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1
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO
RESUMO DE IMUNOLOGIA
(Prova 1)
Carolina Oshiro Yeh
Cecília Isicke Carneiro Bastos
Viviane Ribeiro Paiva
Segundo semestre de 2012
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
2
Aula 2 – Professora Vera – INFLAMAÇÃO – 27/11/2012
Seja o tipo de resposta que for acontecer no organismo, tudo começa pela resposta inflamatória,
que faz parte da resposta INATA. Existe a INATA e a ADAPTATIVA. A inata é invariável. Seja qual for o tipo
de patógeno e a agressão, sempre vai haver uma resposta com essas características. Pode haver pequenas
diferenças referentes aos tecidos que estão sendo invadidos, pois o tecido pode variar nas substâncias que
produz, e o patógeno pode induzir a produção de substâncias que nem todos os tecidos produzem. Mas
sempre a inflamação como resposta inicial.
Sinais característicos de uma resposta inflamatória: Rubor, dor, tumor, calor, podendo haver pus.
Por quê? Quando aparece o pus? Nem toda inflamação é externa, pode ser, por exemplo, por excesso de
esforço físico. Febre, cansaço, dor no corpo, sono, falta de apetite são sinais de inflamação.
Para começar a entender como a inflamação acontece, deve-se entender o inicio do processo. Para
uma resposta imunológica acontecer, ela passa por várias fases. A primeira é COGNITIVA. O SI tem uma
capacidade extraordinária para percepção de quando o organismo sai da homeostase. Percepção é
interação molecular entre os componentes do SI, que sinalizem que há algo errado. Vai modular e
modificar o funcionamento do SI a partir do momento dessa interação.
O SI é capaz de identificar qualquer tipo de modificação do organismo. Papel de defesa contra
infecção é primordial, mas a gente entende que quando o organismo é invadido por um patógeno há uma
agressão. Mas nem toda a agressão é causada por patógeno. Pode ser devido a trauma, infarto, AVC que
levam a lesões teciduais que também são percebidos pelo SI.
Moléculas presentes nos microorganismos que não existem em moléculas saudáveis, antígenos,
chamados PAMPS, são reconhecidos pelo SI. São componentes moleculares presentes em diversos grupos
de microorganismos. Ex: LPS é comum a qualquer bactéria Gram -, peptideoglicanas em gram +, o sistema
imune inato também interage.
E foi aí que o sistema imunológico se garantiu para conseguir saber que é um sinal de perigo. Assim
como o grande grupo de bactérias gram negativas que apresentam o LPS em sua estrutura, as gram
positivas apresentam mais externamente a peptidoglicana (padrão molecular). Bactérias que possuem
flagelo (motilidade) possuem a proteína flagelina que está presente em todas as bactérias flageladas,
constituindo também um padrão molecular. Fungos apresentam estruturas chamadas de betaglucanas, ou
seja, são polissacarídeos compostos por unidades de glucose. Qualquer fungo apresenta essa estrutura em
sua parede celular. Então, essa foi uma maneira fácil e rápida do sistema imunológico saber que é algo
estranho que deve ser combatido.
Mas e as alterações teciduais que não são causadas por patógenos? Toda vez que o tecido sofre
lesão, há um grau de necrose. As células necrosadas extravasam conteúdo citoplasmático, normalmente
não acessível ao SI, isso também é um alarme para a ação do SI. Proteínas de choque térmico, ATP
extracelular, são exemplos. São chamados DAMPS (D de danger) ou alarminas.
Como ocorre essa identificação de DAMPS e PAMPS? Como o SI se comporta após essa
identificação? Qual o objetivo dessas alterações?
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
3
Quem reconhece os padrões moleculares são os receptores de padrões moleculares PRRs, que se
agrupam em famílias, em decorrência de características estruturais. Estão associados a moléculas
citoplasmáticas. Quando os PRRs interagem fisicamente com PAMPS e DAMPS, há cascatas citoplasmáticas
de sinalização. Há complexidade nas diferentes vias de sinalização, muitas convergem para vias iguais, e
podem interferir umas nas outras. Quando um patógeno invade o organismo, ele não possui um único
PAMP, então seu SI vai interagir com os que estiverem acessíveis, disponíveis, à mostra. A partir disso, há
uma série de reações nas células do SI, que culminam na alteração do comportamento dessas células. Qual
vai ser esse comportamento? Em vias gerais, diz-se que há ATIVAÇÃO, ela vai começar a modificar seu
padrão, mas o resultado final vai depender do saldo final dessas vias de sinalização que ocorrerem. Embora
sempre haja uma inflamação, vai haver pequenas diferenças, devido aos PAMPS que forem mostrados à
célula. Se o patógeno cobrir alguns PAMPs, por exemplo.
Uma das famílias mais importantes é a do tipo TOLL. O tipo 4 foi o primeiro a ser descrito e esta
associado a resposta inflamatória às bactérias Gram -, reconhece LPS. É importante por reconhecer
diversos DAMPS. Estão presentes na membrana celular. Alguns membros (3,7,8,9) estão em membranas
endossômicas, membranas de vesículas dentro da célula. Quando esses receptores reagem com seus
ligantes (precisa mobilizar mais de um toll próximos, para desencadear todo o processo de reação celular),
invariavelmente, vai ocorrer o seguinte: há recrutamento de proteínas adaptadoras, e uma sequência de
reações com proteínas citoplasmáticas, recrutando e ativando enzimas quinases, com o grupamento
fosfato as proteínas adquirem uma conformação ativada. Ativando uma determinada proteína, que
atravessa a membrana, se associa ao DNA, abrindo a dupla fita e começando a transcrição gênica.
O evento que ocorre no citoplasma altera a expressão gênica da célula. Ex: genes que codificam
citocinas. Passa a produzir e expressar determinadas moléculas na membrana em maior quantidade e
então essa célula modificada sofre um processo de ativação.
Outras famílias: RLR (citoplasmáticos) reconhecem RNA viral; lectinas do tipo C (depende de cálcio)
de membrana (lectina é qualquer proteína capaz de interagir com carboidrato), exemplos receptor de
manose, DC-sign, Dectina 2 (todos reconhecem estruturas glicosiladas) e Dectina 1 (glucanas presentes em
fungos) – expressos principalmente em células de linhagem monocítica; receptores NOD, expressos em
células monocíticas, nas células de Panet (NOD 2), reconhecem segmentos de peptideoglicanas e são
citoplasmáticos, há alguns componentes nessa família já foram identificados como capazes de fazer a
estrutura INFLAMOSSOMA.
A IL-1 é a única citocina que, quando a célula é ativada por Toll, já não vem na sua conformação
pronta. É sintetizada a partir da sinalização do Toll, mas precisa ser ativada, quem faz isso é o
inflamassoma. O inflamassoma é uma plataforma molecular, composta por receptores da família NOD
sempre que forem ativados, que reconhecerem um PAMP ou DAMP. Quando esse receptor é ativado, se
oligomeriza num arranjo molecular, se juntam a esse arranjo proteínas adaptadoras e a elas enzimas
CASPASES, no caso especifico é a caspase 1. Essa enzima é capaz de converter a pró-IL-1β em IL-1β
(biologicamente ativa e então secretada).
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
4
De novo: NODp3 interagiu, foi ativado, por um PAMP ou DAMP. Vai formar arranjo com vários NOD
idênticos, oligomerizando-se. Proteínas adaptadoras se associam a uma determinada região. As proteínas
CARD se associam a enzimas caspases. As caspases ficam ativas e degradam a pró-IL-1β em IL-1β.
Ou seja, alguns receptores de NOD são essenciais para produzir a forma ativa da interleucina 1.
Quando a célula é ativada, muda de comportamento, produzindo citocinas, e também lipídeos
(prostaglandinas e leucotrienos) e PAF. Mas também secreta componentes que já estavam prontos:
histamina, serotonina e proteases. Essas substâncias são prontamente liberadas, causando os efeitos
iniciais.
 Citocinas e Quimiocinas produzidas: TNF-α, IL-1, IL-6, IL-12 (citocinas) e IL8 (quimiocina)
 Mediadores lipídicos: leucotrienos e prostaglandinas
 Produção deNO, PAF e histamina.
Todo produto que leva a inflamação é chamado de MEDIADOR CELULAR DE INFLAMAÇÃO, que por
sua vez, é capaz de promover ativação de células. Não existem apenas os mediadores celulares. Há
proteínas circulantes no plasma que também participam no processo inflamatório: moléculas do sistema
fibrinolítico, sistema de coagulação, das cininas e sistema complemento. Este último possui papel exclusivo
no SI. PAMPS e DAMPS podem desencadear a cascata de ativação desses sistemas. Isso gera produtos
biológicos, peptídeos, também podem promover ativação celular.
Situação hipotética: penetração de agente estranho no tecido. “dedo no prego” -> a barreira
mecânica foi rompida, gerando inoculação traumática de um microorganismo.
Microorganismos também podem ser capazes de atravessar a barreira mecânica ativamente. Além
disso, podem evitar os mecanismos de defesa do organismo. Essas características são fatores de virulência.
No parênquima, o patógeno vai encontrar o macrófago ou DC ou mastócito (células do SI inato
residentes). Na interação com o patógeno, há produção de mediadores celulares da inflamação.
Reconheceram os PAMPS através de seus PRRs (certamente há TOLL envolvido, geralmente há mais de
uma família envolvida) e iniciaram a produção de mediadores, entre eles as citocinas. Citocinas tem ações
semelhantes a hormônios, tem efeitos nas células vizinhas, na própria célula ou em uma célula de tecido
distante (efeitos autócrinos, parácrinos e endócrinos).
As citocinas encontram receptores na membrana de N outras células, promovendo sua ativação,
gerando cascata de eventos. Paralelamente à produção de citocinas, à produção de mediadores, quando o
microorganismo invade o tecido, é prontamente eliminado por fagocitose (tende a ser eliminado...).
Macrófagos e DC podem realizar fagocitose, mastócito não.
