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Engenharias (Ciclo Básico) Física 1 (2014/1) Gabarito da Prova 3 Questão 1 (2,5 pontos) Um caixote cúbico de aresta L e massa uniformemente distribuída está inclinado de um ângulo θ em relação ao piso, sendo mantido em repouso por uma força horizontal ~F aplicada a uma altura h acima do piso. O coeficiente de atrito estático entre o piso e o caixote vale µ, a altura h é maior que a altura do centro de massa do caixote, e o ângulo θ é maior que 45◦. ~F h θ ~P ` ~N ~f (a) Esboce o diagrama de forças, e escreva as equações de equilíbrio. Dica: Calcule o torque em relação ao ponto de contato entre o caixote e o piso. (b) Calcule o valor mínimo do coeficiente de atrito estático para manter o caixote em equilíbrio. Intreprete o porquê de o valor mínimo calculado ser inversamente proporcional a altura h do ponto de aplicação da força ~F . (a) (1,5 ponto) As forças são: aplicada ~F , a peso ~P , e as de contato normal ~N e tangencial ~f . Adotando a sugestão de calcular o torque em relação ao ponto de contato, escrevem-se as condições para haver equilíbrio: F − f = 0 , (0,3) N − P = 0 , (0,3) `P − hF = 0 (0,3) ` = √ 2 2 L sen(θ − pi/4) . (0,3) Diagrama de forças (0,3). (b) (1,0 ponto) Pelo fato empírico de que f ≤ µN , escreve-se F = f ≤ µN = µP . (0,2) A equação dinâmica das rotações relaciona os módulos F e P : µ ≥ √ 2 2h L sen(θ − pi/4) , (0,3) Interpretação física (0,5): Se pensarmos no torque (nulo) em relação ao eixo que passa pelo centro de massa do caixote, e considerando que o torque (positivo) realizado pela força de contato normal deve ser compensado pelos torques (negativos) da força aplicada e da força de atrito: aumentando o braço de alavanca da força ~F , e com isso aumentando o torque dessa força, é necessário um torque menor exercido pela força de atrito, e com isso um valor menor para o respectivo coeficiente de atrito. Questão 2 (2,5 pontos) Dois meninos, cada um com massa igual a m, estão sentados nas extremidades opostas de uma prancha de comprimento 2d e massa igual a 3m. A prancha está girando com uma velocidade angular ω em torno de um eixo vertical e que passa pelo seu centro. (a) Mostre que a componente vertical do momento angular do sistema é uma grandeza conservada. (b) De que distância cada menino deve se deslocar em direção ao centro da prancha sem tocar o solo para que a prancha passe a girar com o dobro da velocidade ω? O momento de inércia da prancha de massa 3m e de comprimento 2d (em relação a um eixo que passa pelo centro de massa) vale Icm = (3m)(2d)2/12 (a) (1,0 ponto) Segundo a equação dinâmica para as rotações, d~L dt = ~τ , (0,2) o torque aplicado pelas forças externas em relação ao centro da prancha vale d~L dt = ~d× (m~g) + (−~d)× (m~g) +~0× (3m~g) +~0× ~R = 0 , (0,2×4) sendo ±~d a posição dos meninos, e ~R a força de reação na haste de rotação da prancha. Como é nulo o torque, o momento angular é conservado: ∆~L = ~L(t+ ∆t)− ~L(t) = 0 . (0,0) (b) (1,5 ponto) Inicialmente, cada menino de massa m está a uma distância d do eixo de rotação. Logo, o momento de inércia do sistema vale I(t) = md2 +md2 + (3m)(2d)2/12 = 3md2 , (0,3) sendo 3m a massa da tábua. Nessa situação a velocidade angular vale ω Após o deslocamento dos meninos de x, onde a distância ao eixo é de X = d− x, o momento de inércia é reduzido a I(t+ ∆t) = mX2 +mX2 + (3m)(2d)2/12 = [2(X/d)2 + 1]md2 , (0,3) e a velocidade angular aumenta para 2ω Há conservação da componente z do momento angular