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Atuação do enfermeiro no serviço de emergência na assistência ao cliente com cetoacidose diabética: uma revisão bibliográfica 1 Performance of the nurse in the emergency department in assisting the client with diabetic ketoacidosis: a review bibliographical.1 Actuación de la enfermera en el departamento de emergencia para ayudar al cliente con cetoacidosis diabética: una revisión de la literatura.1 Torquato Thatiane Marques 2 , Nunes Haline Neves 2 , Borges Franciane Neves Nunes 2 , Brasileiro Marislei Espíndula 3 . Atuação do enfermeiro no serviço de emergência na assistência ao cliente com cetoacidose diabética: uma revisão bibliográfica. Revista Eletrônica de Enfermagem do Centro de Estudos de Enfermagem e Nutrição [serial on-line] 2012 ago-dez 3(3) 1-15. Available from: <http://www.ceen.com.br/revistaeletronica>. Resumo Objetivos: identificar e analisar as pesquisas científicas relacionadas à atuação do enfermeiro no serviço de emergência na assistência ao cliente com cetoacidose diabética, em publicações na Biblioteca Virtual em saúde no período de 2002 a 2012. Materiais e Método: estudo do tipo bibliográfico e exploratório, da literatura disponível em bibliotecas convencionais e virtuais. Resultados: identificaram-se três categorias: os fatores predisponentes, os sinais e sintomas e as intervenções de enfermagem a paciente em cetoacidose diabética. Conclusão: a assistência de enfermagem e a detecção precoce dos sinais e sintomas e dos desvios de comportamentos metabólicos são peças chaves a fim de evitar futuras complicações a pacientes com distúrbios de cetoacidose diabética. Dessa forma, vale ressaltar que tratar complicações hiperglicêmicas exige agilidade e segurança do profissional de saúde. Descritores: Assistência de Enfermagem, Emergência, Diabetes Mellitus, Cetoacidose Diabética. Summary: Objectives: Identify and analyze the scientific researches related to the performance of the nurse in the emergency department about the care to the client with diabetic ketoacidosis, in publications at the Virtual Library about the health from 2002 to 2012. Materials and Methods: 1 Artigo apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Enfermagem em Emergência e Urgência 13, do Centro de Estudos de Enfermagem e Nutrição/Pontifícia Universidade Católica de Goiás. 2 Enfermeira, especialista em Emergência e Urgência, e-mail: th4thy@hotmail.com. 2 Enfermeira, especialista em Emergência e Urgência, e-mail: halinenunes@hotmail.com. 2 Enfermeira, especialista em Emergência e Urgência, e-mail: nunes_fran@hotmail.com. 3 Doutora – PUC-Go, Doutora em Ciências da Saúde – UFG, Mestre em Enfermagem, docente do CEEN, e-mail: marislei@cultura.trd.br 2 a study of the bibliographical and exploratory type from the literature available at the conventional and virtual libraries. Results: it was identified three categories: the predisponent factors, the signs and symptoms and nursing interventions for a patient with diabetic ketoacidosis. Conclusion: The nursing care and early detection of signs and symptoms and of the deviations from metabolic behaviors are key parts in order to avoid future complications to patients with diabetic ketoacidosis disorders. Thus, it is noteworthy that treat hyperglycemic complications requires agility and security from the health professional. Descriptors: Nursing Assistance, Emergency, Diabetes Mellitus, Diabetic Ketoacidosis. Resumen: Objetivos: Identificar y analizar la investigación científica relacionada con la actuación de la enfermera en el departamento de emergencia para ayudar al cliente con cetoacidosis diabética en las publicaciones de la Biblioteca Virtual en Salud desde 2002 hasta 2012. Materiales y métodos: estudio bibliográfico y la exploración de la literatura disponible en las bibliotecas convencionales y virtuales. Resultados: se identificaron tres categorías: factores predisponentes, signos y síntomas, las intervenciones de enfermería del paciente en la cetoacidosis diabética. Conclusión: Los cuidados de enfermería relacionados con la detección temprana de las desviaciones en el comportamiento es esencial para evitar las complicaciones metabólicas, tan constante monitoreo de los pacientes afectados por el trastorno de la cetoacidosis diabética es la parte pertinente del tratamiento para evitar complicaciones, el edema cerebral, en especial . Además, hay que señalar que, especialmente en el tratamiento de complicaciones hiperglucémicas CAD requiere una actuación rápida. Palabras clave: Cuidado de Enfermería, Urgencias, la diabetes mellitus, cetoacidosis diabética. 