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Escrituração Contábil

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Obrigatoriedade da Escrituração Contábil
SUMÁRIO
TÍTULO 
Escrituração Contábil e sua Obrigatoriedade 
A Constituição Federal 
O Direito Tributário 
O Código Tributário Nacional 
O Imposto de Renda 
Os Livros Comerciais 
A Conservação de Livros e Comprovantes 
Dos Responsáveis Pela Escrituração 
A Presunção, o Imposto de Renda e a Contabilidade 
Os Princípios Métodos e Critérios 
Das Demonstrações Financeiras 
Escrituração no Código Comercial Brasileiro 
Legislação Societária - Lei 6404/76 
Imposto de Renda e Responsabilidade do Contabilista 
Lei de Falências 
Legislação Previdenciária 
Normas da Profissão Contábil 
A Escrituração Mercantil como Prova Judicial 
O Código Civil Brasileiro 
Da Forma dos Atos Jurídicos e da sua Prova 
A Prova Documental Segundo a Legislação Comercial 
O Código de Processo Civil 
Da Prova Documental e da Força Probante dos Documentos 
O Consumidor e seus Direitos 
Da Responsabilidade Pelo Fato do Produto ou de Serviço 
Das Práticas Comerciais Abusivas 
Da Proteção Contratual 
Dos Crimes 
Falsificação de Documento Público 
Falsificação de Documento Particular 
Falsidade Ideológica 
Uso de Documento Falso 
Supressão de Documentos 
Exercício Ilegal da Profissão 
Crimes Falimentares 
Crimes de Natureza Tributária e Conexos 
Crimes de Natureza Tributária na Previdência 
Crime Contra o Consumidor 
Pequeno Comerciante, Microempresa e Empresa de Pequeno Porte 
Escrituração Mercantil na Microempresa 
Pequeno Comerciante 
Nova Legislação para a Microempresa 
Conclusão e Recomendação 
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PRELIMINARES 
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Este estudo visa, basicamente, reunir e consolidar as principais normas que ratificam a exigência de
escrituração mercantil contida no Código Comercial Brasileiro. 
Busca, ainda, esclarecer, pela simples leitura do texto legal, a controvertida cultura da dispensa de
escrituração mercantil praticada pelos optantes do regime de tributação na forma do Lucro Presumido e
Microempresas, difundida por contabilistas desprovidos de qualidade técnico-científica e responsabilidade ética/social. 
As legislações contidas nesta coletânea demonstram toda a normatização, nas diferentes áreas do
direito que regulam a matéria, consideradas relevantes para explicitar e esclarecer a necessidade da escrituração
mercantil e as conseqüências da sua inobservância, sob o ponto de vista do princípio da legalidade. 
Desnecessário afirmar sobre a sua relevância, no entanto, ressalte-se que é passada a hora dos
profissionais da contabilidade assumirem uma postura mais consciente e responsável em relação ao papel social que
lhes é reservado. 
Entendem os autores que a valorização da classe depende menos das entidades representativas do que
da ação individual de cada um que as compõem. Dignificar a profissão, e a si mesmo, constitui uma atitude
recomendável para começarmos essa política de valorização. 
Esperamos que este estudo possa promover a reflexão crítica dos contabilistas ao ponto de inspirar o
aperfeiçoamento e aprofundamento jurídico do seu conteúdo, cuja limitação dos autores nessa área do conhecimento
pode ser aqui evidenciada.
Autoria de :
Contador João Alberto de Arruda - Presidente do CRCMT 
Contador Nilson Dauzacker -Diretor Executivo do CRCMT
ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E SUA OBRIGATORIEDADE 
Os contabilistas possuem o dissabor em conviver com generalizações depreciativas existentes no
mercado de trabalho, sobre a necessidade da contratação dos serviços contábeis e a sua utilidade para os empresários. 
Empresários, desconhecedores dos seus direitos, assimilaram a assertiva de que os serviços contábeis
resumem-se no preenchimento de guias à data aprazada pelo braço direito do fisco - os contabilistas - cuja contratação
somente deve ocorrer por exigência da lei. 
Esta inverdade que depõe contra os profissionais da contabilidade é difundida e aceita, por encontrar
ressonância na ação de curiosos, cuja atividade no mercado desvaloriza e desprestigia toda a classe. Esta referência
restringe-se àquele despreparado técnica e moralmente, que não detem os conhecimentos e as ferramentas técnico-
científicas necessárias ao exercício da profissão com competência e responsabilidade social. 
Sua limitada competência leva-o a promover, no mercado, concorrência desleal, pois na condição de
"mero preenchedor de guias", pode propor reduzidos honorários, aceitos de pronto por empresários que desconhecem
ou ignoram as conseqüências que a falta de escrituração contábil pode provocar no seu empreendimento. 
Percebe-se que o grande argumento reside na distorção e no benefício de objetivos próprios do
enunciado na legislação fiscal que trata do Lucro Presumido, instituído para fins exclusivos de opção pelo regime de
tributação simplificado do IRPJ e do Estatuto da Microempresa, cuja "dispensa de escrituração" também refere-se à
legislação fiscal. 
Com propriedade o Contador Francisco Severino de Almeida, Presidente do CRC-ES, demonstra no
Jornal dos Contabilistas do CRC-ES nº 8, Dez/94, as conseqüências decorrentes da ausência de escrituração para a
empresa e demais organizações: 
a) A falta de registros contábeis tira da organização a sua identidade, não permitindo que ela conheça o seu passado,
nem o seu presente e muito menos o seu futuro; 
b) Não permite o desenvolvimento da organização, pois lhe falta os meios, isto é, ela é desprovida de controles
econômicos-financeiros permanentes que só a Contabilidade lhe oferece, tornando-se desorganizada e desorientada,
sendo a causa principal do processo desenfreado da sonegação fiscal; 
c) Não pode ter acesso ou direito a limite de crédito, pois economicamente ela não existe. Normalmente a empresa se
torna cada vez mais pobre e o seu titular ou seus sócios cada vez mais ricos, sem origem de riqueza comprovada, em
que mais cedo ou mais tarde, possivelmente a Receita Federal vem e lhe tira tudo. Logo, também, não oferece
segurança aos seus proprietários e esses se tornam elementos de riscos para aqueles que lhes oferecem crédito com base
em suas riquezas, pois elas, em tese, são falsas. 
d) Em se tratando de organizações de natureza mercantil, em caso de dificuldades financeiras, não lhe será permitido
usar do instituto da concordata para negociar as suas dívidas." 
Por fim, é desastrosa para qualquer organização a FALTA DE ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL e,
como a lei nos conferiu esta responsabilidade e somente a nós, ou permanecemos na profissão para cumpri-la ou
seremos obrigados a deixá-la, espontânea ou compulsoriamente. Não existe meio termo. 
Por tratar-se, o homem, de um ser intelectual, dotado de conhecimentos e experiências, é que
consegue superar suas deficiências, bloqueios, negatividades e desvios. Com base nesse enfoque filosófico este estudo
condensou os principais estatutos jurídicos que confirmam a assertiva de que a escrituração é obrigatória, sob o ponto
de vista legal; imprescindível ao empreendimento, aos proprietários e contabilistas no gerenciamento dos negócios;
fundamental fonte de informações na convivência com usuários externos que permitem, também, o conhecimento da
evolução histórica da empresa.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
O estudo da questão aqui colocada busca inspiração primeira na Carta Magna, cujo enunciado sobre o
assunto torna inadmissível a normatilização pelo direito tributário de temas consagrados no direito comercial e
societário.
A Constituição Federal em seu Art. 22, Inciso I, enuncia ser competência privativa da União legislar sobre"direito civil,
comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho," e concorrentemente, com
os Estados, Distrito Federal e Municípios sobre "direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico," (Art. 24,
Inciso I). 
Assim, a nossa Carta Magna, o bom-senso, a responsabilidade e outros atributos do gênero nos
mostram que o direito comercial e o direito tributário são institutos distintos na forma, na competência e na
abrangência, não há porque confundi-los. Além disso, presumir, segundo os dicionários, significa conjecturar, julgar
por indução, supor, imaginar ou pressupor. Isto posto, a presunção pelo direito tributário de uma base de cálculo
tributária pode ser válida na constituição de um determinado crédito do imposto a recolher, mas, os fatos
administrativos, pelo direito comercial, não se presumem, são registros de fatos reais.
DIREITO TRIBUTÁRIO
Genericamente, a regra contida nos textos da legislação tributária é a exigência, pelo fisco, do registro
permanente de todas as operações, representadas pelos atos e fatos administrativos, realizadas na empresa.
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
(Lei nº 5.172, de 25/10/1966)
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA - FISCALIZAÇÃO - Art. 195 - Para os efeitos da legislação tributária, não tem
aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos,
documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais dos comerciantes, industriais ou produtores, ou da obrigação destes
de exibi-los. 
Parágrafo Único - Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos nele
efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos direitos tributários decorrentes das operações a que se
refiram. 
SUMULAS DO STF - Súmula 439 - Estão sujeitas à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros
comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação. 
REGULAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA 
(Decreto nº 1.041, DE 11/01/94) 
A regra geral que determina o fato gerador do IRPJ é a "disponibilidade econômica", obtida pela
demonstração das operações realizadas pelo contribuinte, anualmente. Isto posto, esta condição só é possível mediante
escrituração dessas operações em livros permanentes, assim também regulados.
O DEVER DE ESCRITURAR - Art. 197 - A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no Lucro Real deve manter
escrituração com observância das leis comerciais e fiscais (Decreto Lei nº 1.598/77, art. 7º). 
§ 1º - A escrituração deverá abranger todas as operações do contribuinte, bem como os resultados apurados anualmente
em suas atividades no território nacional (Lei nº 2.354/54, art.2º). 
Art. 198 - É facultado às pessoas jurídicas que possuírem filiais, sucursais ou agências manter contabilidade não
centralizada, devendo incorporar, na escrituração da matriz, os resultados de cada uma delas (Lei nº 2.354/54, art. 2º). 
A Lei nº 8.981, de 20/01/95, estendeu a opção pelo Lucro Presumido às empresas de prestação de
serviços ou profissões regulamentadas: 
Art. 26 - As pessoas jurídicas determinarão o imposto de renda segundo as regras aplicáveis ao regime de tributação
com base no lucro real, presumido ou arbitrado. 
§ 1º - É facultado às sociedades civis de prestação de serviços relativos às profissões regulamentadas (art. 1º do
Decreto-lei nº 2.397, de 21/12/87) optarem pelo regime de tributação com base no lucro real ou presumido. 
§ 2º - Na hipótese do parágrafo anterior, a opção, de caráter irrevogável, se fará mediante o pagamento do imposto
correspondente ao mês de janeiro do ano-calendário da opção ou do mês de início da atividade. 
O mesmo diploma legal, estritamente tributário, estabelece os critérios para a manutenção no regime
do lucro real nos casos que determina: 
Art. 36 - Estão obrigadas ao regime de tributação com base no lucro real as pessoas jurídicas: 
I - cuja receita total seja superior ao limite de 12.000.000,00 UFIR no ano-calendário, ou proporcional ao número de
meses do período quando inferior a doze meses; 
II - constituídas sob a forma de sociedade por ações de capital aberto; 
III - cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, caixas econômicas, sociedades de crédito,
financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário,sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e
câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito,
empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta; 
IV - que se dediquem à compra e à venda, ao loteamento, à incorporação ou à construção de imóveis e à execução de
obras da construção civil; 
V - que tenham sócio ou acionista residente ou domiciliado no exterior; 
VI - que sejam sociedades controladoras, controladas e coligadas, na forma da legislação vigente; 
VII - constituídas sob qualquer forma societária, de cujo capital participem entidades da administração pública, direta
ou indireta, federal, estadual ou municipal; 
VIII - que sejam filiais, sucursais, agências ou representações, no país, de pessoas jurídicas com sede no exterior; 
IX - que, autorizadas pela legislação tributária, queiram usufruir de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do
imposto de renda; 
X - que encerrarem atividades; 
XI - que, no decorrer do ano calendário, tenha suspenso ou reduzido o pagamento do imposto na forma do art. 35; 
XII - que tenham sócios ou acionistas pessoas jurídicas; 
XIII - cujo titular, sócio ou acionista participe com mais de cinco por cento do capital de uma ou mais sociedades,
quando a soma das receitas totais das empresas interligadas ultrapassar o limite previsto no inciso I deste artigo; 
XIV - cuja receita decorrente da venda de bens importados seja superior a cincoenta por cento da receita bruta da
atividade. 
Parágrafo único - As pessoas jurídicas incorporadas, fusionadas ou cindidas submetem-se também ao regime de
tributação com base no lucro real, devendo determinar, na data do balanço que serviu de base para o evento, a diferença
de imposto a pagar ou a ser compensado. 
Art. 37 - Sem prejuízo dos pagamentos mensais do imposto, as pessoas jurídicas obrigadas ao regime de tributação com
base no lucro real (art.36) e as pessoas jurídias que não optarem pelo regime de tributação com base no lucro
presumido (art.44) deverão, para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado, apurar o
lucro real em 31 de dezembro de cada ano-calendário ou na data de sua extinção. (Lei nº 9.065, de 20/06/95) 
§ 1º - A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido com observância das disposições das
leis comerciais. 
§ 5º -... 
b) demonstrarem, através de balanços ou balancetes mensais (art.35): 
b.1) que o valor pago a menor decorreu da apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o
lucro, na forma de legislação comercial e fiscal; ou 
b.2) a existência de prejuízos fiscais, a partir do mês de janeiro do referido ano-calendário. 
Art. 202 - A falsificação, material ou ideológica, da escrituração e seus comprovantes, ou da demonstração financeira,
que tenha por objeto eliminar ou reduzir o montante do imposto devido, ou diferir seu pagamento, submeterá o sujeito
passivo a multa, independente da ação penal que couber (Decreto-lei 1.598/77, art. 7º, § 1º).
OS LIVROS COMERCIAIS - Art. 203 - A pessoa jurídica é obrigada a seguir ordem uniforme de escrituração,
mecanizada ou não, utilizando os livros e papéis adequados, cujo número e espécie ficam a seu critério, (Decreto-lei nº
486/69, art. 1º). 
Art. 204 - Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o usode livro Diário, encadernado com folhas
numeradas seguidamente, em que serão lançados, dia a dia, diretamente ou por reprodução, os atos ou operações da
atividade, ou que modifiquem ou possam vir a modificar a situação patrimonial da pessoa jurídica (Decreto-lei nº
486/69, art. 5º). 
§ 1º - Admite-se a escrituração resumida do Diário por totais que não excedam ao período de um mês, relativamente a
contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros
auxiliares para registro individual e conservados os documentos que permitam sua perfeita verificação (Decreto-lei nº
486/69, art. 5º, § 3º). 
§ 3º - A pessoa jurídica que empregar escrituração mecanizada poderá substituir o Diário e os livros facultativos ou
auxiliares por fichas seguidamente numeradas, mecânica ou tipograficamente (Decreto-lei nº 486/69, art. 5º, § 1º). 
§ 5º - Os livros auxiliares, tais como Razão, Caixa e Contas Correntes, que também poderão ser escriturados em fichas,
terão dispensada a sua autenticação, quando as operações a que se reportarem tiverem sido lançados,
pormenorizadamente, em livros devidamente registrados. 
Art. 206 - A pessoa jurídica, além dos livros de contabilidade previstos em leis e regulamentos, deverá possuir os
seguintes livros: (Lei nº 154/47, Art. 2º e Decreto-lei nº 7.799/89, Art. 15, e Lei nº 8.383/91, Art. 48 e Decreto-lei nº
1.598/77, Art. 8º e 27). 
I - para registro de inventário 
II - para registro de compras 
III - de Apuração do Lucro Real (LALUR) 
IV - para registro permanente de estoque, para as pessoas jurídicas que exerceram atividades de compra, venda,
incorporação e construção de imóveis, loteamento ou desmembramento de terrenos para venda 
V - razão auxiliar em UFIR 
VI - de movimentação de combustíveis, a ser escriturado diariamente pelo posto revendedor
A CONSERVAÇÃO DE LIVROS E COMPROVANTES - Art. 210 - A pessoa jurídica é obrigada a conservar em
ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a
sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação
patrimonial (Decreto-lei nº 486/69, Art. 4º).
DOS RESPONSÁVEIS PELA ESCRITURAÇÃO - Art. 211 - A escrituração ficará sob a responsabilidade de
profissional qualificado, nos termos da legislação específica, exceto nas localidades em que não haja elemento
habilitado, quando, então, ficará a cargo do contribuinte ou de pessoa pelo mesmo designada (Decreto-lei nº 486/69,
Art. 3º). 
§ 1º - A designação de pessoa não habilitada profissionalmente não eximirá o contribuinte da responsabilidade pela
escrituração. 
OS PRINCÍPIOS MÉTODOS E CRITÉRIOS - Art. 214 - A escrituração será completa, em idioma e moeda corrente
nacionais, em forma mercantil, com a individuação e clareza, por ordem cronológica de dias, mês e ano, sem intervalos
em branco, nem entrelinhas, borraduras, rasuras emendas e transportes para as margens (Decreto-lei nº 486/69, Art 2º). 
Art. 215 - Os registros contábeis que forem necessários para a observância de preceitos da lei tributária relativos a
determinação do lucro real, quando não devam, por sua natureza exclusivamente fiscal, constar da escrituração
comercial, ou forem diferentes dos lançamentos dessa escrituração, serão feitos no livro de que trata o art. 164, ou em
livros auxiliares.
DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS - Art. 220 - Ao fim de cada período-base de incidência do imposto, o
contribuinte deverá apurar o lucro líquido do exercício mediante a elaboração, com observância das disposições da lei
comercial, de balanço patrimonial, da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados (Decreto-lei nº 1.598/77, Art.
