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TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS (ATE AVAL)

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TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
1. NOÇÕES DE CRÉDITO
A palavra crédito, etmologicamente, vem do latim creditum, credere (confiança, crença), pois importa em ato de fé do credor que acredita na promessa de pagamento que lhe faz o devedor. Caracteriza a realização de uma prestação presente, executada pelo credor, tendo por contrapartida a promessa de realização de uma prestação futura, a ser satisfeita pelo devedor. 
Assim, crédito pode ser definido como: “operação mediante a qual alguém efetua uma prestação presente, contra uma promessa de uma prestação futura...” Trata-se de uma síntese perfeita de troca de bens presentes por bens futuros.
Do conceito econômico de crédito decorrem os seguintes elementos: confiança (entrega da mercadoria ou dinheiro e a crença do pagamento e o tempo (o intervalo entre a prestação – mercadoria ou dinheiro – realizada pelo credor e aquele a ser desempenhada pelo devedor). 
A superação daquele vínculo estático, estanque, imóvel, entre credor e devedor, permitiu que o crédito, correspondente àquele vínculo, pudesse ser transposto para um documento, fazendo com que esse documento pudesse ser objeto de transações, de negócios, de transferência autônoma de direitos, desprendendo-se daquela relação entre credor e devedor. Surgiram então os títulos de créditos. Quando o direito que resulta da operação de crédito estiver contido num documento físico ou eletrônico, sem o qual ele não pode ser exercido, onde o documento é essencial ou indispensável à existência e a exigibilidade autônoma do direito, defronta-se então com o título de crédito.
2. ORIGEM
Originalmente, adotou-se como instrumento de trocas os produtos de uso comum, como gado e sal. Posteriormente, surgi a fase financeira e com ela a moeda-papel. Assim, a economia que antes era de economia natural passa-se para a fase monetária. 
Finalmente da economia monetária chegou-se à economia creditória, ampliando-se, como se vê, o conceito de troca. Muitos afirmam, que a economia moderna é a economia creditória. Com surgimento dos títulos de credito o dinheiro em espécie é substituído. Os títulos de credito desempenham uma extraordinária função econômica, proporcionando uma aplicação fácil ao capital particular.
Os títulos de crédito tiveram sua origem na Idade Média, provavelmente no século XIII, surgindo com a exigência de um documento para firmar acordos financeiros. Com as feiras de mercadores existentes neste período, foi necessário ter uma forma de trocar os vários tipos de moeda que circulavam, além de que na época os assaltos eram freqüentes. Havia dois tipos de câmbio, o manual e o trajetício.
A partir do século XV, os títulos de crédito foram evoluindo em diferentes lugares da Europa, buscando satisfazer os interesses dos comerciantes da época. Em Roma, não tinha documento que provasse a existência dos títulos de crédito, mas, no chamado período italiano (até 1673), o comércio funcionava com base na confiança, ou seja, usava-se do câmbio trajetício apenas para trocar documento por moeda. Já no período francês (1673 a 1848), os títulos de crédito passam a ser instrumento de pagamento, nessa época surge o endosso, e não podiam ser abstratos, teriam que apresentar causa específica e provisão de fundos, ou seja, apenas com saldo disponível o título seria pago. 
No período alemão (1848 a 1930) surgiu o título de crédito propriamente dito. Nessa época, o título se tornou abstrato, não tinha causalidade e nem exigência de fundos, mas existia o aceite, dado pelo sacador, atribuindo responsabilidade de pagamento ao sacado. Começou, assim, o processo de conceituação dos títulos de crédito, além de conferências para elaborar uma legislação uniforme, realizadas na cidade de Haia, Suíça.
A uniformização das leis dos títulos de crédito aconteceu no período moderno (1930), nesta fase, os países se reuniram para criar uma legislação única, que foi denominada Lei Uniforme de Genebra. O Brasil incorporou esta lei apenas em 1966, através do Decreto 57.663/66, sendo que antes a nossa lei era pelo Decreto 2.044/1908.