1 Introdução O levantamento de pesquisas relacionadas à atuação do enfermeiro na assistência ao cliente com cetoacidose diabética é de suma importância, visto que as complicações agudas, hiperglicêmicas, do paciente diabético ainda representam um importante problema de saúde pública nas unidades de emergência. Em especial, a cetoacidose diabética, que é registrada como uma das maiores complicações agudas decorrentes das hiperglicemias. O Diabetes Mellitus (DM) é uma importante patologia de grande preocupação mundial, tendo como uma das principais emergências hiperglicêmicas a cetoacidose diabética. Considerando a gravidade dessa condição, pretende-se por meio deste artigo através da revisão bibliográfica, fornecer subsídios para a prática clínica de enfermagem no manejo da cetoacidose diabética, visto que, o enfermeiro deve atuar junto ao paciente e familiares com o 3 objetivo de educar e promover o autocuidado para a prevenção de novos episódios de cetoacidose diabética. Doença endócrina, com causas multifatoriais o Diabetes Mellitus (DM) está relacionada diretamente com problemas no pâncreas, sendo que este pode produzir quantidade insuficiente de insulina, não produção desta ou a mesma ser incapaz de exercer sua função com êxito. Geralmente, essa deficiência pode ocasionar hiperglicemia constante e outras complicações, como lesão no coração, olhos, nervos, rins e nas periferias1,2. O DM é uma síndrome decorrente de alterações metabólicas caracterizadas pela hiperglicemia inapropriada, em consequência da ausência de ação biológica da insulina. Este fato ocorre por deficiência de sua secreção ou por impossibilidade de desencadear os eventos resultantes da interação da insulina com seu receptor2. Essa síndrome metabólica caracterizada pela hiperglicemia pode levar a cetoacidose diabética, que é uma das mais sérias complicações agudas típicas do paciente diabético do tipo 1, ela consiste em uma tríade bioquímica de hiperglicemia, cetonemia e acidemia. Esse distúrbio metabólico se desenvolve em uma situação de deficiência insulínica grave ou absoluta, comumente associada a condições estressantes, que levam ao aumento de hormônios contrarreguladores³. A patogênese da cetoacidose diabética (CAD) se instala quando a insulina está em extrema falta na corrente sanguínea, a glicose não consegue penetrar nas células e fornecer energia. Nesta situação o organismo vai exigir outras fontes energéticas que não necessitam da insulina para seu aproveitamento, recorrendo aos depósitos de tecido adiposo. Nesse processo de quebra da gordura são produzidos alguns compostos conhecidos como corpos cetônicos, que serão utilizados como fonte de alimento para as células, juntamente com os ácidos B-hidroxibutírico e o ácido acetoacético. Dessa forma, a carência absoluta ou importante da insulina faz com que se eleve os níveis de ácidos no sangue, tornando-o acidificado, trazendo enorme risco a vida⁴ . Nessa condição o paciente vai apresentar uma hiperglicemia importante.Os sintomas iniciais são: poliúria, polidpsia, polifagia e cansaço. Posteriormente o paciente evoluirá com desidratação, taquicardia, hipotensão, náuseas, êmese, dor abdominal, parestesia, mal-estar, cefaléia e fraqueza. Com a progressão da CAD, pode haver alteração do nível de consciência, embora como só ocorra em cerca de 10% dos pacientes. É importante lembrar que a existência de DM nem sempre é levantada, pois a CAD pode ser a forma de apresentação inicial da doença⁵ . Considerando a gravidade dessa condição, pretende-se por meio deste