7º, § 4º, e Lei nº 7.450/85, Art. 18). 
A PRESUNÇÃO, O IMPOSTO DE RENDA E A CONTABILIDADE 
À época em que o enunciado da legislação fiscal, que ampliou as condições para a opção pelo Lucro
Presumido, entrou em vigor, tinha por objeto suprir deficiências internas da Receita Federal e proporcionar ao optante
um regime de tributação simplificado. 
Os contabilistas defensores da dispensa da escrituração mercantil, alicerçam seus argumentos no texto
contido no Artigo 394 da Lei nº 8.134/90, que diz: 
" As pessoas jurídicas que optarem pelo regime tributário previsto neste subtítulo estão desobrigadas, perante o fisco
federal, de escrituração contábil." 
O texto afirma: "... desobrigadas, perante o fisco federal , de escrituração ...", não há como entender
que esteja desobrigando da escrituração contábil perante as exigências das operações comerciais e financeiras, nem das
regras determinadas pela legislação que trata das falências e concordatas e outras obrigações e interpretações
encontradas no Código Civil, assim não cabe nenhuma dúvida, o legislador não pretendia invadir, e não invadiu, outras
áreas do direito posto não encontrarmos qualquer determinação naqueles textos específicos do Direito Tributário quanto
à dispensa da escrituração perante o Direito Comercial, o Direito Civil ou o Direito Penal. 
Causa-nos espécie imaginar alguem interpretando como limite à dispensa da escrituração contábil
para as empresas não enquadradas no inciso I do artigo 36 da Lei nº 8.981/95, posto ser inimaginável a dispensa de
escrituração para empresas optantes pelo regime do lucro presumido pelo fato de seu faturamento bruto ser inferior a
12.000.000,00 (doze milhões) de UFIRs. 
Um dos procedimentos do fisco estadual busca detectar indícios do "passivo fictício", que é
caracterizado pela existência, no passivo, de obrigações já pagas ou cuja exigibilidade não seja comprovada.
Obrigações mantidas abertas no passivo mas cuja liquidação já ocorreu ensejam a presunção de omissão de receita.
Assim, a não existência da escrituração permite a presunção de não registro dos fatos, consequentemente, também, de
omissão de receitas. 
O despreparo, desqualificação técnica e interesses mercantilistas de alguns contabilistas, associado a
falta de conhecimento dos "donos de empresas", adotou o mecanismo fiscal como regra, transformando, também esse
costume, em cultura perniciosa a todos. 
Felizmente, a legislação do imposto de renda, pela conversão da Medida Provisória nº 812/94. na Lei
nº 8.981, de 20.01.95, reconheceu formalmente, para os atos do comércio, a estrita obediência à legislação Comercial e
Societária: 
"Art. 45 - A pessoa jurídica habilitada à opção pelo regime de tributação com base no lucro presumido deverá manter; 
I - escrituração contábil nos termos da legislação comercial; 
II - Livro Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados os estoques existentes no término do ano-
calendário abrangido pelo regime de tributação simplificada; 
III - em boa guarda e ordem, enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes
sejam pertinentes, todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação específica, bem como os documentos e
papéis que sirvam de base para a escrituração comercial e fiscal. 
Parágrafo único - O disposto no Inciso I deste artigo não se aplica à pessoa jurídica que, no decorrer do ano-calendário,
mantiver livro CAIXA, no qual deverá estar escriturado toda movimentação financeira, inclusive bancária.. 
Cabe-nos, portanto, demonstrar a todos que a melhor alternativa reside na escrituração contábil. A
perfeita interpretação dos textos legais, qualquer que seja o ramo do direito, infere que a legislação do imposto de renda
tem competência para determinar apenas as regras para a imposição e arrecadação de tributos, significando apenas que,
se houver uma "dispensa" subjacente pelo fisco federal, a fiscalização da Receita Federal não vai se interessar pela
contabilidade das empresas optantes pelo regime de tributação doLucro Presumido.
LEGISLAÇÃO COMERCIAL 
O Código Comercial Brasileiro, instituído pela Lei nº 556, de 25 de junho de 1.850, sobre a matéria,
regula que: 
A ESCRITURAÇÃO - "Artigo 10 - Todos os comerciantes são obrigados: 
§ 1º - a seguir uma ordem uniforme de contabilidade e escrituração, e a ter os livros para esse fim necessários; 
.............................................................................................................................. 
§ 4º - a formar anualmente um balanço geral de seu ativo e passivo, o qual deverá compreender todos os bens de raiz,
móveis e semoventes, mercadorias, dinheiros, papéis de crédito, e outra qualquer espécie de valores, e bem assim todas
as dívidas e obrigações passivas; e será datado e assinado pelo comerciante a quem pertencer: 
Art. 11 - Os livros que os comerciantes são obrigados a ter, indispensavelmente, na conformidade do artigo
antecedente, são o "Diário" e o "Copiador de Cartas" (Abolido o uso obrigatório do Copiador de Cartas de Cartas, pelo
Art. 11 do Decreto- lei nº 486 de 03/03/69). 
Art. 12 - No DIÁRIO, é o comerciante obrigado a lançar com individuação e clareza todas as suas operações de
comércio, letras e outros quaisquer papéis de crédito que passar, aceitar, afiançar ou endossar, e em geral tudo quanto
receber e despender de sua ou alheia conta, seja por que título for, sendo suficiente que as parcelas de despesas
domésticas se lancem englobadas na data em que forem extraídas da caixa. 
Art. 14 - A escrituração dos mesmos livros será feita em forma mercantil e seguida pela ordem cronológica de dia, mês
e ano, sem intervalo em branco, nem entrelinhas, borraduras, raspaduras ou emendas. (art. 379 do CPC) (art. 5º
Decreto-lei nº 486/69). 
Art. 15 - Qualquer dos dois mencionados livros, que for achado com algum dos vícios especificados no artigo
precedente, não merecerá fé alguma nos lugares viciados a favor do comerciante a quem pertencer, nem no seu todo,
quando lhes faltarem as formalidades prescritas no art. 13, ou, os seus vícios forem tantos ou de tal natureza que o torne
indigno de merecer fé (art. 8º Decreto-lei nº 486/69) (arts. 378 e 379 do CPC). 
Art. 16 - Os mesmos livros, para serem admitidos em juízo, deverão achar-se escritos no idioma do país; se por serem
de negociantes estrangeiros estiverem em diversa língua, serão primeiro traduzidos na parte à questão, por interprete
juramentado, que deverá ser nomeado a aprazimento de ambas as partes, não o havendo público; ficando a estas o
direito de contestar a tradução de menos exata. ( art. 140 do CPC). 
Art. 17 - Nenhuma autoridade, juízo ou tribunal, debaixo de pretexto algum, por mais especioso que seja, pode praticar
ou ordenar alguma diligência para examinar se o comerciante arruma ou não devidamente seus livros de escrituração
mercantil, ou neles tem cometido algum vício. (Súmulas 260, 390 e 439 do STF) (Art. 105 da Lei nº 6.404/76). 
Art.. 18 - A exibição judicial dos livros de escrituração comercial por inteiro, ou de balanços gerais de qualquer casa de
comércio, só pode ser ordenada a favor dos interessados em questões de sucessão, comunhão ou sociedade,
administração ou gestão mercantil por conta de outrem, e em caso de quebra . (Súmulas 290 e 379 do STF) (Art. 381 e
382 do CPC) (Art. 195, Lei nº 5.172/66 CTN). 
Art. 19 - Todavia o juiz ou Tribunal do Comércio, que conhecer de uma causa, poderá, a requerimento da parte, ou
mesmo "ex offício", ordenar, na pendência da lide, que os livros de qualquer ou de ambos os litigantes sejam
examinados na presença do comerciante a quem pertencerem e debaixo de suas vistas, ou na de pessoa por ele
nomeada, para deles se averiguar e extrair o tocante à questão. Se os livros se acharem em diverso distrito, o exame
será feito pelo juiz de direito do comércio respectivo, na forma sobredita; com declaração, porém, de que em nenhum
caso os referidos livros poderão ser transportados para fora do domicílio do comerciante a quem pertencerem, ainda
que ele nisso convenha (Art. 1º, § 1º Decreto-lei nº 7.661/45) (Art. 382 do CPC). 
Art. 20 - Se algum comerciante recusar apresentar os seus livros, quando judicialmente lhe for ordenado, nos casos do
art. 18, será compelido à sua apresentação debaixo de prisão, e nos casos do art. 19 será deferido juramento supletório à
outra parte. Se a questão for entre comerciantes, dar-se-à plena fé aos livros do comerciante a favor de quem se ordenar
a exibição e forem apresentados em forma regular."
LEGISLAÇÃO SOCIETÁRIA - LEI DAS S/A 
(Lei nº 6404/76, de 15/12/76)
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 
A Lei das Sociedades por Ações, válida para qualquer tipo de sociedade, ratifica e amplia em grau de
detalhes a exigência e, como tal, ratifica e fundamenta a obrigatoriedade de escrituração contábil: 
DA ESCRITURAÇÃO - Art. 176 - Ao fim de cada exercício social, a Diretoria fará elaborar, com base na escrituração
mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do
patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: 
I - Balanço patrimonial; 
II - Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; 
III - Demonstração das origens e aplicações dos recursos. 
