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1 PROJETO DE FÁBRICA PROJETO DE FÁBRICA AUTORIA Olivia Nascimento Boldrini Nicolau 32 PROJETO DE FÁBRICA PROJETO DE FÁBRICA N635p Nicolau, Olivia Nascimento Boldrini. Projeto de fábrica / Olivia Nascimento Boldrini Nicolau. – Nova Venécia : Multivix, 2018. 32 f. : il. ; 30 cm Inclui referências. 1. Administracao da produção 2. Engenharia da produção I.Faculdade Multivix II. Título. CDD: 658.5 EDITORIAL Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix 2017 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com R E I TO R A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, desta- cando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com quali- dade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 instituições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colabora- dores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhecida nacionalmente como referên- cia em qualidade educacional. GRUPO MULTIVIX BIBLIOTECA MULTIVIX (DADOS DE PUBLICAÇÃO NA FONTE) FACULDADE MULTIVIX Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Penina Diretor Administrativo Financeiro Fernando Bom Costalonga Conselho Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do Conselho Editorial) Kessya Penitente Fabiano Costalonga Carina Sabadim Veloso Patrícia de Oliveira Penina Roberta Caldas Simões Revisão Técnica Alexandra Oliveira Alessandro Ventorin Graziela Vieira Carneiro Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo Carina Sabadim Veloso Maico Pagani Roncatto Ednilson José Roncatto Aline Ximenes Fragoso Genivaldo Félix Soares Multivix Educação a Distância Gestão Acadêmica Coord. Didático Pedagógico Gestão Acadêmica Coord. Didático Semipresencial Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia Direção EaD Coordenação Acadêmica EaD 54 PROJETO DE FÁBRICA PROJETO DE FÁBRICA R E I TO R APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor Executivo do Grupo Multivix Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de quali- dade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na modalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprovada pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Institu- ições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo entre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa-se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, procura fazer a sua parte, investindo em projetos sociais, ambientais e na promoção de oportuni- dades para os que sonham em fazer uma facul- dade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de qualidade, sempre man- tendo a credibilidade, segurança e moderni- dade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! SUMÁRIO ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO 6 PLANEJAMENTO DE CAPACIDADE 9 PROJETO DE FÁBRICA 13 PROJETO DE PRODUTOS 16 PLANEJAMENTO DO ARRANJO FÍSICO E DOS FLUXOS INTERNOS. 18 PLANEJAMENTO DO SISTEMA DE MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM DE MATERIAIS 25 REFERÊNCIAS 31 1 2 3 4 6 5 7 76 PROJETO DE FÁBRICA PROJETO DE FÁBRICA 1 ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO A estratégia da produção refere-se ao estabelecimento de políticas e planos amplos para utilizar os recursos de uma empresa, visando uma melhor sustentação de sua es- tratégia competitiva no longo prazo. Segundo Chase et al. (2004), a estratégia da pro- dução pode ser vista como parte de um processo de planejamento que coordena os objetivos/metas operacionais com os objetivos mais amplos das organizações. Dado que os objetivos das organizações mudam com o tempo, a estratégia da produção precisa ser modelada para antecipar as necessidades futuras. Segundo Corrêa e Gianesi (1993), a estratégia de produção tem como maior objetivo o aumento da competitividade da organização e, dessa maneira busca definir um pa- drão coerente de decisões e organizar os recursos da produção, para que eles tenham características de desempenho adequadas que possibilite à organização competir efi- cazmente no mercado. Vários autores também têm as suas definições para estratégia de produção. Skinner (1996), por exemplo, a considera como um conjunto de planos e políticas através dos quais a empresa objetiva obter vantagens sobre seus competidores e inclui planos para a produção e venda de produtos para um conjunto particular de consumidores. Wheelwright (1984), por sua vez, a apresenta como sendo uma sequência de decisões que, no decorrer do tempo, capacitará as unidades de negócios da organização a de- senvolverem as desejadas estrutura e infraestrutura da produção, além de um conjun- to específico de capacitações. De acordo com o autor, a estratégia de produção deve ter algumas características: considerar um horizonte de longo prazo; proporcionar um forte impacto na organização; focalizar as atividades fundamentais, alocando recursos em alguns poucos objetivos; e abranger um amplo espectro de atividades ao longo de toda a estrutura organizacional. Segundo Keer e Greenhalgh (1991), a estratégia de produção não deve considerar apenas a tecnologia de processo42, mas também as pessoas envolvidas com a pro- dução (gerentes, supervisores e operários), o direcionamento estratégico da empresa (qual caminho a empresa deve seguir?) e o foco de atuação (quais são realmente as atividades que a empresa deve se concentrar?) Dado o exposto, verifica-se, então, a existência de uma nova abordagem para a função produção, no qual ela deixa de ter um papel apenas de reação e de executoradas ações estratégicas e passa a influenciar diretamente nas definições estratégicas das organizações. Assim, busca-se expor a existência de uma ligação entre a estratégia de negócio e a estratégia de produção, em que é dado uma maior importância à organi- zação da função produção como uma fonte de vantagem competitiva. Contudo, esta influência da produção sobre a competitividade pode ser dividida em quatros estágios. O primeiro, o papel da produção é de “internamente