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decisão que extinguiu dissidio coletivo

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Superior Tribunal de Justiça
PETIÇÃO Nº 11.129 - DF (2015/0301745-7)
 
RELATORA : MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES
REQUERENTE : ASSOCIACAO NACIONAL DOS MEDICOS PERITOS DA 
PREVIDENCIA SOCIAL 
ADVOGADO : ANTÔNIO TORREÃO BRAZ FILHO 
REQUERIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS 
REQUERIDO : UNIÃO 
DECISÃO
Trata-se de Ação de Dissídio Coletivo de Greve, ajuizada pela 
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MÉDICOS PERITOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 
ANMP, com pedido de antecipação dos efeitos da tutela, em face do INSTITUTO 
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS e da UNIÃO.
Em preliminar, com fundamento no art. 5º, XXI, da Constituição Federal 
a requerente sustenta possuir legitimidade ativa para propor a presente ação, uma 
vez que se trata de entidade associativa de âmbito nacional, que congrega os 
servidores da carreira de Perícia Médica da Previdência Social, todos com vínculo 
estatutário com a UNIÃO e com o INSS.
Nesse diapasão, defende que "serão abrangidos por eventual título 
judicial favorável à pretensão aqui deduzida os servidores públicos federais da 
Carreira de Perícia Médica da Previdência Social que demonstrarem a titularidade do 
direito a ser executado" (fl. 2e), sendo, outrossim, desnecessária a juntada de lista 
definitiva dos beneficiários, embora referida relação seja juntada aos autos, pelo 
princípio da eventualidade.
Ainda em preliminar, alega que a presente ação é tempestiva, porquanto 
ajuizada no prazo de 30 (trinta) dias, previsto no art. 806 do CPC, a contar do 
ajuizamento da MC 25.103/DF.
Quanto à questão de fundo, a requerente traça o histórico de sua 
criação e de sua atuação, em prol dos Médicos Peritos da Previdência Social, 
narrando, outrossim, que:
"Nos últimos meses, a ANMP, diante do contexto de extrema 
precariedade vivenciado, há muito, no âmbito da Autarquia 
previdenciária, resultante de anos de descaso e de indiferença em 
relação aos seus servidores e às suas instalações físicas, intensificou 
as negociações coletivas com o Poder Executivo.
Durante as tratativas regulares com o objetivo de garantir um acordo 
acerca da melhoria das condições de trabalho dos Peritos Médicos 
Previdenciários, no entanto, a Administração Pública manteve-se 
omissa e indiferente.
Todos os pleitos apresentados pelos integrantes da Carreira foram 
completamente ignorados pelos representantes do Poder Executivo. 
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Após mais de 2 (dois) meses de tentativas de se alcançar um 
consenso regular e ordenado, as negociações coletivas foram 
frustradas por ato unilateral da Administração Pública, conforme será 
demonstrado" (fls. 4/5e).
A partir dessa premissa, afirma a requerente ser legítimo o movimento 
paredista deflagrado pelos integrantes da carreira de Perícia Médica da Previdência 
Social. Em suas próprias palavras:
"Ante a flagrante frustração dessas negociações pelos meios 
regulares e cordiais, os integrantes da Carreira de Perícia Médica da 
Previdência Social decidiram pela instauração de movimento 
paredista. Como se verifica da ata da Assembléia Geral Extraordinária 
(doc. 07), a maioria absoluta dos associados da ANMP deliberou, nos 
exatos moldes previstos no Estatuto Social vigente (doc. 06), pela 
deflagração de greve nacional por tempo indeterminado a partir do dia 
04 de setembro de 2015" (fl. 5e).
Assevera a requerente que, nada obstante o referido movimento grevista 
fosse legítimo, porquanto adimplidos todos os critérios definidos pelo Supremo 
Tribunal Federal:
"Após cerca de 2 (dois) meses da instauração do movimento 
paredista, que, conforme será demonstrado, foi caracterizado pela 
plena regularidade desde a sua deflagração até o presente momento, 
o Poder Público, de forma completamente arbitrária, efetivou 
descontos remuneratórios contra os servidores grevistas.
Em parcela única, a Administração suprimiu o valor relativo a todos os 
dias parados das folhas de pagamento referentes ao mês de setembro 
de 2015 (docs. 15 e 16) dos Peritos Médicos Previdenciários que 
aderiram à greve.
A Administração Pública, sem notificar os servidores e sem instaurar 
procedimento administrativo prévio, nem tampouco editar qualquer ato 
administrativo, determinou a supressão de parcelas de natureza 
alimentar em flagrante violação a diversos preceitos constitucionais e 
infraconstitucionais, como o art. 5º, LIV e LV, da Constituição da 
República e o art. 46, §1º, da Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 
1990" (fl. 5e).
Objetivando impedir a realização dos referidos descontos, fora ajuizada 
a Medida Cautelar 25.103/DF, na qual foi deferida liminar, determinando, aos ora 
requeridos que se abstivessem de promover quaisquer descontos nos vencimentos 
dos Médicos Peritos da Previdência Social, em face dos dias não trabalhados, 
durante o movimento paredista em tela, liminar que, todavia, estaria sendo 
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descumprida.
Narra a requerente, ainda, que:
"(...) a Autarquia editou, no dia 11 de novembro de 2015, o 
Memorando-Circular n. 21/DGP/INSS (doc. 20), que determina sejam 
realizadas as avaliações de desempenho dos servidores a partir da 
aferição dos indicadores em relação ao interregno entre maio e 
outubro de 2015, período sensivelmente afetado pelo movimento 
grevista.
Essa conduta demonstra que, somado ao desconto dos dias não 
trabalhados, o INSS sinaliza aplicar sanções diversas aos grevistas, 
em flagrante desconformidade com a pacífica jurisprudência pátria 
acerca do exercício do direito constitucional ora vindicado. Isso 
porque, ao avaliar os indicadores durante o período de paralisação, a 
Autarquia potencializará os reflexos prejudiciais do movimento" (fl. 6e).
Daí alegar a requerente que, diante de tais fatos:
"(...) torna-se imperiosa a atuação deste Superior Tribunal de Justiça 
na hipótese vertente para reconhecer a legalidade do movimento 
paredista e para, consequentemente, garantir o pleno exercício do 
direito constitucional de greve, de sorte a impedir a aplicação de 
sanções de qualquer natureza aos servidores que aderiram à 
paralisação" (fl. 6e).
Fazendo remissão ao julgamento dos Mandados de Injunção 670, 708 e 
712, julgados pelo Supremo Tribunal Federal, aduz que os pressupostos de 
legalidade do movimento paredista em tela encontram-se preenchidos, a saber: (i) 
frustração das negociações coletivas entre os representantes da carreira e da 
Administração Pública; (ii) notificação regular das autoridades responsáveis, com 72 
(setenta e duas) horas de antecedência mínima, em relação à deflagração da greve; 
(iii) manutenção de contingente mínimo de trabalho, apto a garantir a prestação dos 
serviços considerados essenciais.
Diante do alegado cumprimento de tais requisitos, a demonstrar que "a 
paralisação deflagrada pelos servidores consubstancia nítido exercício do direito 
fundamental de greve assegurado expressamente na Constituição da República (art. 
9º e art. 37, VII)" (fl. 14e), afirma a requerente a impossibilidade de a Administração 
impor quaisquer medidas prejudiciais aos servidores que aderiram à greve, em 
especial o desconto dos dias não trabalhados.
Nesse sentido, argumenta que:
"(...) qualquer conduta tendente a frustrar o movimento paredista é 
vedada pelo art. 6º da Lei de Greve . Esse raciocínio deve ser adotado 
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no caso concreto.
Não se pode admitir que, em razão de a Constituição da República 
reservar à lei específica a regulamentação do exercício de greve, o 
servidor público abra mão dos vencimentos que lhe garantem a 
sobrevivência. Esse comportamento afrontariaa dignidade da pessoa 
humana e os valores sociais do trabalho, princípios basilares da 
República Federativa do Brasil previstos no art. 1º da Carta Magna.
Especificamente em relação ao objeto da presente ação cautelar, vale 
destacar que o desconto dos dias não trabalhados em decorrência de 
movimento paredista é objeto de Repercussão Geral (Tema n. 531) no 
Supremo Tribunal Federal. O julgamento do Recurso Extraordinário n. 
693.456/RJ foi iniciado no dia 2 de setembro de 2015. No entanto, a 
análise do leading case foi interrompida após pedido de vista 
formulado pelo Ministro ROBERTO BARROSO.
Embora não tenha sido concluído, o exame desse recurso já trouxe 
grandes avanços para a garantia de proteção plena ao exercício do 
direito de greve dos servidores públicos. Frise-se o parecer do 
Ministério Público Federal, que opina pelo desconto dos dias parados 
apenas na hipótese de abusividade e de ilegalidade do movimento. É 
o que se extrai da leitura de parte do relatório:
(...)