§ 1º - As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das
demonstrações do exercício anterior. 
Art. 177 - A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da
legislação comercial e desta lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou
critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência. 
§ 2º - A companhia observará em registros auxiliares, sem modificação da escrituração mercantil e das demonstrações
reguladas nesta lei, as disposições da lei tributária, ou de legislação especial sobre atividade que constitui seu objeto,
que prescrevam métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinem a elaboração de outras demonstrações
financeiras. 
§ 3º - As demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela Comissão de
Valores Mobiliários, e serão obrigatoriamente auditadas por auditores independentes registrados na mesma comissão. 
§ 4º - As demonstrações financeiras serão assinadas pelos administradores e por contabilistas legalmente habilitados.
OS LIVROS MERCANTIS 
(Decreto-lei nº 486, de 03 de Março de 1969) 
Dispõe sobre a escrituração e livros mercantis, dá outras providências e, sobretudo, ao contrário do
entendimento defendido por alguns, não revoga qualquer dispositivo do Código Comercial: 
A OBRIGAÇÃO - Art. 1º - Todo comerciante é obrigado a seguir ordem uniforme de escrituração, mecanizada ou não,
utilizando os livros e papéis adequados, cujo número e espécie ficam a seu critério. 
Art. 2º - A escrituração será completa, em idioma e moeda corrente nacionais, em forma mercantil, com individuação e
clareza, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borraduras, rasuras,
emendas e transportes para as margens. 
§ 1º - É permitido o uso do código de números ou de abreviaturas desde que estes constem de livro próprio, revestido
das formalidades estabelecidas neste Decreto-Lei. 
§ 2º - Os erros cometidos serão corrigidos por meio de lançamentos de estorno. 
Artigo 3º - A escrituração ficará sob a responsabilidade de profissional qualificado, nos termos da legislação específica,
exceto nas localidades em que não haja elemento nessas condições. 
Artigo 4º - O comerciante é ainda obrigado a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais que lhes sejam
pertinentes, a escrituração, correspondência e demais papéis relativos à atividadeou que refiram a atos ou operações
que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial. 
Artigo 5º - Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de livro Diário, encadernado com folhas
numeradas seguidamente, em que serão lançados dia-a-dia, diretamente, ou por reprodução, os atos ou operações da
atividade mercantil, ou que modifiquem ou possam vir a modificar a situação patrimonial do comerciante. 
§ 1º - O comerciante que empregar escrituração mecanizada, poderá substituir o Diário e os livros facultativos ou
auxiliares por fichas, seguidamente numeradas, mecânica ou tipograficamente. 
§ 2º - Os livros ou fichas do Diário deverão conter termo de abertura e de encerramento, e ser submetidos à
autenticação do órgão competente do Registro do Comércio. 
§ 3º - Admite-se a escrituração resumida do Diário, por totais que não excedam o período de 1 (um) mês, relativamente
às contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros
auxiliares para registro individual e conservados os documentos que permitam sua perfeita verificação. 
Art. 8º - Os livros e fichas de escrituração mercantil somente provam a favor do comerciante quando mantidos com
observância das formalidade legais. 
Art. 11 - Fica abolido o uso obrigatório do copiador de cartas.
A RESPONSABILIDADE DO CONTABILISTA 
(Decreto nº 64.567, de 22 de Maio de 1969) 
Este Decreto regulamenta em grau de detalhes o enunciado no Decreto-lei nº 486, de 03/03/69: 
A OBRIGAÇÃO REGULAMENTADA - Art. 2º - A individuação da escrituração a que se refere o art. 2º do Decreto-
Lei nº 486, de 3 de março de 1969, compreende, como elemento integrante, a consignação expressa, no lançamento,
das características principais dos documentos ou papéis que derem origem à própria escrituração. 
Art. 3º - Nas localidades onde não houver contabilista legalmente habilitado, a escrituração ficará a cargo do
comerciante ou de pessoa pelo mesmo designada. 
§ 1º - A designação de pessoa não habilitada profissionalmente não eximirá o comerciante da responsabilidade pela
escrituração. 
§ 2º - Para efeito deste artigo, caberá aos Conselhos Regionais de Contabilidade informar aos órgãos de registro do
comércio da existência ou não de profissional habilitado naquelas localidades. 
Artigo 4º - Só poderão ser usados, nos lançamentos, processos de reprodução que não prejudiquem a clareza e nitidez
da escrituração, sem borrões, emendas ou rasuras. 
Artigo 5º - Todo comerciante é obrigado a conservar em ordem os livros, documentos e papéis relativos à escrituração,
até a prescrição pertinente aos atos mercantis. 
Parágrafo único - O disposto neste artigo aplica-se ao pequeno comerciante no que se refere a documentos e papéis. 
Art. 6º - Os livros deverão conter, respectivamente, na primeira e na última página, tipograficamente numeradas, os
termos de abertura e de encerramento. 
Art. 8º - As fichas que substituem os livros, para o caso de escrituração mecanizada, poderão ser contínuas, em forma
de sanfona, em blocos, com subdivisões numeradas mecânica ou tipograficamente por dobras, sendo vedado o destaque
ou ruptura das mesmas. 
Parágrafo único - Quando o comerciante adotar as fichas a que se refere este artigo, os termos de abertura e
encerramento serão apostos, respectivamente, no anverso da primeira e no verso da última dobra de cada bloco que
receberá o número de ordem. 
Art. 9º - No caso de escrituração mecanizada por fichas soltas ou avulsas, estas serão numeradas tipograficamente e, os
termos de abertura e encerramento serão apostas na primeira e última ficha de cada conjunto e todas as demais serão
obrigatoriamente autenticadas com o sinete do órgão de Registro do Comércio. 
Art. 10 - Os lançamentos registrados nas fichas deverão satisfazer todos os requisitos e normas de escrituração exigidos
com relação aos livros mercantis. 
Art. 11 - Na escrituração por processo de fichas, o comerciante adotará livro próprio para inscrição do balanço, de
balancetes e demonstrativos dos resultados do exercício social, o qual será autenticado no órgão de Registro do
Comércio. 
Art. 14 - Quando do encerramento, ainda que temporário, das atividades de comerciante ou dos agentes auxiliares do
comércio, armazéns gerais e dos trapiches e, consequentemente, de sua escrituração, será consignada a ocorrência
mediante termo aposto na primeira folha ou ficha útil não escriturada, datado e assinado pelo comerciante ou seu
procurador e pelo contabilista legalmente habilitado, ressalvado o disposto no art. 3º deste Decreto e autenticado pelo
órgão de Registro do Comércio. 
Art. 16 - Estão sujeitos às normas deste Decreto todos os livros mercantis obrigatórios, bem como os de uso dos
agentes auxiliares do comércio, armazens gerais e trapiches. 
Art. 17 - O disposto neste Decreto não prejudicará exigências específicas referentes a escrituração de livros ou fichas, a
que estejam submetidos quaisquer instituições ou estabelecimentos. 
Art. 18 - As disposições deste Decreto aplicam-se também às sucursais, filiais e agências instaladas no Brasil de
sociedades mercantis, com sede no Exterior. 
LEI DE FALÊNCIAS 
(Decreto-Lei Nº 7661, de 21/06/45) 
A Lei de Falências constitui-se no instrumento jurídico mais preciso na exigência da escrituração
mercantil, abrangendo com seus dispositivos inclusive a Microempresa. 
AS EXIGÊNCIAS - Artigo 1º - Considera-se falido o comerciante que, sem relevante razão de direito, não paga no
vencimento obrigação líquida, constante de título que legítima a ação. 
§ 1º - Torna-se líquida, legitimando a falência, a obrigação provocada por conta extraída dos livros comerciais e
verificada judicialmente, nas seguintes condições: 
........................................................................................................................... 
II - se o credor requer a verificação da conta nos próprios livros, estes deverão achar-se revestidos das formalidade
legais intrínsecas e a conta comprovada nos termos do art. 23, inciso 2º, do Código Comercial; se nos livros do
devedor, será este citado para, em dia e hora marcados, exibí-los em juízo na forma do disposto no art. 19, alínea a, do
Código Comercial; 
III - a recusa de exibição ou a irregularidade nos livros provam contra o devedor, salvo a sua destruição ou perda em
virtude de força maior. 
Art. 34 - A declaração da falência impõe ao falido as seguintes obrigações: 
.. ........................................................................................................................... 
d) o nome do contador ou guarda-livros encarregado da escrituração dos seus livros comerciais; 
V - entregar, sem demora, todos os bens, livros, papéis e documentos ao síndico, indicando-lhe para serem arrecadados,
os bens que porventura tenha em poder de terceiros; 
IX - assistir ao levantamento e a verificação do balanço e exame dos livros. 