neutra”, visto que busca apenas minimizar os possíveis aspectos negativos da produção por meio manutenção de uma função produção flexível e reativa, por exemplo. Neste caso, a função produção é vista como sem capacidade de influenciar o sucesso competitivo da empresa (HAYES E WHEELWRIGHT, 1988). No segundo estágio, a função produção é considerada “externamente neutra”, uma vez que busca paridade com os seus competidores, ou seja, a organização e os inves- timentos, nesta função seguem, em geral, a tendência do segmento de mercado em que a empresa está atuando (HAYES E WHEELWRIGHT, 1988). Em resumo, estas são as empresas que operacionalizam sua produção baseadas no paradigma da eficiência e custos (CARVALHO JR., 1997). Já no terceiro estágio, a produção tem o objetivo de “suporte interno”, no qual ela apoia diretamente a estratégia competitiva das empresas. Neste caso, elas tendem a ver a função produção como capaz de dar suporte e fortalecer as suas estratégias empresariais e, para isso, busca, no planejamento global, subsídios e informações para a estabelecer o plano de ação desta função (HAYES E WHEELWRIGHT, 1988). Por fim, o quarto e último estágio considera a função produção como a fonte principal do sucesso competitivo da empresa e, por isso, o papel desta função é de “suporte externo”. Observa-se, neste estágio, que a produção passa a fazer parte explicitamente do planejamento estratégico da empresa, buscando antecipar tendências na função produção (tanto estruturais quanto infraestruturais), desenvolver novas capacitações e utilizá-las primeiramente que a concorrência (HAYES E WHEELWRIGHT, 1988). A partir do exposto acima, nota-se, também, a existência das duas percepções da for- mulação de estratégias (plano e padrão), porquanto defende-se tanto o alinhamento estratégico de cima para baixo entre a estratégia competitiva e a estratégia de produ- 98 PROJETO DE FÁBRICA PROJETO DE FÁBRICA ção da organização — plano — quanto à formação de competências forjadas ao longo dos anos de experiência da empresa — padrão. Com esta abordagem exposta, busca-se implantar a visão de competitividade dentro do setor de produção ou a inclusão do conceito de eficácia junto com o conceito de eficiência. Assim, introduz-se uma maior preocupação com o conhecimento dos clien- tes, dos concorrentes e do mercado dentro do processo de tomada de decisão referen- te à função produção. Como implicação, nem sempre a busca da eficiência máxima (redução de custos) será o objetivo majoritário competitivo da produção, pois pode haver um outro objetivo que se ajuste melhor à estratégia competitiva da empresa. 2 PLANEJAMENTO DE CAPACIDADE Capacidade é a quantidade máxima de produtos ou serviços que podem ser produzi- dos por uma organização. Por exemplo: se uma empresa possui em sua linha de mon- tagem 100 funcionários que trabalham 8 horas por dia e realizam 100 montagens por hora e por empregado, a capacidade deste departamento será de 8000 montagens/ dia (LUSTOSA et al, 2008). Toda empresa, independente do ramo de atuação, tem uma capacidade produtiva calculada com base em unidades de produção ao longo de determinado período de tempo. Ou seja, quantos itens são possíveis de fabricar tomando-se como medidas as horas, turnos, dias, semanas ou meses. Existem diferentes formas de capacidade, são elas (LUSTOSA et al, 2008): • Capacidade instalada: considera o funcionamento máximo, sem a ocorrência de perdas, faltas, paradas de máquinas ou qualquer outro tipo de imprevisto. É um cálculo hipotético, que ajuda a empresa a tomar decisões estratégicas. • Capacidade disponível: não são consideradas as perdas, faltas ou paradas nas má- quinas, por qualquer motivo. Para ampliar essa capacidade, o empreendedor pode decidir entre investir em novas máquinas, contratar mais pessoas ou operar em mais um turno de trabalho (o que vai envolver mais gente). • Capacidade efetiva: é feito um planejamento de perdas, a partir de alguns fatores que são previsíveis em qualquer planta industrial, como manutenções preventivas; trocas de turnos; necessidade de limpeza de equipamentos devido aos setups para linhas de produtos diferentes; amostras de qualidade, entre outros. • Capacidade realizada: corresponde à capacidade efetiva, considerando-se tam- bém as perdas não planejadas, representadas por fatores como falta de energia, de insumos, absenteísmo, estrago de maquinário, investigações de problemas de qualidade. 1110 PROJETO DE FÁBRICA PROJETO DE FÁBRICA Alguns fatores influencia o planejamento da capacidade das organizações. São eles (LUSTOSA et al, 2008): • Instalações: o tamanho das instalações é muito importante e sempre que possível, procura-se deixar um espaço para expansões futuras. • Layout: o layout pode influenciar a capacidade, podendo aumentá-la ou restringi-la. • Fatores ambientais: o aquecimento, a iluminação e o ruído também exercem in- fluência sobre a capacidade, pois se não forem bem administrados poderão gerar fadiga e outros problemas que diminuirão a capacidade. • Composição dos produtos/serviços: a diversidade reduz a capacidade. Produtos uniformes dão a oportunidade da padronização de métodos e materiais, redu- zindo o tempo de operação e aumentando a capacidade. Produtos diferenciados exigem constantes preparações das máquinas, que poderão ficar paradas por um bom tempo, diminuindo assim a capacidade. Projeto do processo: dependendo do tipo de processo podemos usufruir do aspecto tecnológico que poderá pro- porcionar o aumento da capacidade. Mas, também existem os processos manuais que contribuem para a restrição da capacidade e que poderiam ser substituídos pelos automatizados. • Fatores humanos: a habilidade dos funcionários aumenta a capacidade, portanto, a empresa deve investir constantemente em treinamentos e manter seus funcio- nários motivados, valorizando-o através de incentivos, pois ele representa o capital humano da organização. • Fatores operacionais: os fatores operacionais também poderão aumentar ou di- minuir a