Na sessão plenária de julgamento do RE n. 693.456/RJ, o Ministro 
FACHIN considerou que o desconto dos dias não trabalhados em 
virtude de participação em movimento paredista representa nítida 
violação ao direito constitucional de greve. Apesar de não ter sido 
concluída a análise do recurso e não haver publicação oficial do 
acórdão de julgamento, mostra-se oportuna a transcrição de trecho da 
notícia retirada do sítio eletrônico do STF:
(...)
O voto mencionado é fundamentado em importantes argumentos que 
consolidam a correta compreensão acerca do atual estado da 
democracia brasileira.
Conforme destacado pelo referido Ministro, a permissão dos 
descontos imediatos no salário dos servidores públicos imputa os 
prejuízos da deflagração do movimento paredista apenas a estes, o 
que aniquila o direito de greve, garantia fundamental intrinsecamente 
vinculada à consolidação do Estado Democrático de Direito.
Nesse movimento de consolidação jurisprudencial sobre o 
reconhecimento do direito constitucional de greve, no dia 25 de 
setembro de 2015, foi proferida decisão (doc. 18) pelo mesmo Ministro 
FACHIN que deferiu o pedido de liminar formulado pelo Sindicato dos 
Servidores das Justiças Federais no Estado do Rio de Janeiro, 
SISEJUFE.
A decisão suspendeu a determinação do Conselho Nacional de Justiça 
que determinava a supressão remuneratória relativa aos dias não 
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trabalhados pelos servidores substituídos pela entidade em virtude de 
adesão a movimento paredista" (fls. 15/18e).
E ainda:
"Esse recente pronunciamento da Suprema Corte consigna que, assim 
como já demonstrado, a efetivação de supressões remuneratórias 
macula o exercício do direito fundamental de greve expressamente 
assegurado aos servidores públicos pelo texto constitucional (art. 37, 
VII).
Como relatado na exposição da síntese fática, além dos descontos 
referentes aos dias não trabalhados, a Administração sinaliza a 
aplicação de outros tipos de sanção.
Por meio do Memorando-Circular n. 21/DGP/INSS (doc. 20), o INSS 
determinou a imediata realização das avaliações de desempenho dos 
servidores a partir da aferição dos indicadores em relação ao ínterim 
entre maio e outubro de 2015, cujo período final (meses de setembro 
e outubro) foi sensivelmente afetado pela paralisação.
A verificação de indicadores, durante a vigência do movimento 
paredista, para fins de avaliação de desempenho e, 
consequentemente, de pagamento das gratificações, proporciona a 
amplificação dos reflexos prejudiciais da greve aos servidores.
Isso porque, como as mencionadas avaliações apresentam efeitos 
financeiros prospectivos, as consequências da greve na alteração dos 
indicadores afetarão os Peritos Médicos Previdenciários mesmo após 
o fim do movimento paredista.
O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que o exercício 
do direito constitucional de greve dos servidores públicos não pode 
lhes acarretar a aplicação de qualquer tipo de sanção. Nessa linha, 
colaciona-se dois julgados da Suprema Corte a respeito da verificação 
dos requisitos necessários à aprovação do servidor público durante a 
vigência do movimento paredista" (fl. 20e).
À luz desses argumentos, defende a requerente que os pressupostos 
para a concessão de antecipação dos efeitos da tutela encontram-se presentes, 
razão pela qual requer:
"2) seja concedida a antecipação da tutela, nos termos expostos no 
item VI, independentemente de audiência, para suspender a aplicação 
de sanções de qualquer natureza (financeiras, disciplinares, 
funcionais, etc.) contra os Peritos Médicos Previdenciários em virtude 
do regular exercício constitucional de greve"(fl. 25e).
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Por fim, além dos pedidos de praxe, requer a ANMP, no mérito, que:
"6) confirmada a antecipação de tutela, seja declarada a legalidade do 
movimento paredista e, por fim, impedida a aplicação de sanções de
qualquer natureza (financeiras, disciplinares, funcionais, etc.) contra 
os Peritos Médicos Previdenciários em virtude do regular exercício 
constitucional de greve;
7) sejam os Réus condenados à devolução dos valores eventualmente 
suprimidos dos servidores públicos ora substituídos, acrescidos de 
juros e correção monetária" (fls. 25/26e).
É o relatório.
Decido.
Como cediço, as competências originárias desta Corte encontram-se 
elencadas no art. 105, I, da Constituição Federal, in verbis:
"Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito 
Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores 
dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os 
membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, 
os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais 
Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de 
Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem 
perante tribunais;
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de 
Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da 
Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das 
pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal 
sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da 
Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da 
Justiça Eleitoral;
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o 
disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não 
vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da 
autoridade de suas decisões;
g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e 
judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e 
administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da 
União;
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h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma 
regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade 
federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de 
competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça 
Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça 
Federal;
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de 
exequatur às cartas rogatórias”.
Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Mandado de 
Injunção 708/DF, concluiupela necessidade de se fixar parâmetros de definição de 
competência, provisória e ampliativa, para a apreciação de dissídios de greve 
instaurados entre o Poder Público e os servidores com vínculo estatutário.
Nesse diapasão, o STF firmou entendimento no sentido de que, se 
provada que a paralisação é de âmbito nacional, ou abranja mais de uma Região da 
Justiça Federal, ou, ainda, compreenda mais de uma unidade da Federação, a 
competência para o julgamento de eventuais dissídios de greve será do Superior 
Tribunal de Justiça, aplicando-se analogicamente as disposições contidas nas 
Leis 7.701/88 e 7.783/89. Firmou o STF, igualmente, o entendimento de que, além 
das questões atinentes aos dissídios de greve em si – que permitem ampla dilação 
probatória –, os Tribunais, no âmbito de sua jurisdição, também são competentes 
para dirimir as controvérsias relativas ao pagamento dos dias não trabalhados, os 
interditos possessórios para a desocupação de dependências dos órgãos públicos 
eventualmente tomados por grevistas, as "medidas cautelares eventualmente 
incidentes relacionadas ao exercício do direito de greve dos servidores públicos civis, 
tais como aquelas nas quais se postule a preservação do objeto da querela judicial, 
qual seja, o percentual mínimo de trabalhadores que deve continuar trabalhando 
durante o movimento paredista, ou mesmo a proibição de qualquer tipo de 
paralisação", bem como as demais medidas cautelares que "apresentem conexão 
direta com o dissídio coletivo de greve", conforme se colhe da ementa do aludido 
julgado:
"MANDADO DE INJUNÇÃO. GARANTIA FUNDAMENTAL (CF, ART. 
5º, INCISO LXXI). DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES 
PÚBLICOS CIVIS (CF, ART. 37, INCISO VII). EVOLUÇÃO DO TEMA 
NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). 
DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE COMPETÊNCIA 
CONSTITUCIONAL PARA APRECIAÇÃO NO ÂMBITO DA JUSTIÇA 
FEDERAL E DA JUSTIÇA ESTADUAL ATÉ A EDIÇÃO DA 
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PERTINENTE, NOS TERMOS DO ART. 
37, VII, DA CF. EM OBSERVÂNCIA AOS DITAMES DA SEGURANÇA 
JURÍDICA E À EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL NA 
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INTERPRETAÇÃO DA OMISSÃO LEGISLATIVA SOBRE O DIREITO 
DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS, FIXAÇÃO DO 
PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS PARA QUE O CONGRESSO 
NACIONAL LEGISLE SOBRE A MATÉRIA. MANDADO DE 
INJUNÇÃO DEFERIDO PARA DETERMINAR A APLICAÇÃO DAS 
LEIS Nºs 7.701/1988 E 7.783/1989.
1. SINAIS DE EVOLUÇÃO DA GARANTIA FUNDAMENTAL DO 
MANDADO DE INJUNÇÃO NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL (STF).
1.1. No julgamento do MI nº 107/DF, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 
21.9.1990, o Plenário do STF consolidou entendimento que conferiu 
ao mandado de injunção os seguintes elementos operacionais: i) os 
direitos constitucionalmente garantidos por meio de mandado de 
injunção apresentam-se como direitos à expedição de um ato 
normativo, os quais, via de regra, não poderiam ser diretamente 
satisfeitos por meio de provimento jurisdicional do STF; ii) a decisão 
judicial que declara a existência de uma omissão inconstitucional 
constata, igualmente, a mora do órgão ou poder legiferante, insta-o a 
editar a norma requerida; iii) a omissão inconstitucional tanto pode 
referir-se a uma omissão total do legislador quanto a uma omissão 
parcial; iv) a decisão proferida em sede do controle abstrato de 
normas acerca da existência, ou não, de omissão é dotada de eficácia 
erga omnes , e não apresenta diferença significativa em relação a atos 
decisórios proferidos no contexto de mandado de injunção; iv) o STF 
possui competência constitucional para, na ação de mandado de 
injunção, determinar a suspensão de processos administrativos ou 
judiciais, com o intuito de assegurar ao interessado a possibilidade de 
ser contemplado por norma mais benéfica, ou que lhe assegure o 
direito constitucional invocado; v) por fim, esse plexo de poderes 
institucionais legitima que o STF determine a edição de outras 
medidas que garantam a posição do impetrante até a oportuna 
expedição de normas pelo legislador.
