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Fundamentos de Direito AV1

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FUNDAMENTOS DE 
DIREITO
FUNDAMENTOS DE 
DIREITO
Maria Tereza Ferrabule Ribeiro
Raquel Helena Hernandez Fernandes
© Copyright 2018 da Dtcom. É permitida a reprodução total ou parcial, desde que sejam respeitados os 
direitos do Autor, conforme determinam a Lei n.º 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituição Federal, 
art. 5º, inc. XXVII e XXVIII, “a” e “b”. 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Ficha catalográfica elaborada pela Dtcom. Bibliotecária – Vanessa Gabriele de Araújo - CRB 14/1498)
R484f 
Ribeiro, Maria Tereza Ferrabule Ribeiro. 
Fundamentos de direito / Maria Tereza Ferrabule Ribeiro; Raquel Helena 
Hernandez Fernandes. – Curitiba, PR: Dtcom, 2018. 
153 p. 
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-93685-41-5
1. Direito I. Fernandes, Raquel Helena Hernandez. II. Título. 
CDD 340
Reitor Prof. Celso Niskier
Pro-Reitor Acadêmico Maximiliano Pinto Damas
Pro-Reitor Administrativo e de Operações Antonio Alberto Bittencourt
Coordenação do Núcleo de Educação a Distância Viviana Gondim de Carvalho 
Redação Dtcom
Análise educacional Dtcom
Autoria da Disciplina Maria Tereza Ferrabule Ribeiro, Raquel Helena Hernandez Fernandes
Validação da Disciplina Luiz Antônio Alves Gomes
Designer instrucional Milena Rettondini Noboa
Banco de Imagens Shutterstock.com
Produção do Material Didático-Pedagógico Dtcom
Sumário
01 Conceito de direito. Evolução do direito. Constituições do Brasil. Direito constitucional: 
fundamentos e princípios fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos. 
Cidadania e habeas corpus, habeas data, mandados de segurança e injunção .................7
02 Fontes do Direito e ramos do Direito. Fontes primárias, fontes secundárias. 
Ramos do Direito Público e ramos do Direito Privado ...................................................14
03 Hierarquia das normas jurídicas: emendas constitucionais, leis. Instrumentos de 
integração do Direito: analogia e princípios gerais do Direito .......................................22
04 Administração Pública – princípios da Administração Pública (LIMPE). Artigo 37 da 
Constituição Federal. ............................................................................................................30
05 Contratos Administrativos. Licitação .................................................................................37
06 Sujeitos do Direito: nascimento e fim .................................................................................44
07 Capacidade relativa e absoluta ............................................................................................51
08 Atos Jurídicos. Ato ilícito. Negócio Jurídico ......................................................................59
09 Defeito do Negócio Jurídico .................................................................................................67
10 Contratos: conceito e validade. A compra e venda de imóveis e a locação de imóveis. 
Doação e dação em pagamento. Novação. Empréstimo: mútuo e comodato ............... 74
11 Empresário. Regime de bens e abertura de empresa pelo casal. Empresa Individual 
e Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI. Sociedade Limitada 
e Sociedade Anônima ...........................................................................................................82
12 Responsabilidade dos sócios ..............................................................................................89
13 A lei de falência e recuperação ............................................................................................96
14 Noções Gerais da Recuperação Judicial e Extrajudicial .............................................. 104
15 Crimes Falimentares ........................................................................................................... 111
16 As partes na relação de consumo: consumidor e fornecedor ................................... 118
17 Direitos básicos do consumidor ....................................................................................... 125
18 Responsabilidade por vício do produto e do serviço ................................................... 132
19 Práticas comerciais abusivas ........................................................................................... 139
20 Vício oculto. Vício redibitório (rescisão do contrato por vício redibitório) ............... 146
Conceito de direito. Evolução do direito. Constituições 
do Brasil. Direito constitucional: fundamentos e 
princípios fundamentais. Direitos e deveres individuais 
e coletivos. Cidadania e habeas corpus, habeas data, 
mandados de segurança e injunção
Maria Tereza Ferrabule Ribeiro
Introdução
A partir de agora você estudará a evolução do Direito, além das Constituições Federais, que 
fizeram parte da história brasileira. Também conhecerá informações importantes sobre os Direitos 
Individuais e Coletivos, a cidadania e os remédios jurídicos que podem ser aplicados em diferentes 
situações para assegurar os direitos fundamentais.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • compreender os principais marcos históricos na evolução do Direito;
 • conhecer as Constituições Federais Brasileiras;
 • identificar os princípios fundamentais regidos pela Constituição Federal Brasileira.
1 Breve evolução histórica do Direito
Primeiro, é importante que você conheça o contexto histórico. Os primeiros passos que levaram 
à formalização do Direito foram dados com o Código de Hamurabi, na Mesopotâmia. Era um conjunto 
de leis criado em meados do século XVIII a.C., pelo rei Hamurabi, que tinha como fundamento o “olho 
por olho, dente por dente”, da antiga Lei do Talião (ALTAVILA, 2001, p. 52). Essa expressão trazia a ideia 
de que a punição deveria ser igualmente proporcional ao delito cometido. Deste modo, na época, se 
alguém perfurasse os olhos de um homem livre, possivelmente, perderia os olhos como pena.
FIQUE ATENTO!
A Lei de Talião podia ser menos indulgente, de acordo com a posição hierárquica da 
pessoa acusada do delito, podendo ser concedida ainda uma pena compensatória, 
como no caso dos médicos (ALTAVILA, 2001).
 – 7 – 
TEMA 1
Figura 1 – As leis
Fonte: BrunoWeltmann/Shutterstock.com 
De acordo com os estudos de Altavila (2001), além do Código de Hamurabi, outros ordena-
mentos influenciaram o Direito, como “A Magna Carta da Inglaterra”, de 1215; o livro “Dos Delitos e 
das Penas”, de Cesare Beccaria, de 1764; e a “Lei de Declaração Universal dos Direitos do Homem”, 
de 1948.
SAIBA MAIS!
Amplie seus conhecimentos sobre as principais legislações que influenciaram o 
Direito lendo a obra “Origem dos Direitos dos Povos”, de Jayme Altavila.
Agora chegou o momento de fazermos um breve resumo histórico das constituições brasileiras.
2 As Constituições Federais Brasileiras
Analisando as Constituições Brasileiras, desde a época do Brasil Colônia até os dias atuais, 
observamos rupturas significantes de um período para outro (PONTUAL 2013). A primeira delas 
foi criada ainda no período colonial, em 1824, e foi extremamente importante para estabelecer a 
ordem após a independência do Brasil da Coroa Portuguesa. Depois, em 1891, foi criada a consti-
tuição da República, que descentralizou o poder do monarca e estabeleceu a separação em legis-
lativo, executivo e judiciário. 
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 8 – 
Já em meados de 1934, com o crescimento da economia e a deficiência da política do café-
-com-leite (acordo político firmado entre as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, que gerava o 
revezamento de escolha do presidente da antiga república), surge uma terceira constituição com 
viés social, coletivo. Outorgada por Getúlio Vargas, a Constituição de 1937 possuía um viés fas-
cista, sendo caracterizada como um golpeao governo democrático. 