capacidade do processo. Por exemplo: alguns equipamentos mais lentos acabam definindo a velocidade do processo, o que poderá causar um gargalo na produção e consequentemente diminuir sua capacidade. • Fatores externos: alguns fatores externos também podem influenciar na capaci- dade. Dentre eles podemos citar os padrões de qualidade exigidos pelos clientes (onde devemos estar atentos para que não haja falhas), que necessitam de uma atenção muito maior ao processo, diminuindo desta forma a capacidade. É muito importante que a empresa defina sua capacidade quando desenvolver seu produto/serviço, pois dela dependerá os recursos que serão empregados, bem como sua utilização. Em empresas cada vez mais complexas, a tecnologia tem sido grande aliada dos gestores de produção e também dos empreendedores, quando se veem diante da necessidade de tomar decisões de mercado que esbarram em sua capacidade pro- dutiva. Informações operacionais armazenadas de maneira adequada e em tempo real, podem significar mais assertividade na hora de se fazer escolhas como as citadas anteriormente, entre ampliar maquinário, gerar horas extras ou contratar mais gente (LUSTOSA et al, 2008). Um sistema de gestão – parametrizado de maneira adequada – fará cálculos que vão ajudar a avaliar a necessidade de investimento, asperdas e ganhos para o negócio, as alternativas possíveis em caso de ser necessário aumentar a produção, possibilidades de redução de custos por meio do uso racional de recursos, entre outros aspectos. Ele vai ajudar também a ajustar a capacidade e a demanda, que pode variar de um período a outro. Existem no mercado alguns conceitos que ajudam a entender esse movimento (LUSTOSA et al, 2008): • Capacidade constante: a empresa faz um cálculo de capacidade que vai se man- ter ao longo do tempo do planejamento, sem considerar qualquer mudança na demanda pelos seus produtos. • A capacidade produtiva: considera a manutenção do mesmo número de pessoas e de equipamentos em funcionamento, em determinado período de tempo. En- volve decisões estratégicas sobre custo de estoques e velocidade de giro. • Acompanhamento da demanda: a capacidade de produção procura acompanhar os níveis variáveis das demandas previstas. Isso envolve a administração de muitas variáveis relacionadas a insumos, pessoal e maquinário, mas minimiza a necessida- de de estoques e adapta a produção rapidamente ao comportamento do merca- do. Os sistemas de gestão, nesse caso, têm grande contribuição para a tomada de decisões de produção, pois são facilmente ajustados. • Gerenciamento da demanda: a empresa pode estimular, por meio de estratégias de marketing e comerciais, um aumento da demanda em determinados períodos, quando o mercado consumidor está mais tranquilo. Existem produtos que vendem bem em determinada época do ano, mas sua fabricação começa meses antes. 1312 PROJETO DE FÁBRICA PROJETO DE FÁBRICA • Alteração da demanda: normalmente é feita para estimular a demanda em perío- dos que não são de pico. As empresas costumam alterar seus preços para estimu- lar a procura por determinados produtos. • Método misto: o gestor de capacidade, com base em análise de dados, pode com- binar dois ou mais desses métodos para planejar sua capacidade produtiva, ade- quando-se as estratégias e aos resultados esperados. Aqui, um sistema de gestão ERP ajuda a fazer cálculos, simulações e acompanhamentos em tempo real. Com isso, qualquer ajuste pode ser feito rapidamente, em tempo da área operacional poder adequar-se. Planejar de maneira adequada a produção, com o auxílio de sistemas de gestão ERP, vai contribuir para que a planta industrial funcione da maneira mais otimizada possível e integrada a outros processos corporativos fundamentais. A integração com a área co- mercial, por exemplo, ajudará a ter clareza sobre a demanda. A integração com a área de compras permitirá processos automatizados para garantir os insumos na medida em que os pedidos são processados. A integração com a área de Recursos Humanos vai ajudar a avaliar e dimensionar a quantidade de pessoas necessárias aos processos. 3 PROJETO DE FÁBRICA Para alcançar a competividade e se manter competitivas, tantos as empresas da área industrial como da área de serviços, precisam implantar uma trajetória consistente para o projeto de fábrica, que não se constitui numa atividade simples ou isolada, mas está relacionada com a otimização de uma sequência de decisões estruturais e não estru- turais essenciais para obtenção do máximo desempenho de uma unidade produtiva. As condições para desenvolvimento de um projeto de fábrica competitivo não acon- tecem espontaneamente. É necessário que, quando da formulação do seu planeja- mento estratégico, as empresas definam em quais mercados atuarão e de que forma irão competir; certamente o planejamento não elimina as decisões que precisam ser tomadas nas fases subsequentes, mas é o ponto de partida essencial e necessário para referenciar as próximas tomadas de decisão. Para corresponder às exigências dos clientes as empresas precisam saber que é ne- cessário incluir um conjunto de decisões estruturais e não estruturais desde o início de seus pré-projetos e, assim, definir qual papel desejado desta nova unidade de negó- cio, englobando os produtos produzidos, as tecnologias e os processos empregados, o layout necessário e, no final, sua edificação e instalações de apoio, pois a excelência operacional começa na formulação da estratégia. Na fase de estruturação, que antecede quaisquer investimentos em máquinas, equi- pamentos ou infraestrutura, o objetivo é o desenho inicial do sistema produtivo que avalie também importantes fatores externos que influenciam o projeto das unidades de negócios, em termos de suas relações gerais de natureza econômica, ambiental, organizacional e evolução da tecnologia, as políticas governamentais, facilidade de crédito, as medidas econômicas financeiras, como taxas de juros, concorrência, etc. Para tanto, devem ser buscadas respostas às seguintes