrenal.(MOTTA, 2009)
Densidade urinária diminuída: são freqüentes no alcoolismo agudo, aldosteronismo primário, anemia falciforme, diabetes insípido, fase inicial e final da insuficiência renal crônica, pielonefrite crônica e tuberculose renal. No exame de urina tipo I, a densidade fornece informações importantes e pode ser facilmente determinada como o uso de urodensímetro, refratômetro ou tiras reativas. (MOTTA, 2009)
2.6.2. Exame Químico
Vários testes químicos podem ser feitos fácil e rapidamente devido ao desenvolvimento das tiras reagentes. Estes testes são usualmente feitos como parte de uma técnica de rotina de urinálise. As análises químicas usualmente incluem: pH, proteínas, bilirrubinas, sangue, nitritos, cetonas, urobilinogênio, glicose, leucócitos e algumas vezes densidade. Os resultados do exame químico da urina fornecem informações sobre o metabolismo de carboidratos do paciente, funções renais e hepáticas e equilíbrio ácido-básico.
As tiras reagentes algumas vezes chamadas de “dipsticks” foram desenvolvidas para serem usadas uma só vez e descartadas. As instruções detalhadas de uso estão inseridas em cada embalagem e devem ser seguidas à risca para obter resultados acurados. Uma escala de comparação de cores é anexada às tiras reagentes, usualmente no rótulo do recipiente das tiras reagentes (figura 1). O desempenho das tiras deve ser testado diariamente usando soluções de controle da urina ( baixa, normal e alta). 
 Figura 1- Frasco de Tiras reagentes.
 Fonte: Valdiane Santos.
2.6.2.1 Método
Os testes são feitos mergulhando rapidamente as tiras em uma urina recente, bem homogeneizada (figura 2). O excesso deve ser removido, tocando a borda da tira brevemente em um papel absorvente. As áreas de teste da tira devem ser observadas nos intervalos de tempo específicos. As mudanças de cor das almofadinhas de reagentes devem ser comparadas visualmente com a cor da escala fornecida junto com as tiras. 
 Figura 2- Teste da Tira Reagente
 Fonte: Valdiane Santos
2.6.2.2 Interpretação da fita reagente
pH
 Os rins juntamente com os pulmões são os principais reguladores do conteúdo ácido-básico do organismo. A manutenção do pH sanguíneo, em torno de 7,4 faz com que os rins variem o pH urinário compensando a dieta e os produtos do metabolismo. A regulação ocorre na porção distal do néfron com a secreção tanto de íons hidrogênio como de amônia para o filtrado urinário, e a reabsorção de bicarbonato (MUNDT, 2011). 
Devido ao metabolismo o pH urinário normalmente é ligeiramente ácido (5,5 a 6,5), podendo variar com a dieta. A ingestão de proteínas tende a acidificar a urina, já a ingestão de vegetais tende a alcalinizar a urina (ITO, 2012). O pH ácido da urina é um dos fatores que evitam a multiplicação da maioria das bactérias no trato urinário (ZUNINO, 2012). 
Valores de pH superiores a 5,0 são encontrados nos casos de Acidose Tubular Renal (ATR). Nos casos de ATR distal os valores são sempre superiores a 5,5 já que ocorre uma incapacidade de aumentar a excreção de íons Hidrogênio. Na ATR proximal os valores podem ser menores que 5,5. (AVENDAÑO, 2009). 
A determinação do pH é um auxílio na determinação de distúrbios ácido-básico de origem metabólica ou respiratória e na gestão das condições urinárias que requerem que a urina seja mantida em determinado pH. Ou ainda nos casos de acidificação ou alcalinização da urina associada com doenças específicas, como a acidose tubular renal, ou a nefrolitíase (EUROPEAN URINALYSIS GROUP, 2000). 
A primeira amostra da manhã é usualmente ácida, sendo que após as refeições o pH torna-se alcalino. Nas crianças a urina é muitas vezes alcalina. Nos processos infecciosos bacterianos, ocorre aumento na concentração de amônia devido ao metabolismo da ureia pelas bactérias, elevando o pH. O pH alcalino faz com que elementos urinários sejam degradados, como os leucócitos e os cilindros, impossibilitando sua visualização (EUROPEAN URINALYSIS GROUP, 2000). 
As tiras reativas possuem um sistema de dois indicadores, vermelho de metila e azul de bromotimol, que podem determinar o pH entre 5,0 e 9,0. O vermelho de metila produz mudança da cor vermelha para amarela na faixa de pH entre 4,0 e 6,0 já o azul de bromotimol vira de amarelo para azul na faixa de pH entre 6,0 e 9,0 (STRASINGER, 2009).