Em 1946, com o fim da Segunda Guerra Mundial, o Brasil entra em um período de redemocra-
tização, quebrando os ideais ditatoriais deixados por Vargas. É promulgada então a constituição 
de 1946, que restabelece a democracia no Estado. Em 1967, o Brasil enfrentava o Regime Militar 
instaurado no país, fator que deu causa a constituição deste período. A constituição da ditadura 
durou 21 anos; após esse período ocorre a quebra do governo militar e uma nova constituição 
estabelecer novamente a democracia do Estado. Em 1988 é criada uma nova constituição, desta 
vez com um rol extenso de direitos e garantias, individuais e coletivos, que permanece em vigor 
até os dias atuais.
Figura 2 – Constituição Federal do Brasil
Fonte: Alexander Mak / Shutterstock.com
FIQUE ATENTO!
A Constituição Federal de 1988 é considerada como a Constituição Cidadã porque 
restabeleceu o Estado democrático brasileiro (BRASIL, 1988).
Vamos estudar, a seguir, os princípios que regem nossa lei máxima.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 9 – 
3 Os princípios fundamentais na 
Constituição Federal Brasileira
Como você já sabe, as Constituições Federais brasileiras foram instituídas em diferentes épo-
cas, de acordo com o momento político do país. A atual Constituição, promulgada em 1988, esta-
belece os direitos sociais do povo brasileiro, que fundamenta a sua base democrática e cidadã. 
Esses princípios estão dispostos no Título I da Constituição Federal (PONTUAL, 2013).
Vale destacar ainda que a Constituição Federal, em seus artigos 1° ao 4°, estabelece prin-
cípios norteadores para a aplicação do Direito. É importante salientar que estes princípios não 
possuem força normativa, ou seja, não têm características de norma positiva, sendo vistos como 
valores que limitam a atuação do jurista no momento da interpretação. Podemos dizer, portanto, 
que tanto os direitos fundamentais quanto a organização do Estado são valorados e protegidos 
por estes princípios.
Figura 3 – Cidadão brasileiro
Fonte: Lazyllama/Shutterstock.com
O artigo 1º da Constituição Federal de 1988 remete aos princípios fundamentais. Dentre eles, 
podemos destacar, inicialmente, a “Soberania”, pois concede poder absoluto à República Fede-
rativa do Brasil, e a “Cidadania”, pois está ligada diretamente ao Estado democrático, descrito no 
preâmbulo do artigo. Salientamos ainda a “Dignidade Humana”, pois retrata a pessoa como ponto 
central, a proteção do ser humano (BRASIL, 1988). 
EXEMPLO
Proibir o uso de banheiro durante o expediente é um exemplo de violação à dignida-
de humana, assim como é um caso de violação aos Direitos e Deveres Individuais 
e Coletivos o anúncio discriminatório que informa: “Oportunidade de emprego para 
homem de 20 anos, boa aparência, estatura alta etc.”.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 10 – 
Outros princípios fundamentais são os “Valores Sociais”, interligados à dignidade da pessoa, 
tendo como centro o trabalho digno, sem exploração, e a “Livre Iniciativa”, que foca tanto na pes-
soa individual como na empresa, estabelecendo contratos sem intervenção estatal, desde que 
observadas as regras legais de proteção. E, por fim, o “pluralismo político”, encontrado na esfera 
social, abarcando as diversidades econômica, religiosa, cultural, de comunicação e política, sem 
discriminações. (BRASIL, 1988). 
4 Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
Agora que já sabemos do que se tratam os princípios fundamentais, vamos conhecer os 
Direitos e Deveres Individuais dos Cidadãos, localizados no Título II – Capítulo I da Carta Magna. 
Em se tratando de Direitos Individuais e Coletivos, nossa constituição assegura direitos ine-
rentes ao ser humano, como o direito à vida, liberdade, igualdade, ordem social etc. Os direitos 
da coletividade, por sua vez, são importantes para assegurar o direito de outrem, regular a ordem 
social, além de limitar os direitos individuais.
Como Direito Fundamental, em relação à cidadania, podemos exemplificar o exercício do 
voto. Já o acesso às notícias, que retratam a situação do país, é um exemplo de Direitos dos Indi-
víduos; quanto aos deveres podemos destacar: conhecer e obedecer às leis.
Figura 4 – Direitos individuais e coletivos
Fonte: Viktor88 / Shutterstock.com
O preâmbulo do artigo 5° da Constituição Federal estabelece os princípios constitucionais 
fundamentais do estado democrático de direito no Estado brasileiro: 
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) (BRASIL, 1988).
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 11 – 
FIQUE ATENTO!
Tenha em mente que os direitos e garantias fundamentais contidos no artigo 5° da 
Constituição Federal apresentam-se em 78 incisos e quatro parágrafos. Porém, é 
importante destacar que estas garantias são exemplos, e não se esgotam neste rol.
A Constituição Federal de 1988 trouxe, em seu artigo 5º, importantes remédios com a inten-
ção de proteger os direitos fundamentais dos cidadãos, tais como (BRASIL, 1988):
 • Habeas Corpus: instrumento para impedir o constrangimento ilegal. Por exemplo, um 
juiz que condena o acusado sem o devido amparo legal.
 • Habeas Data: possibilita informações de pessoas nos bancos de dados governamen-
tais. Exemplo: acesso ao Detran para verificação de multas.
 • Mandado de Segurança Individual: para proteção individual, que não são amparados 
por Habeas Corpus e Habeas Data. 
EXEMPLO
Após ter sido reprovado em um concurso público devido à característica física não 
exigida no edital, como a altura, o concorrente utiliza um Mandado de Segurança 
Individual para continuar na disputa pela vaga pretendida.
 • Mandado de Segurança Coletiva: impetrado por partido político, organização sindi-
cal, entidade de classe ou associações legalmente constituídas, funcionando há pelo 
menos um ano. Exemplo: sindicato que, a favor dos associados, impetra ação para que 
seja aplicado o percentual correto do FGTS.
 • Mandado de Injunção: quando ocorrer falta de norma regulamentadora e forem inviá-
veis os direitos e liberdades constitucionais. Exemplo: apesar de a lei garantir o direito 
de greve, ainda não há regulamentação no caso de servidores públicos.
SAIBA MAIS!
Amplie seus conhecimentos sobre os remédios constitucionais lendo o artigo “As 
garantias dos direitos fundamentais, inclusive as judiciais, nos países do Mercosul” 
(SCHAFER, 1999). Acesse em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/
id/486/r142-17.PDF?sequence=4>.
Portanto, acabamos de conhecer os remédios constitucionais que asseguram os princípios e 
direitos fundamentais dispostos na Constituição Federal.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 12 – 
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
 • identificar influências na evolução do Direito;
 • relembrar as Constituições Federais do Brasil e seus períodos históricos;
 • conhecer os remédios jurídicos para proteção dos direitos fundamentais dos cidadãos.
Referências
ALTAVILA, Jayme. Origem dos Direitos dos Povos. 9. ed. São Paulo: Editora Ícone, 2001. 
BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. Ridendo Castigat Mores (ed eletrônica). EbooksBrasil.
com. Disponível em: <http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/delitosB.pdf>. Acesso em: 18 jul 2017.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: Texto constitu-
cional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações determinadas pelas Emendas 
Constitucionais de Revisão nos 1 a 6/94, pelas Emendas Constitucionais nos 1/92 a 91/2016 e 
pelo Decreto Legislativo no 186/2008. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/
id/518231>. Acesso em: 04 ago. 2017.