questões: • Definir qual é a ideia geral do sistema produtivo; • Definir qual o contexto em que será aplicado; • Executar estudos preliminares do mercado e volume de produção; • Executar estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental do projeto; 1514 PROJETO DE FÁBRICA PROJETO DE FÁBRICA • Executar estudos preliminares dos produtos, materiais e processos de produção; • Definir qual a finalidade e os objetivos da produção; • Definir quais as bases e os princípios que devem ser obedecidos. Formulada a ideia inicial, deve ser executada a próxima fase que é a de planejamen- to. Os resultados desta fase refletem o grau de incerteza e imprecisão aceitável em função do dispêndio de esforços e recursos. Assim, apresenta-se a próxima fase, es- truturação do projeto. O ponto de partida na fase de estruturação é a formação de uma equipe multidisciplinar para elaboração e análise dos projetos. Essas fases estão descritas abaixo: • Planejamento do Macro Espaço O plano do macro espaço é frequentemente o nível mais importante do projeto de uma instalação/fábrica. Este nível determina a organização básica da fábrica e os pa- drões de fluxo de material. O plano do macro espaço influencia quase todas as medi- das de desempenho de uma organização, da rotatividade da mão-de-obra, passando pela qualidade até as entregas. • Estrutura do Projeto Macro Formada de 5 macro etapas, a saber: 1. Planejamento do Projeto: são mapeados os recursos para a execução do projeto. Nessa etapa é feito o planejamento das atividades (gráfico de Gantt), o cronograma das atividades e identificado os recursos humanos para o projeto 2. Levantamento de Informações: após a aprovação do projeto, inicia a coleta de in- formações (qualitativas e quantitativas). Assim, faz-se necessário analisar Produtos e Volumes (contexto atual e futuro), organização (espaços de apoio), espaço atual e estoques e analisar processos existentes, fluxos de processo (materiais e informa- ções, estrutura física). 3. Estratégia: declaração da estratégia operacional da empresa. Pode ser dividida em 4 partes. A primeira é a missão: informa o propósito da instalação (clientes, produ- tos, processos...). A segunda é o processo: tipo de processo, escala, capacidade de produção, qualidade, tecnologia. A terceira infraestrutura: atividades e estruturas de apoio ao processo: políticas de RH, treinamentos, segurança, EPIs, estrutura funcio- nal, controle da produção, gerenciamento de fornecedores. A última etapa é a de instalações: foco da instalação, localização, tamanho, transporte, expansão, resíduos. 4. Projeto do Layout: consiste nas seguintes atividades: definição das UPEs, análise de fluxo de materiais e informações, definição de afinidades, cálculo de espaço, identificação de limitações e restrições, elaboração do diagrama de configuração e definições de alternativas de espaço (layout). 5. Avaliar/Selecionar melhor layout: essa etapa consiste em avaliar os layouts gerados e selecionar melhor alternativa. As alternativas podem ser avaliadas pelos seguintes critérios: fluxo de materiais, custo inicial, facilidadede comunicação, controle de produção, qualidade, flexibilidade para acomodar novos produtos, necessidades de produção e conforto dos operadores 1716 PROJETO DE FÁBRICA PROJETO DE FÁBRICA 4 PROJETO DE PRODUTOS O Processo de Desenvolvimento de Produtos é um dos processos mais importantes e vitais para o negócio de uma empresa, pois é por meio dele que a empresa é capaz de criar novos produtos mais competitivos e em menor tempo com a finalidade de atender à constante evolução do mercado. Um dos itens mais importantes a se entender no processo de desenvolvimento de produto é que o setor responsável por desenvolver o produto precisa trabalhar em har- monia com as demais áreas da organização, como a Engenharia de Processos, a área de Logística, a área de Compras, a área da Qualidade, a área Financeira, entre outras. Numa visão macro, as principais fases do desenvolvimento de um produto são: • Planejamento do Produto (conceito e planejamento): definição do projeto, defi- nição do produto e estudo de viabilidade • Projeto do Produto (desenvolvimento e validação): documentação, testes, protó- tipo, embalagens e homologações • Realização do Produto (lançamento): processo de produção, equipamentos, ma- teriais, layout, treinamento e validação. Os projetos de produto podem ter diferentes classificações, são elas: • Projetos Plataforma: são aqueles que tem alterações significativas, porém conser- vam uma estrutura básica comum a outros modelos de uma família. • Projetos Inovadores: são aqueles relativos a produtos inovadores, criação de novos segmentos, ou com alterações muito significativas de produto ou processo de fabricação. • Projetos de Nacionalização: são aqueles em que a filial adapta para as condições locais um determinado projeto da matriz. • Projetos Incrementais: são aqueles que agregam pequenas modificações em produtos correntes, usualmente para resolver algum problema de qualidade, ou reduzir custos de fabricação. As empresas devem sempre buscar em um novo produto/serviço, suprir as seguintes demandas: • Melhorar a qualidade: sempre pode-se melhorar a qualidade, sempre existe al- gum aprendizado que permite a melhoria contínua do produto. • Reduzir os custos de fabricação: é uma das formas de aumentar a margem de contribuição do produto e, consequentemente aumentar a competividade. • Agregar características: incluir novas características no produto, aumenta a possi- bilidade de aceitação perante o cliente, porque mais necessidades serão supridas. • Aumentar a abrangência do portfólio: em algumas situações, o lançamento visa suprir uma lacuna no portfólio de produtos que, após discussão dentro do Pla- nejamento Estratégico da empresa, resultou na decisão de seu lançamento. Em situações do dia-a-dia, não necessariamente se consegue lançar produtos novas atendendo a todos os pontos acima, por diversas razões. Porém, é importante a aná- lise crítica