do sistema, pois o torque externo resultante na vertical é nulo, L(t) = I(t)ω(t) = I(t+ ∆t)ω(t+ ∆t) = (t+ ∆t) , (0,3) (3md2)ω = ([2(X/d)2 + 1]md2)(2ω) , (0,3) 3 = 4(X/d)2 + 2 ⇒ X = d− x = d/2 ⇒ x = d/2 , (0,3) Questão 3 (2,5 pontos) No sistema mecânico representado na figura ao lado há um cilindro de massa M e raio R, com um fio enrolado que passa por uma polia (de massa desprezível) e suspende um bloco de massa 3M/4. O sistema é liberado a partir do repouso. Nos itens a seguir expresse seus resultados em termos de g, M e R. (a) Calcule a aceleração angular do cilindro. (b) Determine a tensão no fio e a força de atrito entre o cilindro e o piso. Considere que o cilindro rola sem deslizar, e use o momento de inércia (em relação ao centro de massa do cilindro) Icm = 12MR2. R M 3 4M (a) (1,7 ponto) Denotaremos a massa do bloco suspenso por M ′. O sistema de equações para o movimento do sistema é dado por Bloco: T −M ′g = −M ′a = −M ′(Rα) , (0,2) Cilíndro: f + T = Ma = M(Rα) , (0,3) R(f − T ) = −Iα = −12MR 2α . (0,3) Observe que (i) a aceleração do sistema (bloco/cilíndro) vale a porque o fio é inextensível; (ii) foi utilizada a condição de rolamento sem deslizamento, a = Rα, pois a rotação do cilindro é no sentido horário. Logo, para o cilíndro: { f + T = M(Rα) f − T = −12M(Rα) , { T = 34MRα f = 14MRα . (0,3) Substituindo o valor de T na equação de movimento do bloco, encontra-se: 3 4MRα−M ′g = −M ′Rα , (0,2) α = M ′g R(M ′ + 3M/4) = g 2R . (0,2/0,2) (b) (0,8 ponto) Usando a aceleração angular, Rα = g/2, tem-se que T = 34 M(Rα) = 3 8 Mg . (0,0/0,4) E a partir das equações de movimento do cilíndro, f = 14M(Rα) = 1 8 Mg . (0,0/0,4) Questão 4 (2,5 pontos) Um foguete é lançado verticalmente, da Terra para a Lua, sendo que o combustível é consumido num intervalo relativamente curto, após o lançamento. (a) Em que ponto de sua trajetória, em direção à Lua, sua aceleração é nula? (b) Qual é a velocidade inicial mínima que o foguete deve ter para alcançar esse ponto e cair na Lua pela atração lunar? Nesse caso, qual seria a velocidade do foguete ao atingir a Lua? Dados: massa da Terra, 5,98× 1024 kg; raio da Terra, 6,37× 106m; massa da Lua, 7,34× 1022 kg; raio da Lua, 1,74× 106m; distância Terra–Lua, 3,82× 108m; constante universal, G = 6,67× 10−11N ·m2/kg2. (a) (1,0 ponto) O foguete é lançado em direção ao ponto de equilíbrio, onde ~Fres = 0. Considerando a origem do sistema de coordenadas na Terra, um satélite de massa m e a distância deste à Terra r. Portanto, a força nesse ponto deve ser ~FT + ~FL = −GmMT r2 rˆ + GmML(d− r)2 rˆ = 0 . (0,4) Eliminando os fatores comuns (dado por Gm), encontra-se que d Req = 1 + √ ML MT . (0,3) Ou seja, o ponto de equilíbrio encontra-se em Req = d 1 + √ ML/MT = 3,82× 10 8 1 + 10 √ 7.34/5.98 = 3,44× 108m . (0,3) Note que tanto Req quanto d−Req são bem maiores que RT e RL. Isto legitima as aproximações feitas no item a seguir. (b) (1,5 ponto) A energia mecânica do foguete a uma distância r da Terra é dada por E = 12mv 2 − U(r) = 12mv 2 −Gm ( MT r − ML d− r ) . (0,3) As energias inicial (lançamento) e final (equilíbrio) são conservadas. Logo, a velocidade mínima deve ser, aproximadamente, dada pela velocidade de escape da Terra: vT = √ 2G m [U(Req)− U(RT )] ≈ √√√√2G [MT RT + ML d−Req ] ≈ √ 2GMT RT = 11,2 km/s , (0,2/0,2/0,2) Na trajetória em direção à Lua, em r = Req com velocidade nula, o satélite chegará com cerca de vL = √ 2G m [U(RL)− U(Req)] ≈ √√√√2G [ML RL + ML d−Req ] ≈ √ 2GML RL = 2,4 km/s . (0,2/0,2/0,2)