_______. Câmara dos Deputados. Portal da ConstituiçãoCidadã. Constituição Federal: Apresenta-
ção. 1988. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/Constitui-
coes_Brasileiras/constituicao-cidada>. Acesso em: 10 ago. 2017.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resolução nº 217 A III, de 10 de dezembro de 1948. Decla-
ração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: <https://www.unicef.org/brazil/pt/resour-
ces_10133.htm>. Acesso em: 04 ago. 2017.
PONTUAL, Helena Daltro. Uma breve história das Constituições do Brasil. 25 anos de Constituição 
Cidadã. Senado Federal, Brasília (DF), 2013. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/noticias/
especiais/constituicao25anos/historia-das-constituicoes.htm>. Acesso em: 10 ago 2017. 
SCHAFER, Jairo Roberto. As garantias dos direitos fundamentais, inclusive as judiciais, nos países 
do Mercosul. Revista de Informações Legislativa, Brasília, a. 36, n. 142, abr./jun. 1999. Disponí-
vel em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/486/r142-17.PDF?sequence=4>. 
Acesso em: 4 ago 2017. 
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 13 – 
Fontes do Direito e ramos do Direito. Fontes primárias, 
fontes secundárias. Ramos do Direito Público e ramos 
do Direito Privado 
Maria Tereza Ferrabule Ribeiro
Introdução
Nesta aula estudaremos as fontes do Direito e suas origens, apresentando os ordenamentos 
jurídicos e o comportamento das leis, de acordo com sua eficácia e temporalidade. Aprenderemos 
ainda sobre as fontes primárias e secundárias, que também são chamadas de mediatas e imedia-
tas. E, finalmente, abordaremos a divisão do Direito em ramos, o Direito Público e o Direito Privado.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • compreender os conceitos e as fontes no ramo do Direito;
 • identificar as fontes primárias e secundárias do Direito;
 • entender Direito Público e Direito Privado.
1 Conceitos de fontes e ramos do Direito
Vamos apresentar inicialmente o significado etimológico da palavra fonte, que é derivado do 
latim fons e significa “nascente manancial”. Assim, em um sentido amplo, entende-se que se trata 
do local em que “nascem ou brotam as águas” (SILVA, 1989, p. 311). No sentido legal podemos 
dizer que é a origem do nascimento das leis.
Por “fonte do direito” designamos os processos ou meios em virtude dos quais as regras 
jurídicas se positivam com legítima força obrigatória, isto é, com vigência e eficácia no 
contexto de uma estrutura normativa. (REALE, 2002, p. 140) 
As fontes podem ser dividas em materiais ou formais. Observe a seguir.
 • Fontes materiais
Estão diretamente ligadas ao conteúdo das normas, à integração do fato ao ordena-
mento jurídico, e são construídas ao logo do tempo. 
 • Fontes formais
Constituem o conjunto de normas de determinado território. É o mecanismo pelo qual 
o Direito se manifesta. 
 – 14 – 
TEMA 2
Contudo, vale ainda destacar que as fontes podem ser estudadas sob outra perspectiva, 
sendo divididas entre fontes primárias e fontes secundárias.
Figura 1 – Fonte
Fonte: Inked Pixels / Shutterstock.com
2 Fontes primárias
As leis são consideradas fontes primárias do Direito. São fontes diretas, principais e possuem 
aplicabilidade imediata. As leis são classificadas ainda como formais, pois regulam e “dizem o 
direito” a um determinado povo.
Figura 2 – Igualdade
Fonte: Shutterstock.com.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 15 – 
FIQUE ATENTO!
As leis são de caráter genérico e obrigatório, impostas pelo Estado, e devem ser 
obedecidas por todos sem qualquer tipo de distinção.
O artigo 5° da Constituição Federal em seu caput dispõe que as leis são obrigatórias, desta 
forma os cidadãos não poderão alegar ignorância ou falta de conhecimento, caso venham a pra-
ticar ato que prejudique qualquer ordenamento jurídico (BRASIL, 1988). Assim, tenha sempre em 
mente que na organização administrativa brasileira, a Constituição Federal ocupa o primeiro grau 
na hierarquia das leis, seja no âmbito estadual ou municipal (NADER, 2014).
FIQUE ATENTO!
Em relação ao caráter de continuidade, uma norma somente perde a sua eficácia 
quando outra a modifica ou a revoga.
 
 Saiba ainda que as leis serão gerais, quando aplicadas para alcançar todos os cidadãos, 
como, por exemplo, a Constituição Federal; e especiais, quando este alcance se refere a situações 
particulares, como no caso da Consolidação das Leis do Trabalho (NADER, 2014).
Figura 3 – As leis
Fonte: Rafa Irusta / Shutterstock.com
Os ordenamentos jurídicos, como as leis, possuem atributos para validarmos sua existência. 
A seguir, vamos destacar esses atributos (NADER, 2014). Acompanhe!
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 16 – 
 • Vigência
As leis podem ser permanentes (quando não houver prazo para a sua vigência) e tempo-
rárias (quando há prazo de vigência). Para que uma lei seja vigorada, ela sofre uma tem-
poralidade, conforme determina o artigo 1° da Lei de Introdução ao Código Civil. “Salvo 
disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e cinco) dias 
depois de oficialmente publicada”. Esta vacância da lei é denominada de vacatio legis.
 • Efetividade
Deve ser obedecida tanto por quem se destina a lei, quanto por aqueles que a escrevem.
 • Eficácia
É determinada pela capacidade de produção de efeitos da norma jurídica. Estuda-se a 
função social da norma e se esta foi cumprida com sua vigência.
 • Legitimidade
Neste caso, a norma somente será legítima quando criada em conformidade com as 
exigências legais.
Por fim, é preciso entender também que os usos e costumes são considerados fonte primária e 
classificados como consuetudinários (costume jurídico), ou seja, quando o Direito está intimamente 
ligado à cultura da sociedade, sem passar pelo processo formal de criação de leis (DINIZ, 2017).
3 Fontes secundárias
As fontes secundárias são encontradas na forma de doutrina, analogia, jurisprudência e equi-
dade, ou seja, são mecanismos norteadores dos aplicadores do Direito, como as leis serão profe-
ridas em palavras, para facilitar o conhecimento e aplicação pelo órgão competente (DINIZ, 2017). 
A seguir, você conhecerá cada uma destas fontes de forma detalhada. 
 • Doutrina: são os compêndios escritos por juristas e pesquisadores do Direito, auxiliando 
de forma fundamental os operadores do Direito (formados como Bacharel em Direito) 
(SARAIVA, 2006).
EXEMPLO
O advogado, ao elaborar sua peça processual, poderá utilizar uma obra de autor 
consagrado para fortalecer sua tese acerca do que se pretende provar.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 17 – 
 • Analogia: é aplicada em casos que possuem certa semelhança. É uma forma de auxi-
liar os juízes na aplicabilidade de determinada sanção, analisando situações análogas 
(semelhantes) (GAGLIANO; PAMPLONA, 2012).
EXEMPLO
Sabe-se que a Lei Maria da Penha foi criada para proteger as mulheres, mas o juiz 
poderá utilizar medidas protetivas desta lei também para homens, ou seja, utilizan-
do a legislação de forma análoga. 