prévia, buscando entender qual dos itens acima será crítico para o sucesso do novo produto 1918 PROJETO DE FÁBRICA PROJETO DE FÁBRICA 5 PLANEJAMENTO DO ARRANJO FÍSICO E DOS FLUXOS INTERNOS. A gestão da produção se preocupa com vários pontos, desde a estratégia até as diver- sas formas de organizar a produção para atender a demanda e ser competitivo, bem como com os sistemas de produção: arranjo físico e fluxos produtivos. Especificamen- te, quando se trata do layout e arranjo físico das operações, fica claro que a correta aplicação e sua gestão influenciam: a) nas distâncias do trajeto de materiais, pessoas, equipamentos; b) nos custos operacionais, no tocante a estoques, filas, movimentação interna; c) no conforto dos funcionários e clientes; d) nas vendas, no que tange a exposição de mercadorias, trajeto dentro das lojas, etc. Quando se fala em gestão da produção, muitos pensam e associam o tema de ime- diato à fabricação de produtos. Entretanto, essa área de conhecimento pode contri- buir de várias maneiras na prestação de serviços. O arranjo físico de um processo produtivo trata-se do posicionamento físico dos re- cursos de transformação, como: instalações, máquinas, equipamentos e pessoal da produção. Também determina a maneira que os recursos transformados fluem pela operação, como: materiais, informação e clientes. Huberman (1936), afirma que o cres- cimento do mercado constitui sempre um tremendo incentivo ao crescimento da produção. Dessa forma o desenvolvimento de novos arranjos físicos ocorre pela neces- sidade de adaptação a novas realidades. O arranjo físico de uma operação produtiva, deve iniciar-se com objetivos estratégicos da produção. Entretanto, isso é apenas o ponto de partida de um processo de múlti- plos estágios. Se o arranjo físico estiver incorreto, pode levar a padrões de fluxo longos ou confusos, estoque de materiais, filas de clientes formando-se ao longo da operação, inconveniência para os clientes, tempos de processamento elevados, operações infle- xíveis, fluxos imprevisíveis e altos custos. (SLACK, 2002). De acordo com Slack (2002), a alteração de arranjo físico é frequentemente uma ativi- dade complicada e de extensa duração por causa das dimensões físicas dos recursos alterados. O rearranjo físico de uma operação existente pode interromper seu funcio- namento, levando à insatisfação do cliente ou perdas na produção. A decisão sobre o arranjo físico, pode ser difícil e onerosa, dessa forma, gerentes de pro- dução podem hesitar em fazê-la, devido ao risco de errarem em sua decisão. O efeito de um mau julgamento na definição do arranjo físico adequado terá implicações de longo prazo sob a operação. Portanto estas razões práticas na tomada de decisão, são de suma importância, em que é necessário selecionar o tipo de processo, o arranjo físico básico e daí sim selecionar o projeto detalhado de arranjo físico. A Figura 1 de- monstra como deve ser esse processo de decisão. FIGURA 1: PROCESSO DE DECISÃO ARRANJO FÍSICO Fonte: Adaptada de Slack (2002). 2120 PROJETO DE FÁBRICA PROJETO DE FÁBRICA Fonte: Adaptado de Slack (2010). Os diferentes tipos de arranjos físicos detêm coerência de relação entre as exigências de determinado tipo de produto ou serviço a ser prestado e a natureza do processo produtivo. São eles: Arranjo por produto ou linha (Flow Shop): os equipamentos ou as estações de trabalho são colocados de acordo com a sequência de montagem, sem caminhos alternativos para o fluxo produtivo. O material cursa um caminho antecipadamente determinado dentro do processo. Este arranjo possibilita um fluxo rápido na fabricação de produtos padronizados. Neste tipo de arranjo, o custo fixo da organização costuma ser alto, mas o custo variável por produto produzido é geralmente baixo, caracteriza-se como um ar- ranjo físico de elevado grau de alavancagem operacional. É um arranjo largamente uti- lizado pela indústria e por algumas organizações prestadoras de serviço (SLACK, 2002) Quando se fala em arranjo em linha, não necessariamente diz respeito a uma disposi- ção em linha reta. Uma linha de produção retilínea tende a ficar muito longa exigindo áreas de longo comprimento, o que nem sempre é possível. A fim de resolver essa questão, é comum que os engenheiros projetem linhas em forma de U ou S ou outra forma de circuito diferente, que possa ser compatível com o espaço físico disponível (SLACK, 2002). O Quadro abaixo demonstra vantagens e desvantagens do arranjo físi- co por produto. Possibilidade de produção em massa com grande produtividade Carga de máquina e consumo de material constante ao longo da linha de produção Controle de produtividade mais fácil __ Alto investimento em máquinas Tédio nos operadores, devido atividades monótonas Falta de flexibilidade da linha de produção Fragilidade a paralisações e subordinação aos gargalos DESVANTAGENSVANTAGENSQUADRO 1 – VANTAGENS E DESVANTAGENS ARRANJO FÍSICO POR PRODUTO Arranjo por processo ou funcional (Job Shop): agrupa, em uma mesma área, todos os processos e equipamentos com mesmo tipo e função. Por esse motivo, é conheci- do como arranjo funcional. Pode agrupar em uma mesma área operações ou mon- tagens semelhantes. Os materiais e produtos se deslocam procurando os diferentes processos de cada área necessária. É um arranjo muito encontrado em prestadores de serviço e organizações do tipo comercial (SLACK, 2010). É esperado que cada tipo de arranjo físico apresente vantagens e desvantagens que irão variar de acordo com o tipo de produto ou serviço que se pretende produzir. As principais vantagens do arranjo físico por processo estão descritas no Quadro 2. Fonte: Adaptado de Slack (2010). Flexibilidade para atender a mudanças de mercado Bom nível de motivação dos funcionários Atende a produtos diversificados em quantidades variáveis simultaneamente Menor investimento para instalação Apresenta um fluxo longo dentro da fábrica Diluição menor de custo fixo em função de menor expectativa de produção Dificuldade de balanceamento Exige mão-de-obra qualificada DESVANTAGENSVANTAGENS QUADRO 2 – VANTAGENS E DESVANTAGENS ARRANJO FÍSICO POR PROCESSO Arranjo Físico Celular: procura unir as vantagens do arranjo físico por processo, com as vantagens do arranjo físico por produto. A célula de manufatura consiste em arranjar em um só local, conhecido como célula, máquinas diferentes que possam fabricar o produto inteiro. O material se desloca dentro da célula buscando os processos ne- cessários, porém o deslocamento ocorre em linha (SLACK, 2010). No Quadro 3 estão descritas todas vantagens e desvantagens desse tipo de arranjo físico. 