1.2. Apesar dos avanços proporcionados por essa construção 
jurisprudencial inicial, o STF flexibilizou a interpretação constitucional 
primeiramente fixada para conferir uma compreensão mais 
abrangente à garantia fundamental do mandado de injunção. A partir 
de uma série de precedentes, o Tribunal passou a admitir soluções 
'normativas' para a decisão judicial como alternativa legítima de tornar 
a proteção judicial efetiva (CF, art. 5º, XXXV). Precedentes: MI nº 283, 
Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 14.11.1991; MI nº 232/RJ, Rel. Min. 
Moreira Alves, DJ 27.3.1992; MI nº 284, Rel. Min. Marco Aurélio, Red. 
para o acórdão Min. Celso de Mello, DJ 26.6.1992; MI nº 543/DF, Rel. 
Min. Octavio Gallotti, DJ 24.5.2002; MI nº 679/DF, Rel. Min. Celso de 
Mello, DJ 17.12.2002; e MI nº 562/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 
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20.6.2003.
2. O MANDADO DE INJUNÇÃO E O DIREITO DE GREVE DOS 
SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS NA JURISPRUDÊNCIA DO STF.
2.1. O tema da existência, ou não, de omissão legislativa quanto à 
definição das possibilidades, condições e limites para o exercício do 
direito de greve por servidores públicos civis já foi, por diversas vezes, 
apreciado pelo STF. Em todas as oportunidades, esta Corte firmou o 
entendimento de que o objeto do mandado de injunção cingir-se-ia à 
declaração da existência, ou não, de mora legislativa para a edição de 
norma regulamentadora específica. Precedentes: MI nº 20/DF, Rel. 
Min. Celso de Mello, DJ 22.11.1996; MI nº 585/TO, Rel. Min. Ilmar 
Galvão, DJ 2.8.2002; e MI nº 485/MT, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 
23.8.2002.
2.2. Em alguns precedentes(em especial, no voto do Min. Carlos 
Velloso, proferido no julgamento do MI nº 631/MS, Rel. Min. Ilmar 
Galvão, DJ 2.8.2002), aventou-se a possibilidade de aplicação aos 
servidores públicos civis da lei que disciplina os movimentos grevistas 
no âmbito do setor privado (Lei nº 7.783/1989).
3. DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS. 
HIPÓTESE DE OMISSÃO LEGISLATIVA INCONSTITUCIONAL. 
MORA JUDICIAL, POR DIVERSAS VEZES, DECLARADA PELO 
PLENÁRIO DO STF. RISCOS DE CONSOLIDAÇÃO DE TÍPICA 
OMISSÃO JUDICIAL QUANTO À MATÉRIA. A EXPERIÊNCIA DO 
DIREITO COMPARADO. LEGITIMIDADE DE ADOÇÃO DE 
ALTERNATIVAS NORMATIVAS E INSTITUCIONAIS DE 
SUPERAÇÃO DA SITUAÇÃO DE OMISSÃO.
3.1. A permanência da situação de não-regulamentação do direito de 
greve dos servidores públicos civis contribui para a ampliação da 
regularidade das instituições de um Estado democrático de Direito 
(CF, art. 1º). Além de o tema envolver uma série de questões 
estratégicas e orçamentárias diretamente relacionadas aos serviços 
públicos, a ausência de parâmetros jurídicos de controle dos abusos 
cometidos na deflagração desse tipo específico de movimento grevista 
tem favorecido que o legítimo exercício de direitos constitucionais seja 
afastado por uma verdadeira 'lei da selva'.
3.2. Apesar das modificações implementadas pela Emenda 
Constitucional nº 19/1998 quanto à modificação da reserva legal de lei 
complementar para a de lei ordinária específica (CF, art. 37, VII), 
observa-se que o direito de greve dos servidores públicos civis 
continua sem receber tratamento legislativo minimamente satisfatório 
para garantir o exercício dessa prerrogativa em consonância com 
imperativos constitucionais.
3.3. Tendo em vista as imperiosas balizas jurídico-políticas que 
demandam a concretização do direito de greve a todos os 
trabalhadores, o STF não pode se abster de reconhecer que, assim 
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como o controlejudicial deve incidir sobre a atividade do legislador, é 
possível que a Corte Constitucional atue também nos casos de 
inatividade ou omissão do Legislativo.
3.4. A mora legislativa em questão já foi, por diversas vezes, 
declarada na ordem constitucional brasileira. Por esse motivo, a 
permanência dessa situação de ausência de regulamentação do 
direito de greve dos servidores públicos civis passa a invocar, para si, 
os riscos de consolidação de uma típica omissão judicial.
3.5. Na experiência do direito comparado (em especial, na Alemanha e 
na Itália), admite-se que o Poder Judiciário adote medidas normativas 
como alternativa legítima de superação de omissões inconstitucionais, 
sem que a proteção judicial efetiva a direitos fundamentais se 
configure como ofensa ao modelo de separação de poderes (CF, art. 
2º).
4. DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS. 
REGULAMENTAÇÃO DA LEI DE GREVE DOS TRABALHADORES 
EM GERAL (LEI Nº 7.783/1989). FIXAÇÃO DE PARÂMETROS DE 
CONTROLE JUDICIAL DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE 
PELO LEGISLADOR INFRACONSTITUCIONAL.
4.1. A disciplina do direito de greve para os trabalhadores em geral, 
quanto às 'atividades essenciais', é especificamente delineada nos 
arts. 9º a 11 da Lei nº 7.783/1989. Na hipótese de aplicação dessa 
legislação geral ao caso específico do direito de greve dos servidores 
públicos, antes de tudo, afigura-se inegável o conflito existente entre 
as necessidades mínimas de legislação para o exercício do direito de 
greve dos servidores públicos civis (CF, art. 9º, caput , c/c art. 37, VII), 
de um lado, e o direito a serviços públicos adequados e prestados de 
forma contínua a todos os cidadãos (CF, art. 9º, §1º), de outro. 
Evidentemente, não se outorgaria ao legislador qualquer poder 
discricionário quanto à edição, ou não, da lei disciplinadora do direito 
de greve. O legislador poderia adotar um modelo mais ou menos 
rígido, mais ou menos restritivo do direito de greve no âmbito do 
serviço público, mas não poderia deixar de reconhecer direito 
previamente definido pelo texto da Constituição. Considerada a 
evolução jurisprudencial do tema perante o STF, em sede do mandado 
de injunção, não se pode atribuir amplamente ao legislador a última 
palavra acerca da concessão, ou não, do direito de greve dos 
servidores públicos civis, sob pena de se esvaziar direito fundamental 
positivado. Tal premissa, contudo, não impede que, futuramente, o 
legislador infraconstitucional confira novos contornos acerca da 
adequada configuração da disciplina desse direito constitucional.
4.2 Considerada a omissão legislativa alegada na espécie, seria o 
caso de se acolher a pretensão, tão-somente no sentido de que se 
aplique a Lei nº 7.783/1989 enquanto a omissão não for devidamente 
regulamentada por lei específica para os servidores públicos civis (CF, 
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art. 37, VII).
4.3 Em razão dos imperativos da continuidade dos serviços públicos, 
contudo, não se pode afastar que, de acordo com as peculiaridades 
de cada caso concreto e mediante solicitação de entidade ou órgão 
legítimo, seja facultado ao tribunal competente impor a observância a 
regime de greve mais severo em razão de tratar-se de 'serviços ou 
atividades essenciais', nos termos do regime fixado pelos arts. 9º a 11 
da Lei nº 7.783/1989. Isso ocorre porque não se pode deixar de 
cogitar dos riscos decorrentes das possibilidades de que a regulação 
dos serviços públicos que tenham características afins a esses 
'serviços ou atividades essenciais' seja menos severa que a disciplina 
dispensada aos serviços privados ditos 'essenciais'.
4.4. O sistema de judicialização do direito de greve dos servidores 
públicos civis está aberto para que outras atividades sejam 
submetidas a idêntico regime. Pela complexidade e variedade dos 
serviços públicos e atividades estratégicas típicas do Estado, há outros 
serviços públicos, cuja essencialidade não está contemplada pelo rol 
dos arts. 9º a 11 da Lei nº 7.783/1989. Para os fins desta decisão, a 
enunciação do regime fixado pelos arts. 9º a 11 da Lei nº 7.783/1989 é 
apenas exemplificativa (numerus apertus ).