Proteínas 
As proteínas totais presentes na urina são uma mistura de proteínas de alto peso molecular como: albumina, transferrina, imunoglobulinas intactas, α2 macroglobulina; e de proteínas de baixo peso molecular como: α1 microgobulina, proteína carreadora de retinol e imunoglobulinas de cadeias leves, todas essas originárias do plasma sanguíneo; proteínas de origem renal como a muco proteína Tamm-Horsfall de secreção tubular, além de outras proteínas originárias do trato urinário (EUROPEAN URINALYSIS GROUP, 2000). 
A presença de proteínas na urina geralmente é da ordem de 150 mg nas 24 horas. A albumina sérica é a principal proteína encontrada na urina normal, mesmo tendo alta concentração sérica, sua concentração urinária é baixa visto que a maior parte da albumina não é filtrada nos glomérulos, e que as moléculas filtradas acabam sendo reabsorvidas pelos túbulos (STRASINGER, 2009). 
O princípio da tira reativa consiste no erro proteico dos indicadores para produzir uma reação colorida visível. A presença de proteína em um tampão causa a mudança de pH proporcional a concentração de proteína presente. A mudança de cor na tira reativa varia de um verde pálido a intenso e azul de acordo com a variação de pH induzida pela concentração de proteína. Tal método é sensível a concentrações de albumina a partir de 0,020 a 0,025 g/dL. O teste é mais sensível à albumina, pois essa contém mais grupamentos amino para receber íons 46 hidrogênio do indicador comparado a outras proteínas (FOGAZZI, VERDESCA E GARIGALI, 2008; STRASINGER, 2009). 
Corpos Cetônicos 
São representados por três produtos intermediários do metabolismo das gorduras: acetona, ácido acetoacético e ácido β-hidroxibutírico. Em condições normais a presença de corpos cetônicos não é detectada na urina, visto que toda gordura metabolizada é decomposta em gás carbônico e água, mas quando o metabolismo de carboidratos está comprometido o organismo faz uso da gordura corporal como fonte de energia, nesses casos ocorre a detecção de corpos cetônicos na urina (STRASINGER, 2009). 
A acidose diabética, exercícios físicos extenuantes, jejum prolongado, inflamações entéricas e vômito, são algumas das condições em que os corpos cetônicos são detectados na urina (EUROPEAN URINALYSIS GROUP, 2000). 
Para detecção dos corpos cetônicos utiliza-se o nitroprussiato de sódio. Nessas condições, o ácido acetoacético em meio alcalino, reage com o nitroprussiato de sódio produzindo uma cor púrpura. Essa reação não mede o ácido β-hidroxibutírico e é pouco sensível à acetona (EUROPEAN URINALYSIS GROUP, 2000; STRASINGER, 2009).
Bilirrubina e Urobilinogênio 
A bilirrubina é um pigmento complexo resultante da degradação da hemoglobina.Sua detecção na urina pode indicar precocemente uma doença hepática, mesmo antes do desenvolvimento de icterícia. Durante o processo de degradação da hemoglobina, esta é decomposta em ferro, proteínas e protoporfirina convertida em bilirrubina. A bilirrubina livre cai na corrente circulatória ligando-se à albumina, insolúvel em água e, portanto não excretada por via renal. No fígado a bilirrubina livre é conjugada ao ácido glucurônico pela ação da glucuronil transferase, tornando-se hidrossolúvel. A bilirrubina diglucuronide (conjugada) é liberada do fígado para o ducto biliar, indo parar na luz intestinal onde bactérias irão reduzir a 48 bilirrubina em urobilinogênio e estercolbilinogênio, que serão oxidados e eliminados nas fezes na forma de urobilina (STRASINGER, 2009). 
A detecção da bilirrubina conjugada na urina é resultante de transtornos na sua liberação para os intestinos, devido à obstrução do ducto biliar causada por cálculos biliares ou tumores, além da perda de integridade hepática que pode permitir o refluxo da bilirrubina conjugada para a circulação. Cirrose hepática e hepatite são condições que produzem dano hepático resultando em bilirrubinúria. (STRASINGER, 2009)
A reação de sais de diazônio em meio ácido é a mais comumente encontrada nas tiras reativas. A bilirrubina liga-se ao sal de diazônio formando um complexo de azobilirrubina de coloração castanha amarelada até violeta, dependendo da concentração na amostra (MUNDT, 2011). 
Como visto anteriormente, o urobilinogênio é resultante da redução da bilirrubina pelo metabolismo das bactérias presentes no intestino. Uma parte do urobilinogênio formado é reabsorvida do intestino para o sangue, daí para o fígado onde é excretado para os intestinos via ducto biliar. O estercobilinogênio não é reabsorvido pelo intestino e é convertido em urobilina eliminada pelas fezes, conferindo coloração castanha característica. Uma pequena fração do urobilinogênio que se encontra na circulação é filtrado pelos glomérulos e normalmente detectado pela tira reativa na urina. Além de distúrbios hepáticos, o urobilinogênio pode ser encontrado em concentrações elevadas na urina nos processos hemolíticos. A correlação entre os achados urinários da bilirrubina e do urobilinogênio auxilia no diagnóstico diferencial da icterícia (STRASINGER, 2009). 