2322 PROJETO DE FÁBRICA PROJETO DE FÁBRICA Fonte: Adaptado de Slack (2010). Fonte: Adaptado de Slack (2010). Não há movimentação do produto Aumento da flexibilidade É possível utilizar técnicas de programação e controle Diminuição do transporte de material Possibilidade de terceirização de todo o projeto Diminuição dos estoques Maior satisfação no trabalho Complexidade na supervisão e controle de mão-de-obra Específico para uma família de produtos Necessidade de áreas externas próximas à produção para submontagens Dificuldade em elaborar o arranjo Produção em pequena escala e com baixo grau de padronização _ _ DESVANTAGENS DESVANTAGENS VANTAGENS VANTAGENS QUADRO 4 – VANTAGENS E DESVANTAGENS ARRANJO POR POSIÇÃO FIXA QUADRO 3 – VANTAGENS E DESVANTAGENS ARRANJO FÍSICO CELULAR. Arranjo Físico por posição fixa (Project Shop): também conhecido por arranjo físico posicional é aquele em que o produto, permanece estacionário em uma determina- da posição e os recursos de transformação se deslocam ao seu redor, executando as operações necessárias. Este arranjo é utilizado quando o porte do produto ou à na- tureza do trabalho não é possível em outra forma de arranjo, são dois casos: quando a natureza do produto, como peso, dimensões e/ou forma impedem outra forma de trabalho, como projetos de grandes construções, atividades agropecuárias, atividades de extrativismo e quando a movimentação do produto é inconveniente ou extrema- mente difícil, como por exemplo, caso de cirurgias, montagem de equipamentos de- licados ou perigosos (SLACK, 2010). A decisão de qual tipo adotar, envolve uma escolha entre os quatro tipos básicos. As características de volume e variedade de uma operação vão reduzir a escolha, grosso modo, a uma ou duas opções. A decisão sobre qual o arranjo específico escolher é influenciada por um entendimento correto das vantagens e desvantagens de cada um. Segundo Slack (2002), de todas as características dos vários tipos básicos, talvez a mais significativa seja a implicação, para os custos unitários, da escolha do tipo de arranjo físico. Assim, alguns parâmetros podem ser adotados para escolha do arranjo que mais se adequa ao processo produtivo. Aumentando-se o volume, aumenta a importância de se gerenciar os fluxos e, reduzindo-se a variedade, aumenta a viabilidade de um arranjo físico baseado num fluxo regular. A Figura 2 ilustra a relação entre variedade e volume e a Figura 3 a relação entre processo e arranjo físico. FIGURA 2 – RELAÇÃO VARIEDADE E VOLUME DE ACORDO COM O ARRANJO FÍSICO Fonte: Adaptada de Slack (2002). 2524 PROJETO DE FÁBRICA PROJETO DE FÁBRICA FIGURA 3 – RELAÇÃO TIPO DE PROCESSO E ARRANJO FÍSICO Fonte: Slack (2002) 6 PLANEJAMENTO DO SISTEMA DE MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM DE MATERIAIS A movimentação e armazenagem são etapas fundamentais do fluxo logístico, isto é, da preparação, da colocação e do posicionamento dos materiais de forma a facilitar os processos logísticos; levando em conta os equipamentos e os sistemas empregados em cada operação logística. Estes itens são constituídos por um conjunto de funções de recepção, de descarga, de carregamento, de arrumação e da conservação de ma- térias-primas, mas este processo apenas produz resultados se realizado uma operação com objetivo de acrescentar valor (SANTOS; SOARES, 2015). Casadevante Y Mújica (1974) definem a missão da armazenagem como o compromis- so entre os custos e a melhor solução para empresas. Santos e Soares (2015) explicam que nos dias atuais, trata-se de uma combinação de métodos e processos, capazes de movimentar toda a mercadoria, matérias-primas e produto final com objetivo de acomodar, da melhor forma possível, para que o objetivo final seja alcançado e o aten- dimento ao cliente flua eficazmente. Moura (1997), diz que o propósito de qualquer armazenagem é a de prover estoque de matérias: do tipo especifico; na quantidade certa; para o lugar certo; no tempo certo e pelo mínimo de custo. As atividades de movimentação e armazenagem envolvem vários itens, como: trans- porte, estocagem do material de consumo e manutenção, embalagem, movimen- tação de materiais, atendimento ao pedido, previsão de estoques, planejamento da produção, suprimentos, serviços ao cliente, localização, controle de estoque/inventario, produção, controle de qualidade, distribuição física e segurança. O manuseio ou movi- mentação interna de produtos e materiais significa transportar pequenas quantidades de bens por distancias relativamente pequenas, quando comparadas com as distân- cias na movimentação de longo curso executada pelas companhias transportadoras. É atividade executada em depósitos, fabricas e lojas, assim como no transbordo entre modais de transporte. Seu interesse concentra se na movimentação rápida e de baixo custo das mercadorias. (BALLOU, 2009). 2726 PROJETO DE FÁBRICA PROJETO DE FÁBRICA De acordo com Moura (1997) a logística se fundamenta em princípios e fundamentos que podem ser considerados atemporais. Esses princípios constituem uma fonte para o administrador de logística realizar efetivamente o projeto e a avaliação da movimentação e armazenagem de materiais. Esses fundamentos estão listados abaixo. Alguns podem parecer óbvios, mas podem implicar em problemas futuros na logística de sua empresa. 1. Princípio do Planejamento: é necessário determinar o melhor método, do ponto de vista econômico, para a movimentação de materiais, considerando-se as condi- ções particulares de cada operação. 