5. O PROCESSAMENTO E O JULGAMENTO DE EVENTUAIS 
DISSÍDIOS DE GREVE QUE ENVOLVAM SERVIDORES PÚBLICOS 
CIVIS DEVEM OBEDECER AO MODELO DE COMPETÊNCIAS E 
ATRIBUIÇÕES APLICÁVEL AOS TRABALHADORES EM GERAL 
(CELETISTAS), NOS TERMOS DA REGULAMENTAÇÃO DA LEI Nº 
7.783/1989. A APLICAÇÃO COMPLEMENTAR DA LEI Nº 7.701/1988 
VISA À JUDICIALIZAÇÃO DOS CONFLITOS QUE ENVOLVAM OS 
SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS NO CONTEXTO DO 
ATENDIMENTO DE ATIVIDADES RELACIONADAS A 
NECESSIDADES INADIÁVEIS DA COMUNIDADE QUE, SE NÃO 
ATENDIDAS, COLOQUEM 'EM PERIGO IMINENTE A 
SOBREVIVÊNCIA, A SAÚDE OU A SEGURANÇA DA POPULAÇÃO' 
(LEI Nº 7.783/1989, PARÁGRAFO ÚNICO, ART. 11).
5.1. Pendência do julgamento de mérito da ADI nº 3.395/DF, Rel. Min. 
Cezar Peluso, na qual se discute a competência constitucional para a 
apreciação das 'ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os 
entes de direito público externo e da administração pública direta e 
indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios' 
(CF, art. 114, I, na redação conferida pela EC nº 45/2004).
5.2. Diante da singularidade do debate constitucional do direito de 
greve dos servidores públicos civis, sob pena de injustificada e 
inadmissível negativa de prestação jurisdicional nos âmbitos federal, 
estadual e municipal, devem-se fixar também os parâmetros 
institucionais e constitucionais de definição de competência, provisória 
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e ampliativa, para a apreciação de dissídios de greve instaurados 
entre o Poder Público e os servidores públicos civis.
5.3. No plano procedimental, afigura-se recomendável aplicar ao caso 
concreto a disciplina da Lei nº 7.701/1988 (que versa sobre 
especialização das turmas dos Tribunais do Trabalho em processos 
coletivos), no que tange à competência para apreciar e julgar 
eventuais conflitos judiciais referentes à greve de servidores públicos 
que sejam suscitados até o momento de colmatação legislativa 
específica da lacuna ora declarada, nos termos do inciso VII do art. 37 
da CF.
5.4. A adequação e a necessidade da definição dessas questões de 
organização e procedimento dizem respeito a elementos de fixação de 
competência constitucional de modo a assegurar, a um só tempo, a 
possibilidade e, sobretudo, os limites ao exercício do direito 
constitucional de greve dos servidores públicos, e a continuidade na 
prestação dos serviços públicos. Ao adotar essa medida, este Tribunal 
passa a assegurar o direito de greve constitucionalmente garantido no 
art. 37, VII, da Constituição Federal, sem desconsiderar a garantia da 
continuidade de prestação de serviços públicos - um elemento 
fundamental para a preservação do interesse público em áreas que 
são extremamente demandadas pela sociedade.
6. DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE COMPETÊNCIA 
CONSTITUCIONAL PARA APRECIAÇÃO DO TEMA NO ÂMBITO DA 
JUSTIÇA FEDERAL E DA JUSTIÇA ESTADUAL ATÉ A EDIÇÃO DA 
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PERTINENTE, NOS TERMOS DO ART. 
37, VII, DA CF. FIXAÇÃO DO PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS 
PARA QUE O CONGRESSO NACIONAL LEGISLE SOBRE A 
MATÉRIA. MANDADO DE INJUNÇÃO DEFERIDO PARA 
DETERMINAR A APLICAÇÃO DAS LEIS Nºs 7.701/1988 E 
7.783/1989.
6.1. Aplicabilidade aos servidores públicos civis da Lei nº 7.783/1989, 
sem prejuízo de que, diante do caso concreto e mediante solicitação 
de entidade ou órgão legítimo, seja facultado ao juízo competente a 
fixação de regime de greve mais severo, em razão de tratarem de 
'serviços ou atividades essenciais' (Lei nº 7.783/1989, arts. 9º a 11).
6.2. Nessa extensão do deferimentodo mandado de injunção, 
aplicação da Lei nº 7.701/1988, no que tange à competência para 
apreciar e julgar eventuais conflitos judiciais referentes à greve de 
servidores públicos que sejam suscitados até o momento de 
colmatação legislativa específica da lacuna ora declarada, nos termos 
do inciso VII do art. 37 da CF.
6.3. Até a devida disciplina legislativa, devem-se definir as 
situações provisórias de competência constitucional para a 
apreciação desses dissídios no contexto nacional, regional, 
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estadual e municipal. Assim, nas condições acima especificadas, 
se a paralisação for de âmbito nacional, ou abranger mais de uma 
região da justiça federal, ou ainda, compreender mais de uma 
unidade da federação, a competência para o dissídio de greve 
será do Superior Tribunal de Justiça (por aplicação analógica do 
art. 2º, I, 'a', da Lei nº 7.701/1988). Ainda no âmbito federal, se a 
controvérsia estiver adstrita a uma única região da justiça federal, a 
competência será dos Tribunais Regionais Federais (aplicação 
analógica do art. 6º da Lei nº 7.701/1988). Para o caso da jurisdição 
no contexto estadual ou municipal, se a controvérsia estiver adstrita a 
uma unidade da federação, a competência será do respectivo Tribunal 
de Justiça (também por aplicação analógica do art. 6º da Lei nº 
7.701/1988). As greves de âmbito local ou municipal serão dirimidas 
pelo Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal com jurisdição 
sobre o local da paralisação, conforme se trate de greve de servidores 
municipais, estaduais ou federais.
6.4. Considerados os parâmetros acima delineados, a par da 
competência para o dissídio de greve em si, no qual se discuta a 
abusividade, ou não, da greve, os referidos tribunais, nos âmbitos 
de sua jurisdição, serão competentes para decidir acerca do 
mérito do pagamento, ou não, dos dias de paralisação em 
consonância com a excepcionalidade de que esse juízo se 
reveste. Nesse contexto, nos termos do art. 7º da Lei nº 7.783/1989, a 
deflagração da greve, em princípio, corresponde à suspensão do 
contrato de trabalho. Como regra geral, portanto, os salários dos dias 
de paralisação não deverão ser pagos, salvo no caso em que a greve 
tenha sido provocada justamente por atraso no pagamento aos 
servidores públicos civis, ou por outras situações excepcionais que 
justifiquem o afastamento da premissa da suspensão do contrato de 
trabalho (art. 7º da Lei nº 7.783/1989, in fine).
6.5. Os tribunais mencionados também serão competentes para 
apreciar e julgar medidas cautelares eventualmente incidentes 
relacionadas ao exercício do direito de greve dos servidores 
públicos civis, tais como: i) aquelas nas quais se postule a 
preservação do objeto da querela judicial, qual seja, o percentual 
mínimo de servidores públicos que deve continuar trabalhando 
durante o movimento paredista, ou mesmo a proibição de 
qualquer tipo de paralisação; ii) os interditos possessórios para a 
desocupação de dependências dos órgãos públicos 
eventualmente tomados por grevistas; e iii) as demais medidas 
cautelares que apresentem conexão direta com o dissídio 
coletivo de greve.
6.6. Em razão da evolução jurisprudencial sobre o tema da 
interpretação da omissão legislativa do direito de greve dos servidores 
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públicos civis e em respeito aos ditames de segurança jurídica, fixa-se 
o prazo de 60 (sessenta) dias para que o Congresso Nacional legisle 
sobre a matéria.
6.7. Mandado de injunção conhecido e, no mérito, deferido para, nos 
termos acima especificados, determinar a aplicação das Leis nºs 
7.701/1988 e 7.783/1989 aos conflitos e às ações judiciais que 
envolvam a interpretação do direito de greve dos servidores públicos 
civis" (STF, MI 708/DF, Rel. Ministro GILMAR MENDES, TRIBUNAL 
PLENO, DJe de 31/10/2008).