 • Jurisprudência: refere-se às decisões proferidas por um juiz, denominadas decisões 
monocráticas ou decisões de vários tribunais, chamadas de acórdão. Quando estas 
decisões são reiteradamente semelhantes, elas serão uniformizadas e denominadas 
de Súmulas, que significa um resumo de todas essas decisões, e os tribunais passam a 
adotá-las em seus julgamentos. Também é uma forma de auxiliar os juízes quando não 
localizam os códigos e leis formalmente constituídos (GAGLIANO; PAMPLONA, 2012) 
SAIBA MAIS!
Para buscar mais conhecimento sobre jurisprudências, acesse o link de consultas 
do Tribunal Regional Federal da 2ª Região: <http://www10.trf2.jus.br/consultas/
jurisprudencia/infojur/>.
 • Equidade: tem suas origens no filósofo Aristóteles, em sua obra “Ética a Nicômaco”. Como 
diz o próprio nome, remete à igualdade na aplicação de justiça, procurandoauxiliar o Judi-
ciário a se adequar à norma, de forma justa ao caso concreto (ENCARNAÇÃO, 2010).
 • Costumes: dotado de historicidade, os costumes são formados com o passar do tempo 
e todo ordenamento recepciona-os, de modo a respeitar os comportamentos lícitos e 
não positivados de determinada sociedade, que busca preencher as lacunas da lei. 
4 Ramo do Direito Público
Antes de iniciarmos os estudos no ramo do Direito Público, lembre-se de que trataremos 
de dois grandes ramos do Direito, o Público e o Privado. O primeiro estará presente, por exemplo, 
nos ordenamentos do Direito Constitucional, Administrativo, Financeiro, Internacional Público e 
Processual. Então, compreenda que o Direito Público está vinculado às relações que envolvem o 
Estado, com o objetivo de executar atividades em favor da população (DI PIETRO, 2014). 
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 18 – 
FIQUE ATENTO!
A divisão entre os dois ramos do Direito não é taxativa, uma vez que existe divergên-
cia entre os doutrinadores.
Figura 4 – Servidor público
Fonte: Monkey Business Images / Shutterstock.com
De acordo com o professor Paulo Nader (2014, p. 140), “as investigações que a doutrina 
moderna desenvolve sobre o Estado caminham em três direções”. São elas: no campo da Sociologia, 
evidenciando o Estado como um ente social; no político, com o Estado promovendo o bem-estar dos 
cidadãos, e finalmente no campo jurídico, verificando a estrutura “normativa” do Estado.
5 Ramo do Direito Privado
Vamos compreender agora do que trata o Direito Privado, o ramo que disciplina as relações 
legais entre os particulares. Assim, primeiramente, é importante destacar que o Direito Privado 
deve obedecer ao Código Civil, que estabelece direitos e obrigações dos cidadãos. 
Neste ramo, temos o Direito Empresarial e o Direito do Consumidor, que tratarão das ativi-
dades empresariais na produção ou na circulação de bens ou de serviços, no que concerne às 
relações empresariais, comerciais e de consumo, e o que houver dessas relações na legislação do 
Direito Público (BITTI, 2008).
No mundo globalizado, também é preciso destacar o Direito Internacional Privado, que tem 
como objetivo disciplinar as normas que ultrapassam as fronteiras nacionais. Observa-se que a 
Constituição Federal, em seu artigo 4°, inciso IX, estabelece a fonte do Direito Internacional Privado. 
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 19 – 
SAIBA MAIS!
Leia o texto “Dicotomia Direito Privado x Direito Público” (LEMKE, 2011) para saber 
mais sobre os ramos do Direito. Está disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/
portal/sites/default/files/anexos/22384-22386-1-PB.pdf>. 
Fechamento 
Nesta aula, você teve a oportunidade de: 
 • conhecer os ordenamentos jurídicos e as suas classificações;
 • diferenciar as fontes primárias e secundárias;
 • compreender a diferença entre Direito Público e Direito Privado. 
Referências
BITTI, Eduardo Silva. A sociedade em comum no Código Civil Brasileiro. f. 92, Dissertação (Mes-
trado), Direito Empresarial. Nova Lima: Faculdade de Direito Milton Campos, FDMC, 2008. Dispo-
nível em: <http://www.mcamos.br/u/201503/eduardosilvabittisociedadecomumcodigocivilbrasi-
leiro.pdf>. Acesso em: 16 ago 2017. 
BRASIL. Presidência da República, Casa Civil. Decreto-Lei n° 4.657, de 04/09/1942. Lei de introdução 
às normas do Direito Brasileiro. Redação dada pela Lei n° 12.376 de 2010. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del4657compilado.htm>. Acesso em: 6 ago 2017. 
_______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: Texto constitu-
cional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações determinadas pelas Emendas 
Constitucionais de Revisão nos 1 a 6/94, pelas Emendas Constitucionais nos 1/92 a 91/2016 e 
pelo Decreto Legislativo no 186/2008. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/
id/518231>. Acesso em: 04 ago. 2017.
DINIZ, Maria Helena. Fontes do Direito. Tomo Teoria Geral e Filosofia do Direito, 1. ed. Enciclo-
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ENCARNAÇÃO, João Bosco da. Que é isto, o Direito? Introdução à Filosofia Hermenêutica do 
Direito. 5. ed. Revisada, maio de 2010. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/down-
load/texto/ea000736.pdf>. Acesso em: 13 ago 2017.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
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GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA, Rodolfo Filho. Novo Curso de Direito Civil. Parte Geral 1. 14 ed. 
São Paulo: Saraiva, 2012. Disponível em: <http://www.fkb.br/biblioteca/Arquivos/Direito/Novo%20
Curso%20de%20Direito%20Civil%20-%20Pablo%20Stolze%20Gagliano.pdf>. Acesso em: 22 jul 2017.
LEMKE, Nardim Darcy. Dicotomia Direito Privado x Direito Público. Revista de E-gov, Florianópolis, 
p.1-31, 4 mar. 2011. Portal E-gov da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Disponível em: 
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NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 36. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27.ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
SARAIVA, Carmen Ferreira. Considerações sobre o Estudo do Direito. Parte integrante da edição 
166. Boletim Jurídico, 2006. Disponível em: <http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.
asp?id=1079>. Acesso em: 22 jul. 2017.
 SILVA, De Plácido E. Vocabulário Jurídico. v. 2, 11. ed. Rio de Janeiro, Forense, 1989.
______. Vocabulário Jurídico. v. 4, 11. ed. Rio de Janeiro, Forense, 1989.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 21 – 
Hierarquia das normas jurídicas: emendas 
constitucionais, leis. Instrumentos de integração 
do Direito: analogia e princípios gerais do Direito 
Maria Tereza Ferrabule Ribeiro
Introdução
No Direito as normas jurídicas estão organizadas de forma hierárquica, de modo que possam 
interagir sem conflitos entre elas. Para entender essa lógica, vamos conhecer nesta aula a ordem 
existente entre as normas, os integradores do Direito e os princípios gerais embasados pela Cons-
tituição Federal de 1988.
Objetivos de Aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • explicar a hierarquia das normas jurídicas;
 • compreender as diferenças entre emenda constitucional e lei;
 • entender a importância dos instrumentos de integração do Direito para os magistrados 
na solução dos diferentes casos.
1 Conhecendo a hierarquia das normas jurídicas
Um grande jurista e filósofo que estabeleceu a hierarquia das leis foi Hans Kelsen. Sua obra 
teve influência no Brasil e outros países. Ele explica que o Direito “é uma ordem da conduta humana” 
(KELSEN, 1998, p. 7). 
