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MONOGRAFIA DEBORA MACEDO SILVA

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB 
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I 
CURSO DE PEDAGOGIA 
 
 
 
Débora Macedo Silva 
 
 
 
 
 
 
 
A PRODUÇÃO DE VÍDEOS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
EM UMA PERSPECTIVA SÓCIO-CONSTRUTIVISTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Salvador 
2011 
 
 
DÉBORA MACEDO SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A PRODUÇÃO DE VÍDEOS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
EM UMA PERSPECTIVA SÓCIO-CONSTRUTIVISTA 
 
 
 
 
Monografia apresentada como requisito 
parcial para obtenção da graduação em 
Pedagogia do Departamento de 
Educação – Campus I da Universidade do 
Estado da Bahia, sob orientação da Profa. 
Sueli da Silva Xavier Cabalero. 
 
 
 
 
 
Salvador 
2011
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA : Sistema de Bibliotecas da UNEB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Silva, Débora Macedo 
 A produção de vídeos na educação de jovens e adultos em uma perspectiva sócio-
construtivista / Débora Macedo Silva . – Salvador, 2011. 
 84f. 
 
 Orientadora: Profª. Sueli da Silva Xavier Cabalero. 
 Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia. 
Departamento de Educação. Colegiado de Pedagogia. Campus I. 2011. 
 
 Contém referências e anexos. 
 
 1.Alfabetização de adultos. 2. Educação de adultos. 3. Educação do adolescente. I. 
Cabalero, Sueli da Silva Xavier. II. Universidade do Estado da Bahia, Departamento 
de Educação. 
 
 CDD:374.012 
 
DÉBORA MACEDO SILVA 
 
 
 
A PRODUÇÃO DE VÍDEOS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
EM UMA PERSPECTIVA SÓCIO-CONSTRUTIVISTA 
 
 
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção da 
graduação em Pedagogia do Departamento de Educação – Campus 
I da Universidade do Estado da Bahia, sob orientação da Profa. 
Sueli da Silva Xavier Cabalero. 
 
Salvador ______ de ________________ de 20___. 
 
 
______________________________________________________ 
Profa. Ma. Orientadora Sueli da Silva Xavier Cabalero 
 
______________________________________________________ 
Profa. Ma. Ana Verena Carvalho 
 
______________________________________________________ 
 Profa. Dra. Maria de Fátima Urpia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
Aos meus colegas de curso Airton Machado e 
Mariluce de Lima (meu pai e minha mãe), que além 
de sempre estarem ao meu lado me ensinado, estão 
hoje estudando comigo nessa instituição. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a Deus por ter me concedido a grande vitória de ingressar nessa 
instituição e mais ainda de ter me abençoado para concluir a graduação. 
 
A meus pais Mariluce Macedo e Airton Machado por terem me mostrado desde 
muito cedo que o conhecimento é o bem mais valioso do ser humano. 
 
A Isabel Macedo e Sara Macedo, irmãs e verdadeiras amigas que me ajudaram 
muito em casa, nos trabalhos e até mesmo na pesquisa. 
 
Aos meus sobrinhos Gabriel e Matheus, por terem me dado alegria e esperança 
em momentos tristes. 
 
Ao meu namorado Antonio Góes, por me aguentar tão desesperada e ficar 
comigo todos os fins de semana ao longo de minhas escritas, abdicando de 
passeios, mergulhos e até mesmo do conforto de seu lar pra me apoiar. (Te 
Amo). 
 
Aos meus cunhados Luciano e Amauri, por terem declarado tantas o quanto 
gostam de mim, demonstrando sempre amizade e carinho. 
 
A minhas tias, que persistiram no discurso muitas vezes cansativo me 
incentivando e me ajudando a escolher esse caminho. 
 
A minha orientadora Sueli Cabalero, pela calma, boa vontade, entusiasmo e 
principalmente sabedoria que me trouxe até aqui. 
 
A minha amiga Flávia Lucas, por ter orado por mim e sempre de bom humor 
pronunciar: Você vai conseguir! 
 
Aos colegas de trabalho da Prodeb, que me deram muito apoio durante todo o 
curso e principalmente nesse momento final. 
 
 
 
A professora Fátima Urpia, que me compreendeu e me apoiou quando precisei de 
tempo para escrever. 
 
Ao professor Amorim, por ter me recebido tantas vezes e me ajudado no meu 
processo de horas para AC. 
 
A todos da Escola Estadual Heitor Villa Lobos, que me acolheram e fizeram o 
possível para contribuir com minha pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desde muito pequenos aprendemos a 
entender o mundo que nos rodeia. Por 
isso, antes mesmo de aprender a ler e a 
escrever palavras e frases, já estamos 
“lendo”, bem ou mal, o mundo que nos 
cerca. Mas este conhecimento que 
ganhamos de nossa prática não basta. 
Precisamos ir além dele. Precisamos 
conhecer melhor as coisas que já 
conhecemos e conhecer outras que ainda 
não conhecemos. (...) 
 
Paulo Freire 
 
 
RESUMO 
 
 
Esta monografia tem como objetivo mostrar como a prática de produção de 
vídeos pode potencializar um aprendizado crítico reflexivo para alunos da EJA. 
Para tanto foi realizada uma pesquisa qualitativa com princípios de pesquisa 
ação, utilizando como técnica de coleta de dados a observação participante e o 
diário de campo. Realizada em uma escola da rede estadual do Salvador BA com 
alunos da EJA, a pesquisa analisa a produção de vídeos como instrumento 
significativo para o aprendizado crítico reflexivo dos alunos, dentro de uma 
proposta metodológica dialógica por meio da qual os alunos são convidados a 
participar do processo de aprendizagem a partir de seus conhecimentos e 
produções seguindo uma abordagem sócio-construtivista. Mostra ainda que a 
participação dos alunos da EJA no processo de produção de vídeos pode 
viabilizar um melhor aprendizado a partir das várias etapas necessárias para tal 
produção. 
 
 
Palavras-chave: Educação. Jovens e adultos. Co autoria. Sócio-construtivista. 
Vídeo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMEN 
 
 
 
 
Esta monografía pretende mostrar como la práctica de la producción de vídeo se 
puede mejorar un aprendizaje crítico reflexivo de los alumnos de EJA - 
(Educación de Jóvenes y Adultos). Se inicia con una investigación cualitativa con 
los principios de la investigación-acción, utilizando la técnica de recolección de 
datos la observación participante y el diario de campo. Realizada en una escuela 
de la red del estado en Salvador - Bahía., con los estudiantes de EJA, la 
investigación analiza la producción de videos como un instrumento importante 
para el aprendizaje crítico-reflexivo de los alumnos, dentro de una propuesta 
metodológica, dialógica por medio de la cual los estudiantes son invitados a 
participar del proceso de aprendizaje a partir de sus conocimientos y 
producciones a raíz de una abordaje socio-constructivista. También muestra que 
la participación de los alumnos de EJA en el proceso de producción de video 
puede hacer posible un mejor aprendizaje a partir de los distintos pasos 
necesarios para la producción. 
 
 
 
Palabras claves: Educación. Jóvenes y adultos. Autoría Conjunta. Socio-
constructivista. Vídeo.SUMÁRIO 
 
 
1.INTRODUÇÃO................................................................................................10 
 
2. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: UMA HISTÓRIA DE 
LUTAS E RECONFIGURAÇÕES.................................................................13 
 
2.1 UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A EJA.........................................................14 
2.2 O PERFIL DO ALUNO DA EJA........................................................................26 
2.3 O PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA EJA A PARTIR DO SÓCIO-
CONSTRUTIVISMO...............................................................................................32 
 
3. AS TECNOLOGIAS E A EDUCAÇÃO: PERSPECTIVAS PARA A 
EJA........................................................................................................................36 
 
3.1 AS NOVAS TECNOLOGIAS E A EDUCAÇÃO ESCOLAR..............................37 
3.2 A PRÁTICA DOCENTE E O USO DAS TECNOLOGIAS.................................44 
3.3 O USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA EJA NUMA PERSPETIVA SÓCIO-
CONSTRUTIVISTA................................................................................................46 
 
4. A PRODUÇÃO DE VIDEOS NA EJA: UMA PROPOSTA 
METODOLOGICA SÓCIO – CONSTRUTIVISTA.....................................52 
 
4.1 O USO DO VÍDEO NA EJA..............................................................................52 
4.2 A PRODUÇÃO DE VÍDEOS NA EJA BASEDA NA PERSPECTIVA SÓCIO-
CONSTRUTIVISTA................................................................................................58 
 
 
5. PRODUZINDO VÍDEOS COM UM GRUPO DE ALUNOS DA 
EJA........................................................................................................................62 
 
5.1 ABORDAGEM METODOLÓGICA....................................................................62 
5.2 O CAMPO DE PESQUISA...............................................................................65 
5.3 OS CAMINHOS METODOLÓGICOS PARA A PRODUÇÃO DE VÍDEOS COM 
A EJA......................................................................................................................68 
5.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................................................71 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................79 
 
