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Resumo de Impressão Aula 4 - Elites e Poder

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ELITES E PODER 
AULA 4 
Prof. Luiz Domingos Costa 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula vamos conhecer a crítica da teoria pluralista ao modelo de A 
elite do poder de Wright Mills, formulado pelo cientista político Robert Dahl em 
diversas obras, especialmente Uma crítica ao modelo da elite dirigente (1958) e 
Quem governa (1961). Por oposição ao método de Mills (posicional) o método 
de Dahl ficou conhecido como decisional. A embate entre esses autores 
ensejou um importante desenvolvimento sobre quais os métodos mais 
adequados para mapear as elites e o poder em uma dada comunidade. Tal 
discussão repercutiu nas décadas seguintes e contribuiu para 
importante aprimoramento metodológico dos estudos de elites ao longo da 
história. 
TEMA 1 – DA CRÍTICA PLURALISTA AO ELITISMO: PODER E DEMOCRACIA 
NA SOCIEDADE AMERICANA 
A teoria política pluralista vai se contrapor ao modelo de análise e à visão 
da democracia de Wright Mills. Essa teoria teve grande impacto nos meios 
acadêmicos norte-americanos e no mundo a partir da 2ª metade do século XX, 
mas algumas de suas ideias são mais antigas. A reflexão sobre como o perigo 
da tirania da maioria sobre a minoria e os excessos de um governo muito forte 
sobre as liberdades exigiria a proliferação de grupos sociais autônomos e a 
divisão do governo em vários ramos, como apontado por James Madison, autor 
das teses Federalistas e protagonista da Constituinte dos EUA. A grandeza e a 
força do Estado também preocupavam Tocqueville, que via na associação entre 
os indivíduos o antídoto contra o isolamento individual e a apatia. Arthur Bentley 
também se questionou sobre a viabilidade da soberania democrática, afirmando 
ser o bem comum uma ficção. Para esse pensador, a sociedade é composta por 
indivíduos e por grupos organizados que se enfrentam na busca por interesses 
conflitantes. 
A teoria pluralista tem na obra de David Truman, The governamental 
process (1951) um de seus marcos fundamentais. Pela primeira vez, uma obra 
se propôs a elaborar uma teoria sobre os grupos de pressão como unidade 
básica de análise da vida política. Ou seja, o comportamento dos grupos sociais 
3 
organizados deve estar associado ao entendimento da vida política e do 
processo de governo – processo decisório que deriva da política. 
Truman se ateve a mostrar que não havia um interesse público universal 
e, mais do que isso, não precisava haver um. O governo não era, como se 
pensava, uma instituição que deveria promover o bem comum, mas, sim, uma 
espécie de arena onde se reúnem os principais grupos de interesse para tentar 
influenciar as decisões políticas. O resultado seria políticas públicas com vistas 
aos interesses de grupos sociais de pressão vencedores nesta arena. 
Mas a obra de maior fôlego dessa corrente teórica é de autoria de Robert 
Dahl, que trataremos de maneira mais aprofundada adiante. Ele criticou o 
modelo de elite dirigente de Charles Wright Mills, estudou a influência política na 
cidade de New Haven – em Who governs? (1961) – e analisou a teoria 
democrática em Um prefácio à teoria democrática (1956) e em Poliarquia (1971). 
TEMA 2 – PLURALISMO: COMPETIÇÃO ENTRE ELITES AUTÔNOMAS 
A característica essencial do pluralismo – também chamado de elitismo 
democrático ou pluralismo elitista – é a aceitação da tese fundamental do elitismo 
clássico. Segundo ela, as minorias comandam a vida política. Esta, por sua vez, 
deve ser conjugada com a defesa da democracia e esta deve ser entendida de 
maneira específica. 
A necessidade dessa conjugação tem três explicações, segundo os 
pluralistas: 
1) a ameaça à democracia vem das massas na política, não das elites.
Assim, a evolução do caráter autoritário do homem médio torna melhor a 
continuidade da democracia com a apatia da maioria de seus membros 
sobre a vida política. Resumindo, a democracia é um sistema político em 
que a participação das massas deve se reduzir a escolha de lideranças 
políticas para governá-las, ou seja, no voto nas eleições. 
2) o fato de existirem, em sociedades complexas, diversos grupos
organizados que competem entre si pelo poder faz com que se evite o 
despotismo. Funciona como na economia, onde a competição evita o 
monopólio. Ou seja, a pluralidade de elites é compatível com a 
democracia. A diversificação social, com alta diferenciação entre grupos, 
associada à competição entre elites impede que apenas uma delas 
controle o poder político. 
 