3. CONCEITO DE TÍTULO DE CREDITO
O conceito que melhor define título de crédito é de Cesare Vivante: “Título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado. A conceituação de Vivante é aceita pela unanimidade da doutrina comercialista e sintetizadora dos principais elementos da matéria cambial. 
Tal definição foi adotada pelo Código Civil de 2002 no seu art. 887: “O título de credito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeitos quando preencha os requisitos da lei”
O título de crédito consiste num documento que corporifica um crédito, que se materializa num documento e vale por aquilo que esta nele escrito, e que, ao mesmo tempo, é autônomo frente a relação jurídica originária, contando com uma série de obrigações juridicamente destacadas que vão sendo assumidas nos títulos de crédito independente das outras. 
Os títulos de crédito são documentos representativos de obrigação pecuniárias. Não se confundem com a própria obrigação mas se distinguem dela na exata medida em que a representam.
Uma obrigação pode ser representada por diferentes instrumentos jurídicos. Se uma pessoa agindo com culpa, provoca, com seu automóvel, danos em bens de propriedade alheia, deste ato ilícito surgirá a obrigação no sentido de indenizar os prejuízos decorrentes. Se o devedor credor estiver de acordo quanto a existência da obrigação e também quanto ao valor da indenização esta pode ser representada por um título de crédito. Se não concordam com a existência da obrigação ou seu valor somente outro título poderá documentar a obrigação: título judicial.
As obrigações representadas em um título de crédito ou tem origem extracambial, como no exemplo acima, ou de um contrato de compra e venda, ou de mútuo etc., ou tem origem exclusivamente cambial, como na obrigação do avalista.
Um credor que possui um título de crédito tem a seu favor uma negociação mais fácil do credito decorrente da obrigação representada (negocialidade); de outro lado a cobrança judicial de um crédito documento por este tipo de instrumento é mais eficiente e célere (executividade). 
Os títulos de crédito são definidos em lei como títulos executivos extrajudiciais (CPC, art. 585,I), possibilitando a execução imediata do valor. 
Assim, o documento que preencha os requisitos da lei, do próprio código civil, ou de leis anteriores que já dispunham sobre a matéria de títulos de crédito, como a LEI DO CHEQUE, a LEI DA DUPLICATA etc...o documento que contiver os requisitos previstos em lei passa a ter a natureza de título de crédito
Para Fábio Ulhoa são três as características que distinguem os títulos de crédito dos demais documentos representativos de direitos e obrigações: o fato dele referir-se unicamente a relações creditícias; sua facilidade na cobrança do crédito em juízo (não há necessidade de ação monitória); e, finalmente, pela fácil circulação e negociação do direito nele contido. 
Para melhor explicar o título de crédito, podemos compará-lo a um contrato privado. O contrato, instituto de Direito Civil, apresenta diversos princípios, como: a autonomia da vontade; a capacidade das partespara contratar; e objeto lícito. Na prática, o contrato, devido ao subjetivismo das partes, não se transfere por mera circulação, ou seja, não há efeitos se ocorrer transmissão do mesmo, pois este ato jurídico fica restrito às partes contratantes. Já os títulos de crédito, têm a confiança e o tempo como elementos incorporados. A confiança é necessária, pois, o crédito se assegura numa promessa de pagamento, e como tal, deve haver entre o credor e o devedor uma relação de confiança. O tempo é fundamental, visto que no sentido do crédito é o pagamento futuro que configura a promessa, pois, o adimplemento à vista, inutilizaria a devolução posterior do valor. 
4. CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOSDE CRÉDITOS
Dentre as várias características dos títulos de crédito pode-se destacar a negociabilidade, a executividade, a tipicidade, a circulabilidade, o formalismo e a co-obrigação:
A negociabilidade decorre da facilidade de circulação do crédito, como diz Fábio Ulhoa, “possibilita uma negociação mais fácil do crédito decorrente da obrigação representada”;
A executividade resulta numa maior eficiência na cobrança, ou seja, existindo um documento provando o crédito, a cobrança judicial é mais eficiente e rápida;
A tipicidade significa ter uma lei específica que regule os títulos de crédito, como está posto no artigo 903 do Código Civil Brasileiro;
A circulabilidade traz maior benefício ao mundo econômico, garantindo maior rapidez na circulação de valores, seja através do endosso, seja pela simples tradição, quando ocorre transmissão de todos os direitos inerentes ao título de crédito;
O formalismo está presente no título através de seus requisitos, sendo necessário documento e declaração de vontade, ou seja, assinatura dos interessados;
5. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO CAMBIÁRIO
Os princípios norteadores do direito cambiário também podem ser considerados características marcantes dos títulos de crédito. Dos princípios que disciplinam o regime jurídico dos títulos de crédito, destacam-se a cartularidade, literalidade e autonomia.
Quando o art.887 do Código Civil menciona “o título de crédito documento necessário” enfatiza o principio da cartularidade pelo qual o título de crédito se cristaliza, se materializa num documento, num suporte físico ou virtual. 
Quando fala: “ao exercício do direito literal”, o Código invoca a literalidade, pois o título de crédito vale por aquilo que nele esta contido, e não por elemento fora do titulo. Outrossim, somente tem natureza de título de crédito aquelas obrigações previstas no título e às quais a lei confere natureza típica de direito cambial (de título de crédito). Pela literalidade não há obrigação assumida fora do título e nem tudo, só porque esta contido no título, vai ter automaticamente a natureza e eficácia própria dos títulos de crédito, mas somente aquilo que a lei reconhecer como tal.
No mesmo artigo consta a expressão “autônomo”, ressaltando a autonomia. Ao contrário do que ocorre com as relações tipicamente civis. Exemplo: uma fiança é acessória a uma obrigação principal; já o aval é independente em relação às demais obrigações.
5.1 Cartularidade: 
O princípio da cartularidade, também chamado incorporação, exige documento no aspecto físico: se o direito está incorporado ao documento, e o mesmo some, desaparece o direito. O que se pode notar, é que este princípio de acordo com as evoluções da informática tem sido alvo de várias discussões, pois, será possível emitir títulos de crédito pela internet? Realmente, se precisa da cártula para que se considere o título de crédito válido, é necessário, então, um papel para que neste seja lançado o crédito, e assim, provar o direito ao valor. Com isso, não se pode conferir a mesma garantia a cópias autênticas. A cartularidade busca evitar um enriquecimento indevido, a boa fé de terceiros e o direito de regresso. 
Fábio Ulhoa diz que pelo princípio da cartularidade o credor do título de crédito deve provar que se encontra de posse do documento para exercer o direito nele mencionado, o que se conclui é que, no regime jurídico-cambial a presença do documento no aspecto físico é essencial para que se tenha direito à titularidade do crédito e que possa transferir o título exercendo a negociabilidade. A posse da cártula também garante a executividade, pois só com a existência de um título é que se pode entrar diretamente com o processo de execução. 
5.2 Literalidade
O princípio da literalidade é aquele em que só valerá o que está escrito no título de crédito, sendo nulo qualquer outro documento apartado em relação ao portador do título. No que diz respeito a este princípio, pode-se observar que as garantias e direitos serão exclusivamente as que estão presentes no conteúdo do título. O valor descrito não pode ser ultrapassado, e mesmo que o valor devido seja menor do que o do título, todo o montante registrado no mesmo deverá ser pago. A literalidade firma todas as obrigações das pessoas que assinaram a cambial, permitindo posteriormente, cobrar a totalidade do devedor, pelo fato do crédito poder ser transacionado. Este princípio garante a facilidade da circulação do crédito incorporado ao título.
5.3 Autonomia
Autonomia caracteriza-se pela independência das obrigações assumidas, ou seja, a obrigação que o devedor criou ao assinar o título de crédito independente da obrigação que deu causa à sua existência.
O princípio da autonomia diz que  cada obrigação representada pelo título de crédito é autônomo e o vício de uma obrigação não gera invalidade do título e nem contamina as demais obrigações. Assim, o portador do título de crédito poderá cobrar o devedor principal (aquele que emitiu o título) para cumprir o negócio jurídico ajustado que gerou o título.