artigo, fornecer subsídios para a prática clínica de enfermagem no manejo da cetoacidose diabética, visto que, 4 o enfermeiro deve atuar junto ao paciente e familiares com o objetivo de educar e promover o autocuidado para a prevenção de novos episódios de cetoacidose diabética. O DM atualmente vem se tornando uma epidemia de grande preocupação de saúde pública, devido a sua elevada prevalência de morbi-mortalidade em todo o mundo. Ela afeta cerca de 246 milhões de pessoas em todo o mundo e existem, no Brasil, aproximadamente 6 milhões de pessoas adultas portadoras dessa patologia6. A CAD é classificada como a complicação aguda mais grave do diabetes mellitus, visto que cerca de 20% a 30% das cetoacidoses diabéticas ocorrem como manifestação inicial do diabetes mellitus. Os principais fatores que contribuem para a instalação desse quadro são as infecções e a não-aderência ao tratamento. A taxa de mortalidade varia de 4,8% a 9%. A taxa anual foi de 46 por 10.000 diabéticos em um estudo populacional7. Alguns estudos já apresentaram intervenções de enfermagem eficazes ao problema, mas não mostraram efetivos, pois uma vez solucionado o episódio agudo da cetoacidose diabética é necessário recuperar o estado geral do paciente após o excessivo catabolismo protéico e lipídico a que esteve exposto. Nesse sentido faz-se necessário a atuação de uma equipe multiprofissional, para o planejamento de cuidados dietético adequados, no sentido de fazê-lo recuperar o peso corporal mantendo a normoglicemia, denunciando um modelo mecanicista do cuidado4;8. Dessa forma, a equipe de enfermagem deve estar comprometida com a saúde e a qualidade de vida da pessoa, família e coletividade. Ele deve atuar na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, com autonomia e em consonância com os preceitos éticos e legais9. Nesse contexto, sendo a CAD uma emergência clínica e complexa que ameaça a vida, cuja condição máxima se reflete no coma e na morte, é fundamental que a intervenção seja imediata e devidamente embasada em conhecimento técnico científico. Dessa forma, a atuação efetiva da equipe multiprofissional, entre eles o enfermeiro é imprescindível, a fim de obter um tratamento adequado, haja vista, que o enfermeiro é quem permanece maior tempo com o paciente, guia as ações assistenciais, de ensino e de pesquisa, tendo a possibilidade de desenvolver um plano de assistência sistematizado preocupando com a necessidade de ações humanizadas de autocuidado do indivíduo, e o oferecimento e controle, numa base contínua para sustentar a vida e a saúde8. Diante disso surge o questionamento: Qual o perfil das pesquisas científicas relacionadas à atuação do enfermeiro no serviço de emergência na assistência ao cliente com cetoacidose diabética? 5 Diante da relevância do tema apresentado, espera-se que esta pesquisa seja mais uma contribuição para a ciência, visto que ela aborda um problema mundial de saúde, por ser, a cetoacidose diabética, a principal emergência hiperglicêmica atendidas nas unidades hospitalares. Contudo, é de suma importância que os clientes diabéticos adquiram o conhecimento detalhado sobre as ferramentas de autocuidado em diabetes para a melhor adequação do tratamento no seu cotidiano e consequentemente diminuir riscos e índices de complicações. Essa pesquisa também terá relevância aos profissionais de enfermagem, pois eles poderão aperfeiçoar suas técnicas baseadas nas necessidades dos clientes sujeitos do estudo. Melhora-se assim, a relação dos profissionais de saúde, presente como educador em diabetes, com seus pacientes em cetoacidose diabética. Acredita-se que o conhecimento e as dificuldades levantadas nessa pesquisa são de suma importância, pois serve de subsídio para a elaboração de planos de cuidados específicos voltados às necessidades dos pacientes em cetoacidose diabética em emergências clínicas, facilitando o atendimento de enfermagem e educando os pacientes em relação ao autocuidado e, consequentemente, diminuindo as complicações decorrentes da hiperglicemia. 