Art. 35 - Faltando ao cumprimento de qualquer dos deveres que a presente Lei lhe impõe, poderá o falido ser preso por
ordem do juiz, de ofício ou a requerimento do representante do Ministério Público, do síndico ou de qualquer credor. 
Parágrafo único - A prisão não pode exceder de 60 (sessenta) dias, e do despacho que a decretar cabe agravo de
instrumento, que não suspende a execução da ordem. 
Art. 8º - O comerciante que, sem relevante razão de direito, não pagar no vencimento obrigação líquida, deve, dentro de
30 (trinta) dias, requerer ao juiz a declaração de falência, expondo as causas desta e o estado dos seus negócios e
juntando ao requerimento: 
I - o balanço ativo e passivo com a indicação e avaliação aproximada de todos os bens, excluídas as dívidas ativas
prescritas. 
............................................................................................................................§ 3º - O devedor apresentará, com o requerimento, os seus livros obrigatórios, os quais permanecerão em cartório para
serem entregues ao síndico, logo após o compromisso deste. 
Art. 70 - O síndico promoverá, imediatamente após o seu compromisso, a arrecadação dos livros, documentos e bens
do falido, onde quer que estejam, requerendo para esse fim as providências judiciais necessárias. 
§ 2º - O síndico levantará o inventário e estimará cada um dos objetos nele contemplados, ouvindo o falido,
consultando faturas e documentos, ou louvando-se no parecer dos avaliadores, se houver necessidade; 
§ 6º - Serão referidos no inventário: 
I - os livros obrigatórios e os auxiliares ou facultativos do falido, designando-se o estado em que se acham, número e
denominação de cada um, páginas escrituradas, data do início da escrituração e do último lançamento, e se os livros
obrigatórios estão revestidos das formalidades legais. 
Art. 140 - Não pode impetrar concordata: 
I - o devedor que deixar de arquivar, registrar ou inscrever no registro do comércio os documentos e livros
indispensáveis ao exercício legal do comercio. 
Art. 159 - O devedor pode evitar a declaração da falência, requerendo ao juiz, que seria competente para decreta-la, lhe
seja concedida concordata preventiva. 
§ 1º A petição será instruída com os seguintes documentos: 
............................................................................................................................. 
IV - demonstrações financeiras referentes ao ultimo exercício social e as levantadas, especialmente, para instruir o
pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e composto obrigatoriamente de: 
a) balanço patrimonial; 
b) demonstração de lucros ou prejuízos acumulados; 
c) demonstração do resultado desde o último exercício social. 
Art. 160. Com a petição inicial, o devedor apresentará os livros obrigatórios, que serão encerrados pelo escrivão, por
termos assinado pelo juiz. 
Art. 162. O juiz decretará a falência, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, se, em qualquer momento do processo, houver
pedido do devedor ou ficar provado: 
I - existência de qualquer impedimentos enumerado no Art. 140; 
II - inexatidão de qualquer do documentos mencionados no Art. 159
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA 
A Previdência Social também preocupa-se em normatizar a manutenção de escrituração contábil e
confirmar dispositivos do Código Comercial Brasileiro, classificando, as exigências, em obrigações acessórias para fins
de controle pela sua fiscalização. 
DAS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS - Art. 47 - A Empresa é também obrigada a: 
II - lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as
contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos. 
III - prestar ao INSS e ao Departamento da Receita Federal todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de
interesse dos mesmos, na forma por eles estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização. 
DO EXAME DA CONTABILIDADE - Art. 50 - É prerrogativa do INSS e do Departamento Receita Federal o exame
da contabilidade da empresa, não prevalecendo para esse efeito o disposto nos arts. 17 e 18 do Código Comercial,
ficando obrigados a empresa e ou segurado a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados. 
NORMAS DA PROFISSÃO CONTÁBIL 
(Decreto-Lei nº 9.295, de 27/05/46) 
 Finalmente, o arcabouço jurídico maior da profissão contábil reside nas prerrogativas, exclusivas para a
realização dos serviços inerentes ao exercício da profissão, assim temos: 
AS PRERROGATIVAS - Art. 25 - São considerados trabalhos técnicos de contabilidade: 
a) organização e execução de serviços de contabilidade em geral; 
b) escrituração dos livros de contabilidade obrigatórios, bem como de todos os necessários no conjunto da organização
contábil e levantamento dos respectivos balanços e demonstrações; 
c) perícias judiciais ou extrajudiciais, revisão de balanços e de contas em geral, verificação de haveres, revisão
permanente ou periódica de escritas, regulações judiciais ou extrajudiciais de avarias grossas ou comuns, assistência
aos Conselhos Fiscais de sociedade anônimas e quaisquer outras atribuições de natureza técnica conferidas por lei aos
profissionais de contabilidade. 
Art. 26 - Salvo direitos adquiridos "ex vi" do disposto no art. 2 º do Decreto nº 21.033, de 8 de fevereiro de 1932, as
atribuições definidas na alínea "c" do artigo anterior são privativas dos contadores diplomados. 
Institutos legais editados pelo Conselho Federal de Contabilidade complementam a orientação
necessária aos profissionais que militam na área. 
 A Resolução CFC nº 560, de 28/10/83, regulamenta o Artigo 25 do Decreto Lei nº 9.295/46, dispondo
sobre as prerrogativas profissionais, definindo-as em atribuições privativas dos contabilistas e atribuições
desenvolvidas em atividades compartilhadas. Consiste em divisor de águas na definição das atividades e serviços da
área de formação profissional. 
 A Resolução CFC nº 290, de 04/09/70, Código de Ética do Contabilista impõe a este as normas de conduta
ideal no exercício da profissão, fixando deveres e obrigações, em relação à classe e aos colegas, tipificando e prevendo
penas às infrações disciplinares. 
 As orientações para as atividades específicas dos profissionais de contabilidade, no desempenho de suas
prerrogativas, continuam e dentre estas destacamos: 
 
 A Resolução CFC nº 750/93 dispoe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade (PFC) e a
Resolução CFC nº 774/94 editou o Apêndice à Resolução sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade que
reconhece a Contabilidade como ciência social: - "A Contabilidade possui objeto próprio - o Patrimônio das Entidades -
e consiste em conhecimentos obtidos por metodologia racional, com as condições de generalidade, certeza e busca das
causas, em nível qualitativo semelhante às demais ciências sociais. A Resolução alicerça-se na premissa de que a
Contabilidde é uma ciência social com plena fundamentação epistemológica. Por consequência, todas as demais
classificações - método, conjunto de procedimentos, técnica, sistema, arte, para citarmos as mais correntes - referem-se
a simples facetas ou aspectos da Contabilidade, usualmente concernentes à sua aplicação prática, na solução de
questões concretas." 
 A Resolução CFC nº 563/83 editou a NBC-T-2, sobre a escrituração contábil, e encontramos no capítulo
2.1 Das Formalidades da Escrituração Contábil em seu inciso 2.1.5 reza que "O Diário e o Razão constituem os registro
permanentes da entidade" e no inciso 2.1.5.4 - "Os registros permanentes e auxiliares previstos nesta Norma serão
registrados no Registro Público competente". 
 A Resolução CFC nº 686/90 aprovou a NBC-T-3 - Conceito, Conteúdo, Estrutura e Nomenclatura das
Demonstrações Contábeis - que no inciso 3.1.3 das Disposições Gerais reza "As demonstrações contábeis observarão
os Princípios Fundamentais de Contabilidade aprovados pelo Conselho Federal de Contabilidade". 
 Assim, as obrigações e as prerrogativas dos contabilistas, origem da questão acima, resumem-se em "A
Contabilidade deve ser regular e sincera, deve espelhar uma imagem fiel. 'As contas anuais devem dar uma imagem fiel
do patrimônio, assim como do resultado da sociedade' (art. 2 da IV Diretiva da CCE). Isso só será possível quando
rigorosamente forem observados os Princípios Fundamentais de Contabilidade e suas Normas" (Ynel Alves de
Carvalho, Obrigatoriedade ou não da Escrituração Comercial - página 70 da RBC).A ESCRITURAÇÃO MERCANTIL COMO PROVA JUDICIAL
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
(Decreto-lei nº 4.657, de 04 /09/1942) 
DA FORMA DOS ATOS JURÍDICOS E DA SUA PROVA - Art. 131 - As declarações constantes do documentos
assinados presumem-se verdadeiras em relação aos signatários. 
Parágrafo único - Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais, ou com a legitimidade das partes, as
declarações enunciativas não eximem os interessados em sua veracidade do ônus de prová-las. 
Art. 385 - A cópia de documento particular tem o mesmo valor probante que o original, cabendo ao escrivão, intimadas
as partes, proceder à conferência e certificar a conformidade entre a cópia e o original. 
Art. 386 - O juiz apreciará livremente a fé que deva merecer o documento, quando em ponto substancial e sem ressalva
contiver entrelinha, emenda, borrão ou cancelamento. 
Art. 387 - Cessa a fé do documento, público ou particular, sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade. 