 REFERÊNCIAS............................................................................................81 
 ANEXOS........................................................................................................85
 10 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Esta monografia tem o objetivo principal de conhecer as potencialidades da 
prática de produção de vídeos no processo de aprendizagem crítica reflexiva dos 
alunos da EJA. Para tanto foi necessário realizar uma pesquisa que analisasse o 
perfil do aluno da EJA, discutisse o uso das tecnologias na educação de jovens e 
adultos e organizasse o processo de produção de vídeos com alunos da EJA a 
partir de uma perspectiva sócio - construtivista. 
Durante três semestres de estágio realizado através da Universidade 
Estadual da Bahia, (UNEB), foi possível perceber que os alunos da EJA não tinham 
uma aproximação com as novas tecnologias na escola, apesar de existirem casos 
isolados de certa “familiarização” com esses recursos em casa ou no trabalho. 
 Existem várias pesquisas relacionadas com o uso das mídias na educação, 
o vídeo e a televisão, são os mais mencionados em trabalhos acadêmicos, mas a 
relação desses com a educação de jovens e adultos ainda é pouco discutida. 
 A utilização de vídeos na escola, quando acontece, ocorre muitas vezes 
através de produtos já prontos, desenvolvidos sem a participação dos alunos e sem 
considerar as experiências desses estudantes, e o que eles podem aprender de 
forma significativa. 
 Os alunos da EJA na maioria das vezes são tratados de forma diferenciada 
em relação aos estudantes das outras modalidades de ensino. Vistos como o 
“fracasso escolar”, muitas vezes não são respeitados pelo seu tempo de vida e 
suas condições. O que acaba desvalorizando de certa forma, o grande potencial 
que esses alunos possuem. 
 Começa então, uma inquietação em demonstrar os benefícios que a prática 
de produção de vídeo pode oferecer para a EJA, já que esses alunos estão 
inseridos em uma sociedade que faz uso dos recursos tecnológicos em diversas 
esferas, porque não inserir esses alunos no contexto de produção? Além disso, foi 
surgindo um questionamento quanto à forma que os recursos audiovisuais são 
apresentados aos estudantes sem nenhuma preocupação com a formação de 
consciência crítica desses sujeitos. 
 11 
A partir de uma experiência em um trabalho desenvolvido na Universidade 
Estadual da Bahia durante o sexto semestre, em que foi produzido um vídeo 
seguindo uma metodologia sócio-construtivista, foi possível notar que o 
aprendizado naquela ocasião ocorreu de maneira significativa, além de possibilitar 
aos alunos envolvidos construir vídeo a partir de seus próprios conhecimentos, foi 
possível desenvolver habilidades quanto ao uso dos meios audiovisuais com a 
mediação do professor. 
 Assim, a partir dessa vivência foi possível refletir sobre possibilidades de 
articular a prática de produção de vídeos com o trabalho pedagógico. 
 Desde então os trabalhos desenvolvidos em outras disciplinas sempre 
contemplavam a educação de jovens e adultos. O interesse em pesquisar sobre 
esses sujeitos foi surgindo com a proximidade a partir dos estágios, pelo contato 
através de observações e principalmente por querer fazer um estudo que 
considerasse esses alunos e suas potencialidades, mostrando que são capazes de 
produzir e aprender criticamente a partir desse processo. 
Foi nascendo o interesse de estudar a produção de vídeos na EJA, a partir 
de uma metodologia que contemplasse os alunos e suas expectativas. 
 Diante desse desejo surgiu o problema: Como a produção de vídeos pode 
contribuir para a construção de uma visão crítica-reflexiva dos estudantes da EJA? 
 Para tentar responder esse questionamento, foi necessário realizar uma 
pesquisa a partir de estudo bibliográfico, observações e desenvolvimento de ação 
com os alunos da EJA. 
O primeiro capítulo busca analisar o perfil do aluno da EJA, trazendo um 
breve histórico sobre a EJA no Brasil, buscando entender como esses sujeitos 
aprendem e o perfil dos mesmos, além de discutir sobre o processo de 
aprendizagem a partir da abordagem sócio–construtivista. 
 No segundo capítulo é discutido o uso das tecnologias digitais na 
educação escolar e suas implicações na EJA, desenvolvendo uma discussão em 
relação à preparação da escola e do professor, trazendo a importância da 
concepção sócio-construtivista na organização metodológica da prática de uso dos 
recursos tecnológicos. 
 No terceiro capítulo o estudo busca organizar o processo de produção de 
vídeos com alunos da educação de jovens e adultos a partir de uma perspectiva 
 12 
crítico-reflexiva, apresentando o uso do vídeo na educação escolar e a 
possibilidade de ser trabalhado na EJA, analisando as etapas importantes para a 
realização da produção de vídeos como a busca pelo tema, discussão com o grupo 
pesquisado, elaboração do roteiro, fase de edição e divulgação, organizando essas 
etapas de maneira a atender as expectativas dos alunos. 
 No quarto capítulo é discutida a abordagem metodológica utilizada para a 
realização da pesquisa, discutindo a importância da pesquisa na educação e os 
meios que forneceram dados importantes para esse estudo. É apresentado o 
campo de pesquisa e a articulação com o estágio que estava sendo realizado no 
mesmo momento. Ainda nesse capitulo é mostrado os caminhos metodológicos 
para a produção de vídeos na EJA, as etapas de produção e a participação dos 
alunos.Durante a análise de dados são apresentadas as impressões dos alunos, 
reações e como a participação desses estudantes foi significativa para um 
entendimento crítico. 
 A parte das considerações finais reforça a importância de uma apropriação 
crítica dos recursos tecnológicos nesse caso da produção de vídeos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
2 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: UMA HISTÓRIA DE 
LUTAS E RECONFIGURAÇÕES 
 
 A pesquisa sobre a educação de jovens e adultos no Brasil requer a 
discussão de questões importantes para um melhor entendimento de como essa 
modalidade vem se constituindo na contemporaneidade. Embora a EJA seja uma 
área que vem fomentando diversos debates e pesquisas, ainda existem muitos 
aspectos a serem aprofundados principalmente aqueles referentes à cognição dos 
sujeitos que a compõem e a forma como esses constroem o conhecimento. 
 Assim, este estudo apresenta inicialmente um breve histórico sobre a 
educação de jovens e adultos, com destaque para a relevância de determinados 
momentos como reflexo para o que verificamos hoje na EJA. Apresenta 
rapidamente alguns programas e movimentos que marcaram a trajetória da 
educação de jovens e adultos, e discute sobre a importância da educação popular 
nesse contexto. 
 Toma-se como ponto de partida a trajetória histórica nos anos 40, 
analisando a importância do período para EJA, pois foi a partir daí que a EJA “se 
constituiu como política educacional” (RIBEIRO, 2001, p. 59). 
 Após o “passeio” pela história, o texto traz a importância dos sujeitos 
estudantes da EJA e a relevância da busca pelo entendimento sobre esses 
sujeitos, trazendo o seu caminhar e questionamentos como: Quem são esses 
sujeitos? Como eles aprendem? Enfatizando pontos consideráveis para uma 
aprendizagem significativa do aluno da EJA. 
 Ainda discutindo sobre o processo de aprendizagem, o texto apresenta a 
abordagem sócio – construtivista, por se tratar de uma abordagem que acredita 
que a aprendizagem acontece através das relações entre os homens a partir de 
suas construções individuais e coletivas. É destacado ainda as contribuições de 
Paulo Freire para educação de jovens e adultos e principalmente para uma 
aprendizagem crítica reflexiva em que o sujeito possa participar de seu processo 
de aprendizagem criticamente. 
 
 
 
 14 
 2.1 UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A EJA 
 
 A educação de jovens e adultos (EJA) no Brasil ocupa um espaço 
reduzido no sistema educativo, marcada por apresentar características 
compensatórias, a EJA foi se constituindo como consequência da inadequação dos 
currículos, métodos e materiais didáticos. Infelizmente, essa realidade persiste ao 
longo dos tempos apesar das intensivas lutas. 
 Mesmo com um grande histórico que começa desde o período em que os 
jesuítas chegaram ao Brasil, à educação de jovens e adultos, passou por 
momentos mais significativos para o país recentemente, e é nesse contexto que 
vem se mostrando como uma educação de lutas e resistências. 
 A educação de jovens e adultos veio se constituir como política 
educacional a partir dos anos 40. Mesmo que as condições para que isso 
acontecesse já tivesse perpassado épocas anteriores, como a preocupação que 
surgiu por parte de educadores e da própria população que lutava por melhorias na 
qualidade de ensino e implantação de políticas públicas. 
 Esses movimentos preocupando-se com a EJA a partir da década de 1920 
surgiram dando ênfase às questões de ensino da população adulta, bem como nas 
questões do envolvimento do Estado com esse público. O Fundo Nacional de 
Ensino Primário foi instituído em 1942, e com ele a inclusão da educação de jovens 
e adultos em programas de ampliação da educação, bem como recursos para essa 
modalidade. O momento era de preocupação com as altas taxas de analfabetismo 
no país, e os recursos do fundo proporcionaram a EJA, um grande passo em 
relação aos momentos anteriores. 
 No final da ditadura de Getulio Vargas, em 1945, o surgimento da 
UNESCO, que “denunciava ao mundo as profundas desigualdades entre os países 
e alertava para o papel que deveria desempenhar a educação, em especial a 
educação de adultos no processo de desenvolvimento das nações (...)” (HADDAD, 
2000, p. 111), ajudou ao país a estabelecer metas de alfabetização para adultos, 
por se tratar de ganhos para o desenvolvimento do mesmo. 
 É importante destacar a grande contribuição dos interesses políticos que 
cercavam a educação de jovens e adultos, principalmente porque as nações com 
problemas educacionais sempre foram vistas como subdesenvolvidas. Muitos 
 15 
projetos que surgiram, serviam apenas para mascará a educação no país, 
deixando de lado, aspectos importantes como aprendizagem do sujeito. 
 Em 1947, um grande movimento a favor da educação de jovens e adultos, 
foi criado significando um grande passo para a EJA no Brasil a partir do Serviço de 
Educação de Adultos (SEA). Com articulação desse serviço, nasce a Campanha de 
Educação de Adolescentes e Adultos, que surge com uma proposta de alfabetizar, 
criar curso primário e capacitar profissionais. “(...) seu lançamento se fez em meio 
ao desejo de atender os apelos da Unesco em favor da educação popular. (...)” 
(PAIVA, 1987, p. 178). 
 O analfabetismo no Brasil é bastante discutido nesse momento, e essa 
discussão leva a entender que as mudanças no campo da educação de jovens e 
adultos, eram questões associadas muito mais ao desenvolvimento do Brasil, 
principalmente por que o adulto analfabeto visto como incapaz era 
responsabilizados pelo atraso do país. 
 Não existia uma preocupação com o sujeito, nem com seu processo de 
aprendizagem, o grande intuito era o momento em que o país se encontrava. O 
analfabeto “não podia” contribuir com o país nessa condição, então as propostas 
de educação para esse grande contingente da população eram muito mais 
interesses políticos. Assim a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos 
tinha uma proposta educacional voltada para a “dimensão profissional”. 
 No processo de alfabetização, o analfabeto era visto com uma visão 
preconceituosa pelos próprios dirigentes da Campanha. De acordo com Paiva, 
(2001): 
 