 
4 
3) o pilar da democracia é a capacidade de as elites fazerem frente ao 
poder estatal. Isso ocorre porque elas são autônomas, isto é, possuem 
capacidade de se associarem livremente e de utilizarem os seus recursos 
também de forma livre, sem interferência do Estado. A emergência desse 
tipo de elite nos séculos XVIII e XIX foi fundamental para o avanço das 
liberdades civis contra o Estado, defendem os pluralistas. 
Sintetizando, as principais ideias do pluralismo se resumem nos seguintes 
pontos: 
1. aceitam a política como uma atividade controlada por minorias. 
2. acreditam que é possível que andem juntos os fundamentos da teoria 
das elites e a democracia, esta, por sua vez, entendida de outra forma: 
como um regime de eleições livres e competitivas, no qual as elites 
disputam entre si para conquista o voto dos governados. 
3. defendem que não deve haver interferências na competição política, na 
medida em que as elites devem ser porta-vozes de grupos sociais 
organizados e autônomos, que surgem espontaneamente na vida social, 
sem intromissões pincipalmente do Estado e do governo. 
4. defendem uma visão realista ou descritiva da democracia, que a 
entende como um sistema de competição entre a pluralidade das minorias 
dirigentes, e abandonam a visão idealizada, na qual a democracia seria o 
exercício direto de poder pelo povo 
5. afirmam, por fim, que a democracia é marcada por uma competição 
entre uma pluralidade de grupos e não é dominada por uma única elite. 
Assim, o poder de influenciar decisões políticas estaria disperso pela 
sociedade, e não concentrado em um só grupo. 
TEMA 3 – A METODOLOGIA PLURALISTA PARA ANÁLISE DO PODER 
POLÍTICO: UMA CRÍTICA AO ELITISMO MONISTA 
Agora, vamos nos concentrar nas críticas dirigidas a obra de Wright Mills, 
A elite do poder. Muitas delas são de viés ideológico, algumas até admitidas 
pelo autor, quando ele afirma que um dos principais objetivos do livro era político. 
Porém, algumas dessas críticas não têm esse viés, mas têm como alvo aspectos 
metodológicos da obra. A principal delas é elaborada por Robert Dahl (1970). 
Para ele, o maior erro de Mills é não ter provado definitivamente a existência de 
 
 
5 
uma elite de poder, ou seja, de um grupo coeso, unido, e capaz de monopolizar 
o processo de tomada de decisões políticas. 
A seguir, vamos observar quais as sugestões dadas por Dahl para a 
metodologia de Mills para se chegar a essa resposta. 
O procedimento metodológico dos pluralistas para testar a existência de 
uma “elite do poder”. 
O primeiro passo para se comprovar a hipótese de dominação de um 
grupo sobre outros é identificar os objetivos desse grupo. Para Dahl, só é 
possível afirmar que “A exerce mais poder do que B” se houve rum objetivo pelo 
qual os grupos A e B se confrontem. 
Os objetivos podem ser definidos como as preferências de um grupo em 
relação a um tema específico. Como exemplo, podemos citar a política de 
previdência social: se para A o melhor é a manutenção da previdência pública, 
a preferência de B é por sua privatização. Assim, se é mantida a previdência 
pública, podemos dizer que, nesse tema, A tem mais poder que B. 
Porém, para além do que sugere Mills, para identificara existência de uma 
elite de poder, é preciso que as preferências de um grupo prevaleçam sobre as 
de outro não apenas em torno de um, mas em todos os objetivos fundamentais 
entre as quais haja conflito de um grupo dirigente sobre os demais. É preciso, 
ainda, que isso ocorre sempre. 
Foi exatamente isso que Wright Mills não conseguiu provar. Ele teria 
apenas postulado que um grupo controlador de certos recursos institucionais 
seria capaz de toar sozinho todas as decisões importantes. Para comprovar isso, 
o autor teria que analisar processos decisórios, demonstrando que os objetivos 
da elite de poder se sobrepõem majoritariamente sobre outros. Essa análise não 
foi feita na obra de Mills. 
Dahl, ao contrário do método posicional de Mills, elabora um método 
decisional para constituir essa prova. Esse método é resumido em três passos: 
1. a suposta elite do poder deve ser um grupo bem definido e com limites 
bem fixados pelo analista. 
2. deve-se, após isso, pincelar casos – em quantidade razoável – que 
envolvam decisões políticas fundamentais, sobre os quais haja conflito 
entre os objetivos das hipotéticas elites sobre os outros grupos. 
 
