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Refino e petroquímica CONTEÚDO Introdução Conceitos econômicos História e progresso tecnológico Conjuntura e seus determinantes Tendências e futuro Luís Eduardo Duque Dutra Professor Adjunto da Escola de Química Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, março e novembro de 2017 Diapositivos preparados para o MBP COPPE 2017 1 Duque Dutra Definição A refinação separa o petróleo bruto em diversas frações que possuem diferentes usos e valores de mercado. A destilação do petróleo gera diferentes compostos – processo inicial Reações químicas e físicas desenvolvidas para fornecer um leque cada vez mais variado de produtos intermediários e finais Processos de: separação, conversão, tratamento e auxiliares Refinaria de Richmond na Califórnia, (Standard Oil), 1914 2 Duque Dutra Esquema simplificado Refino de petróleo Processamento do gás Não existe um petróleo igual a outro (parafínico, naftênico, asfáltico, aromático, ou misto) coluna de destilação Cada refinaria é única 3 Duque Dutra Tipos de petróleo 1 2 3 4 10 20 30 40 50 60 Teor de enxofre em % Grau API Quanto mais leve e doce, maior seu preço Teor de enxofre superior a 1% basta para o óleo ser ácido. Com um grau API acima de 30, o óleo é leve e acima de 45º é condensado. condensado doce 4 Duque Dutra Custo da retirada e corrosão dos metais Custo do tratamento Gasolina e gás natural GLP Gasolinas automotivas Naftas Querosene de aviação Querosene Óleo combustível leve Óleo combustível pesado Óleo Diesel Gasóleo Óleo mineral pesado (farmácia) Óleos de flotação pesado Ceras (velas, impermeáveis, papel e isolamento) Óleos lubrificantes (diversos) Óleos lubrificantes Óleos combustíveis Petrolato Óleo impermeabilizante Asfaltos Coque Os cortes do refino Destilados leves Destilados médios Destilados pesados Resíduos VALOR DE USO & VALOR DE TROCA GANHOS DE ENVERGADURA e o preço médio dos refinados Fonte: R. Norris Shreve e Joseph A Brinks, Jr. (1977). Indústria de processos químicos. Rio de Janeiro : Ed. Guanabara 5 Duque Dutra Não se abastece carro com petróleo Não faltam derivados e usos Valor gerado na cadeia de produção na qual o refino é o elo essencial Rendimento crescente durante quase todo o século XX devido à escala, envergadura e tecnologia Gás natural concorre cada vez mais com o petróleo Gás não convencional é úmido, rico em condensados A etapa na qual a competição mais pressiona as margens O significado estratégico do refino 6 Duque Dutra O desafio do refinador Compatibilizar o perfil de consumo por derivados leves e petróleo mais pesado Exigências de qualidade dos combustíveis em razão da => poluição atmosférica urbana (particulados) => aquecimento global (dióxido de carbono) 7 Duque Dutra Nos próximos vinte anos, o crescimento ocorrerá na periferia População mundial Bilhões de habitantes Trilhões de US$ ppp Riqueza mundial, PIB 8,7 trilhões 7 trilhões 60% do crescimento da periferia virá da Ásia (China e Índia) + 1,7 bilhão de habitantes terá de ter acesso à energia Hoje, 1,6 bilhão de pessoas (+/- 1/4 da população mundial) não tem acesso à eletricidade e cerca de 2,4 bilhões consomem biomassa como fonte de energia. 