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FOCUSCONCURSOS.COM.BR Direito Processual Penal | Material de Apoio Professor Rodrigo Sengik. AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PRIVADA - II 1) AGORA, VAMOS OLHAR MELHOR PARA O PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE De acordo com o Princípio da Disponibilidade, após já ter dado início à AP privada, o ofendido, agora chamado de querelante, pode optar por não ir até o final do processo. Isso significa que o querelante pode dispor da AP privada que ele próprio iniciou. Como ele fará isso? Através de dois institutos possíveis: perdão e perempção. 2) O PERDÃO DO OFEDIDO Eu gosto de chamar de perdão do querelante ao querelado, pois é o nome mais completo e que já começa a lhe explicar que é ato pelo qual o querelante perdoa o querelado. Detalhe importante: não basta o ofendido perdoar; é preciso que o querelante aceite o perdão. Logo, trata-se de ato BILATERAL. O acusado tem o prazo de 3 dias para aceitar ou não o perdão. Se ficar em silêncio após intimado e notificado acerca do perdão, entende-se que houve aceitação. Assim, o silêncio do querelado corresponde à aceite do perdão. Sem o aceite do querelado, que pode querer levar o processo até o fim para mostrar que era inocente da imputação que o querelante lhe fez, o perdão não se consubstancia e, assim, não há extinção de punibilidade. Grave as assertivas seguintes acerca do perdão: 1) é ato posterior ao início da ação penal; 2) só pode ocorrer até o trânsito em julgado da sentença penal; 3) é desdobramento do princípio da disponibilidade da ação penal privada; 4) é ato objetivo, eis que se volta ao fato sob análise, de modo que o perdão concedido a um dos réus a todos se estende E SE TIVERMOS MAIS DE UM QUERELANTE CONTRA APENAS UM QUERELADO, PROFESSOR SENGIK? Imagine o seguinte: agora, temos JIMI, JANIS e JIM como vítimas de crime de AP privada praticado por ROBERT PLANT. Nesse caso, os 3 entraram com AP contra ROBERT, mas apenas JIMI resolve perdoá-lo no meio do processo já em andamento. Observe que, somente um dos querelantes perdoou o querelado. Se ROBERT aceitar o perdão de JIMI, a AP prossegue com JANIS e JIM como querelantes, pois o perdão concedido por um dos querelantes não implica perdão dos demais querelantes. 5) é ato bilateral, de forma que depende da aceitação do réu - ele é intimado para se manifestar, se não o fizer em 3 dias, haverá aceitação tácita; 6) o perdão aceito é causa extintiva de punibilidade. 3) PEREMPÇÃO Perempção é a perda de prosseguir no exercício da ação penal privada (qualquer delas) em razão da desídia ou negligência do querelante. O regramento desse tema está no artigo 60 do CPP. Veja-o: Artigo 60 do CPP. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: I – quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce FOCUSCONCURSOS.COM.BR Direito Processual Penal | Material de Apoio Professor Rodrigo Sengik. II – quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; III – quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV – quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. A perempção é outra causa extintiva da punibilidade, que não se confunde com a decadência, em que há perda do direito de iniciar a ação penal privada (renúncia tácita ao direito de oferecimento de queixa) – ou, na AP pública condicionada, perda do direito de apresentar representação. 4) AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA Na AP privada personalíssima, o interesse é tão particular, tão privado, que só a vítima pode ingressar com a queixa. Se a vítima falecer ou for declarada ausente por sentença judicial, não haverá ação – o CCADI não participa aqui! Essa é a diferença entre ela e a AP exclusivamente privada, já que, nessa última, caso o ofendido vier a óbito, ele poderá ser substituído pelo CCADI. Atualmente, há apenas um crime de AP privada personalíssima, que é o induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento no casamento. Veja o que diz o tipo: Artigo 236 do CP. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. Nesse crime, importa saber o seguinte: a) se o ofendido morrer, ninguém poderá oferecer queixa, pois é ato personalíssimo daquele que foi enganado – não há CCADI; b) existe uma condição específica para que se possa processar o “criminoso”, uma vez que é preciso que o ofendido busque, em sede de direito civil, a anulação do casamento – se isso não acontecer, não haverá AP; c) o prazo decadencial de 6 meses para oferecimento de queixa começa a correr, não do dia do conhecimento da autoria, mas da sentença de anulação do casamento. 5) LÁ VEM A BANCA! BANCA AQUI, BANCA ACOLÁ! 5.1) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: TCE-SC Prova: Auditor Fiscal de Controle Externo – Direito. Em relação ao direito penal, julgue o item a seguir. Em se tratando de crimes em que somente se procede mediante queixa, o perdão do ofendido obsta ao prosseguimento da ação. Entretanto, não extingue a punibilidade se ofertado após o trânsito em julgado da sentença condenatória. Além disso, concedido por um dos ofendidos, o perdão não prejudica o direito dos outros. 5.2) Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: DPE-MS Prova: Defensor Público. Concedido perdão pelo ofendido/querelante, em ação privada, o juiz intima o ofensor/querelado para dizer se o aceita. O silêncio do intimado a) não produz nenhum efeito, devendo o procedimento seguir sua marcha. b) não produz nenhum efeito, devendo o juiz determinar que o Ministério Público assuma a ação penal. Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce FOCUSCONCURSOS.COM.BR Direito Processual Penal | Material de Apoio Professor Rodrigo Sengik. c) será interpretado como aceitação, devendo o juiz julgar extinta a punibilidade. d) será interpretado como aceitação, devendo o juiz proferir sentença de absolvição. 5.3) Ano: 2013 Banca: FCC Órgão: TJ-PE Prova: Titular de Serviços de Notas e de Registros. NÃO ocorre perempção da ação penal de iniciativa privada a) quando o querelado aceitar o perdão. b) quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo. c) quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 (trinta) dias seguidos. d) quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente. e) quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. GABARITO: 5.1) CORRETA; 5.2) C; 5.3) A