Nitrito
 O teste do nitrito baseia-se na atividade da nitrato redutase, enzima presente no metabolismo de algumas espécies bacterianas. A redução do nitrato a nitrito é uma característica das enterobactérias, os principais patógenos causadores das infecções do trato urinário (ITO, 2012). Contudo algumas cepas de Staphylococcus coagulase positiva ou negativa possuem a nitrato redutase (ANDRÉA DE FÁTIMA et al., 2005). 
A positividade do teste depende da conversão do nitrato a nitrito pela ação bacteriana na urina. Essa conversão exige um tempo de contato da bactéria com a urina de pelo menos 4 horas. Assim, a melhor amostra é a primeira micção da manhã (MUNDT, 2011).
 O nitrito é detectado através da reação de Greiss. Em um primeiro estágio o nitrito reage com uma amina aromática (ácido ρ-arsanílico ou sulfanilamida) em pH ácido para formar um composto diazônio. Esse composto diazônio então reage com compostos de tetrahidrobenzoquinolina para produzir um diazo de coloração rósea (STRASINGER, 2009). 
A sensibilidade do teste varia entre 20 a 80% quando comparadas à cultura de urina, mas sua especificidade é superior a 90%. Podem ser encontrados resultados falsos positivos em amostras conservadas à temperatura ambiente, ocasionando multiplicação bacteriana; e em amostras muito pigmentadas (EUROPEAN URINALYSIS GROUP, 2000). 
Resultados falso-negativos podem ocorrer na presença de ácido ascórbico, altos níveis de urobilinogênio, pH ácido e falta de nitrato na dieta; ou ainda nos casos em que ocorre formação de outros compostos no processo de redução, como amônia, óxido nítrico ou nitroso, hidroxilamina e nitrogênio, principalmente quando ocorre estase urinária. (MUNDT, 2011; ITO, 2012)
Leucócitos 
As células brancas do sangue podem estar presentes em todos os fluídos corporais, dependendo da causa de sua presença. Os neutrófilos são os leucócitos mais comumente encontrados na urina, e em pacientes hígidos estão presentes em baixo número. O aumento do número de leucócitos na urina é indicativo tanto de um processo inflamatório, quanto de um processo infeccioso localizado no trato urinário (MUNDT, 2011). 
Esterases são enzimas presentes nos glóbulos brancos granulocíticos (neutrófilos, basófilos e eosinófilos) e também nos monócitos e histiócitos, além de estarem presentes em protozoários do gênero Trichomonas. Os eritrócitos e os linfócitos não possuem esterases, assim como as bactérias e as células do tecido renal. As esterases são liberadas na urina após a lise celular, que pode ocorrer nos processos infecciosos e em amostras com densidade baixa ou com pH alcalino, aspectos que favorecem a lise celular. Nos casos onde a lise celular é maciça é comum encontramos a reação de esterase leucocitária positiva com poucas células visualizadas na microscopia (FOGAZZI, VERDESCA E GARIGALI, 2008). 
A metodologia adotada para a detecção da esterase leucoitária, baseia-se na sua reação com um substrato adequado, o ácido indoxilcarbônico éster, o composto aromático formado por essa reação, combina-se com um sal diazônio formando um complexo púrpura. O tempo de reação é mais longo, em torno de 2 minutos, quando comparado com os outros parâmetros presentes nas tiras reativas (EUROPEAN URINALYSIS GROUP, 2000; STRASINGER, 2009; MUNDT, 2011). 
A sensibilidade do teste varia de 76% a 94%, e sua especificidade varia de 68% a 81% (FOGAZZI, VERDESCA E GARIGALI, 2008). 
Os Resultados falso-negativos podem ocorrer em amostras com presença elevada de vitamina C, com proteinúria superior a 5g/L, glicosúria superior a 20 g/L além da presença de cefalosporinas, nitrofurantoína, ácido oxálico e sais de 51 mercúrio (EUROPEAN URINALYSIS GROUP, 2000). 
Resultados falso-positivos ocorrem em virtude da presença de detergentes oxidantes e de drogas como o imipenem, meropenem e ácido clavulânico. Urinas com coloração muito intensa podem dificultar a visualização da reação (EUROPEAN URINALYSIS GROUP, 2000; MUNDT, 2011).
Hemoglobina 
A hemoglobina é usualmente detectada por meio de tiras reativas, baseada na atividade da pseudo peroxidase demonstrada pelo grupo heme presente na hemoglobina, assim como na mioglobina, que catalisa uma reação entre o peróxido de hidrogênio com o cromógeno tetrametilbenzidina, produzindo um produto final oxidado de coloração verde azulada (FOGAZZI, VERDESCA E GARIGALI, 2008). 