Parágrafo único - A falsidade consiste: 
I - em formar documento não verdadeiro: 
II - em alterar documento verdadeiro; 
Art. 390 - O indicante de falsidade tem lugar em qualquer tempo e grau de jurisdição, incumbindo à parte, contra quem
foi produzido o documento, suscitá-lo na contestação ou no prazo de dez (10) dias, contados da intimação da sua
juntada aos autos.
A PROVA DOCUMENTAL SEGUNDO A LEGISLAÇÃO COMERCIAL - Art. 23 - Os dois livros mencionados
no art. 11, que se acharem com as formalidades prescritas no art. 13, sem vício nem defeito, escriturados na forma
determinada no art. 14, e em perfeita harmonia uns com os outros, fazem prova plena: 
1 - contra as pessoas que deles forem proprietários, originariamente ou por sucessão; 
2 - contra comerciantes, com quem os proprietários, por si ou por seus antecessores. tiverem ou houverem tido
transações mercantis, se os assentos respectivos se referirem a documentos existentes que mostrem a natureza das
mesmas transações, e os proprietários provarem também por documento, que não foram omissos em dar em tempo
competente os avisos necessários, e que a parte contrária os recebeu; 
3 - contra pessoas não comerciantes, se os assentos forem comprovados por algum documento, que só por si não possa
fazer prova plena. 
Art. 24 - Fica entendido que os referidos livros não podem produzir prova alguma naqueles casos, em que este Código
exige que ela só possa fazer-se por instrumento público ou particular. 
Art. 25 - Ilide-se a fé nos mesmos livros, nos casos compreendidos no § 2º do art. 23, por documentos sem vício, por
onde se mostre que os assentos contestados são falsos ou menos exatos; e quanto aos casos compreendidos na
disposição no inciso 3 do mesmo artigo, por qualquer gênero de prova admitida em comércio. 
Art. 77 - Os assentos lançados nos livros de qualquer casa de comércio por guarda-livros ou caixeiros encarregados da
escrituração e contabilidade produzirão os mesmos efeitos como se fossem escriturados pelos próprios preponentes. 
Art. 78 - Os agentes de comércio sobreditos são responsáveis aos preponentes por todo e qualquer dano que causarem
por mal redação, negligência culpável, ou falta de exata e fiel execução das ordens e instruções, competindo até contra
eles ação criminal no caso de malversação. 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
(Lei nº 5.869 de 11/01/1.973)
DA PROVA DOCUMENTAL E DA FORÇA PROBANTE DOS DOCUMENTOS - Art. 364 - O documento público
faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o tabelião, ou o funcionário declarar que
ocorreram em sua presença. 
.............................................................................................................................. 
Art. 368 - As declarações constantes do documento particular, escrito e assinado, ou somente assinado, presumem-se
verdadeiras em relação ao signatário. 
Parágrafo único - Quando, todavia, contiver declaração de ciência, relativa a determinado fato, o documento particular
prova a declaração, mas não o fato declarado, competindo ao interessado em sua veracidade o ônus de provar o fato. 
Art. 371 - Reputa-se autor do documento particular: 
I - aquele, que o fez e o assinou; 
II - aquele, por conta de quem foi feito, estando assinado; 
III - aquele, que mandando compô-lo não o firmou, porque, conforme a experiência comum, não se costuma assinar,
como livros comerciais e assentos domésticos. 
Art. 372 - Compete à parte, contra quem foi produzido documento particular, alegado, no prazo estabelecido no art.
390, se lhe admite ou não a autenticidade da assinatura e a veracidade do contexto; presumindo-se, com o silêncio, que
o tem por verdadeiro. 
Parágrafo único - Cessa, todavia, a eficácia da admissão espressa ou tácita, se o documento houver sido obtido por erro,
dolo ou coação. 
Art. 373 - Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo anterior, o documento particular, de cuja autenticidade se
não duvida, prova que o seu autor fez a declaração que lhe e atribuída. 
Parágrafo único - O documento particular, admitido expressa ou tacitamente, é indivisível, sendo defeso a parte, que
pretende utilizar-se dele, aceitar os fatos que lhe são favoráveis e recusar os que são contrários ao seu interesse, salvo se
provar que estes se não verificam. 
Art. 377 - A nota escrita pelo credor em qualquer parte de documento representativo de obrigação , ainda que não
assinada, faz prova em benefício do devedor. 
Art. 378 - Os livros comerciais provam contra o seu autor. É lícito ao comerciante, que todavia, demonstrar, por todos
os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos. 
Art. 379 - Os livros comerciais, que preencham os requisitos exigidos por lei, provam também a favor do seu autor no
litígio entre comerciantes. 
Art. 380 - A escrituração contábil é indivisível: se dos fatos que resultam dos lançamentos, uns são favoráveis ao
interesse de seu autor e outros lhe são contrários, ambos serão considerados em conjunto como unidade. 
Art. 381 - O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição integral dos livros comerciais e dos documentos do
arquivo: 
I- na liquidação de sociedade; 
II.- na sucessão por morte do sócio; 
III- quando e como determinar a lei. 
Art. 382 - O juiz, de ofício, ordenará parte a exibição parcial dos livros e documentos, extraindo-se deles a suma que
interessar ao litígio, bem como reproduções autenticadas.
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
(Lei nº 8.078, de 11/09/1990) 
Os contabilistas que constantemente defendem, em interesse próprio, a dispensa da escrituração
contábil devem ater-se um pouco mais nas consequências advindas desta interpretação e os possíveis prejuízos a que
poderão incorrer os seus clientes em função de multas fiscais aplicadas, operações financeiras não aprovadas pela falta
do Balanço Patrimonial ou, pior ainda, o Balanço Patrimonial emitido sem base pela falta de escrituração. Destacamos,
a seguir, aspectos normativos relacionados com a prestação de serviços contábeis que devem merecer atenção especial
dos contabilistas, aqueles que nos referimos, quanto aos direitos básicos do Consumidor: 
O CONSUMIDOR E SEUS DIREITOS - Art. 6º - São direitos básicos do consumidor: 
.............................................................................................................................. 
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação, correta de quantidade,
características, composição, qualidade e preço, bem como os riscos que apresentem; 
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como
práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; 
DA RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO OU DE SERVIÇO - Art. 14 - O fornecedor de serviçosresponde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
Parágrafo 1º - O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se
em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: 
I- o modo de seu fornecimento; 
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
III - a época em que foi fornecido. 
Parágrafo 2º - O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. 
Parágrafo 3º - O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: 
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; 
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
Parágrafo 4º - A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. 
Art. 20 - O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes
diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou
mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
I - a reexcução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; 
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; 
III - o abatimento proporcional do preço. 
Parágrafo 1º - A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do
fornecedor. 
Parágrafo 2º - São impróprios os serviços que se mostrem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de
prestabilidade. 
Art. 23 - A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime
de responsabilidade. 
Art. 24 - A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a exoneração
contratual do fornecedor. 
Art. 25 - É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar
nesta e nas Seções anteriores. 
§ 1º - Havendo mais de um responsável pela acusação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação
prevista nesta e nas Seções anteriores. 
DAS PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS - Art. 39 - É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços; 
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviços, bem como, sem
justa causa, a limites quantitativos; 
V - Prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou
condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços; 
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as
decorrentes de práticas anteriores entre as partes; 
Art. 40 - O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da
mão-de-obra, dos materais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de
início e término dos serviços. 
Parágrafo 1º - Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de 10 (dez) dias, contados de seu
recebimento pelo consumidor. 
DA PROTEÇÃO CONTRATUAL - Art. 46 - Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os
consumidores se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se respectivos
instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance. 
Art. 47 - As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor. 
CRIMES
É de todo conveniente lembrar aos nossos profissionais de contabilidade, que apesar de todas as
recomendações, continuam defendendo a hipotética dispensa da escrituração contábil, que a sua responsabilidade não
cessa apenas no preenchimento de guias para recolhimento de tributos; as empresas comerciais necessitam, dentre
outros demonstrativos, do balanço patrimonial ou balancete para concretizar operações de aporte de recursos com as
entidades financeiras. 
 O balanço patrimonial é uma peça importante para análise qualitativa e quantitativa do patrimônio da
empresa e, quando necessário, deve ser encaminhado para a entidade solicitante. Não havendo escrituração contábil não
há como satisfazer esta exigência. Alguns contabilistas tem usado de recursos não recomendáveis, tais como, a
"montagem" do balanço sem base, ou seja, sem escrituração e inexistência do livro Diário. A utilização deste
expediente configura crime enquadrável no artigo 297 do Código Penal Brasileiro
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO 
(Decreto-lei nº 2.848, de 07/12/70-, atualizado pela Lei nº 7.251, de 19/11//84) 
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO - Art. 297 - Falsificar no todo ou em parte, documento público, ou
alterar documento público verdadeiro: 
Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e multa 
§ 1º - Se o agente é funcionário público e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. 
§ 2º - Para os efeitos, equipara-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou
transitável por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. 
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR - Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
particular ou alterar documento particular verdadeiro: 
Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa. 