A fagocitose é:
Muitos PRRs, mais precisamente da família de lectinas e scavenger, quando reconhecem antígeno,
uma das modificações que causam é o rearranjo de citoesqueleto. A célula sofre a indução de invaginação
de membrana, projetando extremidades. Essas extremidades tendem a se fundir. O resultado é a
internalização do patógeno em uma vesícula interna, o fagossoma. Na célula ativada, existem na
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
5
membrana (inclusive nas internas) várias subunidades que formam a enzima NADPH-oxidase (ou fagócito-
oxidase), que converte o oxigênio em íons superóxido, que são ROI instáveis com alto poder oxidante. Isso
causa danos e destrói a membrana da bactéria.
Repetindo: interação de PAMPS e PRRs induz ativação de macrófago e DC (fagócitos). A célula sofre
alteração de citoesqueleto, invaginação de membrana, se fundindo nas extremidades e o microorganismo
vai passar para o citoplasma numa vesícula, o fagossoma. Além disso, o fagócito ativado ativa enzima de
membrana do fagossoma, o fagócito-oxidase, que converte O molecular em ROI que é instável e para
adquirir estabilidade ele rouba elétron e oxida lipídio, proteína, ácido nucleico, atacando a célula
microbiana presente no fagossoma. Esse íon superóxido pode ser convertido por outras enzimas, em
outros componentes igualmente tóxicos, superóxido desmutase (peroxido de hidrogênio), por exemplo.
A enzima óxido nítrico sintase não induzida é constitutiva das células, quando ocorre agressão
celular, ativa-se a óxido nítrico sintase induzida que aumenta no mínimo em 2x a produção celular de NO.
Ele é citotóxico e também pode se combinar com os diferentes ROI para produzir outros radicais livres
também tóxicos. Mas não é só isso, a NADPH oxidase funciona como bomba de próton, jogando H+ para
dentro do fagossoma, que é acidificado. Esse fagossoma se funde com lisossomo. O lisossomo tem enzimas
digestivas normalmente inativas e ao se fundir a esse fagossoma com pH ácido, as enzimas são ativadas.
Essa vesícula passa a se chamar fagolisossoma, e as enzimas agem degradando proteínas da célula do
patógeno.
Toda resposta inflamatória esta associada a um dano tecidual.
Defensinas + lisozima + enzimas hidrolíticas = componentes microbicidas presentes especialmente
nos neutrófilos (grânulos com essas substâncias). O neutrófilo também é um fagócito, presente no sangue.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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O neutrófilo, além de fagocitar, quando sofre ativação é capaz de formar NET, uma estrutura de
Armadilha extracelular de neutrófilo (Neutrophils extracellular traps). O neutrófilo ativado começa a abrir a
membrana do núcleo, que perde a definição do contorno dos lobos, e o material genético se descondensa
e dispersa. A cromatina se descondensa e forma fibras compostas de DNA e histonas, a que se associam às
proteínas que estão nos grânulos (também rompidos). Formam estruturas fibrilares, como se fossem
cordas. O neutrófilo expele esse conteúdo, a membrana celular também se rompe, formando uma grande
rede que aprisiona os microorganismo ao redor daquela célula. Pode ser ativado por uma única bactéria ou
uma única citocina e começa a matar as bactérias na proximidade, sem necessidade de contato direto com
cada uma delas. Chamava-se esse processo, com morte celular, de netose.
TRIADE INFLAMATÓRIA: sempre produzidas na resposta inflamatória. TNF-α, IL-1 e IL-6
Efeitos: podem ativar outras células – o macrófago próximo, o mastócito próximo, as células
endoteliais. As células endoteliais, quando ativadas, sofrem alterações no citoesqueleto. Ela se contrai e a
célula, que era achatada e intimamente ligada à célula vizinha, sofre uma retração criando-se pequenos
espaços entre uma célula e outra. Além disso, elas passam a expressar moléculas em sua membrana e
aumentam a expressão de outras moléculas, as moléculas de adesão. O aumento da permeabilidade
vascular também ocorre, já que se criam pequenos espaços entre as células endoteliais, assim, o que esta
dentro pode facilmente sair do vaso.
A histamina está presente nos grânulos dos mastócitos, pré-formada. Ele é ativado pelo TNF-α e
prontamente libera a histamina, que tem efeito em receptores H1, H2 e H3. Na musculatura lisa
periarteriolar, tem H1, a histamina provoca relaxamento dessas fibras em volta das arteríolas, dilatando o
vaso, causando, também, um aumento de permeabilidade nos capilares venosos. Os tecidos
gastrointestinal e respiratório (brônquico) sofrem contração.
A histamina causa os primeiros efeitos de dilatação arteriolar e de permeabilidade venosa
aumentada junto com as citocinas. O mastócito é estimulado pela tríade, neuropeptídeos e proteínas
(derivadas da ativação do sistema complemento). Tudo isso é capaz de induzir o mastócito a liberar
histamina, que também causa prurido (irrita a terminação nervosa).
A ida dos leucócitos do sangue para o tecido (transmigração/diapedese): O endotélio com maior
espaçamento e o calibre aumentado, o fluxo de sangue tem sua velocidade diminuída. Quando se aumenta
o calibre do vaso, retarda-se o fluxo e as células que passavam em fluxo turbilhonar começam a encostar-
se à parede do vaso sanguíneo, o qual expressa muitas moléculas de adesão naquele momento, por
estimulo da tríade inflamatória. Assim, os leucócitos (neutrófilo e monócito) combinam suas integrinas de
membrana com as moléculas de adesão da parede do endotélio. Começa, então, o rolamento do leucócito
na parede do vaso. O macrófago no tecido está produzindo quimiocina (citocina que atrai leucócitos na sua
direção) que atrai os leucócitos circulantes para o local da inflamação. As quimiocinas se combinam com as
moléculas de adesão na superfície do endotélio. Quando a integrina do leucócito interage com a
quimiocina, muda sua conformação, ficando ativa. Na conformação ativa, liga-se a uma molécula de
adesão com maior avidez, afinidade. Sem a quimiocina, o leucócito rola, pois não há uma ligação forte;
com a quimiocina, ocorre uma ligação muito forte da integrina com a molécula de adesão, que não é mais
desfeita. Ou seja, a quimiocina é capaz de ativar o neutrófilo.O neutrófilo ativado rearranja o
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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citoesqueleto e consegue, então, passar entre uma célula endotelial e outra. Ele, no tecido, vai rolando,
sendo orientado pelas quimiocinas, que estão ligadas às proteínas da MEC, chegando até o foco de
inflamação.
Os neutrófilos estão presentes em maior quantidade e são os primeiros a serem atraídos, chegando
ao foco de inflamação primeiro também. A IL-8 é uma importante quimiocina que atrai o neutrófilo.
MEDIADORES LIPÍDICOS: PROSTAGLANDINAS E LEUCOTRIENOS
A prostaglandina causa vasodilatação e, também, diminui o limiar da dor, sensibilizando os
receptores de dor. Leucotrienos são quimiotáticos; aumentam permeabilidade vascular em outros tecidos,
como a árvore brônquica (contração muscular dos brônquios também).
Fosfolipase A é uma enzima ativada quando a célula reconhece PAMPs e DAMPs. Ela degrada os
fosfolipídeos de membrana celular (que são provenientes dos ácidos graxos e ômegas ingeridos na dieta),
formando o intermediário chamado ácido araquidônico, que é substrato comum para duas enzimas
diferentes: cicloxigenase (que produz prostaglandinas e tromboxanas) e lipoxigenase (que produz
leucotrienos).
NO – potente vasodilatador e citotóxico
PAF – aumento de vasodilatação e permeabilidade vascular; ativação do burst oxidativo de
macrófago; quimiotaxia de leucócitos; ativação de neutrófilos; estimulo da fosfolipase A2; estimulo a
agregação plaquetária (evita que a infecção se dissemine para outros tecidos, o que poderia acontecer
devido à permeabilidade aumentada); estimula a degranulação dos neutrófilos.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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Para conter o foco de inflamação, aumentam-se as propriedades trombogênicas do vaso, para
dificultar a disseminação de patógeno na corrente sanguínea, já que o vaso esta permeável tanto para a
saída de leucócitos, como para possível escape de patógenos do tecido para o vaso.
Neuropeptídeos: estresse é uma perturbação da homeostase. O equilíbrio dinâmico entre SI,
Nervoso e Endócrino é muito regulado e a mudança de qualquer um, influi nos demais. Então, o estresse
causado pela inflamação vai levar ao desequilíbrio e o SN a produzir mediadores, neurotransmissores,
neuropeptídeos, que vão influenciar o SI. É o caso dos neuropeptídeos que estão associados à dor, a
regulação do calibre dos vasos, permeabilidade vascular. Entre os neuropeptídeos um está especialmente
ligado ao SI, que é a substância P, um potente vasodilatador agindo no músculo liso arteriolar; no Sistema
endócrino, secreção nas glândulas salivares, diurese. Causa, também, a degranulação de histamina dos
mastócitos (a pessoa fica com placas vermelhas, coceira em ocasiões de estresse).
SISTEMA COMPLEMENTO
É um grupo de proteínas que formam um sistema bioquímico enzimático, já que conforme se
combinam, as proteínas adquirem propriedades enzimáticas, que agem sobre outras proteínas, gerando
produtos peptídicos, com atividade biológica importante para a defesa do organismo.
Essas proteínas estão na forma inativa circulando. As reações em cascata são disparadas através de
3 formas distintas:
- Via Clássica, primeira descoberta. Depende de anticorpo para ser ativada. Começa com a proteína
C1.
- Via Alternativa, começa com uma proteína C3. Essa proteína sofre uma hidrólise espontânea em
níveis baixíssimos. Geram-se dois fragmentos, o peptídeo maior é o “b” (que sempre ficam presos no
microorganismo) e o menor é o “a” (que sempre são liberados). C3 é quebrado em C3b e C3a. O C3a é
liberado. O C3b se associa a hidroxilas de aminoácidos e carboidratos, tendo propensão a ficar preso em
superfícies celulares. Se houver uma bactéria ou um fungo, sua superfície vai receber ligações de C3b.
Se, por acaso, penetra uma bactéria no tecido, começa a resposta inflamatória e alterações
vasculares, aumenta a permeabilidade e permite extravasamento do que há no vaso para o tecido. Passa
neutrófilo e tardiamente monócito, mas também as proteínas do sistema complemento dispersas no
sangue.