Atualmente as tiras reativas detectam tanto a hemoglobina livre após a lise dos eritrócitos, como os eritrócitos intactos que são lisados ao entrarem em contato com a superfície da almofada reativa. Essa lise celular produz uma reação isolada resultando em padrão pontilhado sobre a almofada (STRASINGER, 2009). 
A atividade da pseudo peroxidase decai rapidamente, poucos dias, mesmo em amostras refrigeradas e é sensível a vários conservantes (EUROPEAN URINALYSIS GROUP, 2000). 
A presença de eritrócitos na urina é indicativa de doenças pré-renais, renais e pós-renais, mas pode ocorrer devido a condições fisiológicas tais como, contaminação com fluxo menstrual e após exercício físico extenuante (EUROPEAN URINALYSIS GROUP, 2000; STRASINGER, 2009). 
Hemoglobinúria, condição onde ocorre a presença de hemoglobina livre na urina, é indicativo tanto de processos hemolíticos quanto de hematúrias pré-renais, renais e pós-renais se as células estão sendo destruídas (tanto in vivo ou in vitro) por atraso na realização da microscopia. Quando a lise ocorre na urina geralmente é encontrada uma mistura de hematúria com hemoglobinúria. O pH alcalino e a baixa densidade urinária, favorecem a lise dos eritrócitos (EUROPEAN URINALYSIS GROUP, 2000; STRASINGER, 2009). 
A mioglobina é uma proteína que contém o grupo heme, encontrada em tecido muscularestriado. Injúrias causadas ao músculo cardíaco e aos músculos esqueléticos resultam em liberação de mioglobina na circulação sanguínea. Por ser uma proteína de baixo peso molecular, em torno de 17.000, é facilmente filtrada pelo glomérulo e excretada na urina (MUNDT, 2011). 
Entre as doenças que podem levar a mioglobinúria estão as que causam necrose muscular nos pacientes, entre elas; síndrome de esmagamento; rabdomiólise ocasionada pelo alcoolismo, síndrome neuroléptica maligna e abuso de cocaína; polimiosite e toxinas exógenas (EUROPEAN URINALYSIS GROUP, 2000; MUNDT, 2011). 
O uso de estatina, medicamento utilizado como redutor dos níveis de colesterol plasmático, pode levar a um quadro de rabdomiólise e consequente mioglobinúria (STRASINGER, 2009). 
A detecção da hemoglobina por meio de tiras reativas apresenta uma sensibilidade de 95% a 100% e especifidade de 65% a 93%. Reações falso-positivas podem ocorrer nos processos infecciosos causados por espécies bacterianas com atividade da pseudo peroxidase (Enterobactérias, estafilococos e estreptococos) e presença de agentes oxidantes. E resultados falso-negativos ocorrem em urinas com concentração aumentada de ácido ascórbico (FOGAZZI, VERDESCA E GARIGALI, 2008). 
Densidade 
A densidade pode ser determinada usando dois métodos diferentes: gravidade específica e osmolaridade (FOGAZZI, VERDESCA E GARIGALI, 2008). 
A osmolaridade é método padrão ouro, pois depende apenas do número de partículas dissolvidas, independendo do seu tamanho. É o melhor indicador das habilidades de concentração e diluição dos rins, pois não sofre influências da concentração de moléculas de glicose, proteínas, dextram e de contrastes radiológicos. Historicamente a osmolaridade requer mais tempo e equipamentos mais sofisticados quando comparados com a gravidade específica, dessa forma não é um procedimento de rotina nos laboratórios de análises clínicas (MUNDT, 2011). 
A gravidade específica ou densidade é a determinação da quantidade de partículas dissolvidas na amostra quanto ao seu número e peso. Sendo assim pode ser influenciada pelo tamanho das moléculas que estão presentes na amostra. A gravidade específica é definida como densidade de uma solução quando comparada com a densidade de um volume similar de água destilada (FOGAZZI et al., 2008). 
Os valores normais estão definidos entre 1,003-1,035, sendo que em casos de hidratação excessiva podem ocorrer leituras muito baixas, em torno de 1,001. Os valores da gravidade específica variam conforme os estado de hidratação e do volume urinário produzido, sendo de grande utilidade para avaliarmos a reabsorção renal. A densidade do plasma filtrado que entra no glomérulo é 1,010. Amostras de urina com densidade abaixo de 1,010 são hipostenúricas e amostras com valores acima de 1,010 hiperstenúricas. Os casos de hipostenúria estão relacionados com distúrbios na concentração urinária. Já as causas de hiperstenúria incluem a desidratação, glicosúria, proteinúria, eclampsia, insuficiência cardíaca, estenose renal, síndrome da secreção inapropriada do hormônio antidiurético, nefrose lipídica e restrição hídrica (MUNDT, 2011).
 Em pacientes que receberam contrastes radiológicos, dextram ou outros expansores de plasma por via endovenosa, os valores da densidade podem chegar a níveis acima de 1,035. Após a depuração dessas substâncias do organismo os valores retornam a níveis normais (STRASINGER, 2009). 