2 Objetivos Identificar e analisar as pesquisas científicas relacionadas a atuação do enfermeiro no serviço de emergência na assistência ao cliente com cetoacidose diabética em publicações na Biblioteca Virtual em saúde no período de 2002 a 2012. 3 Materiais e Método Trata-se de um estudo do tipo bibliográfico e exploratório, da literatura disponível em bibliotecas convencionais e virtuais. A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, em documentos impressos, como livros, decorrente de pesquisa anteriores, artigos e teses. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos10. Esse tipo de pesquisa abrange toda a bibliografia já tornada pública, em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas e monografias. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto. Ele ainda afirma que a pesquisa 6 bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras11. Após a definição do tema foi feita uma busca em bases de dados virtuais em saúde, especificamente na Biblioteca Virtual de Saúde - Bireme. Foram utilizados os descritores: Assistência de Enfermagem, Diabetes Mellitus, Cetoacidose Diabética, Emergência. O passo seguinte foi uma leitura exploratória das publicações apresentadas no Sistema Latino- Americano e do Caribe de informação em Ciências da Saúde - LILACS, Scientific Electronic Library online – Scielo, banco de teses USP, no período de 2000 a 2010, caracterizando assim oestudo retrospectivo. Realizada a leitura exploratória e seleção do material, principiou a leitura analítica, por meio da leitura das obras selecionadas, que possibilitou a organização das idéias por ordem de importância e a sintetização destas que visou a fixação das idéias essenciais para a solução do problema da pesquisa12. Após a leitura analítica, iniciou-se a leitura interpretativa que tratou do comentário feito pela ligação dos dados obtidos nas fontes ao problema da pesquisa e conhecimentos prévios. Na leitura interpretativa houve uma busca mais ampla de resultados, pois ajustaram o problema da pesquisa a possíveis soluções. Feita a leitura interpretativa se iniciou a tomada de apontamentos que se referiram a anotações que consideravam o problema da pesquisa, ressalvando as idéias principais e dados mais importantes12. A partir das anotações da tomada de apontamentos, foram confeccionados fichamentos, em fichas estruturadas em um documento do Microsoft Word, que objetivaram a identificação das obras consultadas, o registro do conteúdo das obras, o registro dos comentários acerca das obras e ordenaçãodos registros. Os fichamentos propiciaram a construção lógica do trabalho, que consistiram na coordenação das idéias que acataram os objetivos da pesquisa. Todo o processo de leitura e análise possibilitou a criação de três categorias. Os resultados foram submetidos a leituras por professores da Universidade Católica que concordaram com o ponto de vista dos pesquisadores. A seguir, os dados apresentados foram submetidos à análise de conteúdo. Posteriormente, os resultados foram discutidos com o suporte de outros estudos provenientes de revistas científicas e livros, para a construção do relatório final e publicação do trabalho no formato Vancouver. 4 Resultados e Discussão 7 Nos últimos dez anos ao se buscar as Bases de Dados Virtuais em Saúde, tais como LILACS, MEDLINE, e SCIELO utilizando-se as palavras-chaves Assistência de Enfermagem, Emergência, Diabetes Mellitus e Cetoacidose Diabética encontrou-se 19 artigos publicados entre 2002 e 2012. Foram excluídos 09, por não se referirem a CAD, sendo, portanto, incluídos neste estudo 10 publicações. Após a leitura exploratória dos mesmos, foi possível identificar a visão de diversos autores a respeito da atuação do enfermeiro no serviço de emergência na assistência ao cliente com cetoacidose diabética. 