Também é certo que tal entendimento encontra ressonância na 
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, como se vê do seguinte julgado:
"PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSOS DE 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NA 
AÇÃO DE DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE. MULTA DIÁRIA POR 
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. PERDA 
SUPERVENIENTE DE OBJETO DO PLEITO PARA REALIZAÇÃO DE 
AUDIÊNCIA CONCILIATÓRIA. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE NO 
ACÓRDÃO QUE MANTEVE O VALOR DA MULTA DIÁRIA EM CEM 
MIL REAIS. NÚMERO DE TRABALHADORES PARA A MANTENÇA 
DA ESSENCIALIDADE DO SERVIÇO. APLICAÇÃO ANALÓGICA 
DOS ARTS. 9º, 10 E 11 DA LEI N. 7.783/89. COMPETÊNCIA DO STJ 
PARA JULGAR DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE NO SERVIÇO 
PÚBLICO DE ABRANGÊNCIA NACIONAL. MANDADO DE 
INJUNÇÃO N. 708/DF. TERMO A QUO DA MULTA DIÁRIA POR 
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. ART. 632 DO 
CPC.
1. É ressabido que os embargos de declaração são cabíveis quando o
provimento jurisdicional padece de omissão, contradição ou 
obscuridade, nos ditames do art. 535, I e II, do CPC, bem como para 
sanar a ocorrência de erro material.
2. No caso sub examine , os presentes embargos declaratórios 
merecem parcial acolhimento, apenas para esclarecer dois pontos, 
quais sejam: a perda superveniente de objeto quanto ao requerimento 
para realização de audiência de conciliação e a inexistência de 
nulidade no acórdão que manteve o valor da multa diária em R$ 
100.000,00 (cem mil reais).
3. O requerimento preliminar da ASIBAMA, para que seja realizada 
tentativa de conciliação, perdeu seu objeto, pois foi celebrado acordo 
entre os litigantes, com o fim de fossem estabelecidos critérios de 
compensação para os dias não trabalhados em razão da greve, bem 
como porque o movimento grevista foi extinto.
4. Não se verifica nulidade no acórdão que manteve o valor da multa 
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diária em R$ 100.000,00 (cem mil reais), ao julgar o agravo regimental 
interposto contra o deferimento da medida liminar, em razão desse 
julgado tão somente conter a ementa. Isso porque a Primeira Seção 
manteve, à unanimidade, a cominação das astreintes , sendo certo que 
as razões de decidir desta relatoria foram chanceladas pelo órgão 
colegiado. A decisão singular do relator foi mantida quanto aos 
fundamentos do cabimento da multa, ou seja, foi vencido 
parcialmente, tão somente quanto à majoração da multa. Dessarte, o 
relatório e os fundamentos do voto desta relatoria integram o voto 
vencedor na parte na qual não discrepam entre si.
5. A definição do número de trabalhadores para a mantença da 
continuidade dos serviços essenciais deve ser realizada à luz dos arts. 
9º, 10 e 11 da Lei n. 7.783/89, aplicável à greve no serviço público por 
analogia.
6. A questão da competência do STJ para julgar dissídio coletivo 
de greve de abrangência nacional foi exposta no bojo do voto do 
agravo regimental, que consigna o seguinte, ipsis litteris : "[p]rima 
facie , consoante a orientação delineada pelo egrégio Supremo 
Tribunal Federal ' [...] se a paralisação for de âmbito nacional, ou 
abranger mais de uma região da justiça federal, ou ainda, 
compreender mais de uma unidade da federação, a competência 
para o dissídio de greve será do Superior Tribunal de Justiça (por 
aplicação analógica do art. 2o, I, "a", da Lei no 7.701/1988)' (MI 
708/DF, Relator Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJ de 31 
de outubro de 2008)".
7. O art. 632 do CPC é claro ao definir o termo a quo da multa diária 
por descumprimento de obrigação de fazer.
8. Ambos os recursos de embargos de declaração parcialmente 
acolhidos" (STJ, EDcl no AgRg na Pet 7.883/DF, Rel. Ministro 
BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe de 29/05/2012).
In casu, há,nos presentes autos e na MC 25.103/DF, documentos que 
demonstram a natureza nacional do movimento paredista em tela, razão pela qual 
resta configurada a competência desta Corte para o conhecimento da presente Ação 
de Dissídio Coletivo de Greve.
Por sua vez, a presente ação é tempestiva, uma vez que foi ajuizada em 
20/11/2015 (fl. 1e), dentro do prazo de 30 (trinta) dias, contados do ajuizamento da 
MC 25.103/DF (realizado em 23/10/2015), conforme previsto no art. 806 do CPC.
Assim, passo ao exame da questão da legitimidade ativa ad causam da 
ANMP.
Extrai-se do acórdão do MI 708/DF que o STF não fixou, de forma 
expressa, quais seriam as entidades com legitimidade para propor os dissídios de 
greve, bem como os interditos possessórios ou as medidas cautelares a eles 
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conexas, limitando-se a determinar a aplicação analógica das disposições contidas na 
Lei 7.783/89, que assim dispõe:
"Art. 3º Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de 
recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho.
Parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os 
empregadores diretamente interessados serão notificados, com 
antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação.
Art. 4º Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na 
forma do seu estatuto, assembléia geral que definirá as reivindicações 
da categoria e deliberará sobre a paralisação coletiva da prestação de 
serviços.
§ 1º O estatuto da entidade sindical deverá prever as formalidades 
de convocação e o quorum para a deliberação, tanto da deflagração 
quanto da cessação da greve.
§ 2º Na falta de entidade sindical, a assembléia geral dos 
trabalhadores interessados deliberará para os fins previstos no 
'caput', constituindo comissão de negociação.
Art. 5º A entidade sindical ou comissão especialmente eleita 
representará os interesses dos trabalhadores nas negociações ou na 
Justiça do Trabalho.
(...)
Art. 8º A Justiça do Trabalho, por iniciativa de qualquer das partes 
ou do Ministério Público do Trabalho, decidirá sobre a procedência, 
total ou parcial, ou improcedência das reivindicações, cumprindo ao 
Tribunal publicar, de imediato, o competente acórdão.
Art. 9º Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, 
mediante acordo com a entidade patronal ou diretamente com o 
empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o 
propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resultem em 
prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e 
equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à 
retomada das atividades da empresa quando da cessação do 
movimento".
Sobre esse tema, confiram-se, ainda, as disposições contidas na 
Consolidação das Leis do Trabalho:
"DOS DISSÍDIOS COLETIVOS
SEÇÃO I
DA INSTAURAÇÃO DA INSTÂNCIA
Art. 856 - A instância será instaurada mediante representação escrita 
ao Presidente do Tribunal. Poderá ser também instaurada por 
iniciativa do presidente, ou, ainda, a requerimento da Procuradoria da 
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Justiça do Trabalho, sempre que ocorrer suspensão do trabalho.
Art. 857 - A representação para instaurar a instância em dissídio 
coletivo constitui prerrogativa das associações sindicais, 
excluídas as hipóteses aludidas no art. 856, quando ocorrer 
suspensão do trabalho. 
Parágrafo único. Quando não houver sindicato representativo da 
categoria econômica ou profissional, poderá a representação ser 
instaurada pelas federações correspondentes e, na falta destas, 
pelas confederações respectivas, no âmbito de sua 
representação. 
Art. 858 - A representação será apresentada em tantas vias quantos 
forem os reclamados e deverá conter:
a) designação e qualificação dos reclamantes e dos reclamados e a 
natureza do estabelecimento ou do serviço;
b) os motivos do dissídio e as bases da conciliação.
Art. 859 - A representação dos sindicatos para instauração da 
instância fica subordinada à aprovação de assembléia, da qual 
participem os associados interessados na solução do dissídio coletivo, 
em primeira convocação, por maioria de 2/3 (dois terços) dos 
mesmos, ou, em segunda convocação, por 2/3 (dois terços) dos 
presentes".
É possível extrair-se desses dispositivos legais que a legitimidade ativa 
para propor tais dissídios pertence (a) ao sindicato da categoria, ou, na ausência 
deste, (b) às federações correspondentes e, na falta destas, às confederações 
respectivas, no âmbito de sua representação, ou, ainda, (c) à comissão de 
negociação constituída em assembléia geral dos empregados, ou, ainda, (d) ao 
Ministério Público do Trabalho, na hipótese do art. 114, § 3º, da CF/88.
Nesse sentido, confira-se a jurisprudência do TST:
"RECURSO ORDINÁRIO EM DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE 
INTERPOSTO PELA EMPRESA ECEL - ENGENHARIA E 
CONSTRUÇÕES LTDA. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DO 
SINDIELETRO E DOS DEMAIS SUSCITADOS - PESSOAS FÍSICAS. 