 
6 
3. por fim, deve-se chegar à conclusão de que, nos casos escolhidos, as 
preferências das ditas elites prevalecem em maioria sobre as de outros 
grupos. 
Resumindo, no entendimento de Dahl, não se pode concluir que uma elite 
com alto potencial de controle de recursos exerce poder só por isso. Ele defende 
que esses recursos podem ser usados nas mais diversas atividades e não 
apenas para se exercer o poder. Além disso, podem ser mal utilizados ou de 
forma inapta para tal finalidade. 
Assim, só se pode comprovar que um grupo exerce poder por meio da 
análise de processos decisórios concretos. Se, neles, a elite confronta outros 
grupos e ganha, ela exerce poder. 
Valendo-se dessas ideias metodológicas, Dahl realiza uma pesquisa 
sobre o poder político na cidade de New Haven (Connecticut, EUA), publicada 
no livro Who governs? (1961), cujos detalhes estudaremos adiante. 
TEMA 4 – “WHO GOVERNS?”: UM EXEMPLO CLÁSSICO DE ANÁLISE 
PLURALISTA DA POLÍTICA 
O problema levantado por Dahl em sua pesquisa gira em torno da 
seguinte questão: “num sistema político em que quase todos os adultos podem 
votar, mas em que o conhecimento, a riqueza, a posição social, o acesso a 
cargos e outros recursos são desigualmente distribuídos, quem de fato 
governa?” 
Com essa pergunta, o autor demonstra sua preocupação em analisar o 
impacto da desigualdade econômica sobre a política. Ou seja, ele quer saber se 
os indivíduos com mais recursos econômicos e sociais possuem maior 
capacidade de escolher os governantes e, além disso, influenciar suas decisões. 
Procura saber, então, se o sistema democrático funciona em meio à 
desigualdade de recursos. 
A seguir, Dahl elabora questões específicas sobre essa questão geral: as 
desigualdades de recursos são “cumulativas” ou “não cumulativas”, ou seja, 
quem tem mais recursos numa dada área tem também mais recursos em outra? 
Em outras palavras, a forma pela qual os recursos políticos são distribuídos leva 
à oligarquia – o domínio de uma elite coesa – ou leva a pluralismo – o governo 
de várias minorias em competição? 
 
 
7 
Para responder a essa questão, outras três devem ser formuladas: 1) 
como as decisões políticas importantes são tomadas?; 2) as diversas decisões 
são todas tomadas pelas mesmas pessoas?; 3) em que estrato social da 
comunidade as pessoas mais influentes e os líderes políticos são recrutados? 
Respondendo a essas questões saberemos se os líderes, de forma 
padrão, tendem à pluralidade, ou seja, a se dividir, a entrar em conflito e 
barganhar, ou à oligarquia, na qual tendem a se agrupar nas suas políticas e a 
formar um tipo de grupo dirigente. 
Inicialmente, para responder a tais questões, Dahl parte faz uma 
abordagem histórica, retratando o desenvolvimento do sistema político de New 
Haven de 1784 a 1960. Ele conclui que o sistema da cidade passou de um 
padrão oligárquico para pluralístico. 
Ou seja, num primeiro momento, o grupo que se identificava como líder 
político era o que detinha a riqueza, o status social e a liderança religiosa. Esse 
padrão é chamado pelo autor de desigualdade cumulativas. 
Após esse período, grupos sem riqueza e sem prestígio social passaram 
a também influenciar a política da cidade, já que os recursos acabaram 
dispersos. Isso, porém não representa um sistema de total igualdade. A 
desigualdade permanece, mas não de forma cumulativa, ou seja, um só grupo 
não controla mais todos os recursos sociais ao mesmo tempo. Há uma situação 
de desigualdade dispersa, segundo Dahl. 
A queda do padrão oligárquico se mostra em New Haven com a 
decadência dos aristocratas e a ascensão dos empresários e dos homens da 
plebe no poder político e social, o que caracteriza o padrão pluralístico, com a 
crescente complexidade social, econômica e étnica da cidade ao longo do século 
XX. 
Com essa observação, Dahl pretende responder quem tem influência 
política no sistema político de New Haven. Para ele, é importante observar, não 
necessariamente quem detém mais recursos econômicos é o mais influente 
politicamente. A complexidade de recursos conjugados é do que depende a 
influência política. 
Para exemplificar essa questão, é possível citar o estudo de Dahl sobre 
os homens de negócios da década de 1950 de New Haven. Da análise, ele pode 
concluir que, apesar de detentores de recursos, eles não detinham força nas 
decisões políticas, eram pouco coesos, numericamente inferiores e participavam 
 