Ao C3b aderido a membrana do patógeno se liga o fator B. O fator D quebra o fator B, em
fragmento Bb, que fica, e fragmento Ba, que sai. Então, o C3b ligado ao Bb fica preso à membrana,
formando a enzima C3 convertase, que age quebrando a proteína C3. Antes, havia uma geração basal de
C3b e C3a, mas agora, com essa enzima, a formação aumenta em quantidade. A proteína C3 sofre ação da
C3 convertase, formando os fragmentos C3a e C3b. C3b fica ligado ao complexo que já se encontra na
membrana.
Obs: As membranas das nossas células possuem mecanismos para evitar que esse arranjo
enzimático se forme nelas, impedindo a ação sobre nossas próprias células.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
9
Ao final desse processo se tem C3b+Bb+C3b ligado à membrana do microorganismo formando um
complexo, o qual tem ação enzimática: é a enzima C5 convertase. Nesse ponto, começa a etapa comum a
todas as vias, com a quebra C5 em C5b, que permanece ligado, e C5a, que é liberado.
- Via das Lectinas: lectina é uma proteína que se liga a carboidratos (como a proteína ligadora à
manose), então, ela vai se ligar à superfície do patógeno. Essa lectina já está associada à protease, que
quebra C4, gerando C4b, que fica, e C4a, que sai. Esta mesma protease que quebra C4, quebra C2 em C2b,
que fica, e C2a, que sai. Agora, na superfície fica C4b e C2b, que é uma C3 convertase, quebrando C3 em
C3b, que fica, e C3a, que sai. A partir da C3b, desenvolve-se a mesma sequência anterior. C4b+C2b+C3b é
uma C5 convertase, quebrando C5 em C5b, que fica, e C5a, que sai.
- Etapa Comum: quando C5b entra no complexo, a via torna-se igual tanto para a via alternativa,
quanto para a via das lectinas.
C5b preso é sitio de adesão para C6, que é sitio para C7, que tem cauda hidrofóbica e,
naturalmente, se insere na membrana. Ao C7 se liga o C8, e em seguida vem C9 polimerizando-se. Ou seja,
várias unidades de C9 se agrupam, formando um poro, um canal, que atravessa a membrana. Isso
acontece simultaneamente em vários pontos da membrana do patógeno, levando ao extravasamento de
líquido e lise osmótica. O complexo de C5 a C9 é chama do complexo de ataque da membrana (MAC).
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
10
A maioria dos patógenos resiste a isso, só bactérias do gênero Neisseria são realmente suscetíveis
ao MAC.
ATIVIDADE DE ELEMENTOS DO SISTEMA COMPLEMENTO
Anafilatoxinas: C3a, C4a e C5a. Fragmentos de peptídeos que ativam o endotélio e os mastócitos
(liberação de histamina, mediadores lipídicos e citocinas pró-inflamatórias - TNF-α); são quimiotáticos de
neutrófilos e induzem o burst oxidativo. OBS: C5a tem maior ação do que as demais.
Opsoninas: C3b, C4b e C3bi. Os fagócitos (macrófagos e neutrófilos) têm receptores de membrana,
que são capazes de interagir com estes peptídeos, podendo interagir via reconhecimento desses
componentes, sinalizando a fagocitose da célula recoberta por opsoninas.
Quando a fagocitose ocorre dessa forma, com intermédio de molécula (no caso do sistema
complemento), sempre vai ser chamado de opsonização. Por conseguinte, esses fragmentos que medeiam
o processo são chamados de opsoninas.
Logo, a ativação de sistema complemento gera opsoninas que potencializam a fagocitose; e
anafilotoxinas, que potencializam o processo inflamatório (através da ativação de mastócitos, endotélio e
neutrófilo), gerando o MAC.
INFLAMAÇÃO: RUBOR, DOR, TUMOR, CALOR, PERDA DE FUNÇÃO.
- Prostaglandinas, leucotrienos, PAF, histamina e NO: relaxamento da musculatura perivascular
vasodilatação e retardamento do fluxo sanguíneo => hiperemia.
- Aumento do metabolismo das células no local da inflamação => calor.
- TNF-α / prostaglandina, leucotrienos, PAF, histamina: recrutamento celular / aumento da
permeabilidade vascular, vasodilatação => extravasamento de células, proteínas elíquidos, causando
edema.
- Nociceptor sensibilizado pelo PGE2 + ação de bradicinina ou de histamina, alteração térmica ou
mecânica (devido ao aumento de pressão causado pelo edema) =>DOR
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
11
Durante a inflamação, há: morte de células do parênquima; degradação de proteínas da matriz
celular; muita morte por apoptose dos neutrófilos; debris celulares e restos do patógeno; coleção de
liquido que extravasou. Sendo o macrófago importante para a resolução da inflamação: fagocita os restos
celulares e células apoptóticas, internaliza o líquido presente no tecido.
Na inflamação aguda, há maior presença de neutrófilos. Já o monócito é característico de processos
inflamatórios crônicos: quando ele chega ao tecido, diferencia-se em macrófago; quando ele sofre
ativação, produz, também, TGF-β que ativa os fibroblastos, induz o fibroblasto a proliferar e a produzir
colágeno para a MEC ser restaurada. O macrófago estimula a limpeza e a restauração do tecido.
INFLAMAÇÃO: alterações vasculares que permitem a saída de leucócitos e proteínas do sangue para
tecidos extravasculares lesionados ou infectados, a fim de promover a eliminação de microorganismos e
reparo tecidual.
O PROCESSO INFLAMATÓRIO pode ser AGUDO ou CRÔNICO
Agudo: quando o estimulo é removido rapidamente, é tudo que foi falado na aula.
Crônico: continuando o estimulo, ocorre destruição tecidual por células inflamatórias, reparação
com fibrose e angiogênese. Muda características da aguda por liberação constante de substâncias tóxicas e
lesão tecidual, além de muita ativação de fibroblastos, que produzem muita proteína de matriz. Há
alteração das características do tecido, com a substituição gradual do parênquima original por tecido
fibroso, perdendo a função do tecido.
Exemplos: lesões persistentes (úlceras ou escaras); infecções (TB ou outras micobactérias);
exposição prolongada a agentes tóxicos (sílica, amianto); doenças autoimunes (AR, LES).
O PROCESSO INFLAMATÓRIO pode ser LOCAL ou SISTÊMICO
Eventos Sistêmicos: ocorrem quando a quantidade de mediadores for grande o suficiente para
extravasar daquele foco, cair no sangue e causar efeitos em outros tecidos. Quando essas citocinas
chegam ao cérebro (IL-1, TNF-α que são pirogênicos), alteram o comportamento da pessoa, típico
“sickness behaviour” (prostração, moleza, anorexia). O isolamento social é um comportamento desejado
evolutivamente, evitando o contágio da doença. Essas citocinas chegam ao endotélio do hipotálamo e
estimulam as células a produzirem prostaglandinas, que provocam essas alterações no humor (tipo libido,
fome, prazer) e na temperatura corporal, gerando febre.
As citocinas chegam ao fígado. A IL-6 é a principal indutora da produção da proteína ligadora de
manose, e as citocinas agem sobre as outras proteínas de fase aguda: proteínas ligadora de manose,
amilóide sérica, proteína C reativa, fibrinogênio.
Chegam à medula óssea e, junto com fatores de crescimento, incentivam a maior produção de
células, especialmente neutrófilos, já que estão sendo muito utilizados e tendo grande taxa de morte na
inflamação.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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A proteína C aumenta muito sua concentração durante a inflamação. Exames laboratoriais de níveis
de Proteína C-reativa servem para acompanhar, por exemplo, casos de aterosclerose e prognóstico de
doença coronariana. Encontrar inflamações de forma geral.
A proteína amilóide do soro e proteína C reativa se combinam à proteína C1 da via clássica. São
opsoninas, facilitando e amplificando o processo de fagocitose. A amilóide sérica liga-se às células
apoptóticas, expressando, nesse caso, fosfolipídeos na membrana, realizando o papel de opsoninas
também.
TRATAMENTO
- Anti-inflamatórios não Esteroidais (AINES)
Quando se toma anti-inflamatório, busca-se o alívio da dor, ou seja, o fármaco age na cicloxigenase,
que forma as prostaglandinas a partir do ácido araquidônico. A COX1 é sempre expressa no endotélio, nos
rins, macrófagos e monócitos; as prostaglandinas que essa enzima gera, regulam a homeostase. A COX2 é
induzida pelo estimulo inflamatório, produzindo PGE2 que é altamente inflamatória.
A Aspirina inibe as duas enzimas. A COX1 induz o epitélio gástrico a produzir substâncias protetoras
da mucosa gástrica, e essa ação é inibida por essa droga, causando desconfortos gástricos. Os demais anti-
inflamatórios têm ação mais seletiva para inibir só COX2, evitando efeitos gástricos. Certos anti-
inflamatórios seletivos de COX2 estão sendo associados a eventos cardiovasculares e cerebrovasculares,
porque o uso contínuo aumenta a disponibilidade de ácido araquidônico, que é metabolizado pela COX1,
produzindo prostaglandina e, também, tromboxano, que é um agregador plaquetário. Assim, propiciam-se
eventos trombóticos.
- Anti-inflamatórios Esteroidais: Corticóides
Tem ampla ação anti-inflamatória e imunossupressora. São capazes de entrar na célula e se
combinar a receptores citoplasmáticos, que adentram o núcleo e modulam negativamente a expressão de
genes, que produzem citocinas pró-inflamatórias. Inibe a ação da fosfolipase A2, não chegando a gerar
ácido araquidônico. Inibe a produção das enzimas oxido nítrico sintase, elastase, colagenase, etc.
EFEITOS SISTÊMICOS
Se a quantidade de citocinas pró-inflamatórias for muito grande, o que acontece quando há muitas
células reconhecendo PAMPs e DAMPs, quanto mais células estiverem sendo estimuladas, mais
mediadores inflamatórios elas vão produzir. Isso ocorre, por exemplo, na infecção sistêmica. Os PRRs estão
presentes em células endoteliais, epiteliais, e são essas células que começam a produzir citocinas e iniciam
o processo inflamatório.
As citocinas produzidas em grande quantidade numa bacteremia vão: diminuir o débito cardíaco;
aumentar a coagulação intravascular (causando CID - coagulação intravascular disseminada); aumentar a
resistência à insulina e o catabolismo de proteínas na musculatura esquelética; gerar caquexia e
desnutrição; aumentar a produção de NO e mediadores lipídicos; gerar vasodilatação disseminada e
aumento de permeabilidade vascular; em última estância, ocorre o CHOQUE.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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SEPSE: grandes queimaduras (eliminação grande de barreiras físicas), politraumatismos,
pancreatite, infecção generalizada.