Sem o princípio da autonomia não seria possível haver circulação dos títulos de crédito no mercado, já que o vendedor ou prestador de serviço necessariamente precisaria conhecer todos os negócios jurídicos realizados com aquele título de crédito. Isso seria muito oneroso e iria atravancar os negócios de modo geral. Com o princípio da autonomia o vendedor apenas recebe o título de crédito e vai ao devedor que emitiu o título cobrar a dívida representada pela cártula, independente dos negócios realizados com o título de crédito.
Em resumo, o vício de uma obrigação representada pelo título de crédito não contamina as demais negociações realizadas com o título de crédito.
Assim, verifica-se que o direito cambiário (direito representado pelo título de crédito) se depreende do negócio jurídico que lhe deu origem.  Se o negócio jurídico que deu origem ao título de crédito vier a estar viciado  o título não será.
Vale descarta que o principio da autonomia possui como subprincípio o da inoponibilidade das exceções pessoais. De acordo com ele, quem for demandado em virtude de um título, não pode opor-se ao terceiro de boa-fé, salvo se provar má-fé entre os envolvidos na relação anterior. Se o terceiro souber de fato oponível ao credor anterior do título, isso pode ser suficiente para caracterizar a má-fé. O artigo 17 da Lei Uniforme de Genebra assim dispõe: “As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, ao menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor”. Este sub-princípio também está descrito no artigo 916 do Código Civil Brasileiro.
6. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
6.1 Quanto ao modelo 
 - Livre: títulos de crédito cuja forma não precisa observar um padrão normativamente estabelecido. Os seus requisitos devem ser cumpridos para que se constituam títulos de crédito, mas a lei não determina uma forma específica para eles. São exemplos a nota promissória e a letra de cambio.
- Vinculado: reúne títulos de crédito aos quais o direito definiu um padrão para o preenchimento dos requisitos específicos de cada um. São exemplos o cheque e a duplicata. Mesmo que se lancem , em um instrumento diverso, todos os requisitos que a lei estabelece para o cheque, este instrumento não será título de crédito, não produzirá os efeitos jurídicos do cheque. Ou seja, um cheque somente será cheque se lançado no formulário próprio fornecido, por talão, pelo próprio banco sacado.
6.2 Quanto à estrutura
 - Ordem de pagamento: nos títulos que contem “ordem de pagamento” a obrigação deverá ser cumprida por terceiros. O saque cambial pode dar nascimento a três situações jurídicas distintas: a de quem dá a ordem, a do destinatário da ordem e a do beneficiário da ordem de pagamento. A letra de cambio, o cheque e a duplicatasão ordem de pagamento.
O saque, na linguagem do direito comercial, é o ato pelo qual a pessoa, que se entende credora de outrem, expede contra este uma ordem de pagamento, em favor próprio ou de um terceiro, para que se cumpra por conta de fundos, ou de crédito, em poder do mesmo. É, assim, o meio de que se utiliza o credor para receber do devedor parte ou a totalidade de haveres, determinados em dinheiro, que possue em seu poder. Por isto que, ao tornar-se devedor o comprador, o credor deste, para receber seu crédito, deve sacar contra o comprador, emitindo uma ordem de pagamento. Tal ordem, no caso da lei mercantil brasileira, consubstancia-se na duplicata.
A letra de câmbio é uma ordem de pagamento passada à vista, a dia certo, a certo termo da vista e a certo termo da data. O cheque é uma ordem de pagamento unicamente à vista. 
- Promessa de pagamento: apenas duas situações jurídicas distintas emergem do saque cambial: a de quem promete pagar e a do beneficiário da promessa. Neste contexto, está a nota promissória, a cédula de crédito industrial e rural.
6.3 Quanto às hipóteses de emissão
- Abstratos ou não causais: podem se criados a partir de qualquer relação jurídica, sem que a sua emissão esteja condicionada a alguma situação prevista em lei. A letra de cambio e a nota promissória podem ser sacadas diante de qualquer hipótese.