 
8 
pouco da vida pública. Além disso, seus maiores interesses – o de baixar 
impostos, por exemplo – entravam geralmente em conflito com os interesses 
políticos. 
Assim, para o autor, é preciso escolher alguns processos decisórios 
concretos com objetivos políticos fundamentais para estudar um padrão de 
influência política, não apenas pensar na posse de determinados recursos. 
Entre esses processos decisórios, o autor escolhe a política de 
reurbanização do centro comercial de New Haven, a política educacional e o 
processo político-partidário de escolha dos candidatos a prefeito da cidade. 
Dessa análise, ele percebe que não há um púnico padrão de liderança na 
comunidade. 
Assim, ele conclui que New Haven possui um sistema político plural, por 
três motivos: 1) permite a participação de vários grupos no processo decisório; 
2) a influência política é dispersa, embora desigual; 3) os padrões de liderança 
são múltiplos. 
Dahl observa, então, que em New Haven não há nada parecido com uma 
elite de poder, tal qual explicada por Mills. Assim, pode-se dizer que, ao contrário 
do que supõe essa teoria, o sistema político americano é muito plural. 
O caráter plural do sistema, para o autor, não é ameaçado pelo fato de 
haver, entre os grupos de influência política, um que possui mais força do que 
todos os outros – o grupo dos líderes políticos –, já que muitos deles “parecem 
ser cativos de seus eleitores”. 
Apesar disso, Dahl reconhece que em toda comunidade há uma minoria 
politicamente ativa, chamada por ele de “estrato político”, formada por indivíduos 
que são diretamente engajados na vida política, buscando sucesso dentro dela. 
Para isso, devem agir estrategicamente, ou seja, pesar de forma responsável as 
consequências de suas ações. 
Do outro lado está o “estrato apolítico”, grupo formado por pessoas que 
quase sempre não se interessam pela política e, portanto, acabam adotando 
uma postura irracional, ou seja, não precisam pesar as consequências de suas 
ações e opiniões. 
Porém, ao contrário do que se poderiapensar, os líderes políticos não são 
absolutamente dominantes. A busca pelo sucesso político, com ações 
estratégicas, faz deles pessoas cativas de seus eleitores. De um lado, é evidente 
que são influentes, mas, de outro, o ambiente competitivo os obriga a colocar os 
 