(...) A idéia central (...) é a de que o adulto analfabeto é um ser 
marginal “que não pode estar ao corrente da vida nacional” e a ela 
se associa a crença de que o adulto analfabeto é incapaz ou menos 
capaz que o individuo alfabetizado. (...) (p. 184). 
 
 
 Posteriormente a Campanha foi ganhando uma nova visão, reduzindo a 
maneira preconceituosa de trabalhar a educação dos jovens e adultos a partir de 
novas representações. 
 É importante destacar que na década de 1940 mesmo com tantos 
impasses, a educação de jovens e adultos começa a tomar forma e principalmente 
 16 
ganhar a contribuição do Estado. Essa melhoria foi também consequência das 
inquietações da população, que sempre se fez presente nas lutas por melhores 
condições educacionais. Assim, as lutas dos movimentos em favor da EJA, agora 
eram reconhecidas, mas faltava ainda a valorização dessa modalidade, pois, a 
contribuição do Estado nesse momento tinha o intuito de calar aqueles que 
pressionavam o Estado. 
 
(...) agora, mais do que as características de desenvolvimento das 
potencialidades individuais, e, portanto, como ação de promoção 
individual, a educação de adultos passava a ser condição 
necessária para que o Brasil se realizasse como nação 
desenvolvida. (...) (HADDAD, 2000, p. 111). 
 
 
 Portanto, nesse período, é possível destacar dois grandes marcos na 
educação dejovens e adultos: Primeiro foi os movimentos populares, que sempre 
fortificaram as ações educativas no país, segundo, o de ação política, mais 
precisamente de interesses políticos. 
 Várias ações e programas governamentais expressaram de maneiras 
afirmativas o interesse pela educação de jovens e adultos. Além de iniciativas do 
Estado, houve outros empreendimentos de amplitude nacional tais como: 
 
(...) a criação do Fundo Nacional de Ensino Primário em 1942, do 
Serviço de Educação de Adultos e da Campanha de Educação de 
Adultos, ambos em 1947, da Campanha de Educação Rural iniciada 
em 1952 e da Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo 
em 1958. (RIBEIRO, 2001 p.59). 
 
 Mesmo com tantos programas e iniciativas para atender a Educação de 
Jovens e Adultos, foi com os diversos movimentos populares de grupos sociais, 
sindicatos entre outros, que surgiu uma educação voltada para a transformação 
social e não apenas para incluir a população no processo de modernização do 
país. Com objetivos mais específicos, no intuito de levar o sujeito a uma 
transformação social e cultural, que tinham como referência as idéias de Paulo 
Freire1. 
 
1
 Educador e engajado na Educação de Jovens e Adultos, Paulo Freire, mesmo exilado em 1964, 
continuou a desenvolver no exterior sua proposta conscientizadora de alfabetização de adultos. 
 17 
 Foi assim que na década de 1960, as campanhas foram ganhando uma 
nova visão em relação à educação de jovens e adultos. Agora, a intenção de 
muitos programas, era de uma educação igualitária para toda a população. O 
Estado passa a patrocinar algumas iniciativas, sendo várias oriundas do próprio 
governo. Os programas apresentados nessa época tinham o objetivo de extinguir o 
analfabetismo no país, e ao mesmo tempo buscava melhorias nas condições de 
vida da população brasileira. Já se via assim o reflexo de uma nova concepção em 
relação à educação de jovens e adultos, diferenciando-se do período anterior. “(...) 
Antes apontado como causa da pobreza e da marginalização, o analfabetismo 
passou a ser interpretado como efeito da pobreza gerada por uma estrutura social 
não igualitária. (...).” (CUNHA, 1999, p. 12). 
 Em todo o Brasil campanhas e movimentos deram continuidade à 
educação de jovens e adultos, entre eles o Movimento de Educação de Base, o 
Movimento de Cultura Popular do Recife, De Pé no Chão também se aprende a ler 
de Natal, que foi uma campanha que valorizava a cultura popular, o Plano Nacional 
de Alfabetização do Ministério da Educação e Cultura, etc. 
 A educação de jovens e adultos além do reconhecimento adquiria força 
em relação aos aspectos ligados à aprendizagem do sujeito, que era valorizada e 
ganhava cada vez mais força. Começava então a ser tratada a partir das suas 
especificidades. 
 Através das intensas lutas de Paulo Freire, a educação de jovens e 
adultos foi sendo redefinida e pensada de outra forma. Nesse novo processo a 
aprendizagem do sujeito já era tratada de maneira diferenciada, o analfabeto adulto 
era alfabetizado de maneira crítica e dialogicamente. 
 O Plano Nacional de Alfabetização seguia as idéias de Paulo Freire e foi 
planejado para atender todo o país. Criado a partir de movimentos estudantis e 
entidades sindicais, que lutaram para a incorporação do método Paulo Freire o 
Plano contou com o Ministério da Educação para a sua execução, mas, os 
interesses públicos foram tomando conta dessa iniciativa e o programa foi aos 
poucos deixando seus objetivos iniciais em favor dos benefícios políticos. 
 
(...) A luta entre estudantes e intelectuais de diversas orientações 
político-ideológicas dentro do movimento fora suavizada pelos 
acordos que resultaram na utilização do método Paulo Freire. 
 18 
Entretanto, também outros interesses eleitorais começaram a se 
manifestar e a se refletir no programa. (...). (PAIVA, 1987, p. 258). 
 
 No período militar muitos programas foram extintos, mas as importantes 
contribuições dos movimentos sociais, continuaram a fazer da educação de jovens 
e adultos, uma constante no país. Além disso, alguns programas de caráter 
conservador foram liberados, podendo assim perpetuar suas características no 
país, foi o caso da Cruzada de Ação Básica Cristã. A cruzada não estabelecia um 
interesse na educação popular, como afirmava fazer, mas sim realizava apoio ao 
regime militar. 
 O Estado voltou a se preocupar com a educação e em 1967, foi fundado o 
MOBRAL Movimento Brasileiro de Alfabetização, “(...) fruto do trabalho realizado 
por um grupo interministerial, que buscou uma alternativa ao trabalho da cruzada 
ABC (...)” (HADDAD, 2000, p. 114). No entanto, as características iniciais do 
programa foram substituídas, pelos interesses governamentais. 
 Esse movimento concentrou muito mais a alfabetização no sentido de 
capacitar mão de obra, ao invés de dedicar-se ao processo de aprendizagem. 
Apresentando mais uma vez características que atendessem as necessidades 
governamentais em detrimento a dos sujeitos. 
 O ensino supletivo surge ainda no contexto da superação do 
analfabetismo e escolarização para aqueles que não tinham conseguido estudar 
em “idade regular”, instituído na Lei 5.692/71, que fala sobre atender a essa 
escolarização tardia, bem como desenvolver atividades educativas que 
complementassem os estudos de maneira flexível. 
 O ensino supletivo teve também como objetivo atender a educação de 
forma geral, saindo assim da proposta de educação para jovens e adultos dos 
movimentos populares e finalmente perdendo suas características. Segundo 
Haddad, (2000): 
 
O ensino supletivo foi apresentado à sociedade como um projeto de 
escola do futuro e elemento de um sistema educacional compatível 
com a modernização socioeconômica observada pelo país nos 
anos 70. Não se tratava de uma escola voltada aos interesses de 
uma determinada classe popular, mas de uma escola que não se 
distinguia por sua clientela, pois a todos devia atender em uma 
dinâmica de permanente atualização. (p. 117). 
 