Para compreender melhor a hierarquia das normas jurídicas, é necessário entender a forma 
como se estabeleceu a Constituição Federal, pois algumas foram promulgadas e outras, outorga-
das. Diz-se que é promulgada quando essas normas forem democráticas ou populares, ou seja, é 
criada por representantes do povo. E serão outorgadas aquelas estabelecidas por atos autoritários 
e impostos pelos poderes governamentais. Deste modo, as constituições brasileiras são divididas 
da seguinte forma: as constituições promulgadas de 1891 (primeira república), 1934 (governo Var-
gas), 1946 (redemocratização do Estado) e 1988 (ruptura da ditadura militar e restabelecimento do 
Estado democrático de direito); e as outorgadas de 1824 (constituição do Império), 1937 (ditadura 
Vargas) e 1967 (regime militar).
FIQUE ATENTO!
Tenha sempre em mente a hierarquia das leis: “A norma que determina a criação de 
outra norma é a norma superior, e a norma criada segundo esta regulamentação é 
a inferior.” (KELSEN, 1988, p. 181).
 – 22 – 
TEMA 3Podemos utilizar o formato da pirâmide de Kelsen para apresentar o sistema jurídico brasi-
leiro, de acordo com o artigo 59 da Constituição Federal (BRASIL, 1988).
Figura 1 – Pirâmide de Kelsen
Constituição Federal
Emendas à Constituição
Leis complementares
Leis Delegadas
Medidas Provisórias
Decretos legislativos
Resoluções
Fonte: adaptado de BRASIL, 1988.
Então, a Constituição Federal é a lei magna do país. Assim estamos diante da ordem organi-
zacional do Brasil: leis federais, estaduais e municipais. 
Agora, vamos estudar como a Constituição Federal pode sofrer emendas.
2 As Emendas Constitucionais Brasileiras
Você saiba que as emendas constitucionais estão no segundo nível da Constituição Federal 
da pirâmide kelsiana? Dispostas no artigo 60, seu próprio nome revela o objetivo, que é “emen-
dar” a Constituição Federal, em partes específicas, acrescentando ou retirando textos. Porém, não 
podendo alterar ou retirar direitos fundamentais.
SAIBA MAIS!
Você pode conhecer mais detalhes das emendas constitucionais aprovadas entre 
1992 e 2017 acessando o link: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
emendas/emc/quadro_emc.htm>.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 23 – 
Figura 2 – Leis magnas
Fonte: Viorel Sima / Shutterstock.com.
Assim, entenda que é possível fazer propostas para emendas à Constituição, desde que obser-
vados os requisitos estabelecidos nos incisos do artigo 60. Este artigo estabelece como podem 
ser propostas as emendas constitucionais:
 • pelo Presidente da República - encaminha ao Congresso Nacional;
 • por 1/3 dos deputados federais – encaminha para a Comissão de Constituição, Justiça 
e Cidadania (CCJ);
 • por 1/3 dos senadores federais – encaminha para a CCJ;
 • por mais da metade das assembleias legislativas das unidades da Federação – enca-
minha para a CCJ.
A proposta para emenda constitucional será debatida e votada em dois turnos, em cada casa 
do Congresso, e será aprovada se obtiver, na Câmara dos Deputados Federais e no Senado Fede-
ral, três quintos dos votos dos deputados (308 votos) e dos senadores (49), também chamado de 
quórum qualificado (BRASIL, 2017). Assim, o presidente da República pode apresentar a proposta 
de emenda, porém são os deputados e senadores que têm o poder de aprovação.
EXEMPLO
A Emenda Constitucional nº 98/ 2017 “acrescenta § 7º ao artigo 225 da Constitui-
ção Federal, para determinar que práticas desportivas que utilizem animais não são 
consideradas cruéis, nas condições que especifica” (BRASIL, 2017). 
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 24 – 
FIQUE ATENTO!
Os demais parágrafos do artigo 60 da Constituição Federal estabelecem outros 
critérios que devem ser observados para emendas à Constituição Federal.
É importante destacar que o parágrafo 4° do artigo 60 deixa claro que há situações em que 
a Constituição não pode ser alterada, pois tratam-se de cláusulas pétreas, denominadas assim 
porque não podem ser removidas para garantir a permanência de direitos e garantias individuais.
3 As leis brasileiras
Após o artigo 60, a Constituição Federal aborda na subseção III, do artigo 61 até o artigo 69, 
as Leis Complementares e Ordinárias. Vamos conhecê-las.
3.1 Leis Complementares e Leis Ordinárias
O artigo 61, em seu caput, estabelece que as Leis Complementares e as Leis Ordinárias 
poderão ser propostas por membros ou comissão da Câmara dos Deputados, Senado Federal, 
Congresso Nacional, presidente da República, Supremo Tribunal Federal, bem como os tribunais 
superiores, e ainda o procurador-Geral da República e os cidadãos (BRASIL, 1988).
Figura 3 – Legislação
Fonte: Emilia Ungur / Shutterstock.com.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 25 – 
FIQUE ATENTO!
Os cidadãos poderão manifestar-se, de acordo com o estabelecido no caput do ar-
tigo 61, na forma de iniciativa popular, apresentando projeto de lei na Câmara dos 
Deputados.
A Lei Complementar tem o objetivo de complementar a Constituição Federal, de forma a 
acrescentar assuntos de âmbito constitucional. As Leis Ordinárias são normas gerais e abstratas, 
que tratam de outros temas, como a Lei Orçamentária; para serem aprovadas, necessitam de 
maioria simples. Já as Leis Complementares tratam de temas específicos da Constituição Federal, 
e para receberem aprovação precisam de maioria absoluta (BRASIL, 1988).
 • Leis Delegadas
As Leis Delegadas estão previstas no artigo 68 da Constituição Federal, que estabelece: 
“As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar 
delegação ao Congresso Nacional” (BRASIL, 1988). Conforme os estudos de Michel 
Temer (2008, p. 152), “delegar atribuições para o constituinte, significa retirar parcela de 
atribuições de um poder para entregá-lo a outro poder”.
 • Medidas Provisórias
As Medidas Provisórias estão estabelecidas no artigo 62 da Constituição Federal, da 
seguinte forma: “Em caso de relevância e urgência, o presidente da República poderá 
adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Con-
gresso Nacional” (BRASIL, 1988). Assim, as Medidas Provisórias somente poderão ser 
realizadas como o caput explicita, nos casos de relevância ou urgência. Compreenda 
que medida provisória não é lei, mas tem “força de lei” (TEMER, 2008, p. 153).
 • Decretos Legislativos
Os Decretos Legislativos são atos normativos de competência exclusiva do Congresso 
Nacional, sendo que esses atos e competências se encontram relacionados no artigo 49 e 
em incisos, como, por exemplo, “mudança temporária da sede do Governo” (BRASIL, 1988).
 • Resoluções
As Resoluções são tratadas no artigo 68 da Constituição Federal, no parágrafo 2°, e deno-
minadas de “resolução delegativa”, na qual o presidente da República propõe lei delegada, 
que vai requerer autorização prévia do Congresso Nacional, por meio de resolução. Assim 
que for concedida, terá que especificar o conteúdo da delegação e os seus termos, bem 
como a fixação de prazo que irá perdurar o conteúdo da delegação. Exemplo: Lei Delegada 
n° 13 de 08/1992. “O Presidente da República, faço saber que, no uso da delegação cons-
tante da Resolução n° 1, de 1992-CN, decreto a seguinte lei [...].” (CHAMONE, 2010, p. 15).