2. Princípio do Sistema Integrado: as atividades de movimentação e armazenagem de materiais devem ser totalmente integradas, formando um sistema operacional coordenado. 3. Princípio do Fluxo de Materiais: é necessário projetar um fluxo contínuo e progres- sivo de materiais, sendo esse o mais econômico. 4. Princípio da Simplificação: deve-se sempre procurar reduzir, combinar ou elimi- nar movimentos e/ou equipamentos desnecessários. 5. Princípio da Gravidade: a força motora mais econômica é a gravidade.Ela deve ser utilizada sempre que possível para a movimentação de materiais. 6. Princípio da Utilização do Espaço: o aproveitamento vertical do espaço contribui para o descongestionamento das áreas de armazenagem e para a redução dos custos unitários de estocagem. 7. Princípio do Tamanho da Carga: a economia em movimentação de materiais é diretamente proporcional ao tamanho da carga movimentada. Reduz-se grande- mente o manuseio, e consequentemente os custos associados, quando unidades pequenas podem ser agrupadas para formar uma unidade maior. 8. Princípio da Segurança: a produtividade aumenta conforme as condições de tra- balho se tornam mais seguras. É necessário analisar as condições de segurança e melhorá-las continuamente. 9. Princípio da Ergonomia: as capacidades e limitações humanas precisam ser reco- nhecidas e respeitadas no projeto das tarefas e equipamentos de movimentação e armazenagem de materiais, para assegurar operações seguras e efetivas. 10. Princípio do Meio Ambiente: O impacto ambiental e o consumo de energia de- vem ser considerados como critérios ao projetar e selecionar sistemas de movi- mentação de materiais e equipamentos alternativos 11. Princípio da Mecanização: sempre usar equipamento de movimentação mecani- zado, quando for praticável. Máquinas são normalmente mais produtivas, seguras e econômicas que a força braçal humana. 12. Princípio da Seleção do Equipamento: na seleção do equipamento de movimen- tação, deve-se considerar todos os aspectos do material a ser movimentado, bem como dos movimentos a serem realizados e métodos utilizados. 13. Princípio da Padronização: padronize métodos, bem como tipos e tamanhos dos equipamentos de movimentação. Sempre haverá um melhor método para movi- mentar certa carga em certa situação. Normalmente, o sistema mais eficiente é o mais simples. 14. Princípio da Flexibilidade: o valor do equipamento é diretamente proporcional à sua flexibilidade. Uma maior flexibilidade significa que um mesmo equipamento pode ser utilizado em uma ampla variedade de operações ou áreas, mantendo-se como o equipamento ideal em caso de mudanças. 15. Princípio do Peso Morto: quanto menor for o peso próprio do equipamento móvel em relação à sua capacidade de carga, tanto mais econômicas serão as condições operacionais. Equipamento superdimensionado não apenas é mais custoso, mas também normalmente mais lento. 16. Princípio do Tempo Ocioso: reduzir tempo ocioso ou improdutivo, tanto do equi- pamento quanto da mão-de-obra da Movimentação de Materiais. O tempo de permanência dos veículos nas áreas de carga e descarga deve ser reduzido ao mínimo compatível com a operação. 17. Princípio do Trabalho: o trabalho deve ser sempre minimizado, sem sacrificar a produtividade ou o nível de serviço exigido para a operação. Os processos devem ser simples, as sequências de operação devem ser claras e os layouts coerentes. 2928 PROJETO DE FÁBRICA PROJETO DE FÁBRICA 18. Princípio da Automação: as operações de movimentação e armazenagem de ma- teriais devem ser automatizadas, quando viável, para aumentar a responsividade, melhorar a consistência e a previsibilidade, diminuir custos operacionais e eliminar mão de obra repetitiva e potencialmente insegura. 19. Princípio da Movimentação: o equipamento projetado para movimentação de material deve ser mantido em movimento. Significa que, sendo necessário o trans- porte e impossível a sua redução ou eliminação, cumpre efetuá-lo sem interrup- ção, do início ao fim do processo. É preciso reduzir as interrupções (tempos de carga e descarga, inspeções, esperas etc.). 20. Princípio da Manutenção: deve-se planejar adequadamente a manutenção pre- ventiva e o reparo programado de todos os equipamentos de movimentação. A prática de manutenção de equipamentos móveis deve ser considerada indispen- sável. Quanto melhor a manutenção preventiva, menores as interrupções e mais produtivos serão os equipamentos. 21. Princípio da Obsolescência: substituir métodos e equipamentos de movimenta- ção obsoletos quando métodos e equipamentos mais eficientes vierem a melho- rar as operações. Todos os equipamentos estão sujeitos a depreciação, bem como surgem novos equipamentos mais eficazes no mercado. Sempre que viável, a troca dos equipamentos deve ser avaliada. 22. Princípio do Controle: o equipamento de movimentação pode ser empregado para melhorar o controle da produção, dos estoques e da separação dos pedidos. 23. Princípio da Capacidade: use os equipamentos de movimentação para auxiliar a atingir a plena capacidade de produção. 24. Princípio do Desempenho: determine a eficiência do desempenho da movimen- tação de materiais em termos de despesas por unidade movimentada. 