EXTINÇÃO DO PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO QUE 
SE MANTÉM. Conquanto, a teor do que dispõe o art. 9º da 
Constituição Federal, a titularidade do exercício do direito de 
greve pertença aos trabalhadores, competindo a eles decidir 
sobre a oportunidade de exercê-lo e os direitos que por meio dele 
serão defendidos, cabe ao ente sindical respectivo o poder-dever 
de coordenar e operacionalizar o movimento, representando os 
trabalhadores no polo da relação negocial e judicial, na 
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inteligência dos arts. 8º, III, também da Lei Maior e 4º da Lei nº 
7.783/1989. No caso em tela, conquanto a empresa suscitante, ECEL 
- Engenharia e Construções Ltda., alegue que o Sindicato 
Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas 
Gerais - SINDIELETRO tenha incitado os trabalhadores à greve, 
afirma que o legítimo representante de seus empregados é o Sindicato 
dos Trabalhadores da Construção e do Mobiliário de Ipatinga, e o 
suscitado, SINDIELETRO, por sua vez, não questiona essa 
representatividade. Ademais, inexiste, nos autos, qualquer dado que 
comprove o envolvimento do SINDIELETRO no referido movimento, 
bem como a sua responsabilização por possíveis atos de vandalismo e 
danos ao patrimônio da empresa. Assim, mantém-se a decisão a quo, 
que extinguiu o processo, sem resolução de mérito, por ilegitimidade 
passiva ad causam, inclusive em relação aos demais suscitados - 
pessoas físicas, na medida em que não se configura, nos autos, que 
eles tenham formado a comissão de negociação de que trata o art. 4º, 
§ 2º, da Lei de Greve. Recurso ordinário conhecido e não provido" 
(TST, RO - 10557-86.2013.5.03.0000, Rel. Ministra DORA MARIA DA 
COSTA, SEÇÃO ESPECIALIZADA EM DISSÍDIOS COLETIVOS, DJe 
de 17/04/2015).
De fato, a Constituição Federal expressamente determinou competir aos 
sindicatos, como substitutos processuais, a defesa dos direitos e interesses coletivos 
ou individuais da categoria que representam, inclusive em questões judiciais ou 
administrativas:
"Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o 
seguinte: 
(...)
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou 
individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou 
administrativas;
(...)
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações 
coletivas de trabalho".
Sobre o tema, confira-se a jurisprudência do STF:
"DIREITO CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. ART. 8º, III, 
DA LEI MAIOR. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. SINDICATO. 
AMPLA LEGITIMIDADE. JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA. PEDIDO DE 
APLICAÇÃO DA SISTEMÁTICADA REPERCUSSÃO GERAL. 
INADEQUAÇÃO. AUSÊNCIA DE IDENTIDADE DA CONTROVÉRSIA. 
ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLICADO EM 08.3.2010.
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A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que o artigo 
8º, III, da Constituição Federal garante ampla legitimidade aos 
sindicatos para, na qualidade de substituto processual, 
representar em juízo os integrantes da categoria que 
representam, desnecessária qualquer autorização dos 
substituídos.
Controvérsia divergente daquela em que reconhecida a repercussão 
geral pelo Plenário desta Casa. O paradigma apontado pela agravante 
discute, à luz do art. 5º, XXI, da CF/88, a legitimidade de entidade 
associativa para promover execuções, na qualidade de substituta 
processual, independentemente da autorização de cada um de seus 
filiados (Tema 82).
Agravo regimental conhecido e não provido" (STF, AI 803.293-AgR, 
Rel. Ministra ROSA WEBER, PRIMEIRA TURMA, DJe de 27/06/2013).
"AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 
DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL. 
REPRESENTAÇÃO SINDICAL. ART. 8º, III, DA CF/88. AMPLA 
LEGITIMIDADE. COMPROVAÇÃO DA FILIAÇÃO NA FASE DE 
CONHECIMENTO. DESNECESSIDADE. AGRAVO REGIMENTAL A 
QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. 'O artigo 8º, III, da Constituição Federal estabelece a 
legitimidade extraordinária dos sindicatos para defender em juízo 
os direitos e interesses coletivos ou individuais dos integrantes 
da categoria que representam. Essa legitimidade extraordinária é 
ampla, abrangendo a liquidação e a execução dos créditos 
reconhecidos aos trabalhadores. Por se tratar de típica hipótese 
de substituição processual, é desnecessária qualquer autorização 
dos substituídos' (RE 210.029, Pleno, Relator o Ministro Carlos 
Velloso, DJ de 17.08.07). No mesmo sentido: RE 193.503, Pleno, 
Relator para o acórdão o Ministro Joaquim Barbosa, DJ de 24.8.07.
2. Legitimidade do sindicato para representar em juízo os 
integrantes da categoria funcional que representa, independente 
da comprovação de filiação ao sindicato na fase de 
conhecimento. Precedentes: AI 760.327-AgR, Segunda Turma, 
Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJ de 03.09.10 e ADI 1.076MC, 
Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 07.12.00).
3. A controvérsia dos autos é distinta daquela cuja repercussão geral 
foi reconhecida pelo Plenário desta Corte nos autos do recurso 
extraordinário apontado como paradigma pela agravante. O tema 
objeto daquele recurso refere-se ao momento oportuno de exigir-se a 
comprovação de filiação do substituído processual, para fins de 
execução de sentença proferida em ação coletiva ajuizada por 
associação, nos termos do artigo 5º XXI da CF/88. Todavia, in casu , 
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discute-se o momento oportuno para a comprovação de filiação a 
entidade sindical para fins de execução proferida em ação coletiva 
ajuizada por sindicato, com respaldo no artigo 8º, inciso III, da CF/88.
4. O acórdão originalmente recorrido assentou: 'PROCESSUAL CIVIL 
E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO 
ESPECIAL. EXECUÇÃO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE 
ATIVIDADE DO CICLO DE GESTÃO. CGC. DECISÃO EM 
EXECUÇÃO DE SENTENÇA PROFERIDA EM MANDADO DE 
SEGURANÇA COLETIVO. LIMITES SUBJETIVOS DA COISA 
JULGADA. AFILIADOS ÀS ENTIDADES IMPETRANTES APÓS A 
DATA DA IMPETRAÇÃO. DIREITO GARANTIDO DA CATEGORIA. 
POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. FUNDAMENTOS NOVOS NÃO 
FORAM CAPAZES DE INFIRMAR A DECISÃO AGRAVADA. Agravo 
regimental improvido.'
5. Agravo regimental a que se nega provimento" (STF, RE 
696.845-AgR, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, DJe de 
19/11/2012).
Por sua vez, a legitimidade atribuída as entidades associativas limita-se 
à representação judicial ou extrajudicial de seus filiados, quando expressamente 
autorizadas. Confira-se, nesse ponto, o que dispõe a Constituição Federal:
"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XXI - as entidades associativas, quando expressamente 
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial 
ou extrajudicialmente".
Tem-se, dessa forma que as entidades associativas possuem 
legitimidade para representar tão somente seus associados, e não toda a categoria à 
qual eles se vinculam.
Assim, em que pese entendimento doutrinário e anterior entendimento 
do STJ sobre o assunto, a Suprema Corte acabou por restringir a interpretação dada 
ao art. 5º, XXI, da CF/88, quanto à legitimidade ativa de associação.
Com efeito, no julgamento do RE 573.232/SC, sob o regime de 
repercussão geral, o STF colocou uma pá de cal sobre a controvérsia, ao consolidar a 
compreensão segundo a qual as associações, por atuarem como representantes 
processuais, em ação ordinária, na forma do art. 5º, XXI, da CF/88, precisam de 
autorização específica, individual ou assemblear, dos representados, seus 
associados, não bastando a mera autorização estatutária, só podendo executar o 
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título executivo judicial de ação coletiva aquele que autorizou o ajuizamento da 
demanda.
Confira-se o inteiro teor do voto condutor do mencionado acórdão, da 
lavra do Ministro MARCO AURÉLIO, Relator para o acórdão, in verbis:
"Presidente, se puder utilizar a palavra, já que foi citado precedente da 
minha lavra, faço-o para distinguir dois institutos: o da 
representação e o da substituição processual.
É inconcebível que haja uma associação que, pelo estatuto, não 
atue em defesa dos filiados. É inconcebível.
O que nos vem da Constituição Federal? Um trato diversificado, 
considerado sindicato, na impetração coletiva, quando realmente 
figura como substituto processual, inconfundível com a entidade 
embrionária do sindicato, a associação, que também substitui os 
integrantes da categoria profissional ou da categoria econômica, 
e as associações propriamente ditas.
Em relação a essas, o legislador foi explícito ao exigir mais do 
que a previsão de defesa dos interesses dos filiados no estatuto, 
ao exigir que tenham – e isso pode decorrer de deliberação em 
assembléia – autorização expressa, que diria específica, para 
representar – e não substituir, propriamente dito – os integrantes 
da categoria profissional.
Digo que o caso é péssimo para elucidar essa dualidade. Por quê? 