 - Causais ou cambiariformes: são aqueles que somente podem ser criados a partir da ocorrência de uma situação expressa e legalmente prevista. Nesses títulos a lei prevê uma determinada situação para a criação dos títulos e apenas diante dessa situação é que esta autorizada a emissão. È um exemplo a duplicata.
6.4 Quanto à circulação
 - Nominativos: aqueles que trazem em seu bojo o nome do titular ou beneficiário, também chamado de tomador, designando-o expressamente. 
Podem ser “à ordem” quando poderão ser endossados. “À ordem’ admite endosso em preto (que indica o nome do endossatário) ou em branco quando não se menciona o nome do endossatário e o titulo passa a circular ao portador. 
Já o título “não à ordem” é aquele em que esta proibido o endosso. Essa cláusula pode ser inserida pelo sacador e, assim, desnaturar todo e qualquer endosso que venha a ser feito na letra de câmbio, ou pode ser inserida por um endossante, proibindo que o título seja novamente endossado. Nessa caso, a transferência do crédito operar-se-á por cessão civil de crédito.
Em suma, no endosso você somente poderá defender-se da cobrança do título alegando a quitação. No caso da cessão civil você poderá argüir, por exemplo, que referido crédito é fruto de agiotagem, prática ilegal em nosso direito.
O endosso é autônomo e independente,ou seja não transfere direito derivado.O endossante que for executado pelo portador não poderá alegar ao portador do título as defesas que ele tinha contra a pessoa para quem ele endossou o título. 
Já na cessão civil o devedor pode alegar contra o cessiónario todas as defesas que ele tinha contra o cedente , uma vez que a cessão civil transfere direito derivado
- Ao portador: são aqueles que, por não identificarem o seu credor, são transmissíveis por mera tradição. Eles possuem a cláusula “ao portador”, ou mantêm em branco o nome do beneficiário.
ENDOSSO
O endosso é mecanismo próprio de transferência de um título de crédito. Aquele que transfere o título é o endossante ou endossador. Na outra ponta está o endossatário, que recebe o título. É o ato cambiário que opera a transferência do crédito representado por titulo à ordem. Ressalta-se que a clausula 
Por meio do endosso o credor pode negociar o crédito por ele representado mediante um ato jurídico transladador da titularidade do crédito, de efeitos cambiais. 
Conceitua-se, então, endosso como o ato cambiário que opera a transferência do crédito representado por título “à ordem”. É claro, a alienação do crédito fica, ainda, condicionada à tradição do título, em decorrência do principio da cartularidade. 
A cláusula “à ordem” pode ser expressa ou tácita. Ou seja, basta que não tenha sido inserida a cláusula “não a ordem” para que o titulo seja transferível por endosso (LU, art. 11). Em contrapartida, a circulação de um título de crédito por via de endosso pode ser proibida com a inserção da cláusula “não à ordem”, conforme o art. 11 da Lei Uniforme.
Com o endosso, o endossante, evidentemente, deixa de ser o credor do título, posição jurídica que passa a ser ocupada pelo endossatário. Também é evidente que somente o credor pode alienar o crédito, e, portanto, somente o credor pode ser endossador.
Não há qualquer limite para o número de endossos de um título de crédito; ele pode ser endossado diversas vezes, como pode, simplesmente, não ser endossado.
EFEITOS DO ENDOSSO
Em regra, o endosso produz dois efeitos:
 a) transfere a titularidade do crédito representado na letra, do endossante para o endossatário; 
b) vincula o endossante ao pagamento do título, na qualidade de coobrigado. 
O endosso é ato transmissível de direito, continuando, porém, o transmissor como responsável pelo pagamento. Mas o endossatário sucede ao endossante apenas na propriedade do título e não em suas relações jurídicas. Seu direito é autônomo e deriva da própria assinatura do alienante. A responsabilidade do endossante é autônoma e independente. Daí poder aquele exigir o pagamento, mesmo que falte causa á relação jurídica do alienante e não seja possível opor ao endossatário as exceções pessoais de seus antecessores. Disso conclui-se: não é possível opor ao terceiro portador de boa-fé a exceção de ilicitude do ato que deu origem ao título. Mesmo que seja vicioso o direito dos endossantes precedentes, o endossatário de boa-fé é o legitimo proprietário do título, porque, no conflito entre proprietário formal e o efetivo, aquele leva a melhor. A clausula “à ordem” permite ao título purificar-se dos vícios que o possam infestar.