25. Princípio do Custo do Ciclo de Vida: Necessário considerar a realização de uma minuciosa análise econômica para contabilizar todo o ciclo de vida dos equipa- mentos de movimentação de materiais. Realize um plano de longo prazo para substituição dos equipamentos, quando se tornarem obsoletos. Os gestores de logística devem constantemente lidar com decisões referentes a compras, produção e distribuição. Algumas decisões mais importantes são (GARCIA et al, 2006). • Quanto pedir: todo pedido de ressuprimento deve especificar a quantidade re- querida, tendo como base demandas futuras esperadas, restrições de suprimentos, descontos existente e custos envolvidos. • Quando pedir: o momento exato de emitir uma nova ordem é determinado pelo parâmetro do ponto de pedido, que depende do lead time de ressuprimento, da demanda esperada e do nível de serviço desejado. • Com que frequência revisar os níveis de estoque: os níveis de estoque podem ser revisados continuamente ou periodicamente, dependendo da tecnologia presen- te e dos custos de revisão, dentre outros fatores. • Onde localizar os estoques: se uma empresa pode estocar seus produtos em mais de uma instalação, decisões de localização devem ser tomadas, como por exem- plo manter produtos acabados em armazéns pequenos próximos aos clientes ou em um armazém central, o que depende dos custos de distribuição, restrições de serviço, tempo em que os clientes aceitam esperar, tempo de distribuição, custos de estoque, custos de instalações, etc. • Como controlar o sistema: a utilização de indicadores de desempenho e o moni- toramento das operações devem estar presentes para apoiar medidas corretivas e ações de contingência se o sistema logístico estiver fora de controle ou operando com baixa performance. A complexidade na tomada de decisões aumenta rapidamente com o aumento do número de SKUs e de instalações. Deste modo, encontrar uma solução ótima exata para o sistema logístico se torna por vezes inviável, sendo conveniente o uso de regras aproximadas. Entretanto, muitas das regras usadas em situações reais são míopes e simplistas, não avaliando corretamente os trade-offs de custos existentes e as caracte- rísticas específicas de diferentes produtos, o que pode resultas em perdas considerá- veis para a empresa (GARCIA et al, 2006). É necessário um planejamento das atividades do setor de estoque para integrá-lo com as demais atividades da empresa, a fim de obter sucesso no atendimento dos seus objetivos básicos e na redução dos custos operacionais da empresa sem a perda da qualidade do produto ou serviço. Uma ferramenta de grande utilidade para análise de estoque é a curva ABC, pois permite identificar aqueles itens que mereçam aten- ção e tratamento adequados quanto a sua administração (BRAGA; PIMENTA, 2009). 3130 PROJETO DE FÁBRICA PROJETO DE FÁBRICA Segundo Slack et al. (2002), a lei de Pareto – princípio base da curva ABC – estabelece que uma pequena proporção (aproximadamente 20%) dos itens totais contidos em estoque representa uma grande proporção (cerca de 80%) do valor total em esto-que. Assim pode-se utilizar esse princípio para a classificação dos diversos materiais estocados de acordo com sua movimentação de valor. Dessa forma, é possível que os gestores priorizem seus esforços de acordo com os produtos mais significativos. Os produtos/itens são alocados em três classes diferentes, (Slack et al., 2002): • Classe A: 20% dos itens que possuem um alto valor (de demanda ou consumo anual) representam cerca de 80 % do valor monetário do estoque. • Classe B: itens de valor intermediário (de demanda ou consumo anual), usualmente 30% dos itens que representam cerca de 10% do valor monetário total do estoque. • Classe C: são itens de baixo valor, representam 50% do total de itens estocados e representam apenas cerca de 10 % do valor total dos itens estocados. Os critérios mais utilizados para a classificação de estoque segundo a curva ABC são o uso anual e do valor, mas em alguns casos outros critérios podem contribuir: efeitos da falta de estoque, fornecimento incerto e risco de deterioração ou obsolescência (SLACK et al., 2002). Outra ferramenta que ajuda na gestão de estoque é o Kanban. O Kanban é uma palavra japonesa que significa “etiqueta” ou “cartão”. De acordo com Gianesi e Corrêa (1996), ele funciona como disparador da produção (ou movimentação) por parte de centros produtivos presentes no processo, coordenando a produção de acordo com a demanda de produtos finais. Dessa forma, o Kanban organiza a sequência de pro- dução de acordo com os princípios do just in time, produzindo os materiais neces- sários, na quantidade necessária e no momento necessário. Como resultado, a força de trabalho e os inventários são reduzidos naturalmente, obtendo-se aumento da produtividade e a redução de custos. Segundo Moura (1994), o sistema Kanban pro- move melhorias nas operações através da mudança do leiaute para propiciar um fluxo de produção mais uniforme e contínuo; da mudança do equipamento, para rápidas trocas de ferramentas; da mudança dos procedimentos de trabalho, para uniformizar o fluxo da produção; da redução de refugos e da redução do espaço usado, a qual resulta de menores inventários necessários. 7 REFERÊNCIAS BRAGA, Lilian Moreira; PIMENTA, Carolina Martins; VIEIRA, José Geraldo Vidal. Gestão de armazenagem em um supermercado de pequeno porte. Revista P&D em Enge- nharia de Produção, v. 8, p. 57-77, 2008. CARVALHO JR, José Mário de. Estratégias de produção: a manufatura como arma competitiva, um estudo de caso. Porto Alegre, 1997. CASADEVANTE Y MÚJICA, J. L. F. A armazenagem na prática. Lisboa: Editorial Pórtico, 1974. CHASE, R. B.; JACOBS, F. R.; AQUILANO, N. J. Operations Management for Competitive Advantage. 10 ed. New York: McGraw Hill, 2004. 800 p. CORRÊA, H. 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Kanban: A Simplicidade do Controle da Produção. Instituto IMAM, 1994. SKINNER, Wickham. Manufacturing strategy on the “S” curve. Production and opera- tions management, v. 5, n. 1, p. 3-14, 1996. SLACK, Nigel. Administração da Produção. São Paulo, Atlas 2002. SLACK, Nigel. Administração da Produção. São Paulo, Atlas 2010. WHEEL WRIGHT, Steven C. Manufacturing strategy: defining the missing link. Strategic management journal, v. 5, n. 1, p. 77-91, 1984. MUL T I V I X . E DU . B R 1 ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO 2 PLANEJAMENTO DE CAPACIDADE 3 PROJETO DE FÁBRICA 4 PROJETO DE PRODUTOS 5 PLANEJAMENTO DO ARRANJO FÍSICO E DOS FLUXOS INTERNOS. 6 PLANEJAMENTO DO SISTEMA DE MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM DE MATERIAIS 7 REFERÊNCIAS
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