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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ PÓS GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL Fichamento GIULIA MEDEIROS RIBEIRO Trabalho da disciplina Processos Grupais Tutor: Prof. Flaviany Ribeiro da Silva Duque de Caxias 2018 A TÉCNICA DE GRUPOS-OPERATIVOS À LUZ DE PICHON-RIVIÈRE E HENRI WALLON REFERÊNCIA: BASTOS, Alice Beatriz B. Izique. A técnica de grupos operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon. Psicol inf . [online]. 2010, vol .14, n.14, pp. 160 -169. ISSN 1 415 -8809. RESUMO O presente artigo tem como objetivo apresentar os benefícios dos grupos operativos na atuação do psicólogo ou psicopedagogo como uma forma de intervenção na aprendizagem e como promoção de saúde. Articula inclusive concepções de Pichon-Rivière sobre os grupos operativos com os pressupostos da teoria de Henri Wallon que abordam as interações nos grupos na formação da pessoa. O artigo apresenta que o surgimento da técnica de grupos operativos por Pichon- Rivière aconteceu em um hospital de La Mercedes, em Buenos Aires onde estava tendo uma greve de enfermeiras. O teórico era médico psiquiatra e propõe que os pacientes que estivessem em situação de menor risco ajudassem aos que estivessem em situações mais críticas. De acordo com o artigo, esta experiência foi muito proveitosa. A partir de então, o médico começa a trabalhar com grupos analisando o a influência das circunstâncias familiares dos mesmos, pois para ele, o objeto de formação do profissional deveria ser o ser social que poderia promover transformação a si mesmo e aos outros no contexto em que eles estão inseridos. O artigo aponta que a técnica de grupos operativos consiste em trabalho em grupo, o qual proporciona uma melhor aprendizagem aos sujeitos envolvidos. Descreve ainda sobre o benefício de aprender em grupo expondo que desta forma é possível fazer uma leitura crítica da realidade e uma abertura para novos questionamentos. Henri Wallon também considera as influências dos contextos familiares e do meio social como fator essencial na interação do homem. Para este autor, o meio é um complemento indispensável para o ser humano e as interações são fundamentais para a construção do sujeito e do conhecimento. Para Wallon, a criança é um ser social que constrói a sua identidade por intermédio das relações que estabelece com as pessoas e com os elementos ao seu redor. Com isso, é possível entender que é por meio da interação é que se dá a construção do eu que é a condição fundamental para a construção do conhecimento. Ainda acompanhando as teorias de Henri Wallon do decorrer do texto, ele apresenta a importância dos grupos na evolução psíquica, ressaltando a relevância do processo de construção da pessoa na qual é feita a diferenciação do eu-outro. Ele aponta que o eu e o outro são pares antagônicos apesar de serem independentes, e são compreendidos com estreita conexão se constituindo conjuntamente. O eu precisa diferenciar-se do outro para se constituir. Isso envolve libertar-se de sincretismos e adquirir noções do próprio corpo para poder processar a consciência de si (WALLON, 1975). O artigo apresenta tipos diferenciados de grupos, como por exemplo, a família e a escola citando também a influência desses na evolução do sujeito, relacionando-os a aprendizagem social da criança e o desenvolvimento de sua personalidade e consciência de si próprio. Para Pichon-Rivière, o grupo apresenta-se como instrumento de transformação de realidade e seus integrantes estabelecem relações que vão se constituindo na medida em que compartilham de ideais comuns por intermédio da interação. Em relação as técnicas do grupo operativo, o artigo cita que a mesma pressupõe a tarefa explícita (aprendizagem, diagnóstico ou tratamento), a tarefa implícita (o modo como cada integrante vivencia o grupo) e o enquadre que os são os elementos fixos (tempo, duração, frequência, função do coordenador ou observador). A mudança é apontada como o objetivo primordial de todo grupo operativo, pois é por intermédio dela que os integrantes do grupo passam a assumir determinados papéis e posições diante da tarefa que será executada. O momento pré-tarefa é apresentado pelas resistências dos integrantes do grupo em relação ao contado com os outros e consigo mesmo. De acordo com o texto, este momento