4.1 O enfermeiro deve avaliar o stress, a infecção aguda e o tratamento insulínico inadequado. Como a cetoacidose diabética é uma das mais sérias complicações agudas do diabetes mellitus, e a equipe de enfermagem lida diretamente com esse grupo de pacientes. É de suma importância que o profissional seja capaz de identificar e prevenir os fatores desencadeantes dessa patologia. Dessa forma, foram levantados os principais fatores precipitantes da cetoacidose diabética citados em 9 dos 10 artigos: o estresse; a infecção aguda e o tratamento insulínico inadequado, como pode ser notado nas falas dos autores abaixo: Em 2003 um estudo evidenciou que os fatores precipitantes da cetoacidose são, em usa maioria, de natureza infecciosa aguda, frequentemente associados ou não, ao tratamento insulínico interrompido ou inadequado ás condições do paciente. Situações agudas estressantes, tanto de causa emocional isolada como acompanhando quadros orgânicos graves de acidentes vasculares e pancreatites agudas3. Já em 2006 as possíveis causas para o desenvolvimento da cetoacidose diabética são: história de diabetes melito tipo I, Infecção (embora o estresse de uma infecção aumente a necessidade de utilização de glicose, muitos clientes diabéticos não tomam as suas doses de insulina diária, pois a infecção diminui o apetite, isto resulta em hiperglicemia, mesmo com a redução da ingesta oral), estresse, aumento da ingestão de alimentos sem ajuste adequado de insulina e administração de insulina exógena inadequada13. De acordo com um estudo realizado em 2010 os fatores precipitantes para a cetoacidose diabética são: infecção, situações de estresse físico, como procedimentos cirúrgicos, trauma, acidente vascular cerebral, infarto agudo do miocárdio, oclusão periférica, processos neoplásicos, doenças agudas de qualquer natureza, abuso na ingestão de álcool e de cocaína, uso de drogas hiperglicemiantes, educação inadequada da condição de diabetes tipo I ou omissão do tratamento insulínico14. Confirmando o que foi dito anteriormente há um estudo que reforça as possíveis causas de cetoacidose diabética incluem um histórico de diabetes; infecção; administração imprópria ou inadequada de insulina; aflição emocional; diminuição dos exercícios e aumento da ingestão alimentar15. 8 Interpretando as falas defendidas pelos autores citados acima, pode-se perceber que não há discordâncias, mas existem outros fatores precipitantes tão importantes como os que foram citados em comum, tais como: causas emocionais, quadros orgânicos graves, aumento da ingestão de alimentos, abuso no uso de álcool e cocaína, uso de drogas hiperglicemiantes e diminuição dos exercícios3,13,14,15. Conclui-se que o enfermeiro deve ser criterioso ao avaliar os fatores precipitantes da CAD, visto que cada paciente apresenta uma individualidade para o desenvolvimento dessa patologia. 4.2 O enfermeiro deve avaliar os sinais e sintomas frente ao paciente com CAD. Para avaliar os sinais e sintomas, o enfermeiro deve conhecer intimamente a fisiopatologia geradora deste quadro clínico. Este conhecimento permite a detecção precoce da CAD e leva o enfermeiro a agir rapidamente no intuito de atingir a estabilização hemodinâmica para evitar agravos provenientes do quadro. Dessa forma, foram levantados, os principais sinais e sintomas citados em 9 dos 10 artigos: - Desidratação; - Dor abdominal; - Alterações neurológicas; - Alterações hidroeletrolíticas; - Alterações metabólicas; - Alterações respiratórias. Dos dez autores, nove apresentaram a desidratação como um sinal clínico, percebido através de mucosas hipocoradas e ressecado, turgor cutâneo diminuído e língua pregueada. A polifagia, polidipsia e poliúria são manisfestações clínicas que antecedem o quadro de CAD, podendo o paciente também apresentar cansaço, fadiga, náuseas e vômitos5,7. O nível de consciência pode apresentar alterações, um consenso encontrado nos dez autores pesquisados. Com o desequilíbrio hidroeletrolítico e metabólico, a função do sistema nervoso central sofre repercussões variadas, apresentando desde estados leves de sonolência, torpor e confusão mental até a evolução de um coma profundo3. Alterações hidroeletrolíticas é uma condição da CAD, apontada por todos os autores, pois o estado de hiperglicemia acarreta no desequilíbrio osmótico plasmático das 9 concentrações de eletrólitos presentes no organismo. Os distúrbios eletrolíticos