O método mais comumente usado é o das tiras reativas. Baseia-se na mudança do pKa (constante de dissociação) de um polieletrólito em meio alcalino, que quando ionizado libera íons de hidrogênio na proporção de íons da solução. Quanto maior a concentração de íons menor o pH, devido a liberação de íons hidrogênio. O corante azul de bromotimol incorporado à almofada reagente mede a variação do pH na reação. Quando a gravidade específica aumenta o indicador muda de azul (1,000, pH alcalino), para tons de verde até amarelo (1,030, pH ácido). (STRASINGER, 2009)
Glicose
Em circunstâncias normais, praticamente toda a glicose filtrada no glomérulo é reabsorvida no túbulo contornado proximal, assim sendo a quantidade de glicose presente na urina é mínima. Essa reabsorção tubular ocorre por transporte ativo em resposta às necessidades do organismo. Nos casos em que a glicose plasmática se torna elevada, esse transporte ativo não é realizado e ocorre a liberação de glicose para a urina.  O limiar renal é de 160 a 180 mg/dl. Um paciente com diabetes mellitus apresenta uma hiperglicemia, que pode acarretar uma glicosúria quando o limiar renal para a glicose é excedido. (STRASINGER, 2009). 
Nas tiras reativas o método mais comumente utilizado é o da glicose oxidase, onde a zona de reação é impregnada com uma mistura de glicose oxidase, peroxidase, cromógeno e tampão para produzir uma reação sequencial. Em uma primeira etapa, glicose oxidase catalisa a reação entre glicose e o ar ambiente para produzir ácido glucônico e peróxido. Na segunda etapa a peroxidase catalisa a reação entre peróxido e cromógeno para formar um composto oxidado colorido, representando a presença de glicose na amostra. Resultados falsos-negativo ocorrem na presença de agentes redutores como o ácido ascórbico, que impede a oxidação do cromógeno e bactérias; e resultados falso-positivos na presença de detergentes oxidantes e ácido clorídrico (FOGAZZI, VERDESCA E GARIGALI, 2008; STRASINGER, 2009).
Quando a reação da fita for positiva para glicose, deve ser confirmada com o método reativo de Benedict.
2.6.3. Teste Reativo de Benedict
O Reagente de Benedict (também chamado de Solução de Benedict ou Teste de Benedict), é um reagente químico de cor azulada, desenvolvido pelo químico americano Stanley Rossiter Benedict, geralmente usado para detectar a presença de açúcares e açúcares redutores, nos quais se incluem glicose, galactose, lactose, maltose e manose. O Reagente de Benedict consiste, basicamente, de uma solução de sulfato cúprico em meio alcalino (com muitos íons OH-), e pode ser preparado através do carbonato de sódio, citrato de sódio e sulfato cúprico ( figura 3) . (REAGENTE DE BENEDICT, 2009)
 Figura 3- Reativo de Benedict
 Fonte: Valdiane Santos
2.6.3.1 Materiais necessários
- 1 ml de amostra do paciente (urina)
- Pipeta regulada pra 1 ml
- 2 ml de Reativo de Benedict
- Tubo de ensaio
- Bico de bunsen
2.6.3.2 Procedimento da Técnica Reativo de Benedict
Com a pipeta colocar 1 ml da amostra do paciente no tubo de ensaio, em seguida colocar com a pipeta 2 ml de reativo no mesmo tubo, aquecer no bico de bunsen até ferver. 
2.6.3.3 Interpretação do resultado 
Caso a urina contenha glicose numa concentração superior a 80 mg% o reativo mudará de cor. Conforme a coloração obtida pode-se ter uma idéia aproximada do teor de glicose presente na urina: 
Solução azul límpida: 0 de glicose; 
Solução com precipitado esverdeado: 100 a 500 Mg/100 ml; (+) 
Solução com precipitado amarelo: 500 a 1.400 Mg/100 ml; (++) 
Solução com precipitado alaranjado: 1.400 a 2.000 mg/100 ml (+++) 
Solução com precipitado vermelho tijolo: mais de 2.000 mg/100 ml (++++) 
2.6.4. Avaliação microscópica da urina
A microscopia urinária é uma ferramenta diagnóstica antiga. A observação ocasional e elementar da urina pode ser identificada na Europa já na primeira metade do século XVII, sendo que, pelo aspecto rudimentar dos antigos microscópios, essa análise ficava restrita a um grupo de pesquisadores com interesses científicos. Foi introduzida como prática clínica em 1830, por François Rayer associado com Eugène Napoleón Vigla em Paris (GIOVANNI BATTISTA E CAMERON, 1996; FOGAZZI E GARIGALI, 2003).