FALSIDADE IDEOLÓGICA - Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia
constar, ou nele inserir ou fazer declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito,
criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de 1 a 3 anos, e multa, se o
documento é particular. 
USO DE DOCUMENTO FALSO - Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, que se refere
os arts. 297 a 302. 
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. 
SUPRESSÃO DE DOCUMENTO - Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou
em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor. 
Pena - reclusão de 2 a 6 anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de 1 a 5 anos, e multa se o documento é
particular.
NAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 
(Decreto-lei nº 3.688, de 03/10/1941) 
EXERCÍCIO ILEGAL DA PROFISSÃO OU ATIVIDADE - Art. 147 - Exercer profissão ou atividade econômica
ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que por lei está subordinado o seu exercício. 
Pena - prisão simples de 15 dias a 3 meses, ou multa de mil a 10 mil cruzeiros. (Lei nº 7.209, de 11/07/84 - multa).
NA LEGISLAÇÃO FALIMENTAR 
(Decreto-lei nº 7.661, de 21/06/1945) 
CRIMES FALIMENTARES - Art. 186 - Será punido o devedor com detenção, de seis meses a três anos, quando
concorrer com a falência alguns dos seguintes fatos: 
VI - inexistência dos livros obrigatórios ou sua escrituração atrasada, lacunasa, defeituosa ou confusa; 
VII - falta de apresentação do balanço, dentro de sessenta dias após a data fixada para o seu encerramento, a rubrica do
juiz sob cuja jurisdição estiver o seu estabelecimento principal. 
Art. 188 - Será punido o devedor com a mesma pena do artigo antecedente, quando com a falência concorrer algum dos
seguintes fatos: 
IV - falsificação material, no todo ou em parte, da escrituração obrigatória ou não, ou alteração da escrituração
verdadeira. 
VII - omissão, na escrituração obrigatória ou não, de lançamento que dela devia constar,ou lançamento falso ou
diverso do que nela devia ser feito; 
VIII - destruição, inutilização, ou supressão, total ou parcial, dos livros obrigatórios. 
Art. 187 - Será punido com reclusão por 1 (um) a 4 (quatro) anos, o devedor que, com o fim de criar ou assegurar
injusta vantagem para si ou para outrem, praticar antes ou depois da falência, algum ato fraudulento de que resulte ou
possa resultar prejuízo aos credores. 
Art. 189 - Será punido com reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos: 
II - quem que, por si ou interposta pessoa, ou por procurador, apresentar, na falência ou na concordata preventiva,
declarações ou reclamações falsas, ou juntar a elas títulos falsos ou simulados; 
III - o devedor que reconhecer como verdadeiros créditos falsos ou simulados; 
Art. 191 - Na falência das sociedades, os seus diretores, administradores, gerentes ou liquidantes são equiparados ao
devedor ou falido, para todos os efeitos penais previstos nesta Lei. 
Art. 193 - O Juiz, de ofício ou a requerimento do representante do Ministério Público, do síndico ou de qualquer credor,
pode decretar a prisão preventiva do falido e de outras pessoas sujeitas à penalidade estabelecida na presente Lei.
NA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 
(Decreto nº 982, DE 12/11/1993) 
CRIMES DE NATUREZA TRIBUTÁRIA E CONEXOS - Art. 1º - Os Auditores-Fiscais do Tesouro Nacional, no
exercício das atribuições de fiscalização, de lançamento ou de cobrança de tributos e contribuições devidos à Fazenda
Nacional, representarão, perante o Secretário da Receita Federal, com cópia para o titular da unidade administrativa em
que tenham exercício e para o Superintendente Regional da Receita Federal, sempre que apurem ilícitos que entenda
configurar: 
II - sonegação fiscal (art. 1º da lei nº 4.729, de 14/07/65) 
XXI - sonegação de papel ou objeto de valor probatório (art. 356 do CP) 
XXII - qualquer outro crime praticado em detrimento da Fazenda Nacional ou que concorra ou contribua para a sua
consumação. 
Art. 3º - qualificação completa (nome, endereço, cédula de identidade, CPF, profissão, relacionamento com empresa ou
com o acusado) das pessoas físicas responsáveis ou sob suspeita de envolvimento com o delito; 
§ 5º - Para efeito do disposto no inciso III, serão arroladas as pessoas que: 
a) tenham praticado o delito, possam tê-lo feito, ou que para ele tenham concorrido, mesmo que por intermédio de
pessoa indicada; 
b) tenham conhecimento do fato, ou que, em face do caso, deveriam tê-lo; 
c) direta ou indiretamente, participem do capital da pessoa jurídica junto à qual tenha sido apurado o ilícito, seus
administradores e os profissionais responsáveis pela escrituração contábil e fiscal ao tempo de sua prática; 
d) comprovadamente, ou por indícios veementes, administrem a empresa, de fato, ou exerçam a atividade econômica,
ainda que, formalmente, os atos e negócios aparentem ser realizados por terceiros;
NA LEI DE CUSTEIOS E BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 
(Lei nº 8.112, DE 24//07/91) 
CRIMES DE NATUREZA TRIBUTÁRIA NA PREVIDÊNCIA - Art. 95 - Constitui crime: 
b) deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa o montante das quantias descontadas
dos segurados e o das contribuições da empresa; 
c) omitir total ou parcialmente receita ou lucro auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores
de contribuições, descumprindo as normas legais pertinentes. 
i) inserir ou fazer inserir em documentos contábeis ou outros relacionados com as obrigações da empresa declaração
falsa ou diversa da que deveria constar, bem como omitir elementos exigidos pelas normas legais ou regulamentares
específicas.
NO CÓDIGO DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR 
(Lei nº 8.078, de 11/09/1990) 
CRIMES CONTRA O CONSUMIDOR - Art. 61 - Constituem crimes contra as relações de consumo previstas neste
Código, sem prejuízo do disposto no Código Penal e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos seguintes. 
Art. 66 - Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade,
segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços; 
Pena - Detenção de 3 (três) mes a 1 (um) ano e multa.
O PEQUENO COMERCIANTE
EFETIVA DISPENSA DA ESCRITURAÇÃO MERCANTIL 
O Decreto-lei nº 486, de 03 de março de 1969, regulamentado pelo Decreto nº 64.567, de
22/05/69, dispensa da escrituração mercantil o pequeno comerciante, definido à luz dos elementos;natureza e
peculiaridades da atividade; força de trabalho; capital e renda anual, como segue: 
O PEQUENO COMERCIANTE - Art.1º - Todo comerciante é obrigado a seguir ordem uniforme de escrituração,
mecanizada ou não, utilizando os livros e papéis adequados, cujo número e espécie ficam a seu critério. 
Parágrafo único - Fica dispensado desta obrigação o pequeno comerciante, tal como definido em regulamento, à vista
dos seguintes elementos, considerados isoladamente ou em conjunto: 
a) Natureza artesanal da atividade; 
b) Predominância do trabalho próprio e de familiares, ainda que organizada a atividade; 
c) Capital efetivamente empregado; 
d) Renda bruta anual; 
e) Condições peculiares da atividade, reveladoras da exiguidade do comércio exercido." 
PELO DECRETO nº 64.567, de 22/05/69 - Art.1º - Considera-se pequeno comerciante, para
os efeitos do parágrafo único do Art. 1º do Decreto-lei nº 486, de 03 de março de 1969, a pessoa natural inscrita no
Registro do Comércio: 
I - que exercer em um só estabelecimento atividade artesanal ou outra atividade em que predomine o seu próprio
trabalho ou de pessoas da família, respeitados os limites estabelecidos no inciso seguinte; 
II - que auferir receita bruta anual não superior a 100 (cem) vezes o maior salário mínimo mensal vigente e cujo capital
efetivamente empregado no negócio não ultrapassar a 20 (vinte) vezes o valor daquele salário mínimo. 
1º - Poderá o Ministro da Indústria e Comércio, "ex officio" ou mediante requerimento do interessado, incluir na
categoria de pequeno comerciante ou executante de atividade cujas condições peculiares recomende tal inclusão,
respeitados os critérios previstos neste artigo. 
2º - Decidida a inclusão a que se refere o parágrafo anterior, o interessado encerrará por termo, a escrituração dos livros
que mantiver, submetendo-os à autenticação do órgão competente de Registro do Comércio. 
3º - As obrigações decorrentes deste Decreto serão imediatamente exigíveis do pequeno comerciante que perder esta
qualidade, admitida, se for o caso, a reabertura de livros encerrados de acordo com o parágrafo anterior . 
A MICROEMPRESA 
OBRIGATORIEDADE DA ESCRITURAÇÃO CONTABIL 
A controvérsia na interpretação da Lei Nº 7.256/84 - Estatuto da Microempresa, instalada nos
conteúdos do artigo 4º "não se aplicam às microempresas às exigências e obrigações de natureza administrativa
decorrentes da legislação federal..."; do artigo 15 - "A microempresa está dispensada de escrituração, ficando obrigada
a manter arquivada a documentação relativa aos atos negociáveis que praticar ou em que intervier", combinados com o
artigo 186, inciso VI do Decreto-lei nº 7.661/45, Lei de Falências, motivaram entre os contabilistas a dúvida. 