 19 
 Na realidade o que estava acontecendo nesse período era ainda a forte 
presença do militarismo, que visualizava a educação como técnica para atender ao 
mercado de trabalho e a vida social. Nesse momento histórico, a educação a 
distância marca de maneira bastante atual a educação de jovens e adultos. Os 
programas oriundos do ensino supletivo foram um marco na inserção de 
tecnologias para a educação, o uso da televisão, rádio e correspondência ficaram 
como herança para as gerações futuras. 
 O ensino supletivo possuía uma característica bem parecida com a do 
Mobral. A questão da aceleração da educação marcou esses dois momentos. 
 Após o período militar, surge uma esperança de maiores melhorias na 
educação de jovens e adultos, isso porque nessa época, década de 1980, a 
sociedade civil teve maior abertura para contribuir e agir nas questões 
educacionais. 
 Durante a década de 1980, a EJA passou por momentos importantes para 
sua configuração e para sua constituição como direito. O programa MOBRAL, que 
ainda estava em vigor nessa época, foi substituído pela Fundação Nacional para a 
Educação de Jovens e Adultos – Educar, que realizava atividades diferentes do 
MOBRAL, apesar de ter incorporado muito de suas ações. 
 Nesse contexto a educação movida pelos ideários populares volta a se 
apresentar, já que agora pode sair de suas atividades que continuava a se 
desenvolver ocultamente. “(...) retomaram visibilidade nos ambientes universitários 
e passaram a influenciar também programas públicos e comunitários. (...)” 
(HADDAD, 2000,p. 120). 
 Apenas em 1988 o direito a educação básica foi estendido aos jovens e 
adultos na Constituição federal. (RIBEIRO, 2001). No inicio esse ensino era feito 
apenas nas modalidades não presenciais sem nenhuma preocupação com a 
qualidade. 
(...) nenhum feito no terreno institucional foi mais importante para a 
educação de jovens e adultos nesse período que a conquista do 
direito universal ao ensino fundamental publico e gratuito, 
independente de idade, consagrado no Artigo 208 da constituição 
de 1988(...) (HADDAD, 2000 p. 120). 
 
 
 20 
 A fundação Educar foi extinta no inicio dos anos 1990, esse fato marcou 
pela descentralização da educação de jovens e adultos que passou a ser 
responsabilidade dos municípios, mesmo que parte da educação de jovens e 
adultos ainda estivesse no controle dos Estados. 
 Houve uma tentativa de substituição do programa, que não foi adiante. O 
Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania (PNAC), criado no governo de 
Fernando Collor de Mello é deixado de lado no governo do vice, Itamar Franco, que 
tomou posse do país após o impeachment do presidente Collor. 
 Mesmo com tantas preocupações a educação de jovens e adultos de certa 
forma, sempre ficou a margem nas políticas públicas. A reforma educacional de 
1995 que se instaurou para descentralizar encargos com a educação, deixava de 
lado mais uma vez a escolarização dos jovens e adultos. 
 
O principal instrumento da reforma foi a aprovação da Emenda 
Constitucional de 14/96, que suprimiu das Disposições Transitórias 
da Constituição de 1988 o artigo que comprometia a sociedade e os 
governos a erradicar o analfabetismo e universalizar o ensino 
fundamental até 1998, desobrigando o governo federal de aplicar 
com essa finalidade a metade dos recursos vinculados a educação 
(...). (HADDAD, 2000 p. 123). 
 
 
 Com a criação do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e 
Valorização do Magistério (FUNDEF) a educação de jovens e adultos permanecia 
no seu estado de desprezo, uma vez que essa modalidade não entrava na relação 
de investimento público, que eram destinados apenas para o ensino de crianças e 
adolescentes, favorecendo ainda mais uma crise na expansão do ensino de jovens 
e adultos. (HADDAD, 2000). 
 Nas redes de ensino a EJA foi sempre vista como um problema por 
grande parte dos profissionais da educação, associada comumente ao ensino 
noturno supletivo de caráter compensatório, que absorvem jovens e adultos que 
não conseguiram concluir o ensino em “idade regular”, “reprovados” ou ainda o 
“fracasso escolar”. Os mais diversos programas voltados para a educação de 
jovens e adultos passaram por problemas de falta de incentivo político, o que levou 
a modalidade a uma paralisação. Na realidade, muitas vezes o governo se opôs 
em investir na educação de jovens e adultos. (RIBEIRO, 2001). 
 21 
 É claro que durante anos de luta em favor da EJA foram constituídos 
passos significativos em direção a uma nova concepção de educação, a presença 
dos segmentos sociais em favor da EJA muito contribuiu para uma educação 
igualitária. A educação de jovens e adultos passou a fazer parte constitutiva da Lei 
de Diretrizes e Bases, tornando-se modalidade de educação e reconhecida como 
direito público como afirma o Parecer CNE/CEB 11/2000. Este mesmo parecer 
defende que a EJA já não pode ser entendida como uma forma de suprir uma 
educação anterior. Em relação à LDB 9.394, Haddad afirma que essa “dedica à 
educação de jovens e adultos uma seção curta e pouco inovadora.” 
 As principais características das ações do governo em relação à 
educação de jovens e adultos no Brasil, durante um grande período, foram de 
políticas assistencialistas, populistas e compensatórias, contudo, essas políticas de 
certa forma, impulsionaram os movimentos em favor da busca de uma nova 
configuração para a educação de jovens e adultos, sendo realizados passos 
significativos a partir da posição marginal ocupada por essa modalidade. 
 O Ministério da Educação atuou na implementação e em parte, no 
financiamento de alguns programas que contava com objetivo de alfabetizar a 
população, esses programas apesar da ajuda do MEC, possuíam largas parcerias 
de movimentos da sociedade civil e instituições de ensino e pesquisa. 
 O Programa Alfabetização Solidária (PAS) surge dentro dessa 
perspectiva ainda na década de 1990. Apesar de ser um grande passo na 
educação de jovens e adultos, o programa não conseguiu se estabilizar pela falta 
de suportes que garantissem permanência dos educandos nos estudos. O 
Programa foi desenvolvido a partir de parcerias de várias instâncias 
governamentais e outras organizações, com o objetivo de diminuir as 
desigualdades sociais através da educação, esse programa priorizou o público 
jovem, os municípios e as periferias urbanas, para depois chegar à zona rural e 
atingir outros públicos. 
 O ensino já voltado para as questões sociais buscava a valorização do 
aluno, resgate dos conhecimentos prévios e possibilidades para que os alunos 
tivessem acesso a novos conhecimentos. O Programa pregava a conscientização 
dos sujeitos. A auto-estima do educando era valorizada, pois era entendida como 
 22 
essencial para que os alunos permanecessem na escola depois de um dia de 
trabalho. 
 
(...) Com o programa, além das metas de erradicação do 
analfabetismo, de promoção da educação de jovens e adultos e de 
incentivo à requalificação profissional nos municípios envolvidos, 
propõem-se o aumento da cidadania, da prosperidade, da auto-
realização e da auto-estima. (...) (TRAVERSINI, 2009, p. 584). 
 
 Outra preocupação do Programa era relacionada ao trabalho desses 
alunos, pois o cansaço físico após um dia de trabalho quase sempre árduo, 
dificultaria a aprendizagem, uma vez que provoca falta de atenção e evasão de 
muitos. 
 Com o passar das décadas percebe-se mudanças positivas ocorridas nos 
projetos voltados para a população da EJA, dentro dessas mudanças a mais 
importante é o reconhecimento da necessidade de uma educação diferenciada, 
própria às peculiaridades desses sujeitos. 
 No século XXI, a educação de jovens e adultos continua nas propostas 
governamentais, como pode ser visto a partir de diversos programas que foram 
instituídos no inicio do período. No governo de Lula, foi criado o programa Brasil 
Alfabetizado, um programa do Ministério da Educação, que contribui na luta de 
superar o analfabetismo no Brasil. 
 Instituído pelo decreto nº. 6.093 de 24 de abril de 2007 têm por objetivo “a 
universalização da alfabetização de jovens e adultos de quinze anos ou mais." O 
programa é uma conquista, principalmente porque o financiamento para a 
educação de jovens e adultos sempre foi precário por parte dos governantes. 
 Dentro desse contexto, na Bahia é lançado o TOPA – Todos Pela 
Educação, Programa do governo estadual com o objetivo de alfabetizar um milhão 
de baianos até o ano de 2010. O programa Brasil Alfabetizado, partiu de pesquisas 
que revelavam uma grande quantidade de pessoas analfabetas no país. Começa 
então um processo de alfabetização nos estados e municípios que conta ainda com 
a formação continuada dos educadores, bem como a criação de material didático 
próprio para os programas. 
 
 23 
 Um dos aspectos mais interessantes desse programa é a relação 
estabelecida com a sociedade, pois educadores e estudantes da área de educação 
são preparados para assumirem as turmas. RETIREI CITAÇÃO QUE ESTAVA 
SOLTA DAQUI 
 A educação de jovens e adultos no sentido do financiamento teve uma 
grande conquista quandofoi incluída no Fundo de Desenvolvimento da Educação 
Básica (FUNDEB). Esse fundo substitui o Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério 
(FUNDEF). O Fundeb é muito importante para a educação de modo geral, pois 
atende a toda educação básica reservando recursos para a educação de jovens e 
adultos. Mesmo assim, os recursos destinados a EJA são bem menores do que os 
destinados às outras modalidades. 
 A partir do histórico da educação de jovens e adultos no Brasil, podemos 
identificar a marcante presença da Educação Popular na luta por uma educação 
acessível ao povo. Falar nos movimentos populares é muito importante, 
principalmente porque a contribuição da sociedade civil nas intensas lutas, marcam 
a história da educação e se faz presente nas novas concepções. 
 Idealizada por Paulo Freire, a educação popular tinha uma visão de 
conscientização política da população, buscando igualdade e liberdade das classes 
menos favorecidas, ou seja, superação da condição de oprimido. 
 Na EJA a educação popular teve uma contribuição bastante significativa, 
pois foram os movimentos populares que deram força as reivindicações para 
melhorias. Faz-se necessário esclarecer que mesmo antes do aparecimento da 
educação para atender aos jovens a adultos, os vários movimentos nas diversas 
áreas da sociedade já lutavam contra o analfabetismo da população. Após alguns 
anos a educação de adultos surgiria dentro de um quadro educacional dedicado 
exclusivamente ao público adulto. 
 