 
9 
desejos dos seus eleitores em consideração. As eleições competitivas, nesse 
sentido, viram mecanismo de controle da ação dos políticos. 
Além do compromisso com os eleitores, os líderes políticos também 
devem observar os desejos dos sublíderes, grupo de seguidores que os apoiam 
em troca de cargos, prestígio, remuneração financeira e poder. 
A política encoberta, que é o compromisso dos líderes políticos com os 
sublíderes, e a política aberta, que é o compromisso dos líderes com os eleitores, 
representam, para Dahl, uma importante fonte de conflito para o político 
profissional de uma democracia representativa. Se os desejos de ambos os 
grupos são opostos, o líder fica em um dilema. Uma escolha pode representar, 
para ele, uma derrota eleitoral e até o fim de uma carreira política. 
O reconhecimento do papel da liderança política, portanto, não deve estar 
abaixo da forma democrática de governo, já que os processos eleitorais se 
encarregam de estabelecer o controle popular sobre os líderes. Quando há 
eleições livres e honestas, é provável que os compromissos assumidos com os 
eleitores pautem a ação dos líderes políticos. 
Pode-se dizer, em resumo, que num sistema pluralista há poucos 
indivíduos com influência direta nas decisões políticas. Mas, muitas pessoas 
exercem influência indireta nas decisões dos líderes políticos, que dependem 
dos eleitores para estarem e ficarem em seus cargos. 
Em suma, conforme Dahl, em New Haven existe um sistema político 
pluralista, não uma elite do poder. Há na cidade uma desigualdade dispersa, ou 
seja, nenhum grupo detém sozinho o controle de todos os recursos sociais, mas 
estes são distribuídos desigualmente. Assim, diversos grupos influenciam 
diferentes políticas públicas. 
Voltando ao exemplo analisado por Dahl, ele concluiu que os grupos que 
influenciam a política de reurbanização da cidade não são os mesmos que atuam 
sobre a política educacional nem iguais aos que influenciam a política de 
indicação dos candidatos a prefeito. Ou seja, não há uma única elite de poder. 
Ele conclui ainda que os líderes políticos possuem mais influência nas 
decisões que qualquer grupo, mas também são controlados pela influência 
indireta dos eleitores. 
Assim, a base do sistema político pluralista é a dispersão dos recursos 
sociais, a competição política e, por meio delas, a dispersão do poder. 
 
 
10 
NA PRÁTICA 
O método de Dahl, conhecido como método decisional, propõe que 
sejam identificadas as principais pautas de conflito em uma arena governamental 
para, em seguida, identificar os grupos em conflito aberto sobre tais pautas. 
Essas pautas podem ser uma política ambiental, de planejamento urbano, de 
moradia, de reforma do ensino ou das leis trabalhistas. As arenas podem variar 
em espaços burocráticos, conselhos gestores de políticas ou no seio do poder 
legislativo. Em sua cidade ou seu estado, procure quais pautas produzem 
divergência entre atores bem delimitados e em quais arenas esses conflitos se 
dão. Responda a seguinte pergunta: existe algum grupo que predomina sobre 
os demais nesse conflito e em outros? É possível apontar, nessa comunidade, a 
existência de uma pluralidade de elites ou não, o que ocorre é apenas o poder 
de uma elite. 
FINALIZANDO 
Nas aulas 3 e 4 pudemos conhecer duas grandes teorias sobre as 
sociedade norte-americana que serviram como parâmetro para os estudos das 
minorias dominantes ao redor do mundo: o elitismo monista de Charles Wright 
Mills e o pluralismo de Robert Dahl (e outros). Como vimos, são duas 
abordagens distintas de identificação da(s) elite(s), de como analisá-la e das 
consequências para o entendimento da democracia numa comunidade. 
Enquanto que Mills identifica uma só elite coesa e bastante reduzida, Dahl 
encontra uma pluralidade de grupos autônomos em conflito em diferentes arenas 
decisórias. Como se viu, cada uma dessas abordagens leva a investigações 
diferentes e conclusões bastante diversas entre si. Enquanto que Mills concluiu 
que a democracia americana sofria de severos problemas e que o poder político 
estava restrito a um grupo bastante específico que comandava as grandes 
decisões nacionais, Dahl concluiu que a sociedade americana era dotada de 
uma vitalidade associativa e que os grupos se organizavam livremente para 
defender os seus interesses. Em comum, ambas as teorias entendem que a 
democracia participativa, nos termos rousseaunianos não se aplica aos EUA, 
mas divergem quanto à intensidade da participação e ao monopólio do poder. 
 
 
 
11 
REFERÊNCIAS 
DAHL, R. "Uma crítica do modelo de elite dirigente". In: AMORIM, Maria Stella (Org.). 
Sociologia Política II. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1970. p. 90-100. 
_____. Who Governs? New Haven: Yale University Press,1989. 
FERNANDES, H. R. "Mills. O sociólogo artesão". In: Wright Mills. Coleção Grandes 
Cientistas Sociais, n. 48, São Paulo, Ática, 1985, p. 07-35. 
GERTH, H.; WRIGHT MILLS, C. "Caráter e estrutura social". In: AMORIM, M. S. (org.), 
Sociologia Política II. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1970. p. 73-89. 
WRIGHT MILLS, C. "Em defesa de A elite do poder". In: Wright Mills. Coleção Grandes 
Cientistas Sociais nº 48, Ática, 1985, p. 147-163. 
_____. A elite do poder. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

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