77,9 trilhões 8 Fonte: World energy outlook 2013. IEA e sem energia não há prosperidade Duque Dutra 9 Duque Dutra Participação na energia primária Geração elétrica por fonte Século XIX => carvão Século XX => petróleo Século XXI => gás natural (pelo menos em sua 1ª ½) A diversificação é uma tendência que: não anula a importância do carvão e reduz consideravelmente a do óleo contribui para crescente eletrificação A eletrificação combate a pobreza, mas, depende do carvão Fonte: World energy outlook 2013. IEA PIB, Energia e emissões Crescimento das emissões Bilhões de toneladas de CO2 Emissões por setor Bilhões de toneladas de CO2 Assim, as emissões não param de crescer ... Aumento do PIB mundial, mesmo que em ritmo menor que o passado, não basta para reverter as tendências. Redução dependerá mais da conservação, que dos novos combustíveis e estará 18 bilhões de toneladas acima do recomendado. Aumento em ¼ das emissões de CO2 c/ crescimento de 1% a.a. entre 2013/2035 (2,5% na última década). LEDD 10 Fonte: World Energy Outlook 2013 IEA ... bem acima do recomendável Duque Dutra A frota de veículos aumenta continuamente na periferia Frota de veículos Desempenho dos veículos Consumo no transporte Bilhões de veículos Litros por cem quilômetros Bilhões de toe A frota dobrará e 88% do aumento provém da periferia. O ganho em economia do combustível será de 2,1% a.a. (1,5% a.a. na década passada). O consumo de energia cresce 30%, o óleo continua dominante e os biocombustíveis passam de 5% para 11%. LEDD 11 Fonte: World Energy Outlook 2013 IEA e a eficiência não compensa Procura crescente por óleo Duque Dutra Conceito básico no refino – a escala A escala explica o rendimento crescentes obtido pelo acréscimo na capacidade de tratamento da refinaria ou da UPGN => Quanto maior, menor o custo Adam Smith e a fábrica de alfinete (fundador da Escola Clássica no pensamento econômico) Quanto maior for a escala de produção, maior serão as possibilidades de melhorar a divisão do trabalho As razões: simplificação mecanização decomposição prodç em série repetição aprendizagem permite a Vale para a indústria, os serviços, os transportes e para as atividades extrativistas Central na prosperidade do século XIX e XX 12 Duque Dutra O aumento dos rendimentos físicos, em função do aumento da produtividade do trabalho, explica a queda dos custos decorrente da multiplicação das unidades produzidas. decorrem da melhor o que permite o e a Econs. de Escala => Div. do Trab. => Cresc. Prod// => Queda dos Custos $ capacidade de produção Curva do custo de produção A queda de custo gera o excedente Custo médio 13 Duque Dutra A escala no refino norte-americano, um exemplo Os três maiores refinadores nos EEUU em 2005 Empresa Capacidade milb/d Número de refinarias Maiorunidade Capacidademédia ConocoPhilips 2.189 14 306 157 ExxonMobil 1.847 6 557 308 BP 1.450 6 437 251 Fonte: US Energy Information Administration Posição Empresa Capacidade Posição Empresa Capacidade 1 ExxonMobil 5.690 7 Total 2.738 2 Shell 5.172 8 Conoco 2.659 3 BP 3.871 9 CNPC 2.440 4 Sinopec 3.611 10 SaudiAramco 2.417 5 Valero 2.830 11 Chevron 2.066 6 Pedevesa 2.792 12 Petrobrás 1.953 Os doze maiores do mundo em 2005 14 Duque Dutra Duque Dutra 15 O refino no mundo A caminho da consolidação Fonte: True et Koottungal, 2010 Capacidade de refino Número de refinarias Acompanha a mudança do perfil do consumo ... e o deslocamento dos ativos em direção a Ásia Fonte: IEA Duque Dutra 16 O aprovisionamento da refinaria Custo do transporte do petróleo Fonte: Inkpen e Moffet (2011) Distância e escala são fundamentais Além de outros fatores, para aumentar o excedente do refinador Duque Dutra 17 A cadeia de produção Adição de valor a cada etapa, ativos específicos, custos irrecuperáveis, vantagem comparativa da integração, produção em fluxo contínuo, escala mundial, complexidade da coordenação A cada elo, um custo de transação Só as grandes vão do poço à bomba Último arranque da industrialização norte-americana Taxa média de crescimento anual de gasolina, nos EEUU entre 1949 e 1980 Consumo de gasolina nos EEUU, 1949-1980, em milhões de b/dia Trinta anos gloriosos depois