Durante um período de cerca de 20 anos, do mesmo modo como 
aconteceu em outros domínios de trabalhos sociais com setores 
populares, a educação de adultos passou de uma ênfase na 
integração de indivíduos na sociedade para uma outra, cujo 
objetivo era atuar sobre grupos e comunidades que, educados, 
organizados e motivados, assumissem, em seu nível, “o seu papel 
no processo de desenvolvimento”. (...) (BRANDÃO, 1984, p.52). 
 24 
 
 Desde os tempos mais primórdios as mais variadas formas de 
aprendizado teve a participação da sociedade, das comunidades e suas trocas. É 
assim que Brandão (1984) apresenta em seu livro Educação Popular, a 
aprendizagem de várias maneiras nos mais variados tempos, além de mostrar 
essas relações desde a antiguidade. 
 Para a educação popular o sentido de educar, está dentro de uma 
proposta de libertação. Os movimentos populares buscavam uma educação que 
valorizassem as sabedorias populares, seus conhecimentos de mundo. 
 Os ideais da educação popular são de mudanças na realidade opressora, 
visando uma conscientização de sua condição por parte do oprimido. O sujeito 
assim deve assumir uma postura na qual se reconheça como oprimido, além de 
entender a necessidade de lutar por mudanças e libertação. “(...) Libertação a que 
não chegarão pelo acaso, mas pela práxis de sua busca; pelo conhecimento e 
reconhecimento de luta por ela. (...).” (FREIRE, 1987, p.31). 
 Paulo Freire sempre se preocupou com as questões educacionais das 
populações que viviam a margem. Suas lutas por igualdades perpassavam pelos 
ideais de que a aprendizagem é concebida a partir das trocas, tanto do professor e 
aluno como das relações entre culturas, no trabalho, família etc. 
 
Sempre confiáramos no povo. Sempre rejeitáramos formulas 
doadas. Sempre acreditáramos que tínhamos algo a permutar com 
ele, nunca exclusivamente a oferecer-lhe. (FREIRE, 2007, p. 110). 
 
 Em suas experiências, Paulo Freire mostrou a determinação e deixou um 
legado importante que contribui ao que hoje foi conquistado para a educação de 
jovens e adulto. Suas idéias sempre foram voltadas para uma prática educacional 
que garantisse igualdade e criticidade dos sujeitos. 
 
Desde logo, afastáramos qualquer hipótese de uma alfabetização 
puramente mecânica. Desde logo, pensávamos a alfabetização do 
homem brasileiro, em posição de tomada de consciência na 
emersão que fizera no processo de nossa realidade. Num trabalho 
com que tentássemos a promoção da ingenuidade em criticidade, 
ao mesmo tempo em que alfabetizássemos.” (FREIRE, 2007, p. 
112). 
 
 25 
 Os trabalhos eram realizados buscando uma aproximação com os 
educandos, promovendo debates e entrevistas, coletando informações sobre a 
leitura de mundo de cada um, explorando os conhecimentos populares e 
valorizando-os na construção de novos conhecimentos. 
 Hoje, por mais que encontremos pesquisas voltadas para a modalidade 
da EJA, essa é ainda uma discussão pouco consolidada. A permanente luta é 
histórica e continua buscando caminhos para um reconhecimento e respeito em 
sua composição. Grupos de trabalho, universidades e movimentos populares, tem 
buscado uma reconfiguração da EJA que vem conquistando espaços também no 
compromisso do Estado. “(...) Discute-se a EJA nas novas estruturas de 
funcionamento da educação básica – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do 
Ensino Básico (Fundeb). Criam-se estruturas gerencias específicas para EJA nas 
Secretarias Estaduais e Municipais.” (ARROYO, 2006 P.20). 
 A sociedade continua se mostrando presente nas discussões em torno de 
uma nova configuração para a EJA, com movimentos sociais, sindicatos, ONGs, 
procurando promover uma postura diferente frente às necessidades desses 
estudantes. “O compromisso dessa diversidade de coletivos da sociedade não é 
mais de campanhas nem de ações assistencialistas” (ARROYO, 2006 p. 20). Uma 
mobilização com outro foco para a modalidade, envolvendo mais pesquisas, 
trabalhos e a tentativa de implementação de políticas públicas, que atendam às 
reais necessidades da EJA. 
 Essas concepções vão tomando corpo e ganhando um lugar no processo 
educacional antes inexistente. Dentro de todo esse contexto em que a educação de 
jovens e adultos vem se introduzindo cada vez mais nas discussões educacionais, 
torna-se importante falar dos sujeitos da EJA, seu modo de aprender, seu tempo de 
vida. Afinal, esses são os sujeitos que fazem da EJA uma modalidade específica. 
 
2.2 O PERFIL DO ALUNO DA EJA 
 
 As trajetórias dos estudantes da EJA sempre foram marcadas por 
concepções preconceituosas e pessimistas. A idéia de que o aluno da EJA é 
aquele que não conseguiu estudar em idade “certa” tem levado para a discussão o 
processo de aprendizagens desses sujeitos. Os alunos da EJA se encontram em 
 26 
uma posição “diferente” em relação à criança, com uma bagagem maior de 
experiências, possuem crenças e valores constituídos a partir de suas vivências. 
Além de muito saber, vivem em constante aprendizado, afinal não existe uma idade 
determinada para se aprender. 
 Ao tratar do processo de aprendizagem escolar desses sujeitos é 
importante voltar a uma discussão anterior a essa, que está ligada à vida desses 
jovens e adultos, por que voltaram à escola depois de alguns anos ou ainda por 
que resolveram estudar, além de problematizar sobre seus caminhos, sua vida 
pessoal e profissional. Considerando ainda os motivos que levaram essas pessoas 
a abandonar os estudos, pois muitos quando crianças foram obrigados a deixar os 
estudos para trabalhar, ajudar ou garantir o sustento da família. 
 Os jovens e adultos que voltam à escola, fazem parte da população 
pobre, oriunda de bairros periféricos ou da zona rural, que procura estudar para 
atender as exigências do mercado de trabalho, para ajudar seus filhos e netos nas 
tarefas escolares ou ainda para alcançarem objetivos de ler simples palavras, 
assinar o próprio nome e até mesmo ler o itinerário de transportes coletivos. 
 
(...) não é o estudante universitário, o profissional qualificadoque 
frequenta cursos de formação continuada ou de especialização, ou 
a pessoa adulta interessada em aperfeiçoar seus conhecimentos. 
(...). (...) E o jovem, (...) não é aquele com uma história de 
escolaridade regular, vestibulando ou aluno de cursos 
extracurriculares em busca de enriquecimento pessoal. (...) 
(OLIVEIRA, 2001, p. 15-16). 
 
 
 Esses estudantes são homens e mulheres, trabalhadores, empregados ou 
desempregados, ou ainda aqueles que buscam o primeiro emprego, são também 
filhos, pais, mães e moram geralmente na periferia das cidades. Aqueles excluídos, 
que não tiveram a oportunidade porque a eles não foram oportunizados esse 
contato com a escola. 
 Ainda existe uma diferença entre o jovem e o adulto da EJA, sua condição 
embora parecida, difere-se em algumas etapas, pois o jovem que retorna a escola 
ou a ela vai pela primeira vez, mesmo sem escolaridade consegue se relacionar de 
maneira mais dinâmica com o mundo moderno, ou ainda se integra mais 
 27 
rapidamente com as novas tecnologias, que já fazem parte da educação de uma 
maneira geral. Segundo Oliveira, 2001: 
 
(...) ele é também um excluído da escola, porém geralmente 
incorporado aos cursos supletivos em fases mais adiantadas de 
escolaridade, com maiores chances, portanto, de concluir o ensino 
fundamental ou mesmo o ensino médio. É bem mais ligado ao 
mundo urbano, envolvido em atividades de trabalho e lazer mais 
relacionada com a sociedade letrada, escolarizada e urbana (...). 
(OLIVEIRA, 2001, p. 16). 
 