IL-12 é uma citocina pró-inflamatória importante que age em células NK, estimulando a produção
de IFN-γ. O INF-γ ativa macrófago, que passa a ter muito mais poder microbicida. IL-12 estimula, também,
a diferenciação de linfócito T e ativação de TCD8+ em CTL.
DCs faz o link da Imunidade Inata com a Imunidade Adaptativa
Maturação das DCs teciduais via ativação dos receptores do tipo TOLL leva a sua ativação, que gera:
prolongamento de membranas, entrada no vaso linfático mais próximo. Essa DC chega até o linfonodo
mais próximo e encontra linfócito T, apresentando o antígeno para ativá-lo.
A inflamação gera o aumento da drenagem de fluido intersticial para linfa, fazendo com que o
antígeno chegue ao linfonodo, onde ativa Linfócito B.
Aula 3 – Professora Cléo – ONTOGENIA DE LINFÓCITO B – 03/12/2012
Quando o patógeno entra no organismo de forma passiva (expondo a contiguidade da derme) ou
ativa (os microorganismos aderem e entram no corpo através da mucosa), o SI, abaixo da mucosa, deve
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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estar muito bem preparado, já que a chance de haver entrada de microorganismos, através dele, é muito
maior do que pela pele.
Algumas células da imunidade humoral (residentes, como o macrófago, ou não, como monócitos e
NK) vão iniciar a primeira frente de combate ao patógeno. Vão tentar destruir, aniquilar o invasor e, caso
não conseguirem, vão tentar conter o patógeno até que as células da imunidade específica cheguem, o
que leva de 10 a 15 dias. Normalmente, a primeiracélula a ser atraída para o local é um leucócito, o
neutrófilo. Podendo haver, também, a chegada de célula NK.
Uma célula dendrítica captura o patógeno ou seus produtos (antígenos), sai do local de invasão e
vai se encontrar com células T (presentes no sangue, na linfa e em órgãos linfóides secundários), para
iniciar a RI específica. A sinapse imunológica acontece nos órgãos linfóides secundários e sinusóides
hepáticos (onde tem as células de Kupffer, que vão aderir aos antígenos). Se o microorganismo estiver no
sangue, a resposta se inicia no baço (órgão linfoide secundário que recebe todo o sangue e seus
antígenos). Se ele estiver no tecido ou na linfa, a resposta se inicia nos gânglios (órgãos linfóides
secundários presentes no trajeto dos vasos linfáticos).
O linfócito T depende da DC diretamente, já que precisa dela para ser ativada. O linfócito B
depende da DC indiretamente, pois depende de T para uma melhor ativação, e T depende de DC.
Os gânglios linfáticos são um conjunto de células do SI bem organizadas. Eles têm três áreas, da
parte interna para a mais externa: medular (cordões medulares por onde as células saem ou entram e por
onde chegam todos os vasos linfáticos), paracortical (concentra linfócito T) e folicular (concentra linfócito
B). A célula dendrítica chega, vinda da área de inflamação e junto com o patógeno, além de debris
celulares e até patógenos inteiros.
Os órgãos linfóides primários são a medula óssea e o timo; durante a vida fetal, o fígado também é
considerado órgão linfóide primário. São nesses locais que são formadas as células do sistema imune.
Quando se tem uma resposta imune contra patógeno todas as células do SI tem que já estar formadas. Ao
nascer, o indivíduo já tem todas as células estão formadas e nos locais que deveriam. A maior cadeia
ganglionar está na área do trato gastrointestinal, genito-urinário.
DCs precisam de receptores que reconheçam PAMPS, há maior importância na família TLR (Toll Like
Receptor). São 5 famílias, quando os TLR reconhecem PAMPs, a DC desadere, sai, ganha os vasos linfáticos,
chega aos gânglios linfáticos e ativa T.
O que a DC apresenta? Antígenos. Para quem? T.
Antígeno é toda e qualquer molécula reconhecida por receptores de células do SI específico, ou
seja, por linfócitos T e B. Isto é, antígeno é qualquer molécula reconhecida através de TCR ou BCR.
Antígeno não é somente uma molécula que não pertence ao nosso corpo, o que seria o ideal, mas há,
também, moléculas próprias que são reconhecidas, gerando auto-imunidade.
Quando o receptor é de T, o antígeno é derivado de proteínas processadas. Quando a célula é B, o
antígeno pode ser proteína ou qualquer molécula formada por diversas unidades de açúcares, lipídeos,
ácidos nucléicos, ou moléculas complexadas, como o LPS.
A resposta imune contra antígenos não protéicos não depende da ativação de T, eles são chamados
de antígenos timo-independentes. A resposta imunológica contra antígenos protéicos depende da ativação
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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de T, são chamados timo-dependentes. A dendrítica apresenta peptídeos. O que uma T precisa apresentar
para ser apta a reconhecer esse peptídeo? O receptor chamado TCR.
Subtipos de T: TCD4+ e TCD8+. O TCR sempre vai reconhecer peptídeo, mas as moléculas que
carregam o peptídeo na APC, os MHCs (complexo de histocompatibilidade maior ou principal, que é
chamado, também, de HLA nos humanos), que diferem em MHCII (se liga a molécula CD4 presente no
linfócito TCD4+) e MHCI (se liga a molécula CD8 do linfócito TCD8+).
OBS: Numericamente, uma APC não ativada, tem em média 300 mil ilhas, cada uma com 200
moléculas, 100 de MHCI e 100 de MHCII. Quando é ativada, a quantidade de molécula por ilha sobre para
1000. APCs podem ter 38 tipos de MHCII e 6 tipos de MHCI, que diferem entre os indivíduos.
OBS2: Na resposta imune primária, a única APC capaz de ativar T virgem é a DC.
Apresentação de peptídeos para o TCD8+ clássico é feito pelo MHCI, que é expresso em todas as
células do corpo humano. Plaquetas e hemácias não têm nenhum tipo de MHC (não são células),
neurônios expressam pouco. Qualquer APC pode ativar TCD8+, mas a ativação primária só tem estimulo
suficiente para acontecer com a DC.
O MHCII é uma molécula de APC que se expressa constitutivamente em macrófagos, DCs, linfócitos
B e células epiteliais tímicas e apresentam antígenos para TCD4+. Em inflamação e lesão tecidual, na
presença de citocinas, há a expressão induzida: células endoteliais vasculares e outras células, inclusive
neurônios. Ex: em inflamações como neurite e mielite transversa, os neurônios, que não apresentam
MHCII, passam a expressar os MHCII (os MHCs estão presentes no corpo celular).
ATIVAÇÃO PRIMÁRIA DE LINFOCITOS T
A DC é APC para T. Depois que T é ativada outras células podem ser APC, por exemplo, linfócito B.
A célula B (subdividida em B1 e B2) é uma célula da imunidade específica, que reconhece antígenos
através de receptores (cada um identifica um antígeno específico). O seu receptor de antígeno se chama
BCR, reconhecendo antígenos, fagocitando-os e destruindo-os por proteases, podendo apresentar
peptídeos para célula TCD4+ ativada (não mais virgem) previamente, a qual libera diversas citocinas. Essas
citocinas estimulam B a produzir diferentes anticorpos.
Há 5 classes grandes de anticorpos. IgG, IgA (sangue e mucosa), IgM, IgE, IgD. Dentro de cada classe
pode haver subclasses: IgG 1 a 4 e IgA 1e 2 (os dois estão presentes tanto no sangue quanto na mucosa).
Quando B secreta anticorpo IgG, secreta na forma de monômero. Quando secreta IgA no sangue, é
na forma de monômero. Quando T estimula B para secretar IgA de mucosa, é na forma de dímero ou
trímero. A IgM, secretada por B (mesmo sem auxílio de T), é secretada na forma de pentâmero ou
hexâmero.
A IgD é a única classe de anticorpo que só funciona como BCR, não sendo secretada como anticorpo
solúvel. A célula B ativada se diferencia em plasmócitos, liberando os BCRs como anticorpos, ficando com a
superfície lisa.
Todo o BCR é monômero. Quando a célula T ajuda B, induzindo a secreção de anticorpos, os BCRs
são liberados, em monômeros, dímeros, pentâmeros, ligados pela Joining Chain (ligação bissulfeto).
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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A IgM é a única classe, das que são secretadas, que, para ser produzido, não precisa do auxilio de T,
sendo mais rapidamente liberada e, assim, sendo Ig de fase aguda, com a única função de ativar Sistema
Complemento. Ou seja, a IgM denota que a resposta é primária, pois é produzida nos primeiros 7 dias de
infecção. A IgM é produzida pela simples identificação do antígeno pelo BCR. Toda B virgem expressa IgM e
IgD, após isso, B se divide e passa a expressar outras Igs, dependendo do estímulo de T.
ONTOGENIA DOS LINFÓCITOS B (aula de hoje!)
A função de B, de forma geral, é produzir anticorpos. É originada de steam cells, de progenitores
linfóides, que formam, também, T e NK. Objetivo: formar uma célula competente que expresse BCR na
superfície de sua membrana. O BCR tem estrutura de Y. Os anticorpos são protéicos, algumas partes são
glicosiladas, mas é, essencialmente, formado por aminoácidos. É formado por 4 cadeias polipeptídicas,
duas cadeias pesadas e duas leves (cadeia H -heavy- e cadeia L -light-). De forma geral, o BCR é formado
por 2 cadeias peptídicas diferentes unidas, duplicadas. As cadeias pesadas fazem ligações covalentes
através da síntese em áreas específicas de aminoácidos que fazem pontes de sulfeto (aminoácido cisteína),
interações intracadeias, e cada braço interage com uma cadeia leve, através de uma ponte de sulfeto. A
região carboxi-terminal está na base do Y. A região N-terminal (o Fab) interage com os antígenos, são
variáveis. Cada ponte de sulfeto forma domínios. Em uma cadeia pesada o primeiro domínio é variável, os
domínios abaixo não participam de reconhecimento, são constantes. Na cadeia leve, sempre com 2
domínios, o decima é variável e o de baixo é constante.