Outro ponto de destaque na evolução da microscopia urinária foi a divulgação de um estudo de Thomas Addis em 1920. Observando ao longo de alguns anos amostras de urina de pacientes com glomerulonefrite, o mesmo observou no sedimento urinário grande número de eritrócitos, leucócitos, células epiteliais e cilindros,esse sedimento tornava-se mais escasso à medida que o tempo passava indicando a transformação de uma doença ativa em um processo crônico. Com a quantidade de células e cilindros eliminados na urina, Addis introduziu um método baseado na coleta em um intervalo de tempo definido e quantificação em câmaras de contagem, técnica conhecida como “Contagem de Addis” e atualmente ainda utilizada em alguns laboratórios (GIOVANNI BATTISTA E CAMERON, 1996).
Em 1950, um corante supravital foi descrito por Sternheimer e Malbin, mais tarde o corante de Wright foi indicado para a evidenciação de eosinófilos na urina. Em estudos posteriores o corante de Hansel demonstrou maior sensibilidade nessa evidenciação (GIOVANNI BATTISTA E CAMERON, 1996).
O estudo de Fairley, na década de 80, demonstrou que a morfologia dos eritrócitos encontrados na urina poderia ser indicativa de hemorragia glomerular ou não glomerular. Este fato levou a elaboração de vários estudos subsequentes e a aplicação do estudo morfológico dos eritrócitos na urina na rotina laboratorial (GIOVANNI BATTISTA E CAMERON, 1996)
2.6.4.1 Materiais necessários para executar a Técnica de microscopia
- Amostra biológica 
- Tubos de Falcon
- Estante para acomodar os tubos de Falcon
- Centrífuga 
- Lâminas 
- Lamínulas 
- Pincel para identificação das amostras 
- Backer para descarte de esporro
- Água sanitária e detergente
 
2.6.4.2 Procedimento da Técnica de análise microscópica 
Antes de começar o procedimento é feita a identificação dos tubos das respectivas amostras com o nome ou código de barras do paciente.
Transferir 10 ml da amostra do paciente para o tubo de Falcon e homogeinizar 3x (figura 4).
Colocar o tubo pra centrifugar apor 10 minutos a 2500 rpm (rotações por minuto) . 
Após a centrifugação é descartado o sobrenadante no béquer contendo uma diluição com água sanitária e detergente; 
Fazer suspensão do pellet (sedimento) dando leves batidas com o dedo indicador até soltar do fundo do tubo (figura 5);
 Colocar uma gota do pellet na lâmina e cobrir com a lamínula;
Fazer a análise ao microscópio. 
 
Figura 4- Transferência de amostra para o tubo de ensaio
Fonte: Valdiane Santos
Figura 5- Sedimento ao fundo do tubo de ensaio.
Fonte: Valdiane Santos.
2.6.4.3 Interpretação do sedimento urinário
Células epiteliais
Algumas células epiteliais encontradas no sedimento urinário resultam da descamação normal das células velhas, enquanto outras representam lesão epitelial por processos inflamatórios ou doenças renais. São encontradas em três tipos na urina:
Células escamosas: São as mais comumente encontradas na urina e com menor significado. Provêm do revestimento da vagina, da uretra feminina e das porções inferiores da uretra masculina.
Células transicionais ou caudadas: O cálice renal, a pelve renal, ureter e bexiga são revestidos por várias camadas de epitélio transicional. Em indivíduos normais, poucas células transicionais são encontradas na urina e representam descamação normal. O número destas células aumenta após cateterização urinária ou outros procedimentos de instrumentação. Além destas condições, podem indicar processos que necessitam maiores investigações como o carcinoma renal. (MOTTA, 2009)
Células dos túbulos renais: Pequena quantidade de células dos túbulos renais aparecem na urina de indivíduos saudáveis e representam a descamação normal do epitélio velho dos túbulos renais. Recém-nascidos têm mais células de túbulos renais na urina que crianças mais velhas e adultos. As células dos túbulos contornados distal e proximal são encontradas na urina como resultado de isquemia aguda ou doença tubular renal tóxica (como: necrose tubular aguda por metais pesados ou drogas). Os sedimentos urinários podem conter número aumentado de células dos túbulos coletores em vários tipos de doenças renais, como na nefrite, necrose tubular aguda, rejeição a transplante renal e envenenamento por salicilatos. Quando estas células aparecem como fragmentos intactos do epitélio tubular indicam necrose isquêmica do epitélio tubular, trauma, choque ou sepse. Quando ocorre a passagem de lipídios pela membrana glomerular, como nos casos de nefrose lipídica, as células do túbulo renal absorvem lipídios e são chamadas corpos adiposos ovais. Em geral, são vistas em conjunto com gotículas de gordura que flutuam no sedimento. O exame do sedimento com luz polarizada, produz a formação de imagens características nas gotículas que contêm colesterol (cruz-de-malta).(MOTTA, 2009)
Leucócitos