 
 Mas esse jovem encontrará da mesma maneira dificuldades em relação 
aos estudos, pois, assim como ele tem esse diferencial em relação ao adulto, 
existem alguns aspectos que se aproximam quando se trata dos motivos que 
fizeram esses jovens largarem os estudos, ou voltarem à escola. Na maioria das 
vezes o motivo é sempre o mesmo: constituição de família muito cedo, dificuldade 
financeira que faz com que os alunos deixem a escola por causa do trabalho, para 
ajudar nas despesas em casa. E a volta apesar de variar muito, na maioria das 
vezes está relacionada às exigências do mercado de trabalho. 
 A vivência de cada jovem ou adulto que retorna a escola ou começa a 
estudar é diferenciada, cada um tem suas escolhas, sua forma de viver, mas todos 
fazem parte de uma mesma realidade cultural. Repetem uma história de negação 
de direitos e fazem parte de um contexto de exclusão, passam pela rejeição, 
reprovação social e escolar, mas possuem escolhas e conhecimentos de vida, 
ganhos pelas vivências em sociedade e pelas próprias histórias. Muitos já 
trabalham ou trabalharam, participam de movimentos sociais, na comunidade, no 
bairro em que vivem e por essa condição já possuem um conhecimento de vida em 
relação ao trabalho, família, direitos e deveres. Possuem um conhecimento de 
mundo. 
 Falar em processo de construção de conhecimentos e aprendizagem no 
que se refere aos alunos da EJA, nos leva a discutir como se dá esse processo na 
realidade desses alunos. Ainda pouco explorado, esse tema deixa uma gama de 
questões, principalmente porque na área psicológica os sujeitos mais estudados 
em relação ao processo de aprendizagem são as crianças e os adolescentes. 
(OLIVEIRA, 2001). 
 28 
 A construção do conhecimento não pode ser atribuída apenas à escola, 
ou a uma determinada idade, principalmente se considerada as relações da vida 
dos sujeitos. As pessoas vão construindo seus conhecimentos desde muito cedo, e 
esses não param e independem da escola. 
 A aprendizagem do sujeito é determinada também pelas relações com o 
meio social. Ao longo da vida o indivíduo adquire conhecimentos mesmo sem a 
presença na escola. E esses devem ser considerados no processo de 
aprendizagem do jovem e adulto. 
 As relações sociais desde o início dos tempos indicam que a 
aprendizagem dos sujeitos sempre teve aspectos que agiram mesmo sem a ajuda 
da escola. Ao falar de educação popular Brandão (1984), mostra que o saber 
circula entre os meios sociais desde tempos remotos. As contribuições do autor 
para entender as relações entre sociedade e sujeito, são importantes para 
concluirmos que o saber popular é também o saber social, ou seja, todos possuem 
algum tipo de saber. 
 
(...) Durante quase toda a história social da humanidade a prática 
pedagógica existiu sempre, mas imersa em outras práticas sociais 
anteriores. Imersa no trabalho: durante as atividades de caça, 
pesca e coleta, depois, de agricultura e pastoreio, de artesanato e 
construção. (...) (BRANDÃO, 1984, p. 19). 
 
 
 A concepção sobre aprendizagem dos alunos jovens e adultos deve seguir 
uma lógica em que o aprendizado ocorre ao longo da vida, desde o nascimento, 
nas relações familiares, na escola com os colegas e professores, quando esses a 
freqüentam, no trabalho com as outras pessoas, com a cultura. E mesmo que a 
escola não esteja presente nesse caminhar, as relações sociais além da escola, 
contribuem e fazem com que os sujeitos aprendam. (...) É fundamental, (...) 
partirmos de que o homem, ser de relações e não só de contatos, não apenas está 
no mundo, mas com o mundo. (...) (FREIRE, 2007, p.47). 
 
(...) o homem constitui-se como tal através de suas interações 
sociais, portanto, é visto como alguém que transforma e é 
transformado nas relações produzidas em uma determinada cultura. 
(...). (REGO, 2001, p. 93) 
 
 29 
 De acordo com a abordagem sócio-construtivista , as relações com o meio 
social e cultural fazem com que o homem construa e transforme seus 
conhecimentos, o aprendizado depende assim, “do desenvolvimento histórico e das 
formas sociais da vida humana.” (REGO, 2001, p. 42). Nesse sentido, Freire (2007) 
também discute essas relações e traz: 
 
(...) As relações que o homem trava com o mundo (pessoais, 
impessoais, corpóreas e incorpóreas) apresentam uma ordem tal 
de características que as distinguem totalmente dos puros 
contatos, típicos da outra esfera animal. (FREIRE, 2007, p.47) 
 
 
 Os estudantes jovens e adultos possuem especificidades que vão além 
da sua idade, Essas pessoas diferem das crianças e adolescentes não apenas por 
se encontrarem em uma idade mais avançada, mas por apresentarem uma 
experiência cultural mais ampla. 
 Os estudantes da EJA trazem uma gama de experiências, construções e 
reflexões, seus conhecimentos de vida fazem com que seu processo de 
aprendizagem leve em considerações diversas habilidades e potencialidades. 
 Mesmo assim, existem algumas dificuldades, pois muitos alunos da EJA, 
por terem algumas responsabilidades em relação ao trabalho, cuidados com filhos, 
trabalhos domésticos entre outros, encontram-se em uma posição desprivilegiada 
em relação à criança e o adolescente que podem dedicar mais tempo aos estudos. 
 Os jovens e adultos são capazes de aprender ao longo de toda vida, 
descartando assim a idéia de que exista uma idade para que a aprendizagem 
aconteça. Na educação de jovens e adultos a utilização de seus conhecimentos de 
vida é muito importante, pois esses alunos chegam à escola com uma riqueza de 
experiências que não podem ser deixadas de lado. Na educação de adultos devem 
ser considerados além de seus conhecimentos, suas expectativas e principalmente 
seu papel na sociedade. Ao discutir sobre o Programa de Educação de Adultos da 
Faculdade de Educação da USP, Piconez (2002) afirma que: 
 
(...) um dos efeitos favoráveis inquestionáveis da educação básica 
de adultos, ponto pacifico em todos os estudos analisados, é o 
crescimento da auto-realização pessoal do adulto, pela qual lhe é 
possível assumir-se cada vez mais como sujeito de suas ações. 
(PICONEZ, 2002, p.48) 
 30O jovem e o adulto por possuírem uma experiência adquirida ao longo da 
vida, aprendem muito quando o professor relaciona os conteúdos escolares com 
situações do trabalho e da família, pois para esses alunos o interessante é 
aprender coisas que serão úteis para seu dia a dia. 
 A construção de uma visão critica é um importante papel da educação, 
portanto esses alunos devem ser estimulados a criticamente se perceberem como 
atores de sua própria história. Assim a escola e os educadores que trabalham com 
jovens e adultos devem propiciar aos estudantes condições necessárias para um 
melhor aproveitamento de conteúdos através da criticidade. Não é impor assuntos, 
atividades, sem nenhuma significância, mas sim, construir com os alunos a partir 
de seus conhecimentos novas possibilidades para se aprender. 
 
(...) é imprescindível que a escola tenha condições compatíveis com 
sua função de dar acesso aos conhecimentos culturalmente 
descobertos e acumulados pelo homem, estabelecendo uma 
organização pedagógica consoante com os conhecimentos prévios 
de seus alunos e do contexto em que vivem. (PICONEZ, 2002, p. 
27). 
 
 Os estudantes jovens e adultos apresentam expectativas ao chegarem à 
escola e essas expectativas podem não ter relação com um futuro, mas com o 
presente no qual vivem. É a busca por novas oportunidades de trabalho, cumprir as 
exigências do mercado, assinar o próprio nome, ler a Bíblia, ler o itinerário do 
transporte coletivo, garantir seus direitos, serem cidadãos. Tendo a possibilidade 
de participar ativamente de uma sociedade que discrimina cada vez mais o outro 
pelas suas diferenças e restritas habilidades. 
 As instituições de ensino que trabalham com a educação de jovens e 
adultos, parecem não viver esse momento de novas perspectivas no campo da 
EJA. Na maioria das vezes se distanciam da realidade dos sujeitos, evidenciando a 
exclusão sofrida por esses na escola. Torna-se necessário conhecer a história de 
vida desses sujeitos, a fim de intervir de forma significativa. 
 Os estudantes da EJA precisam ser respeitados pelo seu ritmo de 
aprendizagem e principalmente por suas condições, deve-se atentar assim por uma 
educação diferenciada que objetive a realidade dos sujeitos. Quando essas 
 31 
pessoas resolvem voltar à escola, encontram bastante dificuldade em seu caminho, 
além de toda a exclusão por parte da sociedade, são ainda vistos como o fracasso 
escolar, os “atrasados”, que não conseguirão aprender por se encontrarem nessa 
condição. 
 Entender as particularidades dos estudantes da EJA é buscar entender 
seus conhecimentos adquiridos durante suas trajetórias de vida e sua vida em 
sociedade. O respeito aos saberes dos educandos é fundamental para uma prática 
responsável, “(...) porque não estabelecer uma “intimidade” entre os saberes 
curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como 
indivíduos? (...).” (FREIRE, 1996, p. 30). 
 Essas pessoas possuem uma condição de oprimido e assim apresentam 
dificuldades numa sociedade preconceituosa e excludente. Mas, esses jovens e 
adultos podem voltar aos estudos e mudar suas histórias. 
 