Onde há cisteína, formam-se loopings e cada looping é um domínio. E a base do Y serve para quê?
Quando o BCR é secretado, cabe a essa porção “Fc”.
O BCR possui três partes: o Fab (liga a antígeno e tem domínio variável), a região de dobradiça
(permite que o Fab abram até 180º, dando mobilidade à região Fab) e a porção Fc (uma vez o antígeno
tenha se ligado ao Fab, a porção Fc o encaminha à morte, pois ativa o sistema Complemento, fagocitose…).
O domínio variável da cadeia pesada é codificado por três genes: V, D e J. O BCR, na membrana,
carrega consigo 2 cadeias que flanqueiam a região carboxi-terminal da cadeia pesada: {Ig-β e Ig-α/ Fc/ Ig-β
e Ig-α}, não participando no reconhecimento do antígeno e sim na sinalização da célula B (Fc se liga ao
antígeno e ativa as cadeias, que ativam a célula B). Ou seja, Ig-β e Ig-α são heterodímeros que não
participam do reconhecimento do antígeno, mas, uma vez que o antígeno seja reconhecido por Fab,
permite que o BCR ative B. BCR ativa o heterodímero, que inicia uma cascata de sinalização. O BCR sempre
é expresso junto com as cadeias Ig-α e Ig-β.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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Tipos de células B:
1) células B1 formada no fígado fetal e reside no peritônio dos adultos. Só expressa IgM como BCR e
reconhecem somente PAMPs.
2) B2 é formada majoritariamente na medula óssea e possui dois tipos: o folicular (IgM e IgD
reconhecem antígenos protéicos) e o da Zona Marginal (IgM que reconhece antígenos polissacarídicos e
lipídicos).
1ª ETAPA DE DESENVOLVIMENTO DE LINFÓCITOS B2: ocorre, principalmente, na medula óssea e
termina no baço. A primeira célula, a célula tronco, se diferencia em pró-B, que recebe sinais e diferencia
em pré-B, que recebe sinais e diferencia em B imatura, a qual cai no sangue e vai para o baço, onde se
torna célula madura. O que determina cada etapa?
O primeiro evento genético é a formação do BCR, que ocupa desde o estagio pró até o estágio
imaturo. Depois que o BCR é expresso, essa célula B não é considerada madura, pois muitas são
autorreativas, as quais devem ser sujeitas a um processo de seleção, selecionando positivamente apenas
as que não forem autorreativas. E somente as que sobrevivem se tornam maduras.
ESTÁGIO PRÓ-B: Para que uma célula pró passe a ser pré, deixe de ser pré e passe a ser imatura
precisa ter contato com células estromais. Fibroblastos diferenciados fornecem esses sinais para a
diferenciação. Se a célula não reagir aos sinais propulsivos, ela entra em apoptose. As interações cognitivas
para que o progenitor linfóide seja chamado de pró-B, pré-B e B imatura, mais importantes, são indicadas a
seguir. A primeira célula progenitora (early pró-B) tem os marcadores CD19 (o marcador mais importante,
indicado que é uma célula B), IL7R e CD10. O CD10 indica que é uma B inicial e vai ser perdida. O primeiro
fenômeno na formação de uma early pró-B para late é a proliferação. A citocina candidata a induzir esse
estágio de proliferação é a IL7 (produzidas por células estromais tipo fibroblasto). Logo em seguida, é feita
a primeira cadeia, a cadeia pesada - IgMµ, permitindo maior variabilidade. Daí se segue mais proliferação,
depois cada célula produz sua cadeia leve.
Recombinação gênica: o domínio variável é formado por três genes de três famílias: V, D e J. A
família V possui aproximadamente 100 genes. A família D possui 23 e J, 6. Existem enzimas que fazem
recombinações, as recombinases: RAG1 e RAG2. Após escolhidos, são aproximados, formando um único
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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gene verdadeiro. É escolhido, ao acaso, somente um gene de cada família: um gene da família V, um de D
e outro de J.
As RAGs precisam de sequências consensuais, cujos nucleotídeos são preservados, para se ligarem.
São as chamadas sequências sinais de recombinação (RSS), localizadas na porção 3’ em V, nas posições 5’ e
3’ do D e 5’ do J, de forma que eles se liguem.
Cléo faz uma demonstração pra explicar
Porém, essa variabilidade proporcionada pelas RAGs e VDJ ainda não é suficiente para gerar 1013
possibilidades características do organismo.
As RAGs escolhem um dos Vs para juntar com um dos Ds, aproximam formando um loop que é
cortado. A DNApol faz a fita complementar, mas no caso corta-se as duas fitas do DNA. A extremidade
fosfato 5’ é muito reativa e ataca a hidroxila da extremidade 3’, formando um grampo. Assim, o grampo
deve ser aberto. A enzima capaz de abrir o grampo chama-se Artemis, usando um complexo protéico e
enzimático. Quando a Artemis abre o grampo, ela não tem sítio específico. Ela abre em qualquer lugar
próximo à formação do grampo. Isso pode ocorrer a 2 nucleotídeos do grampo, a 6... o ideal é que seja a 3,
para que seja um códon inteiro.
Na hora que a Artemis abre o grampo, gera o molde, usa-se nucleotídeos palíndromos (P), o que
gera variabilidade. Esse molde vai sofrer ação da DNApol, complementando a fita gerada.
Existe uma enzima que adiciona nucleotídeos, TdT, que transfere até 20 nucleotídeos sem precisar
de molde. Essa TdT tem como estímulo o mesmo estimulo que induz a maquinaria para fechar, finalmente,
a fita. O molde gerado pela TdT é complementado pela DNApol. O último nucleotídeo é ligado pela DNA
Ligase IV. Ela demora a ser sintetizada, por isso só atua no final. Evolutivamente, essa característica se
provou vantajosa.
Forma grampo > Artemis abre o grampo (ela não tem sítio específico de clivagem) > DNA
polimerase que complementa > TdT adiciona mais nucleotídeos (criando um molde) > DNA polimerase
(complementa o molde da TdT) > DNA ligase IV.
*TdT estimula ligase IV
A região variável é formada na ontogenia. Já a região constante é formada sob influência de
citocinas secretadas por T que mandam no splicing alternativo de íntrons e éxons, determinando quais
regiões vão ser pareadas e, desse modo, a classe da Ig a ser formada (posteriormente, pois a região
constante default é feita pela IgMµ). Ou seja, durante a formação da B, o domínio variável, se une a uma
cadeia constante pesada IgM. É o BCR primário.
Chaperon (cadeia leve substituta) é uma cadeia polipeptídica que tem função de ajudar a manter a
estrutura de uma molécula, até que ela se torne estável. O que torna a cadeia pesada estável é a síntese
das cadeias leves. Como a leve ainda não foi sintetizada, é colocada um chaperon para manter a
estabilidade da cadeia pesada.
Depois disso há a proliferação e a pré-B começa a fazer cadeia leve. Ou ela vai ser κ (kappa) ou ƛ
(lambda). No ser humano, a mais utilizada é ƛ. A cadeia leve é formada por V e J, ou seja, menos
diversificada. Mecanismo genético é igual ao da cadeia pesada.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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A especificidade é formada pelo conjunto de cadeias leve e pesada, pelos dois domínios conjuntos
(pois a molécula é um monômero bivalente). Estando em estágio de células B imaturas (célula B com o BCR
completo - com cadeia pesada e leve), precisam passar por processo de seleção.
Quando o BCR vai ser formado, é usado um dos alelos recebidos dos pais (usa um, se não der certo,
usa o outro). Os genes escolhidos primeiro são o D e o J, depois que é escolhido o V.
Seleção de B:
“Exclusão alélica no rearranjo” - ! estudar pra prova (V, D, J…)
Quando a célula B imatura através de IgM reconhece com grande afinidade células self, pode ter
seu BCR reeditado. Isso significa: reativar as RAGs, Artemis, TdT, para fazer de novo outra cadeia LEVE (a
pesada não), para evitar a apoptose. A reedição faz com que não haja a perda de tantos linfócitos B,
tornando-os úteis para qualquer outra coisa. Enquanto houver V e J sobrando, ele pode tentar reeditar.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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Alguns clones reativos escapam: quando o antígeno não está presente na medula (o antígeno pode
ser de outros órgãos como, por exemplo, do fígado…)ou B encontrou um antígeno self com baixíssima
afinidade, ele acaba migrando para a periferia, tornando-se anérgica. As células anérgicas acabam
entrando em apoptose, não sendo passíveis de autoimunidade. Resumindo: só sofre reedição o linfócito
autorreativo que reconhece self com alta afinidade. A autorreativa que reconhece com baixa afinidade não
apresenta perigo, pois estará anérgica.
Para amadurecer, ganha IgD na superfície. Ganhando IgD, vai para o folículo. Se não expressar IgD,
vai para a ZM.
Aula 4 – Professora Cléo – ONTOGENIA DE LINFÓCITO T – 04/12/2012
Durante uma resposta imune, existe hierarquia entre as células que compõem o SI. As células mais
importantes são os linfócitos, especialmente TCD4+.
Th (TCD4+) são células que coordenam e regulam outras células do SI. A TCD8+ geralmente, quando
ativada, é citotóxica. Independente de ser TCD4+ ou TCD8+, a célula precisa ser ativada por uma APC, que
apresenta antígenos, qualquer molécula que possa ser reconhecida por TCR. Bioquimicamente, o que o
TCR reconhece são os antígenos específicos (peptídeos). APCs clivam o antígeno em pequenos fragmentos,
por enzimas diversas (dependendo do material do patógeno) e apresentam PEPTÍDEOS. Ele é encaixado
numa molécula self da APC, chamada de HLA ou MHC.
Se o peptídeo encaixa num MHCII, a célula que reconhecerá será uma TCD4+, se o peptídeo
encaixar num MHCI, a célula será TCD8+. Existe uma área do MHC que é complementar a uma molécula
chamada CD4 ou CD8.
Então o TCR é um cálice, cujo objetivo é reconhecer o peptídeo. Existindo dois tipos de MHC, pois
existem dois tipos de T: o MHCI e o MHCII. Todas as células do corpo humano expressam MHCI, mas MHCII
só são expressas em populações mais restritas. A partir do momento que iniciamos uma resposta imune, a
primeira APC capaz de ativar o SI especifico, usa, também, MHC para apresentar peptídeo, e a célula T
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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específica tem que ter o receptor para reconhecer. A célula B também tem receptor, o BCR, para
reconhecer e processar e apresentar, também, ao T o peptídeo (isso em uma resposta secundária).