ENDOSSO PARCIAL
A lei veda ao endossante limitar o endosso a uma parte do valor da letra, considerando-se NULO o endosso parcial (LU, art.12; CC, art. 912, parágrafo único). 
LANÇAMENTO DO ENDOSSO.
O endosso, como declaração acessória, deve ser lançado no verso do título sob pena de não produzir efeitos cambiais.
Resulta-se do endosso da simples assinatura do credor, de próprio punho, do título lançado no seu verso. O endosso poderá, também, ser feito no anverso do título, mas, neste caso, é obrigatória a identificação do ato cambiário praticado, ou seja, não poderá o endossante limitar-se a assinar a letra. 
ESPÉCIES DE ENDOSSO - Há duas espécies de endosso:
1) Endosso em preto: é aquele que menciona expressamente o nome do endossatário, isto é, do beneficiário do endosso.
É indispensável a assinatura do próprio punho do endossante ou de mandatário especial, como indispensável a indicação do endossatário.
2) Endosso em branco: omite-se o nome do endossatário, limitando-se o endossante a firmar, de próprio punho, a sua assinatura no verso do título.
O endosso em branco dá ao título a semelhança de um título ao portador. A transmissão se efetua pela simples tradição; o possuidor nenhuma responsabilidade assume. 
O endosso em branco em qualquer tempo poderá ser transformado em preto, bastando para isso, expressa menção do endossatário.
Exemplo de endosso “em branco”: Pague-se”.
ENDOSSO-PÓSTUMO: A Lei Uniforme, no seu art.20, declara que o endosso posterior ao vencimento tem os mesmos efeitos que o endosso anterior. Somente o endosso posterior ao protesto por falta de pagamento, ou feito depois de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto, produz os efeitos d de uma cessão ordinária de crédito, isentando o endossante da vinculação cambial.
Há alguns endossos que produzem efeitos de cessão civil de crédito. Ou seja, endossos em que o endossante não responde, em regra, pela solvência do devedor e em que o endossatário não adquire obrigação autônoma. São duas as hipóteses deendossos com efeitos de cessão civil de crédito, a saber: endosso praticado após o protesto por falta de pagamento; b) endosso com cláusula “não à ordem”.
Qual seria então a diferença entre endosso e cessão civil de crédito? Primeiramente, endosso é o ato pelo qual o credor de um título de crédito com a cláusula à ordem transmite os seus direitos à outra pessoa. Já a cessão civil é o ato jurídico translador da titularidade de crédito de efeitos não-cambiais. Esta difere do endosso em dois níveis: quanto a extensão da responsabilidade do alienante do crédito perante o adquirente e quanto aos limites do devedor em face da execução do crédito pelo adquirente.
Quanto ao primeiro aspecto, acentue-se que o endossante responde, em regra, tanto pela existência do crédito quanto pela solvência do devedor. Em outros termos, o endossatário poderá executar o crédito contra o endossante, caso o devedor não tenha realizado o pagamento deste. Já o cedente responde, em regra, apenas pela existência do credito e não pela solvência do devedor. No tocante ao segundo aspecto, o devedor poderá defender-se, quando executado pelo cessionário, argüindo matérias atinentes a sua relação jurídica com o cedente, mas não poderá defender-se quando executado pelo endossatário, argüindo matérias atinentes a sua relação jurídica com o endossante (principio da autonomia das obrigações cambiais e subprincípio da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé).
	Endosso
	Cessão de Crédito
	É um instituto típico do direito cambiário
	É um contrato, um instituto regulado pelo direito civil.
	O endosso é declaração unilateral de vontade.
	A cessão de crédito é um contrato e como contrato é negocio jurídico bilateral.