Agora que já compreendemos a organização das leis no Brasil, vamos estudar os instrumen-
tos integradores, que auxiliam os magistrados a suprir as lacunas que surgem no momento de 
julgar determinadas situações, oriundas das relações individuais, coletivas e jurídicas. 
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 26 – 
4 Os Instrumentos de integração do Direito
Você já deve ter estudado alguns dos instrumentos de integração do Direito, tais como analo-
gia, equidade, doutrina e jurisprudência, porém, é necessário apresentar outros integradores, como 
os usos e costumes. É por meio deles, por exemplo, que a sociedade tem suas origens arreigadas 
em tradições e crenças, que passam a ser condutas sociais reiteradas. E, assim, fazem parte das 
fontes secundárias do Direito. Outro integrador são os princípios gerais do Direito, conforme afirma 
o professor Wladimir Flávio Luiz Braga: “[...] são enunciados normativos – de valor muitas vezes 
universal – que orientam a compreensão do ordenamento jurídico [...].” (BRAGA, s.d).
EXEMPLO
O artigo 4° da Lei de Introdução ao Código Civil afirma que “quando a lei for omissa, 
o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais 
do direito.” (BRASIL, 2002).
Figura 4 – Justiça
Fonte: Stockshoppe/Shutterstock.com.
SAIBA MAIS!
Leia o artigo “Princípios Gerais de Direito e Princípios Constitucionais” para saber 
mais sobre os integradores do Direito. Acesse em: <http://www.emerj.tjrj.jus.br/serie-
aperfeicoamentodemagistrados/paginas/series/11/normatividadejuridica_51.pdf>.
Agora, você já conhece mais sobre os integradores do Direito.
FUNDAMENTOS DEDIREITO
 – 27 – 
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
 • perceber a importância na hierarquia das leis para que não haja conflitos entre os orde-
namentos jurídicos;
 • conhecer a pirâmide de Kelsen e a pirâmide do Brasil na hierarquia das leis.
Referências
BRAGA, Wladimir Flávio Luiz. Princípios Gerais do Direito. Disponível em: <http://fdc.br/Arquivos/
Artigos/14/PrincipiosGeraisDireito.pdf>. Acesso em: 07 ago. 2017.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado 
Federal: Centro Gráfico, 1988, 292 p. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/consti-
tuicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 08 ago. 2017.
_______. Lei nº 10406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil: Institui o Código Civil. Presidência 
da República, Casa Civil, Brasília-DF, 10 jan. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 17 ago. 2017.
_______. Presidência da República. Emendas Constitucionais. 2017. Disponível em: <http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/quadro_emc.htm>. Acesso em: 07 ago. 2017.
_______. Senado Federal. Glossário Legislativo. Emenda Constitucional. 2017. Disponível em: <http://
www12.senado.leg.br/noticias/glossario-legislativo/emenda-constitucional>. Acesso em: 21 ago. 2017.
CHAMONE, Marcelo Azevedo. Lei Delegada. Revista Estudos Legislativos. Assembleia Legislativa, 
Rio Grande do Sul. 2010. Disponível em: <http://submissoes.al.rs.gov.br/index.php/estudos_legis-
lativos/article/view/49>. Acesso em: 15 ago. 2017.
KELSEN, Hans. Teoria Geral do Direito e do Estado. BORGES, Luís Carlos (trad.), 3. ed. São Paulo: 
Martins Fontes, 1998. 
MASCARENHAS, Paulo. Manual de Direito Constitucional. Salvador, 2008. Disponível em: http://
www.paulomascarenhas.com.br/manual_de_direito_constitucional.pdf>. Acesso em: 17 ago. 2017.
PAIVA, Eduardo de Azevedo. Princípios Gerais de Direito e Princípios Constitucionais: Normativi-
dade Jurídica. Série Aperfeiçoamento de Magistrados: Curso de Constitucional, Rio de Janeiro, 
p. 1-10, 2010. Disponível em: <http://www.emerj.tjrj.jus.br/serieaperfeicoamentodemagistrados/
paginas/series/11/normatividadejuridica_51.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2017.
TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 2008.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 28 – 
Administração Pública – princípios da 
Administração Pública (LIMPE). Artigo 37 da 
Constituição Federal. 
Maria Tereza Ferrabule Ribeiro
Introdução
Nesta aula, vamos estudar as classificações dos entes públicos para compreender a quem 
são direcionados os princípios que norteiam a Administração Pública, seja de forma direta ou 
indireta. Tais princípios estão no artigo 37 da Constituição Federal e devem ser seguidos pelos 
servidores públicos na execução das atividades públicas. Os cinco princípios que estudaremos a 
seguir representam o alicerce da Administração Pública, mas não esgotam a relação de princípios 
necessários nas atividades públicas.
Objetivos de Aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • compreender os princípios constitucionais aplicados na Administração Pública;
 • identificar e definir os princípios.
1 Os princípios constitucionais aplicados na Adminis-
tração Pública - Artigo 37 da Constituição Federal
Antes de conhecermos os princípios constitucionais, saiba que a Administração Pública pode 
ser exercida nas esferas federal, estadual e municipal. De acordo com o artigo 37 da Constituição 
Federal, no caput, ela pode ser classificada em direta ou indireta. A primeira é aquela exercida pela 
presidência e ministros ou governadores e prefeitos e respectivos secretários. A segunda é reali-
zada por instituições que têm personalidade jurídica própria, mas que foram criadas para exerce-
rem atividades ao governo de forma descentralizada (BRASIL,1988).
Já o Decreto-Lei n° 200, de 25 de fevereiro de 1967, dispõe sobre a Administração Federal 
em seu artigo 4° e relaciona as categorias de entidades dotadas de personalidade jurídica própria, 
enquanto o artigo 5° e incisos esclarecem sobre a sua organização e personalidade jurídica. Acom-
panhe a seguir (BRASIL, 1967).
 – 30 – 
TEMA 4
Figura 1 – Princípios Constitucionais
Fonte: Lotus_Studio/Shutterstock.com.
 • Autarquias – São criadas por lei, com autonomia e gestão administrativa e financeira 
descentralizada, adquirem personalidade jurídica própria, bem como receita e patrimô-
nio, objetivando executar atividades inerentes à Administração Pública. Um exemplo de 
Autarquia Federal é o Banco Central. 
 • Empresas públicas – São criadas por lei, cuja personalidade jurídica será do direito 
privado, com o objetivo de exploração de atividade econômica. O governo estabelece 
este tipo de entidade por força de contingência ou por conveniência administrativa. Um 
exemplo de Empresa Pública é a Caixa Econômica Federal.
 • Sociedade de economia mista – São sociedades anônimas criadas por lei com per-
sonalidade jurídica do direito privado, com o objetivo de explorar atividade econômica, 
sendo que a maioria das ações com direito a voto será pertencente à União ou à enti-
dade da Administração indireta. Um exemplo é a Petrobras. 