Os leucócitos podem entrar na urina através de qualquer ponto ao longo do trato urinário ou através de secreções genitais. O valor normal é considerado até 5 por campo.O aumento no número de leucócitos (>5 por campo) que apresentam ou não fenômenos degenerativos (granulações grosseiras no citoplasma, inclusão de bactérias etc.) na urina é chamado piúria. A piúria pode expressar-se pela eliminação de leucócitos isolados ou aglutinados ou pelo aparecimento na urina de cilindros hialinos com inclusão de leucócitos. Pode resultar de infecções bacterianas ou de outras doenças renais ou do trato urinário. As infecções que compreendem pielonefrite, cistite, prostatite e uretrite podem ser acompanhadas de bactérias ou não, como no caso da infecção por Chlamydia. A piúria também está presente em patologias não infecciosas, como a glomerulonefrite, o lúpus eritematoso sistêmico e os tumores. (MOTTA, 2009)
 Hematúria 
Normalmente as hemácias são encontradas na urina de pessoas normais em pequenas quantidades, valor normal: 3-5 por campo. Todas as hemácias presentes na urina se originam do sistema vascular. O número aumentado de hemácias na urina representa rompimento da integridade da barreira vascular, por injúria ou doença, na membrana glomerular ou no trato genitourinário. As condições que resultam em hematúria incluem várias doenças renais como glomerulonefrites, pielonefrites, cistites, cálculos, tumores e traumas. Qualquer condição que resulte em inflamação ou comprometa a integridade do sistema vascular pode resultar em hematúria. A possibilidade de contaminação menstrual deve ser considerada em amostras colhidas em mulheres. A presença de hemácias e também de cilindros na urina pode ocorrer após exercícios intensos. As vezes é necessária a pesquisa de hemácias dismórficas para diferenciar entre hematúria de origem glomerular da de origem não glomerular. A presença de hemácias dismórficas sugere sangramento de origem glomerular. As hemácias não dismórficas (com morfologia normal) são encontradas em urina de pacientes com patologias extra -glomerulares. (MOTTA, 2009)
Cilindros 
São moldes mais ou menos cilíndricos do túbulo contornado distal e do ducto coletor. O principal componente dos cilindros é a proteína de Tamm-Horsfall, que é uma mucoproteína secretada somente pelas células tubulares renais. A presença de cilindros urinários é chamada cilindrúria. Seu aparecimento é explicado por três fatores: a) da concentração e da natureza da proteína existente no interior do túbulo renal; b) de um pH ácido e c) da concentração elevada de substâncias solventes. O tamanho dos cilindros pode variar em função do diâmetro do túbulo no qual foram formados. Cilindros largos indicam a formação em túbulos renais dilatados ou em túbulos coletores. O achado de muitos cilindros céreos largos indica prognóstico desfavorável. Assim, os tipos de cilindros encontrados no sedimento representam diferentes condições clínicas. (MOTTA,2009)
Cilindros hialinos: São formados pela precipitação de uma matriz homogênea de proteína de Tamm-Horsfall e são os mais comumente observados na urina. A presença de 0 a 2 por campo de pequeno aumento é considerada normal, assim como quantidades elevadas em situações fisiológicas como exercício físico intenso, febre, desidratação e estresse emocional. Estão presentes nas glomerulonefrites, pielonefrites, doença renal crônica, anestesia geral e insuficiência cardíaca congestiva.
Cilindros hemáticos. Os cilindroshemáticos estão associados a doença renal intrínseca. Suas hemácias são freqüentemente de origem glomerular, como na glomerulonefrite, mas podem também resultar de dano tubular, como na nefrite intersticial aguda. A detecção e monitoramento de cilindros hemáticos permite uma medida da avaliação da resposta do paciente ao tratamento. São também encontrados no exercício físico intenso, nefrite lúpica e hipertensão maligna.
Cilindros leucocitários. Indicam infecção ou inflamação renal e necessitam de investigação clínica. Quando a origem dos leucócitos é glomerular como na glomerulonefrite, encontra -se no sedimento grande quantidade de cilindros leucocitários e cilindros hemáticos. Quando é tubular, como na pielonefrite, os leucócitos migram para o lúmen tubular e são incorporados na matriz do cilindro.
Cilindros de células epiteliais. Os cilindros epiteliais têm origem no túbulo renal e resultam da descamação das células que os revestem. São encontrados após agressões nefrotóxicas ou isquêmicas sobre o epitélio tubular e podem estar associados a infecções virais como citomegalovírus. São, muitas vezes, observados em conjunto com cilindros de hemácias e leucócitos.
Cilindros granulosos. Podem estar presentes no sedimento urinário, principalmente após exercício vigoroso. Entretanto, quando aumentados representam doença renal glomerular ou tubular. São compostos primariamente de proteína de Tamm-Horsfall. Os grânulos são resultado da desintegração de cilindros celulares ou agregados de proteínas plasmáticas, imunocomplexos e globulinas. Encontram-se na estase do fluxo urinário, estresse, exercício físico e infecção do trato urinário.