	O endosso gera uma aquisição autônoma e originária do título, porque o que se transmite com o endosso é o título e não a relação jurídica causal. É apenas o crédito incorporado ao título, e não a relação jurídica que proporcionou o surgimento do título.
	Cessão de crédito gera uma aquisição derivada de um crédito causal.
	Inoponibilidade de exceções, pois é gerado por uma relação originária.
	Na cessão de crédito há uma transmissão da relação jurídica causal, é uma relação derivada, logo admite a alegação de exceções pessoais.
		AVAL
1. CONCEITO:
Aval é a garantia de pagamento firmada por terceiro. Ou seja, é uma garantia autônoma prestada em um título de crédito destinada a segurar o cumprimento de uma obrigação cambial.
Este cambial de garantia significa que uma pessoa, chamada avalista, garante o pagamento do título em favor de quem foi garantido o pagamento do título, o chamado avalizado.
Em como requisitos a emissão de um título de crédito no qual é dado (o aval é prestado apenas em títulos de crédito) e a capacidade de seu prestador ou dador. 
2. LANÇAMENTO DO AVAL
O aval resulta da simples assinatura do avalista no anverso do título, sob alguma expressão identificadora ou não, conforme art. 898, §1º do Código Civil. Se o avalista pretender firmar o verso do título somente poderá fazê-lo identificando o ato praticado.
Assim sendo, por exemplo, quando o aval é dado no verso do cheque deve conter a expressão por aval ou equivalente, e a assinatura do avalista. Pode, entretanto, o aval ser dado no anverso do cheque, quando bastará a assinatura do avalista, salvo quando se tratar da assinatura do emitente (art. 30, Lei do Cheque).
3. ESPÉCIES DE AVAL
O aval pode ser em branco ou em preto. No primeiro tipo não se identifica o avalizado; no segundo não identifica-o. Segundo o art.31 da LU o aval em branco é dado em favor do sacador/emitente do título. É ele o avalizado pelo aval em branco.
4. AVAL COMPLETO E AVAL PARCIAL
O pagamento do titulo pode ser, total ou parcialmente, garantido por aval. A luz do art.30 da LEI UNIFORME, duas são as espécies de aval:
Aval completo: assim considerado aquele que abrange toda a obrigação;
Aval parcial: também chamado limitado , que se restringe quando à soma, uma vê que na forma do dispositivo legal mencionado “o pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantida por aval”.
O Código Civil veda a possibilidade de aval parcial no seu art.897, parágrafo único. Esta vedação do aval parcial é norma geral aplicável aos títulos de crédito, o que não veda a disposição de lei especial em sentido contrário (lei especial prevalece sobre a geral), tal como ocorre com a Lei Uniforme sobre letras de câmbio e nota promissória e na lei do cheque onde se permite o aval parcial. 
Em se tratando das duplicatas o art. 12 da Lei 5474/68 é omissa com relação a possibilidade de aval parcial na duplicata, aplicando-se por conseguinte, o art. 25 da mesma lei que dispõe que: “Aplicam-se à duplicata e à triplicata, no que couber, os dispositivos da legislação sobre emissão, circulação e pagamento das Letras de Câmbio”. Assim sendo, é possível aval parcial também na duplicata.
Aval é uma declaração unilateral de vontade, e como tal não pode ser sujeito à condição. Entretanto, o aval pode ser parcial, neste caso, é necessário que o avalista declare o valor que está garantido, sob pena de entender-se ser responsável pela totalidade da importância do cheque.
5. RESPONSABILIDADE DO AVALISTA 
O avalista é responsável da mesma forma que seu avalizado, diz o art.32 da LU e art.899 do código civil. O avalista, na realidade, não ocupa a mesma posição do avaliado, muito embora seja responsável da mesma maneira, conforme o já citado art.32 da LU.
Assim sendo, pode o credor exigir o cumprimento da obrigação tanto de um quanto de outro. Pagando-se, sub-roga-se o avalista nos direitos do credor, podendo, por sua vez, acionar o avalizado.