Observando o TCR: ele é formado de duas cadeias, α e β (uma minoria pode ser gama e delta, os
pares não podem mudar entre si: alfa deve estar sempre com beta, assim como gama sempre deve estar
com delta). O TCR é um heterodímero. A cadeia alfa tem dois domínios, beta tem dois domínios, também.
O primeiro domínio da alfa e o primeiro domínio da beta (que são os domínios variáveis) são gerados pela
mesma maquinaria que gera o BCR. As cadeias laterais não participam diretamente do reconhecimento do
antígeno, mas são importantes para sinalização, é uma ativação alostérica dessas cadeias associadas,
quando o TCR se liga a um peptídeo. As cadeias associadas, então, são o complexo CD3 (δ/ε e γ/ε) e duas
cadeias que são, praticamente, intracitoplasmáticas (integrais de membrana) que se chama cadeia ζ (zeta -
homodímero). Ou seja, o grande complexo de sinalização é formado pelo complexo CD3 mais a cadeia ζ.
Para que haja o reconhecimento do antígeno, só preciso do TCR, mas para que T seja ativada, preciso do
COMPLEXO TCR.
Ativador policlonal: ativa tudo.
Nos estágios de formação de T, esse complexo é formado em totalidade, e aí vai ser transportado
até a membrana.
Estágios de maturação de T: na vida fetal começa (a partir do segundo mês de gestação pode-se
observar alguns indícios da formação de T), mas a grande parte da formação se dá no final da gestação,
seguindo até para a vida adulta. Somente o primeiro estágio ocorre na medula óssea, as fases
subsequentes, de formação e seleção, ocorrem no timo. As fases são, praticamente, semelhantes à
ontogenia de B: early-próT, late-próT, early-préT, late-préT, T imaturo, seleção e T maduro, sempre tendo
eventos que denotam o começo, meio e fim de cada fase; porém não se pode estabelecer onde começa
uma e termina outra (por exemplo, sabemos que no final e o começo de cada uma há algo de diferente
acontecendo, mas não dá pra falar quando cada processo terminou e o outro foi iniciado).
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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Início da ontogenia: progenitor linfóide para próT, ocorrendo na medula óssea. O único evento é a
ação da IL-7, fundamental para a proliferação em todos os estágios de T.O maior objetivo da ontogenia é
formar o TCR e depois selecionar essas células T. O TCR é um heterodímero alfa e beta, e a proliferação
deve sempre anteceder a formação de cadeias. A IL7 é produzida na medula. Para T, o principal marcador é
o CD2. Assim que o progenitor linfóide começa a expressar CD2, ele se compromete a ser T, respondendo à
IL7, causando a proliferação, caracterizando o estágio early pró-T e indo para o late pró-T (late é depois da
proliferação). No estágio late pró-T, deixa a medula. A célula só sai porque alguém chama. Ou seja, a pró-T
precisa de um receptor CCR9+ que a direciona ao timo.
O timo possui dois lobos, cada lobo é dividido em lóbulos, que tem córtex (com muita quantidade
de células, por isso, mais corada) e medula (pouco corada, pois possui poucas células, entre elas, o
Corpúculo de Hassal, onde as células destinadas a morrer, são eliminadas). A trabécula tem invaginações
por onde passam os vasos sanguíneos. O timo, sob influência de hormônios que ele mesmo produz
(timosina, timopoetina e timolina), e quimiocina (citocina que atrai outras células para uma determinada
região), atrai pró-T. Assim, a pró-T tem o CCR9+, que é o receptor para CCL25, produzida no córtex tímico.
Ao chegar pelos capilares tímicos (na junção córtico medular do timo), migram para o ápice do lóbulo,
onde encontram as células nurse (ou células enfermeiras). A célula nurse é uma célula cortical, estrelada;
quanto mais apical, mais imaturo o linfócito, quanto mais medular, mais maduro. As células nurses são as
que produzem CCL25 e são as mais apicais do córtex. As células enfermeiras são as que "abraçam" os
linfócitos em formação.
REVISÃO: A pró-T sai da medula óssea com o receptor CCR9. Quem produz, dentro do timo, o
ligante do CCR9? Células enfermeiras. Qual o nome do ligante? CCL25.
Quando a célula enfermeira abraça, ela libera IL-7 e HT (hormônios tímicos). A primeira cadeia do
TCR formada é a BETA (junto com uma alfa substituta, sendo uma chaperonina). A isso, se segue a
proliferação e indo para o estágio pré-T, quando se forma a cadeia alfa. Mais uma proliferação. Daí já são
linfócitos T imaturos (CD4+, CD8+, CD2+, TCR+). Na seleção, caso esse linfócito imaturo se encontre com
um MHCII, perde o CD8+ e mantém o CD4+, tornando-se uma TCD4+. Se, na seleção, se ligar a um MHCI,
perde CD4+ e mantém CD8+, tornando-se uma TCD8+.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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RECOMBINAÇÃO SOMÁTICA DO TCR-2:
TCR só tem dois domínios, um variável e um constante. Para se formar o domínio variável na cadeia
beta (que é a primeira a ser montada), as RAGs escolhem, ao acaso, um dos V, um dos D e um dos J. As
sequências 5’ do D e 3’ do V se chamam “sequências sinais de recombinação”, assim como em B.
O terminal 5’ e 3’ formam um grampo após a ação das endonucleases. A enzima artemis abre o
grampo, quando ela abre, a enzima DNA polimerase adiciona nucleotídeos, usando um molde criado pela
Artemis. A TdT não usa molde, ela cria o molde (adicionando aleatoriamente até 20 nucleotídeos, os
nucleotídeos N) e a DNApol complementa a fita. Daí a DNA ligase IV finaliza com a adição de mais um par
de nucleotídeos, para fechar.
OBS de ontem: a reedição nunca ocorre na cadeia pesada, só na cadeia leve.
A cadeia β é formada primeiro, não pode sofrer reedição, provavelmente porque o nível de
condensação dificulta, já que esta em cromossomo diferente. A cadeia alfa pode ser reeditada.
TRECS: material genético que sobrou do corte da fita, depois da seleção de V e D pelas RAGs, que se
ligam pelas pontas, formando um círculo de material genético. Em imunoterapia,se quero saber se T está
sendo produzida novamente, existe um marcador, o TREC, oriundo das RAGs. Podendo ser identificados
em laboratório. Se há T periférica positiva para os TRECS significa que acabaram de ser formados linfócitos
T e que a imunoterapia está sendo eficaz.
A chaperonina substituta da cadeia alfa dá um formato razoável ao complexo TCR até que seja
produzida a cadeia alfa definitiva. Antes da formação de alfa, há proliferação, sob ação de IL-7 e HT.
Para fazer α, precisa-se de dois segmentos, V e J. A formação pelas RAGs, DNApol... é a mesma.
Terminado, chega-se ao estágio de T imaturo duplo positiva (CD4+CD8+CD2+TCR+). Em B, temos
CD19+CD20+IgM+.
Agora, para passar de duplo positiva (CD4+CD8+) para simples positiva (CD4+CD8- ou CD4-CD8+), a
T imatura passa pelo processo de seleção.
OBS: glicocorticóides. Doses elevadas podem reduzir o tecido tímico. Cuidados com gestantes.
Domínio variável contem as regiões hipervariáveis (pela ação da DNApol, TdT…). Receptor delta
gama é mais comum em células primitivas.
FASES DA MATURAÇÃO DE T: SELEÇÃO POSITIVA E SELEÇÃO NEGATIVA
A verificação do TCR é concomitante com o reconhecimento de porções do MHC. Durante as fases
de maturação são: triplo negativo (TCR/CD3- CD8- CD4-) -> duplo negativo (TCR/CD3+ CD8- CD4-) -> duplo
positivo (TCR/CD3+ CD8+ CD4+).
Os domínios variáveis do TCR não só reconhecem o peptídeo, mas, também, as próprias moléculas
do MHC (parte apical). A molécula de MHC tem uma depressão onde o peptídeo se encaixa. Assim, a
verificação é pela afinidade ao peptídeo e, também, ao MHC. Duas forças contribuem, então, para o
destino desta célula T: a de interação com o MHC e a da interação com o peptídeo.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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A célula T imatura começa a interagir com as APCs do timo: o epitélio cortical, medular e APCs da
medula óssea. Todas as células do corpo humano expressam constitutivamente MHCI, então, todas podem
ser APC para formar TCD8. Macrófagos, dendríticas, linfócito B e células epiteliais tímicas possuem MHCII
constitutivamente (assim como MHCI). Não há vasos linfáticos aferentes no timo. Todas as células tímicas
podem ser APCs. O que está ali é considerado self. Por isso é considerado o local privilegiado de seleção.
A fenda do MHC sempre vai ter um peptídeo ligado. A fenda nunca vai estar vazia (pois o peptídeo
dá a estrutura conformacional madura), se estiver vazia, a molécula de MHC é degradada. A ontogenia de
T ocorre na vida fetal. Em uma gestação saudável, a termo, não tem infecção no organismo fetal e a
criança não é exposta a patógenos. Então, os peptídeos apresentados pelo MHC, no timo, serão self. Por
exemplo, o peptídeo pode ser um receptor de insulina. O epitélio tímico apresenta o máximo de peptídeos
self possível.
Se o TCR reconhecer o peptídeo fortemente, a célula T reage fortemente, é considerada
autorreativa, podendo morrer por apoptose ou tentar escapar dessa morte, reeditando sua cadeia alfa, se
ainda houver essa possibilidade.
Se o TCR se ligar com muita força às laterais do MHC, também é selecionado negativamente, sendo
encaminhado a apoptose ou à reedição da cadeia alfa, caso tenha essa possibilidade.
Se a força de interação final for muito grande, a célula T só vai sobreviver se puder reeditar.
Lembrando que essa seleção é feita apenas pela interação do TCR. A reedição só pode ocorrer se sobrar
tanto opções do V quanto do J. Tudo isso vale somente para a cadeia alfa, não é possível mexer na cadeia
beta.
