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* * Prof. Everardo Albuquerque Menezes Prof. Titular de Microbiologia Clínica Diagnóstico das Infecções do Trato Gastrintestinal UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE ANÁLISES CLÍNICAS LABORATORIO DE LEVEDURAS * * O Sistema Digestivo O sistema digestivo humano é composto por dois grupos de órgãos: os órgãos do trato digestivo ou gastrointestinal e os órgãos digestivos acessórios ou anexos. Trato digestivo/Tubo digestivo – longo canal que se inicia na boca e termina no ânus. É constituído por várias estruturas: boca, faringe, esófago, estômago, intestino delgado e intestino grosso. Órgãos acessórios ou anexos – não fazem parte do tubo, mas estão intimamente relacionados com ele pelas funções que desempenham no processo digestivo – os dentes, a língua, as glândulas salivares, o pâncreas, o fígado e a vesícula. Anatomia do Sistema Digestivo * * O Sistema Digestivo Ingestão de alimentos Mastigação - Por ação dos dentes o alimento é partido em porções muito pequenos tornando mais fácil a ação dos enzimas digestivos. Propulsão - Movimento do alimento ao longo do trato digestivo. Secreção de Sucos digestivos - Ao longo do trato digestivo o alimento é misturado com secreções, produzidas por várias glândulas, que ajudam a lubrificar, liquefazer, ajustar o pH e digerir o alimento. Digestão - Degradação de grandes biomoléculas nos seus componentes mais simples. Absorção - Deslocação das substâncias do trato digestivo para a circulação sanguínea ou para o sistema linfático. Defecação - Eliminação de substâncias não digeridas, bactérias, etc. FUNÇÕES * * Infecções da cavidade bucal A cavidade bucal é um dos locais mais sépticos do corpo humano Condições que favorecem o crescimento bacteriano - umidade - temperatura - pH 6,8 - 7,2 Ecosistemas principais - mucosa lingual - placa bacteriana - gengivas - bactérias anaeróbios A digestão começa na cavidade bucal - glândulas salivares * * Carie dentária infecções que resultam da destruição do esmalte dentário, por ação dos ácidos provenientes da degradação dos hidratos de carbono alimentares por alguns generos bacterianos: Streptococcus mutants Lactobacillus spp e outras Periodontites e infecções alveolares infecções polimicrobianas, por bactérias aeróbias e anaeróbias estritas ou por bactérias do género Streptococcus, nas estruturas que sustêm: os dentes gengiva ligamentos alveolo-dentários osso alveolar Cimento Halitose Prevotella Porphiromonas * * Infecções do Trato Gastrintestinal Diarréia – liberação anormal de fezes liquida a pastosas. Perda de fluidos e eletrólitos. Disenteria – distúrbio inflamatório, geralmente associado a sangue e pus (fezes) e acompanhados de dor, febre, cólicas. Gastroenterite – comprometimento do estomago. sintomas gastrintestinais como náuseas, vômitos, diarréia e dores abdominais. * * Modalidades da infecção Processo invasivo As bactérias com características invasivas, capazes de destruir a mucosa, aderem às células epiteliais, penetram e multiplicam-se, síndrome desintérico - ulcerações características, que dão origem a fezes múltiplas com sangue e pus. Shigella Salmonella Campylobacter jejuni Yersinea enterocolitica Escherichia coli ECEH * * Processo tóxico As bactérias produtoras de exotoxinas ou enterotoxinas fixam-se à superfície da mucosa (fatores de colonização), mas não penetram no epitélio e produzem uma exotoxina responsável por uma vaso dilatação capilar e perturbações do metabolismo celular. Verifica-se um fluxo de líquidos através da parede celular com aumento de secreção dos sucos digestivos ou seja uma secreção de sódio e de água aumentada por estimulação da adenilciclase. Vibrio cholerae Escherichia coli (ECET, ECEAgg, ECEP) Clostridium perfringens Clostridium difficile Bacillus cereus enterotoxina termolábil Campylobacter jejuni E outras * * Intoxicações alimentares A toxina é produzida no alimento, a bactéria não é, por si só, a principal interveniente na infecção, mas sim a toxina. Staphylococcus aureus enterotoxina termoestável Clostridium perfringens Clostridium botulinum Bacillus cereus enterotoxina termoestável Enterobactérias e outras Dismicrobismo Desequilíbrio da microbiota intestinal. Após uma antibioterapia prolongada, pode levar a um estado infeccioso no qual a cepa de Clostridium difficile cresce. * * Mecanismos fisiopatológicos das enterocolites Microbiota intestinal Microbiota residente comensal Bactérias anaeróbias estritas, aero-anaeróbias facultativas e leveduras que se encontram em quantidade abundante e de um modo constante. Microbiota transitória Espécies provenientes da alimentação ou de outros locais do corpo que em quantidade excessiva podem levar a manifestações infecciosas Barreira natural As bactérias comensais em equilíbrio ecológico, protegem o hospedeiro impedindo, por inibição competitiva, que uma bactéria potencialmente patogénica se fixe aos receptores específicos da mucosa. Mecanismos de ordem imunológica a mucosa intestinal, rica em plasmócitos que secretam IgA, IgG e IgM, constitui, também, um obstáculo à implantação de bactérias potencialmente patogénicas. * * Agentes etiológicos Escherichia coli Salmonella Shigella Yersinia enterocolitica Campylobacter Vibrio cholerae Vibrio parahaemolyticus Staphylococcus aureus Bacillus cereus Clostridium botulinum Candida spp Bactérias – Vírus – Fungos Enterobactérias Intoxicação alimentar * * Infeçções Gastrintestinais Diarréia é a conseqüência mais comum da infecção do trato gastrintestinal Infecções locais Infecções sistêmicas Principal causa de mortalidade infantil (países em desenvolvimento) Varia de branda e autolimitada até a grave, com desidratação e morte Transmissão: via fecal-oral Multiplicação por micro-organismos e produção de toxinas (restrita ao trato gastrointestinal) Invasão pelos micro-organismos ou absorção de toxinas * * Infeçções Gastrintestinais Escherichia coli (maior causa de diarréia bacteriana) bacilos Gram negativo 05 biotipos: diferentes mecanismos de patogenicidade E. coli enteropatogênia (EPEC) E. coli enterotoxigênica (ETEC) E. coli entero-hemorrágica (EHEC) E. coli enteroinvasiva (EIEC) E. coli enteroagregativa (EAEC) E. coli em ágar Macconkey * * * * Salmonella (bacilo Gram -) Causa mais comum de diarréia associada a alimentos em países desenvolvidos 3 espécies importantes: Salmonella enterica (6 subespécies), Salmonella bongori e Salmonella subterrânea. Mais de 2.500 sorotipos Antígenos: O (parede celular), H (flagelar), K e Vi Amplo reservatório animal (frango) Dificuldades na erradicação (S. Typhi e S. Paratyphi: humanos únicos reservatórios). Estado de portador pode durar por várias semanas, meses ou 2 anos S. enteritidis e S. Cholerae (Vibrio) (podem tornar-se invasivas em pacientes com predisposições particulares – crianças, pacientes com câncer ou anemia falciforme) Pode ocorrer disseminação hematogênica (osteomelite, pneumonia, meningite): antibioticoterapia. * * Shigella (bacilo Gram -) Causa quadros de disenteria bacilar (invasão do intestino grosso, com presença de pus e sangue nas fezes) Ocorre em países pobres Dose infectante baixa (10-100 microrganismos) Dependendo da espécie envolvida os sintomas variam de leves a graves: S. sonnei (leves) S. flexneri e S. Boydii (graves) S. dysenteriae (produtora da toxina Shiga; doença mais grave) A shigelose acomete em todas as idades Não existem reservatórios animais Disseminação principal: pessoa a pessoa, via fecal-oral Situações onde saneamento e higiene pessoais são deficientes Antibióticos são recomendados por causada disenteria Shigella em ágar Macconkey * * Campylobacter Bacilos Gram-negativos em forma de “S” Uma das causas mais comuns de diarréia em crianças C. jejuni Crescem bem a 42ºC; exigem meio de cultura especial Amplo reservatório animal (ovinos, bovinos, roedores, aves) A diarréia causada por Campylobacter é clinicamente semelhante àquela causada por Salmonela e Shigella. Causa bastante comum. Infecções adquiridas através de alimentos contaminados (aves, leite, água). Período de incubação mais prolongado (48h), microaerofilia Bacteremia em neonatos e adultos debilitados são relativamente comuns Casos graves de diarréia Quinolonas * * Vibrio cholerae Comunidades com suprimento inadequado de água potável e saneamento impróprio Espécie de maior relevância do gênero, que pertence à família Vibrionaceae Bacilos Gram negativos, em forma de vírgula; móveis, oxidase positivos Habitat aquático (vida livre) Transmissão: água ou alimentos contaminados Produtores de enterotoxina: hipersecreção de eletrólitos e água Infecção humana: gastroenterite - diarréia aquosa e vômito (2-3 dias após ingestão da bactéria) Cólera Sorotipos: O1 (biotipos clássico e El Tor) e O139: (epidemias) V. cholarae em TCBS: ágar Tiossulfato-Citrato-Bile-Sacarose * * Yersina enterolitica (bacilo Gram -) Causa de infecção associada a alimentação Mais comum nos EUA e Europa. Menos frequente no Brasil Mais frequente no Rio Grande do Sul Crescimento entre 10-15ºC, podendo crescer lentamente a 4ºC Reservatórios animais (roedores, porcos, carneiros, bovinos, cavalos e animais domésticos) Diarréia sanguinolenta, cólicas abdominais e febre (1-2 semanas) * * Intoxicação alimentar Doenças causadas por toxinas produzidas por bactérias contaminantes presentes no alimento antes do consumo S. aureus, B. cereus, C. botulinum Toxinas resistentes ao calor e a ação de enzimas digestivas Toxinas resistentes ação de enzimas digestivas, porém podem ser inativadas após 30 min a 80ºC * * Helicobacter pylori Bactéria Gram-negativa espiralada Associado a maioria das úlceras gástricas (70-80%) e duodenais (>90%) Vários fatores de virulência, tais como: citoxina, adesinas, urease Ocorre quando há um desequilíbrio da microbiota normal Diagnóstico: PCR * * Diagnóstico laboratorial das doenças do sistema digestivo Exame bacteriológico das fezes ”todos os processos diarreicos não são infecciosos todas as diarreias infecciosas não são bacterianas (vírus) todas as diarreias bacterianas não são devidas a bactérias específicas” “Trabulsi” Colheita recipiente estéril swab retal papel de filtro (fezes muito líquidas) * * * * Diagnóstico Microbiológico: Coprocultura – Meio de Hektoen é o meio universal. Sorologia em látex do isolado– Para sabermos qual a cepa está causando a infecção (os antígenos) Diagnóstico imunológico Diagnóstico molecular: Biologia molecular – PCR Tratamento – com o TSA o TSA é feito no Muller Hinton * * Epidemiologia - transmissão via oral-fecal contato com doente ou portador são ocorre principalmente em imunocomprometidos ocorre em crianças e idosos - surto epidémico e/ou esporádico - fontes de infecção - alimentos: água, leite e derivado, marisco, ovos, carne, arroz e outros * * * * * * * * * * * *
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