“Se o dador do aval paga a letra, fica sub-rogado nos direitos emergentes da letra contra a pessoa a favor de quem foi dado o aval contra os obrigados para com esta em virtude da letra.” (art.32 da LU)
6. AUTONOMIA DO AVAL
A obrigação cambial do avalista é inteiramente autônoma, como alias, são todas as obrigações cambiais. O avalista, dado o aval, se obriga, ainda que nula, inexistente ou ineficaz a obrigação principal. Daí não ser licito ao avalista argüir em sua defesa falta de causa na origem do título.
A obrigação do avalista é autônoma em relação à do avalizado Ou seja, eventual nulidade da obrigação do avalizado não compromete a do avalista. Quando a lei equiparou as responsabilidades de um e de outro coobrigado, pretendeu, em suma, apenas prescrever que o avalista responde pelo pagamento do título perante todos os credores do avalizado e, uma vez realizando o pagamento, poderá voltar-se contra todos os devedores do avalizado, além do próprio evidentemente.
7. NATUREZA DAS OBRIGAÇÕES ENTRE O AVALISTA E O AVALIZADO –
Por força do que dispõe o art.32 da LU a verdade é que o avalista que paga o título fica sub-rogado nos direitos do credor, ou, por outras palavras, nos direitos emergentes da letra contra a pessoa a favor de quem foi dado o aval. Assim, conclui-se que o avalista que paga adquire a letra e, com ela, o direito de acionar os subscritores anteriores, inclusive o próprio avalizado, com todos os privilégios inerentes à posse do título cambiário, e por via de conseqüência, dispondo, na ação regressiva na via cambial.
8. AVAL X FIANÇA
Em que pese o aval e a fiança serem forma de garantia de pagamento firmada por terceiro, esses institutos possuem diferenças.
O ato de garantia de efeitos não-cambiais é a fiança, que se distingue do aval quanto á natureza da relação com a obrigação garantida. A obrigação do fiador é acessória em relação ao afiançado, ao passo que a obrigação do avalista é autônoma, independente da do avalizado. Como conseqüência desta distinção, a lei concede ao fiador o beneficio de ordem, inexistente para o avalista.
	AVAL
	FIANÇA
	O aval também pertence ao direito 
	A fiança pertence ao direito civil mercantil
	O aval é declaração unilateral de vontade
	A fiança é contratoO aval é obrigação autônoma, não se admitindo defesas baseadas nas relações entre o avalizado e o credor. 
	A fiança, por outro lado, gera uma garantia acessória. Essa acessoriedade da fiança faz com que, se o contrato principal for nulo ou anulável, a fiança siga a mesma sorte. Como a fiança é acessória, se o fiador for acionado ele pode alegar defesas pessoais dele e também as defesas pessoais do afiançado.
Exemplo: em um contrato de locação, se o locador tentar executar o contrato contra o fiador este pode alegar que não irá pagar a dívida porque o imóvel estava impossibilitado de ser utilizado pelo inquilino, porque o imóvel ficou mais de 15 dias fechado por causa de obras feitas pelo Poder Público e diz a lei do inquilinato que fica, naquele caso, desobrigado de pagar aluguel. Ele pode alegar as defesas que competiriam ao devedor principal. 
Esta acessoriedade está prevista no art. 837 do Cód. Civil: O fiador pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as extintivas da obrigação que competem ao devedor principal, se não provierem simplesmente de incapacidade pessoal, salvo o caso do mútuo feito a pessoa menor. 
9. AVAL E OUTORGA UXÓRIA 
O Código Civil de 2002 pressupõe a autorização do cônjuge, salvo se casados no regime de separação absoluta (art.1647 CC).
Contudo, o Enunciado 114 da Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal, o aval não pode ser anulado por falta de vênia conjugal, de modo que o inciso III do art.1647 apenas caracteriza a inoponibilidade do título a cônjuge que não assentiu.
Nos termos desse enunciado, o aval dado pelo marido, sem o consentimento da mulher, não pode ser anulado, resultando tão-somente na “inoponibilidade do título ao cônjuge”
É de se ressaltar, porém, que o art.1649 do CC declara que:
“A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art.1647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal”.

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