podem estar acentuados pela presença de náuseas e vômitos, além de uma perda excessiva renal 3. A dor abdominal foi citada pelos dez autores pesquisados. Associam à dor abdominal os distúrbios hidroeletrolíticos e metabólicos apresentados durante a CAD, podendo o paciente apresentar melhora com o tratamento. A dor abdominal deverá ser investigada em pacientes que não apresentam acidose metabólica grave ou após reversão da CAD 3,7. O ritmo respiratório irregular presente na CAD é caracterizado por movimentos amplos e acelerados, conhecido como hiperventilação de Kuusmaul 4,5. A glicosúria provocada pelo alto teor de glicose estimula a diurese osmótica e o organismo passa a perder água e eletrólitos consideravelmente a ponto de desencadear uma franca desidratação com queda da pressão arterial 4. A acidose metabólica é uma alteração observada devido ao quadro de deficiência insulínica juntamente com altos níveis dos hormônios antagonistas da insulina. Esta proporção gera quantidades de ácidos graxos livres na circulação, que ao atingirem o fígado, podem ser esterificados no interior do plasma ou betas oxidados na mitocôndria, formando corpos cetônicos, originando a acidose metabólica8. “A avaliação dos sinais e sintomas inerentes ao quadro patológico de CAD aliado a monitorização dos exames laboratoriais, do grau de hidratação, das condições cardiovascular, respiratória e neurológica é essencial para a adoção de intervenções adequadas” 8. Percebe-se que nos últimos oito anos os estudos e argumentos acima demonstram que o enfermeiro tem um papel importante quanto à identificação dos sinais e sintomas da CAD, visto possuir formação e compreensão sobre fisiopatologia envolvida neste quadro. Seu raciocínio clínico permite estabelecer parâmetros de recuperação para este paciente. A imediata intervenção é decisiva, e a mesma só é possível com a identificação dos sinais e sintomas precocemente. 4.3 Intervençõesterapêuticas de enfermagem ao paciente com cetoacidose diabética Após a avaliação primária do paciente por meio dos sinais e sintomas o enfermeiro deve traçar o seu plano de assistência elaborando intervenções. A prioridade da terapia é o reconhecimento e o tratamento das complicações que ameaçam a vida como: choque hipovolêmico, distúrbios eletrolíticos e ácido-básicos. Posteriormente, é que será iniciada a insulinoterapia e a reeducação alimentar 16. 10 O primeiro passo diante de um paciente em CAD é garantir‐lhe uma condição básica de sobrevida, com preservação da permeabilidade de suas vias aéreas, sua respiração e sua circulação 8. As intervenções citadas em 6 dos 10 artigos reforçam que a terapia médica baseia-se na hidratação, na insulinoterapia e na correção das condições médicas associadas como anormalidades hidroeletrolíticas. Já as intervenções de enfermagem no intra-hospitalar foram citadas em 6 dos 10 artigos, e os cuidados mais levantados foram os seguintes na ordem de prioridades 4,8,13,14,15,17: -Realizar teste de glicemia capilar a cada três horas, ou seguindo orientação médica. - Fazer quadro do controle do teste de glicemia capilar e anotar os resultados; -Puncionar acesso venoso de grosso calibre; -Administrar a reposição eletrolítica e ou bicarbonato de sódio, conforme ordem médica; -Monitorar os sinais vitais continuamente; -Estabelecer monitoração hemodinâmica rigorosa, visto que a situação de hipovolemia acentuada pode-se manifestar através dos sinais de aumento da frequência cardíaca e diminuição da pressão arterial; -Avaliar constantemente o nível de consciência; -Fazer o esquema de insulinoterapia conforme prescrição médica, anotando a quantidade e a região aplicada, fazer o rodízio de aplicação; -Manter o paciente em posição semi-Fowler para facilitar a expansão pulmonar e reduzir o risco de aspiração; -Realizar balanço hídrico diário para fornecer uma estimativa contínua das necessidades de reposição do volume, funcionamento renal e eficácia da terapia; -Controlar a perfusão tecidual, pois é um indicador importante de hidratação e adequação de volume circulante; - Monitorar exames laboratoriais