Se o TCR não ligar com grande força, ou seja, tiver baixa afinidade, aí vai determinar se vai ser CD4+
ou CD8+.
Como escapam clones autoreativos? Se a força de ligação entre o MHC não for forte, mas não
houver interação ao peptídeo, a célula sobrevive. Pode ser que seja autorreativa a um peptídeo do fígado,
pâncreas, pois o timo apresenta peptídeo LOCAIS.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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TOLERÂNCIA CENTRAL
GENE AIRE: existe o gene AIRE, que é expressa por células medulares tímicas, que tem função de
transativador (induzindo a transcrição de genes, se ligando a regiões promotoras, abrindo a cromatina para
que a RNApol aja). A proteína AIRE ativada, volta ao núcleo, liga-se à genes que codificam proteínas fora do
timo. Assim, o timo vai ter proteínas que são extra-tímicas e que irão ser apresentadas durante a seleção
de T. O AIRE não tem como fazer com que TODAS sejam expressas, mas sim uma fração significativa.
Crianças sem AIRE sucumbem às doenças que atingem glândulas e intestino, por exemplo, não
sobrevivendo nem ao primeiro ano de vida.
A importância do gene AIRE é de aumentar a oferta de proteínas selfs, que não pertencem ao timo,
para que aumente a eficácia da seleção, evitando que linfócitos perigosos não ganhem a periferia.
Proteínas associadas ao estresse não são processadas no timo, daí sua ligação às doenças
autoimunes.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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Primeira regra: afinidade pelo complexo não pode ser grande (tanto faz se for pelo peptídeo ou
pelo MHC).
Segunda regra: se for altíssima afinidade=> apoptose ou reedição bem sucedida
Terceira regra: baixa afinidade=> sobrevive
Quarta regra: nenhum reconhecimento=> apoptose. Não tem sinalização que ative reedição.
OBS: alta afinidade=> Treg.
A gestante: a criança pode receber antígenos, via cordão umbilical, de uma mãe HIV+. Isso significa
não produzir T específica para HIV. O HIV tem PAMPs da família dos retrovirais. Assim, a criança pode se
tornar extremamente suscetível a infecções, complicações na administração de vacinas, etc.
A gestante, infectada por um patógeno, produz citocinas inflamatórias. Essas citocinas podem
chegar a placenta. A placenta em resposta pode produzir citocinas inflamatórias que podem chegar ao
cordão umbilical. Consequência: as células T, que poderiam sobreviver por se ligarem por baixa afinidade,
vão ser ativadas e essa ativação desencadeia a ação de caspases, e, portanto, apoptose de células que, a
priori, seriam viáveis.
Quem faz imunoterapia com IL-7? Síndrome Di George, AIDS, radioterapia, transplantados e idosos.
Marcadores CD31+ e TRECs. Mais fácil achar CD31+ por citometria de fluxo.
Aula 5 – Professora Vera – ÓRGÃOS LINFÓIDES SECUNDÁRIOS, RECIRCULAÇÃO E
TIPOS DE ANTÍGENOS – 10/12/2012
ÓRGÃOS LINFÓIDES SECUNDÁRIOS
O tecido linfóide é o local onde são gerados e se concentram as células do SI. Pode ser de 2 tipos:
locais de onde vem os linfócitos (primários), ou seja, medula óssea e timo; e os linfócitos que evadem os
tecidos linfóides primários vão para os tecidos linfóides secundários.
Organização e função: uma vez que os linfócitos prontos se distribuem pelo organismo, não ficam
estáticos, seguem um padrão contínuo de recirculação. Inclui baço, linfonodos, tonsilas, fígado
(desenvolvimento fetal), SI cutâneo, SI de mucosa.
Nesses locais, os linfócitos vão ter a chance de encontrar um antígeno específico para seu receptor
e, daí, acontece à resposta adaptativa. Os tecidos linfóides secundários tem uma estrutura, arranjo
histológico, característico. Essa arquitetura é mantida por quimiocinas.
Quando os linfócitos virgens saem dos tecidos gerativos, caem na corrente sanguínea e se
distribuem de forma organizada nos tecidos linfóides secundários. Linfócito B fica em folículo, linfócito T
fica ao redor do folículo (extrafolicular). T e B não se misturam em um tecido linfóide secundário, as
populações ficam segregadas, devido à ação das quimiocinas.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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A entrada via sangue ocorre nos tecidos linfóides (linfonodos) por meio de um vaso sanguíneo
especializado, que drena os tecidos (HEVs). Esse endotélio especializado produz CCL19, e as próprias
células que compõem o estroma do tecido (macrófagos, DC...), produzem CCL21. Todos os linfócitos
virgens (T e B) expressam receptores para essas quimiocinas, CCR7.Isso permite que estejam sempre
entrando nesses tecidos linfóides.
Dentro da região folicular, tenho uma população de DC diferenciada. Existe uma DC folicular que
produz CXCL13, e o linfócito B virgem expressa o receptor para ela, que e o CXCR5. T não expressa esse
receptor, então apenas B é atraído para esta região folicular.
Baço: suprido pela artéria esplênica, e o sangue sai por uma veia esplênica. A artéria penetra pelo
hilo, e à medida que vai adentrando o órgão, se ramifica até chegar a sinusóides. É um órgão capsulado. A
polpa branca é onde se concentram os linfócitos, e na polpa vermelha se concentram hemácias. Entre elas,
há uma zona marginal, intermediária. Ali há uma subpopulação especial de B, o linfócito B da ZM. Essa
população tem propriedades de ativação ligeiramente diferentes. A quantidade de estímulo necessária
para ativação é menor. O grau de variabilidade dos receptores também é menor do que os foliculares. Essa
população da ZM não recircula, é fixa.
O linfócito T fica em uma região periarteriolar, no baço, que será a polpa branca. A polpa vermelha
é um concentrado de sangue, que extravasa do vaso para o interior do órgão. Em volta dessas arteríolas há
muitos macrófagos, prontos para remover antígenos, hemácias senescentes (hemocaterese). As hemácias
não removidas retornam à circulação. Esse endotélio é diferenciado (é mais permeável), no baço, pois é
fenestrado, com células mais arredondadas, com membrana basal descontínua, facilitando a passagem de
células de forma passiva.
A ausência do baço não é incompatível com a vida, mas o indivíduo torna-se mais suscetível as
infecções por um grupo de patógenos, bactérias capsuladas, pois estas possuem polissacarídeos que são
opsonizados, circulam pelo sangue e precisam ser fagocitados (macrófagos no baço).
Sistema Linfático: antígeno gera inflamação, que gera edema, que aumenta o volume de líquido na
MEC, que precisa ser drenado para vasos linfáticos. O sistema linfático também percorre todo o corpo,
mas, diferentemente da circulação sanguínea, não há bomba propulsora. Há nódulos, gânglios, agregados
linfóides, chamados de linfonodos, que cortam toda circulação linfática. Os linfonodos também são
capsulados. O que chega ao linfonodo é o líquido que circula neste vaso linfático, advindo do interstício.
Diferente da circulação sanguínea, os vasos linfáticos têm pontos cegos. As células que formam
esses vasos linfáticos funcionam como válvulas. O líquido do interstício consegue empurrar a célula do
vaso, fazendo pressão nessas "válvulas" e penetra o vaso. Assim, o edema da inflamação facilita que o
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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antígeno entre no vaso linfático. Essa propulsão ocorre por pressão da musculatura esquelética e de uma
musculatura perivascular que vai bombear o líquido através da circulação linfática.
A linfa entra no vaso linfático e chega ao linfonodo. Num processo inflamatório, além do edema,
tem DCs, que, ativadas, tem a capacidade de sair desse tecido e entrar no vaso linfático, chegando a um
linfonodo.
Esse líquido dos vasos linfáticos desemboca no ducto torácico, o qual desemboca na veia cava,
chegando à circulação sanguínea.
Linfonodos: é o gânglio que entremeia a circulação linfática. Regiões foliculares subcapsular, onde
há linfócitos B. Linfócitos T permanecem na região parafolicular. Capsulado, há trabéculas, e vasos
penetrando na capsula. São penetrações dos vasos linfáticos, ela fura a capsula do linfonodo, em vasos
aferentes, por onde chegam a linfa. O linfonodo também tem um hilo e pelo hilo sai um único vaso
linfático, além de uma artéria e de uma veia, é o vaso eferente por onde sai à linfa.
Um vaso que saia de um linfonodo continua e penetra o próximo linfonodo da cadeia. Um vaso que
é eferente para um gânglio, será aferente para o próximo.
No linfonodo, essa artéria penetra e se ramifica, formando o HEV. Ele tem células diferenciadas e
produz CCL19. As células do tecido linfóide também produzem CCL19 e CCL21 para atrair linfócitos B e T.
Sendo que B continua sendo atraído pela CXCL13 até o folículo. Assim como no baço, há filtragem dos
antígenos que estão no sangue. Os linfonodos ao receber a linfa são capazes de testar todos os antígenos
presentes nos tecidos.
Esse endotélio da ramificação das artérias não tem as células achatadas, são mais globulosas, e tem
espaçamento entre uma célula e outra maior. Ao serem capazes de produzir quimiocina, vão facilitar o
processo de rolamento, parada, diapedese dos linfócitos.
MALT (tecido linfóide associado à mucosa): é o maior que temos. Tem propriedades distintas e
especiais por estar em porta de entrada e em contato quase que direto com o meio externo e com
antígenos a que não devemos responder (alimentares, da flora, inócuos ambientais) e que devem ser
tolerados. Essa habilidade é intrínseca e especifica da MALT. Ele pode ser dividido em um tecido presente
no tecido epitelial (linfócitos intraepitelias) e um tecido presente no tecido conjuntivo abaixo do epitelio,
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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onde encontramos um tecido linfóide organizado e também um tecido linfóide difuso (dispersas
aleatoriamente sem nenhuma organização básica).
GALT (tecido linfóide associado à mucosa gastrointestinal): é o maior tecido de mucosa que temos.
Linfócitos intraepiteliais já ativados, de memória, principalmente TCD8+, que, depois de uma resposta
imunológica, uma parte dos linfócitos se diferencia em fenótipo de memória e uma parte volta para onde o
estímulo foi gerado. Ou seja, a resposta desses linfócitos se iniciou na mucosa gastrointestinal.