Porque, conforme consta do acórdão do Tribunal Regional Federal, a 
ação de conhecimento foi ajuizada pela Associação Catarinense 
do Ministério Público. E o que fez, atenta ao que previsto no 
inciso XXI do artigo 5º da Constituição Federal? Juntou a relação 
dos que seriam beneficiários do direito questionado. Juntou, 
também – viabilizando, portanto, a defesa pela parte contrária, a 
parte ré –, a autorização para atuar. Prevê o estatuto autorização 
geral para a associação promover a defesa, claro, porque 
qualquer associação geralmente tem no estatuto essa previsão. 
Mas, repito, exige mais a Constituição Federal: que haja o 
credenciamento específico.
Pois bem. Veio à balha incidente na execução, provocado em si – 
pelo menos considero o cabeçalho do acórdão do Tribunal Regional 
Federal – pela associação que atuara representando os interesses 
daqueles mencionados, segundo as autorizações individuais 
anexadas ao processo?
Não, por terceiros, que seriam integrantes do Ministério Público, 
mas que não tinham autorizado a propositura da ação.
Indago: formado o título executivo judicial,como o foi, a partir da 
integração na relação processual da associação, a partir da 
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relação apresentada por essa quanto aos beneficiários, a partir da 
autorização explícita de alguns associados, é possível 
posteriormente ter-se – e aqui penso que os recorridos pegaram 
carona nesse título – a integração de outros beneficiários?
A resposta para mim é negativa. Primeiro, Presidente, porque, 
quando a Associação, atendendo ao disposto na Carta, juntou as 
autorizações individuais, viabilizou a defesa da União quanto 
àqueles que seriam beneficiários da parcela e limitou, até mesmo, 
a representação que desaguou, julgada a lide, no título executivo 
judicial.
Na fase subsequente de realização desse título, não se pode 
incluir quem não autorizou inicialmente a Associação a agir e 
quem também não foi indicado como beneficiário, sob pena de, 
em relação a esses, não ter sido implementada pela ré, a União, a 
defesa respectiva.
Creio, e por isso disse que a situação sequer é favorável a 
elucidar-se a diferença entre representação e substituição 
processual, a esclarecer o alcance do preceito do inciso XXI do 
artigo 5º, que trata da necessidade de a associação apresentar 
autorização expressa para agir em Juízo, em nome dos 
associados, e o do preceito que versa o mandado de segurança 
coletivo e revela o sindicato como substituto processual. Nesse último 
caso, a legitimação já decorre da própria Carta – representação 
gênero – e também da previsão do artigo 8º, do qual não me valho. 
Estou-me valendo apenas daquele referente às associações.
Presidente, não vejo como se possa, na fase que é de realização 
do título executivo judicial, alterar esse título, para incluir 
pessoas que não foram inicialmente apontadas como 
beneficiárias na inicial da ação de conhecimento e que não 
autorizaram a Associação a atuar como exigido no artigo 5º, 
inciso XXI, da Constituição Federal.
Por isso, peço vênia – e já adianto o voto – para conhecer e prover o
recurso interposto pela União.
Os recorridos não figuraram como representados no processo de 
conhecimento. Pelo que estou percebendo, e pelo que está 
grafado no acórdão impugnado pela União, apenas pretenderam, 
já que a Associação logrou êxito quanto àqueles representados, 
tomar uma verdadeira carona, incompatível com a organicidade e 
a instrumentalidade do Direito".
Referido acórdão recebeu a seguinte ementa:
"REPRESENTAÇÃO – ASSOCIADOS – ARTIGO 5º, INCISO XXI, DA 
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CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ALCANCE. O disposto no artigo 5º, 
inciso XXI, da Carta da República encerra representação 
específica, não alcançando previsão genérica do estatuto da 
associação a revelar a defesa dos interesses dos associados. 
TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL – ASSOCIAÇÃO – BENEFICIÁRIOS. 
As balizas subjetivas do título judicial, formalizado em ação proposta 
por associação, é definida pela representação no processo de 
conhecimento, presente a autorização expressa dos associados e a 
lista destes juntada à inicial" (STF, RE 573.232/SC, Rel. p/ acórdão 
Ministro MARCO AURÉLIO, TRIBUNAL PLENO, DJe de 19/09/2014). 
Em igual sentido:
"DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. EXECUÇÃO DE 
TÍTULO JUDICIAL FORMADO EM MANDADO DE SEGURANÇA 
COLETIVO. ASSOCIAÇÃO. REPRESENTAÇÃO. NECESSIDADE DE 
AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DOS ASSOCIADOS.
1. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do mérito do RE 
573.232-RG, firmou entendimento no sentido de que a exigência de 
autorização expressa prevista no art. 5º, XXI, da Constituição Federal 
não se satisfaz com a simples previsão genérica do estatuto da 
associação a revelar a defesa dos interesses dos associados.
2. Acórdão proferido pelo Tribunal de origem que se ajusta ao 
entendimento firmado por esta Corte.
3. Agravo regimental a que se nega provimento" (STF, ARE 
787.123-AgR, Rel. Ministro ROBERTO BARROSO, PRIMEIRA 
TURMA, DJe de 22/09/2015). 
Em face desse julgamento do STF, em regime de repercussão geral, o 
STJ alterou seu entendimento sobre o tema, alinhando-se à posição firmada pelo 
STF, conforme se extrai do seguinte julgado:
"PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. AÇÃO COLETIVA. ENTIDADES 
ASSOCIATIVAS. REPRESENTAÇÃO ESPECÍFICA. NECESSIDADE 
DE AUTORIZAÇÃO EXPRESSA. PRECEDENTE FIRMADO PELO 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NO JULGAMENTO DO RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO Nº 573.232/SC.
1. A questão jurídica nos autos indaga saber se a associação 
agravante possui legitimidade para atuar no polo ativo da lide, quando 
não autorizada expressamente pelos associados.
2. O Tribunal a quo, com base na orientação vigente neste Superior 
Tribunal de Justiça, firmou entendimento de que 'as associações de 
servidores possuem legitimidade para representar em juízo seus 
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associados, não sendo necessária autorização expressa em 
assembléia dos representados'.
3. Nos termos da novel orientação do Supremo Tribunal Federal, 
a atuação das associações não enseja substituição processual, 
mas representação específica, consoante o disposto no artigo 5º, 
XXI, da Constituição Federal (cf. RE 573232/SC, Relator(a) p/ 
Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, DJe 19/09/2014).
4. Em vista do posicionamento supra, imperativo o retorno dos autos 
para que o Tribunal a quo enfrente a questão da legitimidade da 
associação agravante nos termos do recente posicionamento exarado 
pelo Pretório Excelso.
5. Agravo regimental não provido" (STJ, AgRg no REsp 1.488.825/PR, 
Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, 
DJe de 12/02/2015).
Acerca da legitimidade para propor dissídios de greve, confira-se a 
doutrina de José LUCIANO DE CASTILHO:
"4. O DISSÍDIO DE GREVE
4.1. A reforma constitucional não cuidou de alterar o direito de greve 
previsto no art. 9º e parágrafos da Constituição Federal.
Este dispositivo constitucional foi regulamentado pela Lei nº 7.783/89 
e que está em vigor naquilo que não conflita com o novo texto 
constitucional.
Essa lei fixou a legitimidade das partes e do Ministério Público do 
Trabalho para ajuizar dissídio coletivo, no caso de greve, para que a 
Justiça Trabalhista decida sobre a procedência total ou parcial ou 
improcedência das reivindicações, como está no seu art. 8º.
Sobre esta legitimidade nada dizia o antigo texto constitucional do 
longínquo 1988 do século passado, há, portanto, quase 17 anos.
Agora, o § 3º do art. 114 dá legitimidade ao Ministério Público do 
Trabalho para ajuizar dissídio coletivo quanto à greve em serviço 
essencial e se tiver possibilidade de lesão do interesse público.
4.2 Em face do texto constitucional subsiste, ainda, a legitimidade do 
MPT de ajuizar dissídio de greve quando esta ocorrer em serviço 
não-essencial?
Ora, neste ponto, a Constituição regulou integralmente a legitimidade 
do MPT, no caso de greve. Ela ficou restrita à greve ocorrida em 
serviço essencial, como acima já fixado.
Não pretendesse a Carta restringir a legitimidade do Ministério Público 
do Trabalho, ela não precisaria dizer nada, em face dos termos do 
citado art. 8º da Lei n° 7.783/89.
Se se pretende valorizar a negociação coletiva, este entendimento - 
que tem fundamento jurídico - respeita o direito de greve, que é 
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essencial à estruturação de uma norma coletiva validamente 
negociada.
4.3 A Constituição, no caso de greve, cuidou da legitimidade das 
partes para ajuizardissídio coletivo?
Não.
E antes da reforma, o que ela dizia sobre este tema?
Nada.