 • Fundações públicas – Possuem personalidade jurídica de direito privado, sem fins 
lucrativos, são criadas com autorização legislativa, objetivando o desenvolvimento de 
atividades que não exijam execução por órgão ou entidades de direito público. Possuem 
autonomia administrativa, patrimônio próprio, sendo que são custeadas por recursos 
da União e outras fontes. Um exemplo é o IBGE.
FIQUE ATENTO!
A Administração Pública é regida pelos princípios do artigo 37 da Constituição Fe-
deral, tais como: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 31 – 
A seguir, vamos apresentar os princípios da Administração Pública, que podem ser lembra-
dos a partir da palavra “LIMPE”, formada pelas letras iniciais de cada um deles: Legalidade, Impes-
soalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. Todos estão presentes no artigo 37 da Constitui-
ção Federal e incisos. 
2 Princípio da Legalidade
O princípio da legalidade estabelece que a Administração Pública deve ter respaldo em lei, 
sendo considerado ilícitos os atos práticos sem expressa permissão legal. Logo, a Administração 
Pública é subordinada às leis, devendo seus agentes assumirem a posição de dóceis cumpridores 
das disposições fixadas pelo legislador. Esse mecanismo de organização, limita o poder do Estado 
e passa certa segurança jurídica ao indivíduo. Fundamentado no artigo 37, caput e artigo 5, inciso 
II, da Constituição Federal.
Figura 2 – Legalidade
Fonte: Scott Maxwell LuMaxArt/Shutterstock.com.
Essa liberdade de conduta individual encontra proteção em vários dispositivos da Constitui-
ção Federal. Um exemplo é o artigo 5°, inciso X, no qual “são invioláveis a intimidade, a vida privada, 
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação”. É um princípio da Legalidade consubstanciado com a liberdade dos 
cidadãos de proteção à sua intimidade, vida privada, honra e imagem (BRASIL,1988). 
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 32 – 
SAIBA MAIS!
Leia o artigo de Marcelo Thompson, intitulado “Marco civil ou demarcação de direi-
tos?”, que questiona a adequação do Marco Civil à jurisprudência recente do Supre-
mo Tribunal Federal sobre liberdade de expressão. Acesse em: <http://bibliotecadi-
gital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/8856/7678>.
Já conhecemos um pouco sobre o princípio da Legalidade, então vamos saber mais sobre o 
princípio de Impessoalidade, conforme estudaremos a seguir.
3 Princípio da Impessoalidade
Vejamos o princípio da Impessoalidade,a letra I, de “LIMPE”. Neste princípio, cabe ao admi-
nistrador público agir com neutralidade em todos os atos governamentais. Assim, ao atuar em 
nome do interesse público, como preposto legitimado pelo Estado, o agente segue fielmente os 
princípios da Legalidade e da Igualdade, dispostos nos Princípios Fundamentais e nos Direitos e 
Garantias Fundamentais.
EXEMPLO
A impessoalidade possibilita que não haja privilégios aos servidores públicos, que 
não poderão se autopromover, nem promover outra pessoa. Para a ocupação de 
cargos na administração pública o concurso público é obrigatório, possibilitando 
que qualquer cidadão participe, desde que atenda as exigências do edital.
Depois dessa breve explicação sobre o princípio de Impessoalidade, vamos saber mais sobre 
o princípio da Moralidade. 
4 Princípio da Moralidade
O terceiro princípio é o da Moralidade, a letra M, de “LIMPE”. É o princípio de praticar os atos 
sob a sua responsabilidade com ética e moral e em consonância com a lei (MORAES, 2007).
FIQUE ATENTO!
O princípio da Moralidade pode estar implícito no princípio da Publicidade, pois os 
atos da gestão pública deverão ser públicos para que o particular tenha conheci-
mento de que forma estão sendo utilizados os erários (recursos) públicos.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 33 – 
EXEMPLO
Do agente público são exigidas lisura, transparência e publicidade de seus atos, ao 
invés da utilização do cargo para tirar ou criar vantagens, sob pena da prática de 
tráfico de influência ou ato de improbidade administrativa.
Assim, saiba que o princípio da Moralidade pode trazer grande contribuição para o serviço 
público. Se, após uma investigação, o agente público for condenado pela prática de crime no exer-
cício de suas funções, poderá ser responsabilizado para a devolução dos valores subtraídos, como 
diz o artigo 37 da Constituição Federal no parágrafo 4°: “Os atos de improbidade administrativa 
importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos 
bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação prevista em lei, sem prejuízo da ação penal 
cabível” (BRASIL, 1988).
Figura 3 – Transparência
Fonte: Nonnakrit/Shutterstock.com.
Portanto, fica claro que o agente público, além da perda de privilégios decorrentes do cargo, 
e também financeiros, terá que responder perante a lei penal.
5 Princípio da Publicidade
O P, de “LIMPE”, diz respeito ao princípio da Publicidade, sendo que “A publicidade, como prin-
cípio da administração pública, abrange toda atuação estatal, não só sob o aspecto de divulgação 
oficial de seus atos como, também, de propiciação de conhecimento da conduta interna de seus 
agentes” (MEIRELLES, 2000, p.89). Um exemplo são as publicações realizadas via Diário Oficial. 
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 34 – 
Figura 4 – Divulgação de Dados
Fonte: Jakub Krechowicz/Shutterstock.com.
SAIBA MAIS!
Confira mais sobre o princípio da Publicidade lendo “Princípio da publicidade, pre-
sunção de inocência e intimidade nos processos eletrônicos”, que relata a nova 
relação com os meios eletrônicos. Acesse em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/
index.php/rda/article/view/8440/7188>. 
Agora que já conhecemos os quatro primeiros princípios constitucionais, vamos ao último, o 
princípio da Eficiência, o E, de palavra “LIMPE”, formando então, o alicerce da base jurídica brasileira.
6 Princípio da Eficiência
A eficiência do servidor público tem como atributos fundamentais, no desempenho de suas 
atividades, trabalhar com imparcialidade, neutralidade, transparência, eficácia, desburocratização 
e atendendo ao cidadão com qualidade, ética e educação (MORAES, 2007).
FIQUE ATENTO!
É exigido que a Administração Pública seja realizada com presteza, atingindo os 
fins sociais, visando a satisfação das necessidades da comunidade e de seus 
membros como um todo.
Este princípio, conforme Moraes (2016), explica, legitima ao Ministério Público que proceda 
com a tutela necessária aos particulares em detrimento ao poder Estatal, conforme o artigo 129, 
inciso II, da Constituição Federal: “Zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos servi-
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 35 – 
ços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas 
necessárias a sua garantia.” (BRASIL, 1988).
Assim, foi possível conhecer os cinco princípios que norteiam a administração pública, e que 
são extremamente importantes na gestão pública, trazendo ações positivas para a sociedade.
Fechamento
Nesta aula você teve a oportunidade de:
 • compreender a organização da Administração Pública;
 • identificar a forma como os princípios constitucionais atuam em prol da sociedade; 
 • conhecer os cinco princípios que devem ser obedecidos pelos servidores públicos na 
execução de suas atividades. 
Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado 
Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.
______. Decreto-lei nº. 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a organização da Admi-
nistração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências. 
Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 27 de fevereiro de 1967. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0200.htm>. Acesso em: 08 ago. 2007.