“(...) as trajetória sociais e escolares truncadas, não significam sua 
paralisação nos tensos processos de sua formação mental, ética, 
identitária, cultural, social e política. Quando voltam á escola, 
carregam esse acumulo de formação e aprendizagem.” (ARROYO, 
2006, p.24) 
 
 
 O olhar nesses estudantes deve estar centrado na perspectiva que eles já 
possuem conhecimentos ao chegarem à escola. É importante um pensamento 
crítico em torno desses sujeitos, levando em conta todo seu percurso de vida. 
Nesse sentido faz-se necessário a presença do professor na criação de 
possibilidades e condições para que a formação crítica aconteça. 
 A EJA deve ser pensada dentro da perspectiva dos sujeitos que à referida 
modalidade pertencem, sujeitos com história de vida, conteúdos, participação na 
sociedade, não é possível deixar de lado as identidades dessas pessoas. 
 Os alunos da EJA sofrem com sua condição de oprimido, mas muitos 
ainda não estão cientes dessa situação, aceitando o rótulo de fracasso e muitas 
vezes negando seus próprios direitos. Assim se faz necessário uma formação 
crítica-reflexiva na qual eles possam pensar sua condição, entendê-la e poder 
modificá-la. 
 32 
 Paulo Freire traz dentro da discussão da EJA, uma educação 
transformadora e libertadora, na qual os sujeitos despertem sua consciência em 
relação ao seu estado de oprimido, 
 
(...) a prática da liberdade só encontrará adequada expressão 
numa pedagogia em que o oprimido tenha condições de 
reflexivamente, descobrir-se e conquistar-se como sujeito de sua 
própria destinação histórica (...) (FREIRE, 1987, p. 09). 
 
 A busca pela consciência crítica deve partir do homem, de sua ação e da 
reflexão, pois a conscientização baseia-se na relação constante entre a 
consciência e o mundo. A formação da consciência crítica deve ser feita através de 
uma educação libertadora. Situar o homem na sua condição fazendo com que o 
mesmo possa olhar criticamente para sua realidade e ao conhecê-la atuar sobre 
ela. 
 
 
2.3 O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA EJA A PARTIR DO 
SÓCIO – CONSTRUTIVISMO 
 
 Falar de processo de ensino e aprendizagem na EJA não é simplesmente 
questionar temas e conteúdos para se trabalhar em sala de aula ou fora dela. É 
importante se discutir como esses sujeito aprendem, para a partir daí, tentar 
construir possibilidades para que os alunos possam de fato aprender. 
 Discute-se mais uma vez o papel do professor como importante nesse 
processo, pesquisando meios através do próprio convívio com os alunos. O 
trabalho com os jovens e adultos deve acontecer de uma maneira dialógica, 
visando à libertação dos sujeitos, que por muito tempo se encontraram a margem 
da sociedade pela falta de oportunidades. “(...) Os jovens e adultos acumularam em 
suas trajetórias saberes, questionamentos, significados. Uma proposta pedagógica 
de EJA deverá dialogar com esses saberes.” (ARROYO, 2006, p. 35). 
 E esse diálogo na visão de Paulo Freire deve começar “na busca dos 
conteúdos programáticos”. Assim, o professor deve partir de um diálogo com os 
alunos colhendo o maior número de informações possíveis para organizar sua 
próxima etapa. 
 33 
 
 
Para o educador-educando, dialógico, problematizador, o conteúdo 
programático da educação não é uma doação ou uma imposição – 
um conjunto de informes a ser depositado nos educandos -, mas a 
devolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo 
daqueles elementos que estes lhe entregou de forma 
desestruturada. (FREIRE, 1987, p. 83-84). 
 
 
 Os alunos jovens e adultos por possuírem especificidades de uma vida 
cheia de experiências já levam para a escola conhecimentos importantes para sua 
escolarização. E essas experiências e conhecimentos não podem ser desprezados 
pelos professores. “(...) muitas vezes, educadores e políticos falam e não são 
entendidos. Sua linguagem não sintoniza com a situação concreta dos homens a 
que falam. (...)” (FREIRE, 1987, p.87). 
 Dentro dessa perspectiva o professor deve levar em consideração não só 
os saberes dos alunos jovens e adultos, mas também a necessidade do diálogo 
permanente para a troca de conhecimentos. Nesse sentidoArroyo (2006) converge 
com Freire ao afirmar que: 
 
Partir dos saberes, conhecimentos, interrogações e significados 
que aprenderam em suas trajetórias de vida será um ponto de 
partida para uma pedagogia que se paute pelo diálogo entre os 
saberes escolares e os saberes sociais. (...) (p. 35). 
 
 No processo de ensino e aprendizagem dos alunos da EJA é muito 
importante considerar as relações sociais assim como em todas as outras 
modalidades. É interessante levar em consideração a convivência entre as pessoas 
para facilitar o aprendizado. 
 As turmas de EJA normalmente são bastante diversificadas, além da 
mistura em relação à idade existe diversidade cultural e muito a se trocar. Em 
algumas turmas a diferença da idade chega a ser de 40 anos e por essa distinção, 
as trocas de experiências possibilitam aos alunos contato com novos 
conhecimentos, pois, é através das relações do homem com o mundo e com os 
outros homens que a aprendizagem acontece. (REGO, 2001). 
 34 
 Dentro de uma sala de aula da EJA é muito importante que o professor 
trabalhe dividindo a turma em equipes, interessante também é variar na separação 
das equipes, procurando sempre colocar os alunos com diferentes níveis de 
conhecimento juntos, para que possam ensinar e aprender, a partir da 
comunicação. Para Vygotsky (1994), a comunicação tem função importante na 
relação entre os homens, pois ela garante a “(...) preservação, transmissão e 
assimilação de informações e experiências acumuladas pela humanidade ao longo 
da história. (...)” (REGO, 2001, p. 54). 
 Como exemplo desse movimento de comunicação dentro da sala de aula 
e das relações entre os estudantes da EJA, pode-se citar o uso das novas 
tecnologias, mas precisamente do computador, que pode ser melhorado a partir 
dessa maneira de se trabalhar. Utilizar o trabalho em grupo deixando sempre o 
aluno que já tem alguma experiência no assunto com aquele que menos sabe é 
uma forma de trabalhar o processo de aprendizagem do aluno jovem e adulto. 
 Partir do princípio de que o aluno jovem e adulto aprende a partir de seus 
próprios conhecimentos, de sua vida e suas experiências é bastante pertinente, 
tanto que a experiência de Paulo Freire com o círculo de cultura e as palavras 
geradoras, fez e ainda faz parte de uma educação emancipadora, de uma luta 
histórica. Nos círculos de cultura o educando e o educador efetiva uma relação de 
discussões em que é apresentado aos alfabetizandos imagem do seu contexto 
vivido e real, inicia-se um debate e ao mesmo tempo a conscientização. “(...) todo 
aprendizado deve encontrar-se intimamente associado à tomada de consciência da 
situação real vivida pelo educando.” (FREIRE, 2007, p. 14). 
 Paulo Freire sempre foi contra toda e qualquer forma de educação 
mecânica, assim, as palavras geradoras não eram simplesmente palavras jogadas 
para os educandos, eram pontos de partida para a tomada de consciência do 
educando através de seu “universo”, portanto: 
 
(...) não só se fixam os vocábulos mais carregados de sentido 
existencial e, por isso, de maior conteúdo emocional, mas também 
os falares típicos do povo. Suas expressões particulares, vocábulos 
ligados a experiência dos grupos, de que o profissional é parte. 
(FREIRE, 2007, p. 120). 
 
 
 35 
 Em meio a essa educação conscientizadora, dialógica, em que os jovens e 
adultos aprendem através das relações e também através de sua própria existência 
surgem novos debates e questionamentos. No presente momento utilizar as 
palavras geradoras pode ser além de muito importante uma surpresa para os 
educandos. Pois, diante das novas necessidades do homem com certeza seu 
vocabulário cultural tem sido acrescido de palavras que fazem parte do dia a dia, 
do trabalho e das notícias do mundo atual. 
 Dentro desse contexto, é necessário discutir os sujeitos da EJA em vários 
momentos, e hoje, com os avanços tecnológicos é interessante situar o sujeito 
jovem e adulto nesse contexto. Lembrando sempre que essa apropriação 
tecnológica deve surgir do questionamento, do diálogo, partindo de uma educação 
crítica e reflexiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 36 
3 AS TECNOLOGIAS DIGITAIS E A EDUCAÇÃO: UMA 
PERSPECTIVA PARA A EJA 
 
 
 As tecnologias sempre estiveram presentes na educação de alguma 
forma, principalmente porque falar em tecnologia é falar em quase tudo ao nosso 
redor, desde o lápis até as maiores inovações da contemporaneidade. 
 Este capítulo apresenta um pouco sobre as novas tecnologias em geral 
por se tratar de uma contextualização necessária para a continuidade do estudo, 
discutindo sua presença na sociedade como um todo, e sua relevância para a 
educação escolar. 
 Partindo de uma visão crítica e reflexiva discute-se sobre as 
potencialidades que as novas tecnologias oferecem às pessoas e de suas ações, 
despertando para os riscos de um uso desenfreado e sem criticidade por parte dos 
sujeitos. 
 Considerando que este estudo busca discutir e analisar em que 
perspectiva a prática de produção de vídeo com educandos da EJA, pode ser 
favorável ao processo de aprendizagem e construção de consciência crítica destes 
sujeitos, torna-se necessário refletir sobre a inserção das tecnologias digitais na 
educação escolar, observando a postura de professores e alunos diante dos 
recursos tecnológicos digitais presentes hoje na sociedade e, principalmente, na 
escola. Afinal, o trabalho com a produção de vídeo envolve a apropriação e 
utilização de instrumentos tecnológicos, bem como uma articulação com 
procedimentos didático-metodológicos. 
 Dando ênfase ao papel da escola no momento atual é discutida neste 
contexto a prática do professor e sua preparação para as novidades tecnológicas 
na educação. Os alunos por sua vez, devem atuar participando no processo de 
ensino e aprendizagem, o professor não poderá mais agir como detentor do saber, 
devem atuar como mediadores sempre respeitando os saberes dos educando. É 
preciso envolvê-los cada vez mais em processos que estimulem o exercício de 
autoria e produção de conhecimento, que valorize o capital cultural que cada um 
traz. 
 Na EJA, a discussão sobre as tecnologias digitais na aprendizagem dos 
educandos é apontada como um processo que deve ser construído pelos próprios 
 37 
sujeitos, mas mediado pelos educadores. Exige-se cada vez mais da educação, 
“(...) uma nova concepção de ensino e de aprendizagem baseada na pedagogia, 
(...) dialógica, (...) em que professor e aluno aprendem ao mesmo tempo, havendo 
uma relação de cumplicidade no processo (...)” (RIOS, 2005, P. 67). 
 Com base na perspectiva sócio-construtivista, entende-se a importância de 
considerar os conhecimentos prévios como parte de seu desenvolvimento para 
mobilizar novas construções, e poderá favorecer uma apropriação crítica desses 
aparatos. 
 Assim, acredita-se que a prática de produção de vídeos como uma 
possibilidade metodológica para o trabalho pedagógico na educação de jovens e 
adultos pode ser construtivo para os educandos envolvidos, na medida em que 
estes são convocados a participar de forma ativa, como protagonistas do seu 
próprio processo de aprendizagem e não meros coadjuvantes que só absorvem 
informações que lhes são transmitidas, em uma postura típica da Educação 
bancária. 
 