Logo, não se pode dizer que, no caso de greve, a legitimidade das 
partes para o dissídio coletivo, criada pela Lei n° 7.783/89, conflite 
com a norma constitucional.
Repito que a reforma constitucional somente cuidou da 
legitimidade do Ministério Público do Trabalho, no caso de greve 
em serviço essencial, não tratando nunca da exclusividade da 
ação do Ministério Público do Trabalho.
Por lógica conseqüência, com relação às partes, tem pleno vigor 
o mencionado art. 8º da Lei n° 7.783/89, salvo quanto à 
necessidade do acordo, como se verá em seguida" (in "A 
REFORMA DO PODER JUDICIÁRIO: O DISSÍDIO COLETIVO E O 
DIREITO DE GREVE", REv. TST, Brasília, vol. 71, nº 1, jan/abr 2005, 
pp. 31-40).
Nesse diapasão, por força do que decidiu o STF, no MI 708/DF, e, 
ainda, considerando-se as disposições contidas na Lei 7.783/89 c/c a CLT e com os 
arts. 5º, XXI, e 8º, III e VI, da Constituição Federal, pode-se concluir que a 
legitimidade ativa para propor dissídios de greve, em relação aos servidores públicos, 
pertence (a) ao sindicato da categoria, ou, na ausência deste, (b) às federações 
correspondentes e, na falta destas, às confederações respectivas, no âmbito de sua 
representação, ou, ainda, (c) à comissão de negociação constituída em assembléia 
geral da categoria, ou, ainda, (d) ao Ministério Público do Trabalho, na hipótese do 
art. 114, § 3º, da CF/88.
A propósito, confira-se o seguinte julgado:
"ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO. GREVE DOS SERVIDORES DA JUSTIÇA DO 
TRABALHO. FEDERAÇÃO SINDICAL. ACÓRDÃO EMBARGADO 
QUE RECONHECEU A ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DA 
FENAJUFE E A INCOMPETÊNCIA DO STJ PARA JULGAR A CAUSA 
EM RELAÇÃO AO RÉU REMANESCENTE (SINDJUS-DF), 
DETERMINANDO A REMESSA DOS AUTOS AO TRF DA 1ª 
REGIÃO. MANUTENÇÃO. PODER GERAL DE CAUTELA. ARTS. 798 
E 799 DO CPC. MANUTENÇÃO DA LIMINAR ATÉ ULTERIOR 
MANIFESTAÇÃO DO JUÍZO COMPETENTE. POSSIBILIDADE. 
PRECEDENTES. EMBARGOS PARCIALMENTE ACOLHIDOS.
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1. A questão envolvendo os limites da competência do Superior 
Tribunal de Justiça para o julgamento de ações originárias em que se 
discutem questões relacionadas à greve nacional de servidores 
públicos federais se mostra tormentosa, diante da ausência de 
regramento expresso sobre o tema na Constituição da República ou 
na legislação infraconstitucional.
2. No julgamento do MI 708/DF (Rel. Min. GILMAR MENDES, 
Tribunal Pleno, DJe 25/10/07), o Supremo Tribunal Federal 
determinou a aplicação analógica da Lei 7.783/89 até que seja 
suprida a omissão legislativa quanto à edição de lei específica 
para regulamentar o exercício do direito de greve dos servidores 
públicos civis, nos termos do art. 37, VII, da Constituição Federal.
3. No referido julgamento entendeu o Supremo Tribunal Federal, 
ainda - diante da necessidade de se fixarem 'balizas 
procedimentais mínimas para a apreciação e julgamento dessas 
demandas coletivas' - pela aplicação analógica dos arts. 2º, I, "a", 
e 6º, da Lei 7.701/88 'no que tange à competência para apreciar e 
julgar eventuais conflitos judiciais referentes à greve de 
servidores públicos'.
4. Tendo em vista que a aplicação analógica da Lei 7.701/88 
representa apenas uma 'baliza procedimental mínima', faz-se 
necessário que sejam levadas em consideração outras questões 
também de ordem procedimental, em especial a regra contida no 
art. 3º do CPC, segundo a qual, 'Para propor ou contestar ação é 
necessário ter interesse e legitimidade'.
5. Nos termos da legislação de regência, cabe aos sindicatos a 
representação da categoria dentro da sua base territorial. A 
legitimidade das federações é subsidiária, ou seja, somente 
representam os interesses da categoria na ausência do 
respectivo sindicato.
6. No caso, a parte autora não comprovou a existência de 
localidade em que os servidores da Justiça do Trabalho não 
possuam sindicato organizado, pelo que a Federação Nacional 
dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da 
União - FENAJUFE não possui legitimidade para figurar no polo 
passivo.
7. O reconhecimento de que as federações sindicais podem 
ingressar em juízo em nome das sindicatos que a integram, em 
defesa de interesses da categoria profissional destes, não 
autoriza que, em sentido contrário, possam ser diretamente 
responsabilizadas por prejuízos eventualmente causados por 
movimentos grevistas cuja deflagração foi determinada pelos 
sindicatos, no exercício do direito previsto no art. 4º, caput , da 
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Lei 7.783/89, in verbis : 'Caberá à entidade sindical 
correspondente convocar, na forma do seu estatuto, assembléia 
geral que definirá as reivindicações da categoria e deliberará 
sobre a paralisação coletiva da prestação de serviços'.
8. Tal entendimento busca assegurar o direito de livre associação 
sindical, previsto no art. 8º, caput , da Constituição Federal, assim 
como as prerrogativas inerentes aos sindicatos, na forma do 
inciso III do mesmo dispositivo constitucional c/c 4º, caput , da Lei 
7.783/89. Da mesma forma, a estrita observância dos parâmetros 
fixados pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do MI 
708/DF traduz-se no respeito aos princípios constitucionais da 
isonomia (art. 5º, caput ), do juiz natural (art. 5º, XXXVII e LIII), do 
acesso à justiça e inafastabilidade do controle jurisdicional (art. 
5º, XXXV), do devido processo legal e da razoabilidade (art. 5º, 
LIV), e da razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII), bem 
como da unicidade sindical (art. 8º, II).
9. Em virtude do poder geral de cautela concedido ao magistrado na 
forma dos arts. 798 e 799 do CPC, mesmo após se declarar 
absolutamente incompetente para julgar o feito, ele pode conceder ou 
manter decisão liminar, como forma de prevenir eventual perecimento 
do direito ou a ocorrência de lesão grave e de difícil reparação, até 
que o Juízo competente se manifeste quanto à manutenção ou 
cassação daquele provimento cautelar. Precedentes: REsp 
1.288.267/ES, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, Primeira Turma, 
DJe 21/8/12; AgRg no REsp 937.652/ES, Rel. Min. MARIA ISABEL 
GALLOTTI, Quarta Turma, DJe 28/6/12.
10. Embargos de declaração parcialmente acolhidos a fim de, na 
forma dos arts. 798 e 799 do CPC, determinar a manutenção da 
liminar anteriormente concedida até ulterior deliberação do Juízo 
competente para julgamento do presente feito" (STJ, EDcl na Pet 
7.939/DF, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA 
SEÇÃO, DJe de 18/04/2013).
Em consequência, conclui-se que a ANMP não possui legitimidade ativa 
ad causam para propor a presente Ação de Dissídio Coletivo de Greve.
Com efeito, na medida em que a greve em tela diz respeito a toda a 
categoria dos Médicos Peritos da Previdência Social, em âmbito nacional, não se 
mostra possível que a ANMP venha, em Juízo, representar tão somente a parcela 
dessa categoria a ela associada.
É bem verdade que, em anterior greve deflagrada pelos Médicos Peritos 
da Previdência Social, em 2010, a ANMP foi parte, na Petição 7.985/DF, de relatoria 
do Ministro HUMBERTO MARTINS, que, em 10/12/2010, declarou a ilegalidade da 
greve e determinou o retorno dos médicos peritos do INSS ao trabalho, com desconto 
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dos dias parados.
Entretanto, tal ocorreu anteriormente à decisão do STF, em regime de 
repercussão geral, no aludido RE 573.232/SC, em relação ao qual o STJ adequou asua jurisprudência.
Com base em tais fundamentos, julguei extinto, sem resolução de 
mérito, nos termos do art. 267, VI, do CPC, o processo da MC 25.103/DF, ajuizada 
pela ANMP contra o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e a União, acolhendo, 
naquele feito, preliminar arguida pela autarquia federal, impondo-se, no presente 
processo, a mesma solução jurídica.
Ante o exposto, com fundamento no art. 267, VI, e § 3º, do CPC, julgo 
extinto o presente processo, sem resolução do mérito, tendo em vista a 
ilegitimidade ativa ad causam da ANMP. 
I.
Brasília (DF), 24 de novembro de 2015.
MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES 
Relatora
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