visando avaliar a eficácia da terapia implementada; 11 - Estar atento as queixas do paciente, principalmente com relação a cãibras, pois o potássio pode diminuir, o que pode levar à hipoglicemia rapidamente; -Proporcionar a manutenção da integridade cutânea e adequada higiene oral com a finalidade de prevenir risco de infecção; -Observar a aceitação da dieta, respeitando e orientando quanto aos intervalos das refeições. A atuação de enfermagem e as principais intervenções terapêuticas junto aos pacientes hospitalizados em decorrência de cetoacidose diabética têm por objetivos bloquear a cetogênese, corrigir a desidratação, a hiperglicemia e os desequilíbrios eletrolítico e ácido- básico 4. Diante da cetoacidose diabética o enfermeiro deve atuar observando nível de consciência, controlar o paciente hemodinamicamente (por meio de exames laboratorais), controlar o padrão respiratório, controle da perfusão tecidual, monitorar o balanço hídrico, observar presença de náuseas, vômitos, dor abdominal e distensão gástrica, posicionar cabeceira elevada e prevenir risco de infecção 14. É fundamental o tratamento adequado e eficaz na prevenção da CAD, uma vez que, na maioria das vezes, o paciente pode vir a ser prevenido através da orientação correta e eficiente. Indivíduos acometidos por diabetes mellitus (DM) necessitam realizar a monitorização domiciliar da glicemia capilar regularmente e também devem ser orientados a realizar testes para pesquisa de cetonas na urina ou sangue caso haja hiperglicemia persistente (≥ 300 mg/dl ou 250 mg/dl), em casos selecionados, especialmente em vigência de doenças intercorrentes, como as infecções 8. Os estudos evidenciam, portanto que o enfermeiro possui um papel relevante, não somente no ponto de vista prático, mas também do científico, educativo e humano, oferecendo ao paciente cuidados específicos e informações relacionados à patologia, diminuindo assim o desenvolvimento da CAD e as suas possíveis complicações. 5 Considerações finais A assistência de enfermagem e a detecção precoce dos sinais e sintomas e dos desvios de comportamentos metabólicos são peças chaves a fim de evitar futuras complicações a pacientes com distúrbios de cetoacidose diabética. Dessa forma, vale ressaltar que tratar complicações hiperglicêmicas exige agilidade e segurança do profissional de saúde. O estudo realizado evidencia que o paciente com CAD deve ser tratado em uma unidade de terapia intensiva ou semi- intensiva, mas esse paciente na maioria das vezes já chega com esse quadro instalado no pronto-socorro, dessa forma o enfermeiro que atua nesse ambiente 12 precisa prover de um programa cuidadoso que deverá ser instituído até a recuperação ou transferência do paciente. Portanto, é imprescindível que os profissionais da saúde, no âmbito primário, secundário e terciário da assistência, estejam capacitados e desenvolvam ações de cuidado em saúde visando maior envolvimento do doente e participação da família no controle da doença crônica, sendo este um desafio para as equipes de saúde. Acreditamos que, quando se estabelecerem melhores relações enfermeiros-pacientes- família-comunidade, utilizando abordagens inovadoras, superando o tradicionalismo, o crescimento à adesão ao tratamento será observado por todos. É necessário refletir sobre a necessidade do Enfermeiro torna-se um profissional mais ativo e criativo, superando a visão biomédica e curativista com a clientela a quem presta assistência. 6 Referências 1-Faeda A, Martins Ponce de Leon CGR. Assistência de enfermagem a um paciente portador de Diabetes Mellitus. Revista Brasileira de Enfermagem 2006; 59: 818-821. Disponível em: <.http://www.scielo.br/scielo.php?pid =S003471672006000600019&script =sciarttext> Acesso em: 23 jul. 2011 2- Marcondes José Antonio Miguel et al. Geriatria: fundamentos, clínicas e terapêuticas. 2.ed. São Paulo: Atheneu; 2006. p. 387-406. 3- Freitas-Foss MC & Foss MC. Cetoacidose Diabética e Estado Hiperglicêmico Hiperesmolar. Medicina, Ribeirão Preto, 36: 389-393, abr/dez. 2003. 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