3.1 AS NOVAS TECNOLOGIAS E A EDUCAÇÃO ESCOLAR 
 
 Os avanços tecnológicos têm causado grande impacto na vida da 
sociedade como um todo. A população assiste a uma explosão de acontecimentos 
com a chegada das novas tecnologias. Aforma de comunicação, de transmissão 
de informações, tem forte influência desse momento. Assim, os novos meios de 
comunicação e informação possibilitam contato com notícias do mundo em 
instantes, as novas tecnologias já fazem parte do cotidiano das pessoas e essas 
por sua vez estão cada vez mais dependentes delas. 
 
De fato, atualmente, assistimos a mudanças profundas ocorrendo 
na sociedade e mesmo na vida privada das pessoas a partir dos 
avanços das novas tecnologias e dos novos meios de 
comunicação. (VIEIRA, 2002, p. 23). 
 
 Por sua vez, essas mudanças não ajudaram a diminuir as diferenças 
sociais, muito pelo contrário, com a forte presença da lógica de mercado essas 
 38 
novas tecnologias, acabaram de certa forma ajudando na segregação das classes 
menos favorecidas. 
 
Torna-se necessário o desenvolvimento de um senso crítico, de 
uma visão de mundo voltada para a promoção da vida que se 
desenvolve através de uma educação dialógica, ou seja, que se 
floresce em uma atmosfera de autonomia. (NASCIMENTO, 
HETKOWSKI, 2009, p.145). 
 
 Mesmo sabendo das reais propostas do momento atual em relação à 
utilização das novas tecnologias, principalmente as tecnologias digitais que é de 
alimentar a lógica capitalista vigente, é certo colocar a discussão que apresenta a 
presença tecnológica de maneira “atraente” e até mesmo de contribuição em 
alguns aspectos da vida social. As relações sociais, vão sendo acrescidas de 
possibilidades diante das novas tecnologias, mas precisamente da internet, 
algumas melhorias como a rapidez de informações, facilidade de se comunicar, 
foram dando novo corpo a essas relações. 
 
(...) um novo sistema de comunicação que fala cada vez mais uma 
língua universal digital tanto está promovendo a integração global 
da produção e distribuição de palavras, sons e imagens de nossa 
cultura, como personalizando-os ao gosto das identidades e 
humores dos indivíduos. As redes interativas de computadores 
estão crescendo exponencialmente, criando novas formas e canais 
de comunicação, moldando a vida e, ao mesmo tempo, sendo 
moldadas por ela. (CASTELS, 1999, p. 22). 
 
 
 Essas redes que interagem agora através da internet, já fizeram parte de 
outro contexto, hoje, muitas pessoas se comunicam com outras ferramentas e 
meios tecnológicos. No âmbito educacional essas novas redes também se fazem 
presentes e podem provocar melhorias, pois têm aproximado pessoas, grupos de 
discussões de vários lugares do mundo, e uma infinidade de possibilidades de 
entretenimento. É claro que essas melhorias só serão possíveis se a utilização 
desses meios fazer parte de uma apropriação crítica. 
 O que é também palco de diversas discussões e bastante pertinente a se 
levar em consideração é que as novas tecnologias não poderão resolver os 
problemas sociais muito menos educacionais. É importante um desenvolvimento 
crítico da sociedade para que essa possa fazer uso também crítico dos aparatos 
 39 
tecnológicos. O importante é criar as condições para que exista uma apropriação 
crítica em que as pessoas possam explorar as suas potencialidades criativas 
através destes recursos que, de certa forma, também ampliam as possibilidades de 
criação. 
 É importante continuar levando em consideração que a sociedade 
encontra-se em um momento em que os avanços tecnológicos se fazem presentes 
em quase tudo na vida das pessoas, entretanto grande parte da população vive a 
margem dessa realidade. E quando possuem contato com alguma tecnologia nova, 
muitas vezes não conseguem se apropriar criticamente delas. 
 
(...) as transformações gerais da sociedade são, efetivamente, 
tendências do mudo atual que trazem benefícios, mas trazem, 
também, prejuízos. Principalmente, porque os benefícios não são 
para todos, ao contrário, destinam-se a uma minoria. (...). 
(LIBÂNEO, 2010). 
 
 Nesse sentido, é preciso observar os dois lados da atual configuração 
social em torno das novas tecnologias. Pois, se de um lado existe a possibilidade 
de informar cada vez mais as pessoas, deixando-as mais atualizadas dentro do 
contexto em que vivem, por outro, pode aumentar as desigualdades e ainda alienar 
grande parte da população que não possui conhecimento suficiente para selecionar 
o volume de informações que estão ao seu alcance. 
 É preciso lembrar que mesmo com um grande contingente de pessoas 
tendo acesso às novas tecnologias, esse número não é o mesmo quando se fala 
em apropriação devida dessas ferramentas. Principalmente porque nem todos 
possuem estruturas sociais possíveis para que isso aconteça. “(...) Enquanto leva à 
ampliação das possibilidades e vantagens para a vida de uns poucos, para a 
grande maioria da população elas se reduzem. (...)” (LIBÂNEO, 2010 p.76). 
 
 
A democratização do acesso a esses produtos tecnológicos – e a 
consequente possibilidade de utilizá-los para a obtenção de 
informações - é um grande desafio para a sociedade atual e 
demanda esforços e mudanças nas esferas econômicas e 
educacionais de forma ampla. (KENSKI, 2009 p. 26). 
 
 
 40 
 Muitas pessoas não estão preparadas para esse processo que vem 
ocorrendo rapidamente, transformando assim o que seriam possibilidades em uma 
paralisia ou alienação. Crianças e adolescentes estão sendo vítimas desse avanço 
tão veloz. A cada dia que passa o computador tem sido amigo fiel nas brincadeiras 
dos jovens, que trancados em seus quartos se expõem a riscos nas salas de bate 
papos. Por outro lado, é possível identificar contribuições com acesso a essa 
ferramenta, pois o computador pode trazer informações importantes através de 
jogos, sites interativos entre outros, mas é importante salientar que o 
aproveitamento será muito melhor se houver uma orientação de alguém mais 
experiente, neste caso, o professor. 
 É nesse sentido que surge o grande papel da escola, de formar o sujeito 
para a reflexão crítica frente às mudanças tecnológicas, principalmente as 
transformações no âmbito da comunicação. Não é possível também falar de novas 
tecnologias e não apresentar outros aspectos sociais, como economia, política, 
pois esses estão imbricados nos aspectos educacionais. Sendo assim, a escola 
não pode deixar de apresentar, discutir e até mesmo aprender, novos 
conhecimentos porque ela está situada nesse contexto. 
 A Secretaria de Educação a Distância criada pelo MEC em 1996 pelo 
decreto nº 1.917, tem contribuído com ações e programas, como o Proinfo 
Programa Nacional de Tecnologia Educacional, que contempla a educação básica, 
o programa leva as escolas, computadores e conteúdos digitais, o programa E-Tec 
Brasil Escola Técnica Aberta do Brasil, visa levar cursos técnicos e 
profissionalizantes através da modalidade a distância para regiões distantes e para 
periferia das grandes cidades. Esse programa atende aos alunos do nível médio, 
bem como alunos da educação de jovens e adultos. Entre os diversos programas a 
Secretaria ainda conta com espaços, que podem facilitar o trabalho do educador, 
como no caso do Portal do Professor, que contribui na formação, informação e 
disponibilização de conteúdos digitais para enriquecer o trabalho pedagógico do 
docente. Nesse espaço o professor encontra ambiente para troca de experiências 
com outros educadores, links que favorecem pesquisas, informações sobre cursos 
e materiais para estudo, conteúdos multimídias em que o professor poderá acessar 
e baixar recursos que poderá subsidiar sua prática. Nesses recursos o professor 
pode encontrar vídeos para trabalhar em sala de aula nas mais diversas 
 41 
modalidades. No jornal do professor é possível acessar vários temas ligados à 
educação, nesse espaço o educador contribui

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