O CRC-PE, em 21 de setembro de 1995, tecendo comentários sobre o artigo 18 da Lei nº
8.541/92, 
"A pessoa jurídica que optar pela tributação com base no lucro presumido deverá adotar os seguintes procedimentos: 
I - Escriturar os recebimentos ocorridos em cada mês, em livro caixa, exceto se mantiver a escrituração contábil, nos
termos da legislação comercial. 
Parágrafo único - A pessoa jurídica que não mantiver escrituração comercial ficará obrigada a realizar, no dia 1º de
janeiro do ano-calendário seguinte, levantamento patrimonial, a fim de elaborar o balanço de abertura e iniciar a
escrituração contábil", 
encaminhouofício ao SEBRAE observando, entre outras coisas, a obrigatoriedade da escrituração para as
microempresas: 
"O texto poderá induzir-nos à existência de entidades com fins lucrativos desobrigadas da escrituração comercial, o que
não espelha a verdade. Porém o mais grave é que se tem notícias de que muitos assim o entendem, e vêm-se limitando à
escrituração do livro-caixa, ignorando a escrituração comercial. E como ficarão essas empresas no caso de falência ou
concordata? 
E o caso das microempreas? quanto ao regime fiscal, no seu art.12 determina: 'As microempresas que deixarem de
preencher as condições para o seu enquadramento no regime desta Lei, ficarão sujeitas ao pagamento dos tributos
incidentes sobre o valor da receita que exceder o limite fixado no art. 2º desta Lei, bem como os fatos geradores que
vierem a ocorrer após os fatos ou situação que tiver motivado o desenquadramento'. Já no seu art. 15 diz: 'A micro
empresa está dispensada de escrituração (vetado), ficando obrigada a manter arquivada a documentação relativa aos
atos negociais que praticar ou intervier'. 
Observe-se a importância de se destacar que a legislação em nenhum momento excluiu a microempresa da FALÊNCIA
ou CONCORDATA. E, para esses casos, a ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL é imprescindível. 
É preciso, de uma vez por todas, entender que efetivamente existe 'nítida separação' entre ESCRITURAÇÃO
COMERCIAL (legislação comercial, princípios de contabilidade) e ESCRITURAÇÃO FISCAL (meio destinado a
alcançar resultado de interesse da tributação (arrecadação). 
O Ministério Público da União, pelo ofício nº 027/93-PJ, de 21 de junho de 1993, que abaixo
transcrevemos na íntegra, subscrito pelos Promotores de Justiça Gisela de Castro Chamoun e Antonio Marcos Dezan,
manifestou-se para o CRC-DF sobre a questão da "não existência de escrituração contábil" na microempresa: 
"Senhor Presidente, - Servimo-nos do presente para transmitir a V.Sª a preocupação da Promotoria de Massas Falidas
do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, no que diz respeito à orientação que vem sendo dada por
contabilistas credenciados nesse Conselho aos clientes deles quanto aos livros obrigatórios relativamente às
microempresas. 
É que grande parte das microempresas que têm a falência decretada não possui escrituração contábil comercial exigida
por lei (Livro Diário, Livro de Compras ou de Entrada de Mercadorias, Livro de Registro de Inventário, e, se houver
venda com prazo superior a trinta dias e for extraída duplicata mercantil, o Livro Registro de Duplicatas), sob a
alegação de que teria havido orientação 'do contador' dando conta de que as empresas da espécie estariam dispensadas
de qualquer escrituração, em vista da disposições do artigo 15, da Lei nº 7.256, de 27.11.84. 
De fato esteve prestando depoimento em Juízo o contabilista Sr. DIVINO JOSÉ PEREIRA, na falência de FARIA
MATERIAIS PARA CONSTRUÇÕES LTDA., o qual externou entendimento no sentido da desnecessidade da
existência de escrituração contábil para as microempresas (cópia em anexo). 
Na realidade, as microempresas se encontram dispensadas apenas da escrituração fiscal, não assim da contabilidade
comercial. Veja-se, a propósito, que o referido artigo 15 da Lei nº 7.256/84 encontra-se inserto no Capítulo IV, que
dispoe sobre o regime fiscal das microempresas. Nesse sentido é a jurisprudência 'As microempresas devem manter os
livros obrigatórios comerciais, embosa isentas dos livros fiscais.'(RT 630/89, 643/80, 647/296; RJTJESP 122/531). 
Como deve ser do conhecimento de V.Sª, a simples 'inexistência de livros obrigatórios, ou sua escrituração atrasada,
lacunosa ou confusa', tipifica o crime falimentar previsto no artigo 186, VI do Decreto-lei nº 7.661, de 21/06/45,
sujeitando o sócio-gerente da sociedade falida que se encontrar nessa situação ao respectivo processo criminal. 
Sendo assim, objetivando evitar responsabilização de técnicos filiados a esse Conselho por eventual orientação
equivocada, recomendamos seja expedida circular informando-os acerca do teor do presente ofício, no que pertine à
necessidade da escrituração comercial por parte das microempresas." 
O Advogado Pedro Luiz Castro, em seu parecer de 18/08/94, destinado ao SEBRAE/SP, baseia sua conclusão sobre o
assunto, em prejulgados dos Tribunais Brasileiros, pela obrigatoriedade da escrituração mercantil por se referir, o Art.
15 da Lei nº 7.256/84, somente à escrituração dos livros fiscais (Jornal dos Contabilistas CRCES, Nº 8, Dez/94). 
O artigo do Advogado Alberto Zacharias Toron (SP), contido no Jornal dos Contabilistas CRCES, supra citado, nos dá
conta que o Superior Tribunal de Justiça, em acordão unânime da 5ª turma reformou a decisão da 6ª Câmara do
Tribunal de Justiça de São Paulo, que em julgado relativo a habeas-corpus, reconheceu que "... a microempresa tem o
dever de manter o Livro Diário." ficando o entendimento de que "O que a lei facilita para as microempresas é o alívio
de formalismo burocrático, entre os quais não se pode compreender a dispensa do livro Diário." 
A reforma da decisão, acima tratada, pelo STJ consagra o entendimento que: "em se tratando de um microempresário e
ocorrendo para si a desobrigatoriedade de manter escrituração contábil (art. 15 da Lei nº 7.256/84), a denúncia que
descreve e imputa crime previsto no art. 186, VI, do Decreto lei nº 7.661/45, perde sua tipicidade, e o prosseguimento
da ação penal por tal fato constituí-se em constrangimento ilegal (RHC nº 451, j. em 20/06/90, D.J. 6/8/90, sec. I, pág.
7.345)" (sic); (grifo nosso). 
O entendimento do STJ em relação a desobrigatoriedade de manter escrituração contábil, baseado no art. 15 do Estatuto
da Microempresa, desconsidera que a dispensa de escrituração está contida no Capítulo relativo à normatização que
está sujeita a microempresa quanto ao Regime Fiscal e, acrescenta a palavra contábil, vetada pelo Poder Executivo
quando da sanção, promulgação e publicação da Lei nº 7.256/84, isto é, o acordão mudou o texto legal.
NOVA LEGISLAÇÃO PARA A MICROEMPRESA 
(Lei nº 8.864, de 28/03/94)
A Lei nº 8.864/94 estabelece normas relativas ao tratamento diferenciado e simplificado, nos campos administrativo,
fiscal, previdenciário, trabalhista, creditício e de desenvolvimento empresarial, aplicáveis às microempresas (ME) e
ainda criou a figura das empresas de pequeno porte (EPP), que não pode ser confundido com pequeno comerciante: 
O TRATAMENTO JURÍDICO DIFERENCIADO - Art. 1º - Fica assegurado às microempresas e às empresas de
pequeno porte tratamento jurídico simplificado e favorecido nos campos administrativo, tributário, trabalhista,
previdenciário e creditício, na conformidade do disposto nesta Lei.
A DEFINIÇÃO - Art. 2º - Para os efeitos desta Lei, consideram-se: 
I - microempresa, a pessoa jurídica e a firma individual que tiverem receita bruta anual igual ou inferior ao valor
nominal de duzentas e cincoenta mil UFIR, ou qualquer outro indicador de atualização monetária que venha a substituí-
la; 
II - empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica e a firma individual que, não enquadradas como microempresas,
tiverem receita bruta anual igual ou inferior a setecentas mil UFIR, ou qualquer outro indicador de atualização
monetária que venha a substituí-la. 
O REGIME TRIBUTÁRIO E FISCAL - Art. 11 - A escrituração da microempresa e da empresa de pequeno porte
será simplificada, nos termos a serem dispostos pelo Poder Executivo na regulamentação desta Lei. 
Conforme reportagem na Gazeta Mercantil, subscrita por Wladimir Gramacho, recentemente o Supremo Tribunal
Federal concedeu habeas corpus à microempresária Kaeterly Becker, anulando a sentença do Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul, que a condenou por crime falimentar, ou seja, escrituração contábil defeituosa ou atrasada

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