massa de lodo, sendo obtido através de: Sólidos Sedimentáveis aos 30 minutos (mL/L) IVL = x 1.000 Sólidos em Suspensão Totais (mg/L) Pode-se deduzir que, quando o lodo encontra-se bem formado, os valores do IVL são baixos e vice-versa. Pode ser observado que existe uma faixa de relação alimento/microrganismos que conduz a uma melhor floculação biológica e a valores mais baixos de IVL Corresponde à faixa de operação dos sistemas de lodos ativados convencionais. Pode se observado também que, reduzindo-se a relação alimento/microrganismos há prejuízo para a floculação biológica pela maior incidência de fase endógena e os valores de IVL são mais elevados. Ë a faixa operacional dos sistemas com aeração prolongada, em que ocorrem maior perda de sólidos com o efluente final. Apesar disso, os sistemas com aeração prolongada 17 resultam em maior eficiência na remoção de matéria orgânica biodegradável dos esgotos, uma vez que os sólidos perdidos são mais digeridos. Na tabela comparam-se as eficiências na remoção de DBO e sólidos em suspensão dos sistemas convencionais com os sistemas com aeração prolongada. Tabela 6: Eficiências típicas do processo de lodos ativados. Fonte: Hespanhol (l986). Processo/Parâmetro DBO Carbonácea (%) DBO Nitrogenada (%) Sólidos em Suspensão (%) Lodos Ativados Convencionais 90 40 87 Lodos Ativados com Aeração Prolongada 95 85 94 Observa-se que os sistemas com aeração prolongada promovem maior grau de nitrificação dos esgotos, podendo ocorrer oxidação total de amônia quando se introduz no tanque de aeração cerca de 3,0 kgO2/kgDBO. É um dos raros processos biológicos capazes de atender ao rigoroso padrão de emissão de 5 mg/L para nitrogênio amoniacal, imposto na Resolução no. 20 do CONAMA. Nos sistemas convencionais o grau de nitrificação dos esgotos é menor, reduzindo-se com o decréscimo da idade do lodo. Já a remoção de sólidos em suspensão é menor nos sistemas com aeração prolongada. Balanço de massa de substrato em torno do tanque de aeração Fazendo-se o balanço de massa de microrganismos (SSV) no sistema de lodos ativados como um todo (tanque de aeração e decantador secundário, mais o sistema de retorno/descarte de lodo), tem-se, no regime estabilizado: Q . Xo – [ Qd . Xr + (Q - Qd) . Xe ] + V . δX/δt = 0 Onde δX/δt representa o crescimento global de microrganismos. Define-se µ , taxa específica de crescimento biológico, através de: massa de células (KgSSV) produzidas por dia µ = massa de células (KgSSV) no reator Porém, em um sistema de lodos ativados, nem todas as células se encontram em fase de crescimento, devendo-se descontar o decaimento via metabolismo endógeno, cuja taxa específica é representada por kd: massa de células (KgSSV) destruídas por dia kd = ⇒ massa de células (KgSSV) no reator A taxa de crescimento microbiano líquida, µ′, é dada por: µ′ = µ - kd . A taxa global de crescimento é obtida multiplicando-se a taxa específica pela concentração celular, X: δX / δt = ( µ - kd ) . X 18 E, portanto, desprezando-se a concentração de microrganismos presentes no próprio esgoto, Xo, por ser bem inferior a X, tem-se: – [ Qd . Xr + (Q - Qd) . Xe ] + V . X . ( µ - kd ) = 0 [ Qd . Xr + (Q - Qd) . Xe ] µ - kd = ⇒ 1 / θc = µ - kd V . X A taxa específica de crescimento, µ, relaciona-se com a utilização de substrato, U, pelo coeficiente de síntese celular, ou seja: µ = Y . U ⇒ 1 / θc = Y . U - kd Mas, conforme obtido ainteriormente, So - Se U = ⇒ td . X So - Se 1 / θc = Y . - kd td . X Esta equação permite a determinação dos coeficientes Y e kd. Operando-se um sistema de lodos ativados sob diversas idade do lodo, tem-se para cada uma um valor estabilizado de Se e X, de forma que cada condição representa um ponto da reta em que Y é o coeficiente angular e kd o parâmetro linear. 4.5. Modelo de Monod Monod adaptou as relações de Michaelis-Menten da microbiologia com culturas puras para o tratamento de esgotos. Verificou experimentalmente que em sistemas de lodos ativados a taxa específica de crescimento celular, µ, não é constante e sim variável com a concentração de substrato até certo ponto em que o alimento e o crescimento tornam-se ilimitados. Depende de um valor máximo, µmáx, que é a taxa de crescimento quando não há limitação de substrato, da concentração de substrato, Se, e do coeficiente de velocidade ou constante de saturação, Ks, que é o valor da concentração de substrato para a qual a taxa de crescimento dos microrganismos é igual à metade da máxima. µmáx. . Se µ = Ks + Se Mas, µ = Y . U e, por tanto, tem-se: µmáx. . Se Y . U = Ks + Se 19 µmáx. . Se U = Y . ( Ks + Se ) Chamando-se de k a relação entre coeficientes cinéticos µmáx/Y, k representará a taxa máxima de utilização de substrato por unidade de microrganismos. k . Se U = ( Ks + Se ) E, conforme já definido: So - Se U = td . X Tem-se que: So - Se k . Se = td . X ( Ks + S ) td . X Ks 1 1 = . + So - Se k Se k Esta equação permite a determinação dos coeficientes cinéticos k e Ks e, como µmáx= Y.k, podem assim ser obtidos os cincos coeficientes cinéticos que governam o processo de lodos ativados, Y, kd, µmáx, Ks e k. Na Tabela 7 são apresentados valores típicos dos coeficientes cinéticos. Tabela 7 : Valores típicos dos coeficientes cinéticos para o processo de lodos ativados aplicado ao tratamento de esgoto sanitário. Fonte: Metcalf & Eddy (1991 ) Coeficiente Unidade Faixa Valor Típico k d-1 2 - 10 5 Y mgSSV/mgDBO5 0,4 – 0,8 0,6 mgDBO5 25 - 100 60 ks mgDQO 15 - 70 40 kd d-1 0,025 – 0,075 0,06 Exercício de aplicação: Operou-se 5 sistemas de lodos ativados em escala de laboratório, em paralelo, tendo-se obtido os seguintes resultados após a estabilização: Idade do lodo θc (dias) 2 4 6 8 10 SSVTA X (mg/L) 1.380 1.922 2.215 2.344 2.456 DBO5,20 (filtrada) Se (mg/L) 60 32 16 11 09 20 Todos os reatores foram alimentados com o mesmo esgoto com DBO5,20 = 300 mg/L e tempo de detenção hidráulico de 04 horas. Variou-se a idade do lodo de um sistema para o outro, através do descarte de diferentes quantidades médias de lodo por dia. Determinar os valores dos coeficientes cinéticos Y, kd, Ks, k e µmáx e analisar os resultados obtidos. 4.6. Variantes do Processo de Lodos Ativados Existem diversas variantes do processo de lodos ativados. Cabe inicialmente caracterizar e estabelecer as diferenças entre os sistemas convencionais e os com aeração prolongada. A idéia fundamental é a de que nos sistemas convencionais, as condições no tanque de aeração são planejadas para que ocorra a floculação biológica sob maior fator de carga e menor idade do lodo. Com isso, os volumes necessários de tanques reatores são menores porém, o grau de digestão do excesso de lodo descartado é baixo e é necessária uma estabilização bioquímica complementar antes