gera ansiedade e medo. Porém, quando este processo de rompimento de ansiedades e medos passam, é possível dizer que o grupo está na tarefa. A tarefa é apontada como uma trajetória que o grupo percorre para atingir os seus objetivos. Quando um coordenador indaga e problematiza situações, estabelecendo interação entre os integrantes do grupo e outros é possível dizer que a técnica do grupo operativo está sendo executada de maneira correta. Além do coordenador, existem outros papéis de integrantes do grupo que podem ser fixos ou emergentes no decorrer do processo. O artigo cita inclusive o porta-voz do grupo, o bode-expiatório, o líder de mudança e esclarece em quais momentos eles podem surgir. Os encontros dos grupos operativos não possuem temas específicos necessariamente. O grupo pode falar sobre assuntos indeterminados e por intermédio deles estabelecerem interações e compartilharem experiências comuns. Todas essas situações vão gerando um vínculo entre os integrantes e por isso, o artigo aponta que os grupos operativos também podem possuir caráter terapêutico. Outro evento citado no artigo é a escuta. O texto expõe que por intermédio dela, os coordenadores podem fazer pontuações gerando conflitos e transformando os posicionamentos dos integrantes a respeito do próprio sofrimento. Portanto, o artigo descreve que Pichon-Rivière considera que saúde mental e aprendizagem são sinônimos quando há uma apropriação da realidade integrada na experiência e na maneira de se aprender. Com isso, é possível refletir a respeito da forma com que as técnicas dos grupos operativos podem auxiliar o psicólogo ou ao psicopedagogo a gerarem novos olhares no papel de aprendizagem por intermédio da atuação em grupos e suas possibilidades de mudança de seus integrantes. CITAÇÕES “Para o autor, o objeto de formação do profissional deve instrumentar o sujeito para uma prática de transformação de si, dos outros e do contexto em que estão inseridos.” (p.161) “A aprendizagem centrada nos processos grupais coloca em evidência a possibilidade de uma nova elaboração de conhecimento, de integração e de questionamentos acerca de si e dos outros.” (p.161) “Aprender em grupo significa uma leitura crítica da realidade, uma atitude investigadora, uma abertura para as dúvidas e para as novas inquietações.” (p.161) “Henri Wallon (1968) também dá grande ênfase ao meio social e às interações com o meio. Ressalta que as relações do homem com o meio são de transformações mútuas e as circunstâncias sociais de sua existência influenciam fortemente a evolução humana.” (p.162) “Para este autor, as interações são fundamentais tanto para a construção do sujeito como do conhecimento, e ocorrem ao longo do desenvolvimento de acordo com as condições orgânicas, motoras, afetivas, intelectuais e socioculturais.” (p.162) “Na teoria walloniana, a criança é compreendida como um ser social que, por meio das relações que vai estabelecendo com as pessoas, com os objetos, com o espaço e com o tempo, gradativamente vai diferenciando-se do outro, constituindo-se como sujeito e construindo sua identidade.” (p.162) “Portanto, é por meio da interação que se dá a construção do eu, que é condição fundamental para a construção do conhecimento (BASTOS, 1995).” (p.162) “O eu e o outro são considerados pares antagônicos, apesar de interdependentes, e podem ser compreendidos em estreita conexão, sendo que se constituem conjuntamente.” (p.163) “Além da família, outros grupos começam a fazer parte de nossas vidas. A escola também é fundamental para a evolução psíquica da criança na medida em que é um meio diversificado que oferece novas oportunidades de convivência para ela que ainda tem como única referência a família.” (p.163) “Na concepção de Pichon-Rivière, o grupo apresenta-se como instrumento de transformação da realidade, e seus integrantes passam a estabelecer relações grupais que vão se constituindo, na medida em que começam a partilhar objetivos comuns, a ter uma participação criativa e crítica e a poder perceber como interagem e se vinculam.” (p.164) “O vínculo é uma estrutura complexa de relação que vai sendo internalizada e que possibilita ao sujeito construir uma forma de interpretar a realidade própria de cada um. Na vivência com os outros nós nos constituímos por meio de uma história vincular que vai se tecendo nessa relação.” (p.164) “A técnica