Cilindros céreos. Representam um estágio avançado do cilindro hialino. Ocorrem quando há estase prolongada por obstrução tubular e são freqüentemente chamados cilindros da insuficiência renal. São comumente encontrados nos pacientes com insuficiência renal crônica e também em rejeição de transplantes, hipertensão maligna, e outras doenças renais agudas (síndrome nefrótica glomerulonefrite aguda).
Cilindros graxos. São um produto da desintegração dos cilindros celulares, produzidos por decomposição dos cilindros de células epiteliais que contêm corpos adiposos ovais. Presentes na síndrome nefrótica, nefropatia diabética, doenças renais crônicas e glomerulonefrites. (MOURA et al., 2006)
Cristais	
A cristalúria, presença de cristais no sedimento urinário, não apresenta, na maioria das vezes, interesse clínico. Sua incidência pode, em determinados casos, estar ligada ao aparecimento de cálculo renal (MOURA et al., 2006). 
A presença de cristais na urina dependerá do pH, regime dietético etc. em urinas ácidas, são encontrados os uratos amorfos, oxalatos de cálcio, ácido úrico. Em urinas alcalinas, encontramos fosfatos amorfos, fosfato triplo ou amoníaco-magnesiano, carbonato de cálcio, fosfato de cálcio, etc. (MOURA et al., 2006)
Vários tipos de cálculos estão associados com desordens específicas. São conhecidos vários tipos de cálculos segundo a composição. (MOTTA,2009) 
Oxalato de cálcio: Se grande quantidade de cristais de oxalato de cálcio estiver presente em urina recém-emitida, deve-se suspeitar de processo patológico como intoxicação pelo etilenoglicol, diabetes mellitus, doença hepática ou enfermidade renal crônica grave. A ingestão de grande quantidade de vitamina C pode promover o aparecimento desses cristais na urina, pois o ácido oxálico é um derivado da degradação do ácido ascórbico e produz a precipitação de íons de cálcio. Essa precipitação pode dar lugar também a uma diminuição no nível de cálcio sério. (MOURA et al., 2006)
Fosfato de cálcio. Ocorrem em urinas alcalinas na acidose tubular renal, ingestão de álcalis e infecção por bactérias desdobradoras de uréia (ex.: Proteus).
Fosfato de amônio-magnésio (estruvita). As infecções do trato urinário tratados com vários antibióticos são as principias causas de formação de cálculos fosfato amônio -magnésio. Podem também ocorrer nos seguintes estados patológicos: pielite crônica, cistite crônica, hipertrofia de próstata e retenção vesical. Aparecem também em urinas normais.
Ácido úrico. Estão associados à hiperuricosúria (hiperuricemia, gota, dieta rica em purinas), desidratação e hiperacidez urinária (pH < 5,0).
Cistina: A presença desses cristais tem sempre significado clínico, como na cistinose, cistinúria congênita, insuficiente reabsorção renal ou em hepatopatias tóxicas.
Cristais de leucina: Tem significado patológico importante como em enfermidades hepáticas em fase terminal, como a cirrose, hepatite viral, atrofia amarela aguda do fígado e em severas lesões hepáticas provocadas por envenenamento porfósforo, tetracloreto de carbono ou clorofórmio. Nas doenças hepáticas, estão normalmente associados a cristais de tirosina.
Cristais de tirosina: Aparecem em enfermidades hepáticas graves ou em tirosinose.
Cristais de biurato de amônio: Urato ou biurato de amônio pode aparecer em urinas alcalinas, ácidas ou neutras. São corpos esféricos castanhos amarelados, com espículas longas e irregulares. São patogênicos se aparecem em urina recém-emitida, como ocorre em doenças hepáticas. Podem ocorrer em doenças hepáticas. São solúveis aquecendo a urina ou acrescentando o ácido acético e, se ficar em repouso, formam cristais de ácido úrico. A precipitação de solutos depende do pH urinário e da solubilidade e concentração do cristalóide. (MOURA et al., 2006)
CONCLUSÃO
Este relatório descreveu as atividades desenvolvidas durante a realização deste estágio. Permitindo compreender sobre os exames de urina e as técnicas utilizadas para a realização da mesma, assim como também as suas correlações clínicas, sendo estes um importante complemento que auxiliam em um diagnóstico muitas vezes preciso e eficaz frente ao quadro clínico do paciente.
Este estágio foi muito importante ao nível de conhecimentos e experiência profissional adquiridos, pois a partir do estágio, que é uma ferramenta de aperfeiçoamento das técnicas e procedimentos teóricos adquiridos durante a graduação de Biomedicina, para a Habilitação em Análises Clínicas, ficou comprovada a compatibilidade da formação acadêmica oferecida com a pratica executada em campo, mostrando a importância do profissional biomédico neste setor.
Para finalizar, considero ter atingido os objetivos propostos para este estágio e para este relatório, concluindo com êxito minhas competências.
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