Abaixo, temos tecido conjuntivo frouxo, a lâmina própria, onde há linfócito de memória que são
predominantemente linfócitos TCD4+. Há, também, células residentes: macrófago, mastócito, DC.
Especificamente aí há uma população especial de DCs tolerogênicas, que suprimem a resposta de T. E há,
também, DCs efetoras.
Na lâmina própria encontra-se, também, tecido linfóide organizado, linfócitos B agregados em
folículos, distribuídos no apêndice e no colo. E também uma estrutura linfóide no íleo, a Placa de Peyer,
que é um arranjo típico de folículo com linfócito B e linfócitos T ao redor, que é drenado por vasos
linfáticos que saem da placa, e entram para os linfonodos mesentéricos. Acima da Placa de Peyer há a
célula M, entre as células epiteliais.
As células M tem grande capacidade de realizar macropinocitose. Pinocitose é a capacidade da
célula de recolher um pouco de líquido presente no meio extracelular, macropinocitose é quando a célula
faz isso com grandes quantidades de líquido, aleatoriamente e constantemente. Emite prolongamentos de
membrana diretamente em contato com a luz do intestino, assim se forma uma vesícula que coletou uma
amostragem do que havia na luz do intestino. Na membrana basal há reentrâncias, uma espécie de bolso,
onde há macrófagos e DCs em contato íntimo com a célula M. Esse líquido coletado e vesiculado trafega
pelo citoplasma da célula M, até se fundir com a membrana basal, liberando o conteúdo para o meio
extracelular, tudo isso voltado para a lâmina própria.
A célula M então serve para coletar amostras e disponibilizá-las a células apresentadoras de
antígenos, capazes de fazer fagocitose.
A DC consegue passar por células unidas por oclusões, graças a seus prolongamentos, e conseguem
chegar à luz do intestino. Por estímulo específico podem realizar fagocitose.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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BALT (tecido linfóide associado à mucosa respiratório): tonsilas, sublingual, faríngeas, palatinas...
células M, HEVs…
Existem também os tecidos linfóides brônquicos, considerados, por alguns, terciários, pois são
induzidos.
Tecido Linfóide Cutâneo: não há segregação. Não há riqueza de linfócitos virgens, mas sim linfócitos
de memória ativados distribuídos na camada cutânea. Na pele, há DCs, que formam uma espécie de rede,que se estendem muito, com intuito de aumentar sua superfície de contato. São chamadas Células de
Langerhans. Expressam CD207, tendo a mesma função de APC.
Na derme há mastócitos, macrófagos, linfócitos TCD4 e TCD8, ativados e de memória.
RECIRCULAÇÃO - HOMING
Enquanto um linfócito é virgem, sai do tecido linfóide primário, circula permanentemente entre
tecido linfóide secundário e sangue. Como isso acontece?
Isso ocorre mediado por proteínas e moléculas de adesão. O que faz um linfócito virgem se aderir a
um endotélio, transmigrar e atingir um órgão são as integrinas (L-selectina) presentes na membrana do
linfócito e moléculas de adesão presentes na membrana do endotélio. A L-selectina encontra uma
molécula de adesão capaz de interagir com ela no endotélio. Essa molécula de adesão está presente no
endotélio especializado das HEVs, as quais produzem CCL19. As células do estroma produzem CCL21. Essas
quimiocinas favorecem a atração, quando liberadas, ficam na superfície do endotélio, se combinam com a
integrina. L-selectina sofre alteração conformacional, aumentando sua afinidade pelas moléculas de
adesão, se ligando mais fortemente a elas. O linfócito deixa de rolar, para, passa entre uma célula
endotelial e outra e vai para o tecido.
Esse linfócito permanece um tempo no linfonodo, migra no interior do gânglio e vai sair por um
vaso linfático eferente. Em determinado momento chega a um vaso aferente e entra no próximo
linfonodo. Permanece assim até percorrer todo o percurso linfático e cair no ducto torácico.
Para maximizar a chance de o linfócito encontrar o antígeno para o qual ele é especifico, ele circula
de vaso eferente para o próximo linfonodo. É uma vigilância que otimiza o tempo de encontro entre
linfócito e o antígeno especifico para ele. Enquanto ele não o encontrar, é virgem, e permanece no padrão
linfático-sangue-linfático.
Quando o linfócito encontra o antígeno, se for T (antígeno apresentado pela DC) ou B (antígeno
solúvel via linfa), sofre o processo de ativação, perdendo a L-selectina (integrina), que é o que permite que
ele se adira às HEVs. Ele perde então sua tendência a, quando estiver no sangue, sair dele e entrar
novamente no tecido linfóide. Ele não transmigra. Se for ativado, há infecção e pressupõe-se que haja
inflamação no foco da infecção. Quando o linfócito é ativado, ele não volta ao tecido linfóide secundário,
mas agora existe outra região com endotélio diferenciado, o próprio foco de infecção. Ali há quimiocinas e
outras moléculas de adesão que permitam que ele saia no tecido inflamado.
O linfócito de memória que retorna para a mucosa onde foi ativado o faz porque a DC que a
apresentou o antígeno o induz a produzir integrinas para as quais só há moléculas de adesão na mucosa.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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Um linfócito de memória de proveniente da ativação num linfonodo cervical, por exemplo, continuará a
circular pelo sistema linfático.
Como o linfócito virgem sabe quando tem que sair do tecido linfóide secundário? Quanto tempo
ele permanece no tecido? Isso também é determinado por uma quimiocina, que é um lipídio presente em
grande concentração na linfa e no sangue, chamado de esfingosina 1-fosfato. O linfócito virgem tem
receptor para esfingosina 1-fosfato. Existe um gradiente de concentração esfingosina 1-fosfato, que se
encontra em maior concentração na circulação do que no tecido linfóide secundário. Ao entrar no
linfonodo, a tendência é sempre sair, porque ele vai em direção à maior concentração desta citocina.
Quando o linfócito virgem chega ao sangue ou a linfa a quimiocina se liga ao receptor dele, e o complexo
receptor-ligante é internalizado.
O linfócito virgem é atraído para o interior do tecido linfóide secundário devido a atração pelas
quimiocinas CCL19 e CCL21 que são produzidas por ele. Essas quimiocinas vão promover uma alteração
conformacional na L-selectina, fazendo com que ela se ligue com maior afinidade as moléculas de adesão
da HEV e realize diapedese para o tecido. Esse linfócito que entrou no tecido linfóide secundário
internalizou o receptor para esfingosina 1-fosfato enquanto estava na circulação. No linfonodo, há uma
densidade de receptor muito menor na membrana linfócito, já que ele foi internalizado quando se ligou a
quimiocina. Cada vez que o linfócito virgem entra no tecido linfóide secundário a disponibilidade de
receptor para esfingosina 1-fosfato está muito reduzida.
O linfócito irá expressar o receptor novamente, mas leva um tempo para repor a quantidade de
receptores. Durante esse intervalo de reposição do receptor o linfócito virgem permanece no linfonodo,
porque enquanto ele tem pouco receptor a tendência dele de retornar a circulação é pequena. Esse tempo
é importante para esse linfócito posso encontrar a DC que tenha o antígeno específico para ele. O linfócito
irá entrar em contato com diversas DC durante esse período, ou seja, com diversos antígenos, aumentando
as chances de ele ser ativado. Conforme aumenta o número dos receptores na membrana, a tendência a
sair do tecido aumenta, e ele retorna para a circulação, onde há uma maior concentração de esfingosina 1-
fosfato.
Obs: Trinta vezes a mesma explicação, melhor decorar para a prova.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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TIPOS DE ANTÍGENOS
Antígeno é qualquer molécula capaz de se ligar aos receptores de linfócitos B (Ig membrana - BCR)
ou T (TCR). Não são necessariamente estranhos, não self, ou não existiria autoimunidade.
Imunógenos: são substâncias capazes de induzir uma resposta imune especifica. Pois nem tudo que
se liga ao receptor de B e T é o bastante para haver uma ativação adequada e, daí, uma resposta.
Todo imunógeno é um antígeno, mas nem todo o antígeno é um imunógeno.
O caráter imunogênico também depende da quantidade de antígeno e do local onde está
localizado.
Hapteno é a menor fração do antígeno capaz de reagir com moléculas de BCR e de TCR. Sozinhos
não são capazes de induzir resposta imune eficiente. Não são bons imunógenos.
Epítopo (ou determinante imunogênico) é a região do antígeno que interage fisicamente com o
anticorpo, na região Fab. Um antígeno pode ter vários epítopos.
Linfócito B: reconhece antígenos solúveis. Reconhece epítopos em zona externa e acessível, que
podem ser de qualquer natureza química (proteína, carboidrato, lipídio, ácido nucleico). Se o epítopo do
antígeno estiver internalizado, não vai se ligar ao receptor. O epítopo reconhecível por BCRs pode ser
linear ou conformacional. Por exemplo, uma proteína tem um arranjo terciário. Pode ter BCR capaz de
reconhecer uma sequência linear de aminoácidos expostos por essa proteína. Na mesma proteína existem
alças, formando um arranjo tridimensional, onde os aminoácidos estão aproximados entre si. Esse epítopo
aparece pela estrutura terciária, já que os aminoácidos não estão ligados em estrutura primaria, ele é um
epítopo conformacional. Se desnaturar um epítopo conformacional, perde-se o epítopo. Epítopos lineares
não são perdidos por desnaturação.
B2 folicular – tem maior condição de responder a antígeno proteico.
B1 e B2 da zona marginal do baço – tem maior condição de responder a outros antígenos
(carboidratos, lipídios, ácidos nucleicos).
Linfócito T: o reconhecimento requer uma célula que apresente o antígeno associado ao a MHC,
essa molécula apresenta preferencialmente antígeno proteico, mas ela não apresenta proteínas nativas,
apenas proteínas que tenham sido internalizadas e processadas até peptídeos lineares. O linfócito T
reconhece pequenas sequências lineares de aminoácidos.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imuno (Prova 1) Segundo semestre de 2012
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MHC: moléculas que tem como função fisiológica a apresentação de peptídeos antigênicos aos
linfócitos T. Uma molécula de MHC pode se ligar a vários epítopos diferentes.
Antígenos podem ser: timo-dependentes e timo-independentes (número de epítopos idênticos na
estrutura). Essa

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