da II Guerra Mundial Estradas para ampliar a locomoção de mercadorias e da mão de obra Carros como o ícone do séculoXX O fim de uma era é para quando? O pico do refino na próxima década Fonte: US Energy Information Administration 18 Duque Dutra Recomendações de leitura Agência Nacional do Petróleo American Institute of Chemical Engineers American Petroleum Institute Gulf Oil (2004). Hydrocarbon processing refining handbook. Houston: Gulf Publishing. Jones, D.S.; Pujado, P.R. (2006). Handbook of petroleum processing. New York: Springer. O & G Journal, World Capacity Refinery Report. (annual) Marples, R.E. (2000). Petroleum refining process economics. Ulsa, OK: PennWell. R.A.Meyers (2004). Handbook of petroleum refining processes. New Yoirk: MacGraw-Hill Book Co (3rd ed). W. Leffer (2000). Petroleum refining in nontechnical language. Tulsa, OK: PennWell. US Energy Information Administration 19 Duque Dutra O Brasil exportador de óleo bruto e produtor de energia térmica, quem poderia prever? Segunda aula 20 Duque Dutra Duque Dutra 21 Extração de petróleo bruto em b/d, no Brasil A produção brasileira só deslanchou quando foi para o mar A produção em terra era insignificante Duque Dutra 22 Autossuficiência em derivados e golpe militar Política petrolífera Segurança Militar 1938 - Conselho Nacional do Petróleo (CNP) 1939-1941 – poço de Lobato e campos de Candeias, Itaparica e Aratu 1951 – 1º óleo da refinaria de Mataripe e decisão da 2da ref em Cubatão Retardo crescente 1954 – 170 mil bpd importados, dos quais 35 mil bpd de 3 refinarias privadas e Mataripe (5 mil bpd) 1953/1954 Getúlio Vargas e a criação da Petrobrás Política industrial = Modelo de Substituição das Importações Derivados de petróleo, fertilizantes, petroquímicos básicos, projetos & equipamentos Em 1962, com as refinarias de Lindolfo Alves e Duque de Caxias a Petrobrás passava a refinar 80% dos derivados nacionais Em 13 de maço de 1964, discurso de João Goulart na Central do Brasil e assinatura do decreto de desapropriação de Manguinhos (RJ), Capuava (SP), Riograndense (RS) e Copam (AM) Duque Dutra 23 Evolução da capacidade de refino em mil b/d Era do refino Programa Fundo do Barril Fase vegetativa Duque Dutra 24 As refinarias brasileiras - localização Custo de aprovisionamento Custo de distribuição Demanda em direção ao Interior (Oeste e Nordeste) Faltam dutos gasodutos ferrovias terminais e não faltam estradas sem conservação Duque Dutra 25 REFINARIA LOCALIDADE CAPACIDADE NOMINAL (B/D) Replan - Paulínia Paulínia (SP) 1972 415.128 RLAM - Landulpho Alves São Francisco do Conde (BA) 1950 279.897 Revap - Henrique Lage São José dos Campos (SP) 1980 251.593 Reduc - Duque de Caxias Duque de Caxias (RJ) 1961 242.158 Repar - Presidente Getúlio Vargas Araucária (PR) 1977 207.564 Refap - Alberto Pasqualini S.A. Canoas (RS) 1968 201.274 RPBC - Presidente Bernardes Cubatão (SP) 1955 169.825 Regap - Gabriel Passos Betim (MG) 1968 150.956 Recap - Capuava Mauá (SP) 1954 53.463 Reman - Isaac Sabbá Manaus (AM) 1956 45.916 RPCC - Potiguar Clara Camarão Guamaré (RN) 2000 37.739 Riograndense - Riograndense S.A. Rio Grande (RS) 1937 17.014 Manguinhos - Manguinhos S.A. Rio de Janeiro (RJ) 1954 13.838 Univen - Univen Ltda. Itupeva (SP) 2007 9.158 Lubnor - Lubrificantes do Nordeste Fortaleza (CE) 1966 8.177 Dax Oil - Dax Oil Refino S.A. Camaçari (BA) 2008 2.095 TOTAL 2.105.795 MÈDIA 187.000 As refinarias brasileiras – as unidades em 31 de dezembro de 2012 Unidades da Petrobrás Duque Dutra 26 Origem da carga processada nas refinarias Importada Doméstica O óleo do pós-sal é pesado A mescla com o importado sempre foi necessária O óleo do pré-sal é 27º API Duque Dutra 27 