do grupo operativo pressupõe a tarefa explícita (aprendizagem, diagnóstico ou tratamento), a tarefa implícita (o modo como cada integrante vivencia o grupo) e o enquadre que são os elementos fixos (o tempo, a duração, a frequência, a função do coordenador e do observador).” (p.165) “A mudança, que é o objetivo primordial de todo grupo operativo, envolve todo um processo gradativo, no qual os integrantes do grupo passam a assumir diferentes papéis e posições frente à tarefa grupal.” (p.165) “A técnica de grupo operativo propõe a presença e intervenção de um coordenador, que indaga e problematiza, estabelecendo algumas articulações entre as falas e os integrantes, sempre direcionando o grupo para a tarefa comum; e um observador que registra o que ocorre na reunião, resgata a história do grupo e depois analisa com o coordenador os pontos emergentes, o movimento do grupo em torno da tarefa e os papéis desempenhados pelos integrantes.” (p.166) “Os encontros não têm, necessariamente, um direcionamento para temas específicos. As pessoas falam livremente, estabelecem interações umas com as outras e partilham experiências comuns. No grupo, no espaço de formações de vínculos, de identificações e de diferenciações, trabalha-se com a subjetividade e com a singularidade de cada um de seus integrantes.” (p.167) “Neste sentido, podemos dizer que os grupos operativos têm um caráter terapêutico apesar de que nem todos os grupos terapêuticos podem denominar-se de grupos operativos.” (p.167) “O exercício da escuta possibilita torná-la cada vez mais apurada, auxiliando os coordenadores de grupos nas suas pontuações, sinalizações, na leitura do implícito, do latente, favorecendo desta forma a elaboração de conflitos, a transformação de modos de posicionamento frente ao próprio sofrimento, possibilitando insights e transformações significativas.” (p.167) “Neste sentido, acredito que a técnica de grupos operativos, e os pressupostos que a subsidiam, possa auxiliar o psicólogo e o psicopedagogo no sentido de poder (re)pensar o papel da aprendizagem numa nova ótica, a importância da coordenação e da atuação em grupos em direção à promoção de saúde e, consequentemente, às possibilidades de mudança de seus integrantes diante das respectivas dificuldades e conflitos.” (p.168) COMENTÁRIOS O artigo demonstra que ambos os autores possuem concepções muito similares em relação as influências dos contextos sociais para a formação do eu de cada indivíduo que pode ser integrante de um grupo operacional. As técnicas dos grupos operacionais foram apresentadas de maneira esclarecedora a fim de que seja possível compreender a função de cada componente de um grupo e suas atuações. Apontou também que determinadas funções exercidas por componentes de um grupo podem ser fixas ou não. A importância de um grupo operacional se dá tanto nas tarefas que os mesmos irão executar quanto no benefício que estas fornecerão para os integrantes, como por exemplo a reflexão de atitudes, pensamentos e conceitos por determinadas coisas. O momento em que o grupo se reúne para abordar determinado assunto que pode ter ou não um tema definido, proporciona esta reflexão. Com isso, é possível observar que os grupos operativos também podem ter funções terapêuticas, onde transformações podem ser geradas por intermédio de interação e conflitos. Por terem também função terapêutica, podem ser um mecanismo de auxílio para a psicólogos e psicopedagogos que podem promover uma melhor aprendizagem e estímulo para uma vida saudável. IDEAÇÃO Desde o momento em que nascemos somos inseridos em determinados grupos, sejam estes familiares, escolares, religiosos entre outros. O convívio em grupo é fundamental para o desenvolvimento do ser humano e o conhecimento de suas particularidades. Além disso, é por intermédio deste convívio que proporciona vínculos e interações, o indivíduo pode diferenciar-se entre eu e o outro. Ter a consciência da necessidade de conviver em grupos sejam eles operacionais ou não é essencial para que capacidades sejam desenvolvidas e outros horizontes sejam abertos em relação a novos olhares e concepções. Além disso, a convivência em grupo auxilia na melhor aceitação de opiniões e ideias diferentes da do indivíduo proporcionando assim uma melhor relação com os outros membros da sociedade.
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