Previsão de produção de óleo e condensados em 2026 (EPE) 5,2 milhões de b/d Aumento da produção + Limitações do refino + Queda do consumo O Brasil exportador de óleo cru Produção de óleo e condensado em mil b/d Balança comercial de óleo em mil b/d M X 2,5 milhões de b/d Duque Dutra 28 Derivados – comércio exterior Gasolina A Óleo Diesel Querosene de aviação Nafta petroquímica E, no futuro, ainda mais dependente da importação de derivados Por falta de capacidade de refino Ciclos extrativos: pau-brasil, ouro, cana-de-açúcar, borracha, café e o que mais... Janeiro de 2017 Fevereiro de 2015 2014 Ritmo de expansão e condições de macroeconômica Mal da abundância Doença holandesa Ciclos extrativos Pau Brasil Ouro Cana-de-açúcar Borracha Café e Óleo e gás natural Política Econômica Fiscal Monetária Cambial Rendimentos decrescentes Exportação de recursos naturais Posição periférica na organização internacional do trabalho Gastos de governo Inflação Valorização do câmbio Falta de oportunidade para industrialização Desindustrialização Duque Dutra Seleção adversa A competição não premia os melhores, mas, os piores e mais corruptos e oportunistas. e o risco moral O reconhecimento dos fenômenos na História I A rica Veneza e a pobre Nápoles Fomento às atividades fabris Impossibilidade do uso agrícola do solo Antônio Serra (1613) Breve Trattado 1º O ouro espanhol em mãos holandesas e italianas em razão das atividades que concentravam. 2º A fortuna de Jalisco e Potosi era temporária, enquanto a da Itália do Norte e da Holanda, perene. Giovanni Botero (1858) e Antônio Genovesi (1750). Abundância mineral X Diversificação dos negócios Alfred Marshall (1842-1924) economias de aglomeração e o distrito industrial como solução à decadência britânica Duque Dutra O reconhecimento dos fenômenos na História II Participação da indústria no emprego País % no total em 1970 % no total em 2009 França 24 12 Canadá 23 11 EEUU 24 10 R.Unido 30 10 Crescimento do PIB e da produção industrial País ProdInd %a.a. PIB %a.a. França 1,35 2,09 Canadá 2,19 2,78 Espanha 2,20 2,78 R.Unido 1,04 2,74 Acelerada desindustrialização: Fora questões metodológicas e terceirização. Evidência da transformação estrutural na organização internacional do trabalho e do comércio. No lugar de se contrapor, reduzir o custo da transição e reposicionar o país. Política industrial no século XXI Duque Dutra Fonte: Stan OCDE Duque Dutra 32 Macroeconomia brasileira pouco favorável Retração econômica ímpar na história econômica do País 2014 2015 2016 2017 2018 Variação real do PIB em R$ 0,5% -3,5% -3,6% 0,7% 2,5% Bilhões 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 PIB US$ correntes 2.209 2.619 2.463 2.471 2.455 1.800 1.796 2.068 2.167 Perspectiva de lenta retomada a partir do ano que vem A retração em dólares correntes é ainda maior O PIB alcançou US$ 2,6 trilhões em 2011, um recorde histórico Depois, só fez cair Só retornará ao PIB de 2010 (US$ 2,2 trilhões) em 2018 Mais uma década perdida e, desta vez, não carece nem de reservas cambiais, nem de petróleo Recomendações de leitura Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Ministério das Minas e Energia – Diretoria de Petróleo e Gás Natural Associação Brasileira da Indústria Química – ABIQUIM Instituto Brasileiro do Petróleo Perrone, Otto Vicente (2010). A indústria petroquímica no Brasil. Rio de Janeiro: Interciência. Wongtschowski, Pedro (2002). Indústria química: risco e oportunidade. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda. 33 Duque Dutra Duque Dutra 34 Refinaria de Capuava (primeira em SP, 1954) FIM da segunda aula duquedutra@uol.com. br
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