______. Emenda Constitucional n° 19, de 04 de junho de 1998. Modifica o regime e dispõe sobre 
princípios e normas da Administração Pública, servidores e agentes políticos, controle de despe-
sas e finanças públicas e custeio de atividades a cargo do Distrito Federal, e dá outras providên-
cias. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 04 de junho de 1998. Disponível 
em: <http://www.camara.gov.br/sileg/integras/688521.pdf>. Acesso em: 08 ago. 2017.
JÚNIOR, Walter Nunes da Silva. Princípio da publicidade, presunção de inocência e intimidade nos 
processos eletrônicos. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 255, p. 289-326, set. 
2010. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/8440/7188>. 
Acesso em: 03 ago. 2017
MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 32. ed. Revista e atualizada até a EC n° 91 de 18 de 
fevereiro de 2016. São Paulo: Atlas, 2016.
MORAES, Antonio Carlos Flores de. Legalidade, Eficiência e controle da Administração Pública. 
Belo Horizonte. Fórum, 2007.
THOMPSON, Marcelo. Marco civil ou demarcação de direitos? Democracia, razoabilidade e as fen-
das na internet do Brasil. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 261, p. 203-251, set. 
2012. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/8856/7678>. 
Acesso em: 08 ago. 2017.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 36 – 
Contratos Administrativos. Licitação
Maria Tereza Ferrabule Ribeiro
Introdução 
Os contratos administrativos e as modalidades da licitação são importantes ferramentas da 
Administração Pública para estabelecer a forma de compra de bens e serviços, bem como realizar 
obras. Vamos estudá-los e conhecer os princípios estabelecidos para a execução de uma licitação.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • compreender o conceito jurídico de contratos administrativos e licitação;
 • conceituar as modalidades de licitação;
 • entender as normativas legais administrativas para a contratação de compras públicas.
1 Lei geral de contratos administrativos e licitação - 
Lei 8.666/1993
Primeiro, vamos entender que a Lei 8.666 foi criada com o objetivo de regulamentar o artigo 
37, inciso XXI da Constituição Federal, que estabelece normas para licitações e contratos da Admi-
nistração Pública e destaca que as licitações objetivam a contratação de obras, serviços, compras 
e alienações, buscandoa igualdade de condições dos interessados e transparência, com cláusulas 
que preveem obrigações de pagamento e cumprimento de exigências na qualidade técnica.
A partir deste inciso, você já pode perceber a intenção do legislador em estabelecer critérios e 
formas para que o administrador público contrate serviços e bens mediante licitações públicas ou 
de outras formas, desde que com previsão legal, conforme o artigo 2° da Lei 8.666/1993.
Figura 1 – Contratos Públicos
Fonte: dreamtime/Shutterstock.com.
 – 37 – 
TEMA 5
Veja que a Lei 8.666/1993 foi criada por tratar de um tema complexo, e a legislação detalha, 
então, como deverão ser realizadas essas contratações, sendo que as regras valem para todos os 
órgãos da Administração Púbica, sejam da Administração direta ou indireta (BRASIL,1993). 
Os contratos da Administração Pública que devem obedecer à Lei 8.666 abrangem os que 
forem estabelecidos entre entes públicos, bem como os de âmbito do Direito Privado.
FIQUE ATENTO!
A Lei 8.666/93 estabelece no artigo 2°, § único, que contrato é o ajuste estabelecido 
entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares.
É importante compreender as diferenças que regulam o contrato administrativo público e o 
contrato do Direito Privado, como distingue De Pietro (2014):
 • Direito Privado: irá regular os contratos de compra e venda, bem como aqueles que são 
a título gratuito, como a doação e o comodato, regidos pelo Código Civil.
 • Contratos Administrativos públicos: na esfera administrativa serão geridos pelo Direito 
Público, como os contratos de concessão de serviços e que exigem aplicação das 
modalidades de licitação, conforme o caso. Destacam-se também os contratos que 
podem ser públicos ou privados, mas que serão regidos pelo Direito Público, como os 
contratos de empreitada.
Agora, vamos conhecer as modalidades de licitação.
2 Conceito e Modalidades de licitação
A licitação é um processo designado à seleção da melhor proposta dentre as apresentadas 
por aqueles que visam contratar com a Administração Pública. Segundo Marinela (2010, p. 315), 
“esse instrumento estriba-se na ideia de competição a ser travada, isonomicamente, entre os que 
preenchem os atributos e as aptidões, necessários ao bom cumprimento das obrigações que se 
propõem assumir”. 
FIQUE ATENTO!
A eficiência é a forma de cumprir a atividade da maneira certa, enquanto que eficá-
cia vai além de somente cumprir a atividade, mas de certificar-se de que o objetivo 
foi atingido e resolveu a situação. 
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 38 – 
Figura 2 – Busca da Eficiência 
Fonte: dockstockmedia/Shutterstock.com.
A licitação compreende as seguintes modalidades, conforme o Tribunal de Contas da União 
(2010), sendo que a diferenciação por valores está disposta no artigo 23º da Lei 8.666/1993:
 • Concorrência – pode ser realizada entre quaisquer interessados, para contratos de 
valores acima de R$ 1,5 milhão (obras e serviços de engenharia), outros bens e servi-
ços, que não os de engenharia, nos valores superiores a R$ 650.000,00 (seiscentos e 
cinquenta mil reais).
 • Tomada de preços – realizada entre quaisquer interessados, exige aprovação do cadastro 
do interessado. Para contratos de valores médio, de até R$ 1,5 milhão (obras e serviços de 
engenharia). Para outros bens e serviços, que não os de engenharia, valores superiores a R$ 
80.000,00 (oitenta mil reais) até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais).
 • Convite – para convidados da Administração Pública em número mínimo de três. Com 
valores de até R$ 150 mil (obras e serviços de engenharia) e até R$ 80 mil (serviços e 
compras).
 • Pregão – usado na compra de bens dos serviços realizados pela União, Distrito Federal, 
Estados e municípios. Os interessados devem atender requisitos mínimos de qualifica-
ção exigidos no edital, e é feito em sessão pública, presencial ou eletrônica.
 • Concurso – faz a escolha de trabalhos científicos, artísticos e técnicos, no qual haverá 
previsão de premiação. 
 • Leilão – aberto a qualquer interessado, é uma forma de colocar à disposição bens 
móveis de valor módico, ou seja, avaliados em quantia não superior a R$ 650.000,00 
(seiscentos e cinquenta mil reais).
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 39 – 
EXEMPLO
Quando os donos de carros apreendidos pelo departamento de fiscalização de 
trânsito não demonstram interesse em recuperá-los, os veículos são leiloados e os 
recursos, revertidos ao erário público. Para isso, o órgão precisa fazer uma licitação, 
na modalidade leilão.
SAIBA MAIS!
Para mais detalhes sobre as modalidades de licitação e suas aplicações, leia o 
artigo de Lucas Rocha Furtado intitulado “Contratos Administrativos e Contratos de 
Direito Privado celebrados pela Administração Pública”. Acesse em: <http://revista.
tcu.gov.br/ojs/index.php/RTCU/article/viewFile/934/998>
Agora que já conhecemos as diversas modalidades de licitação, entenderemos como fun-
ciona a contratação de compras públicas, a partir do Sistema de Registro de Preços ou SRP.
3 Contratação de compras públicas – 
Sistema de Registro de Preços - SRP
Um aspecto importante é que em relação às compras na Administração Pública, a Lei 
8.666/1993 estabelece que, sempre que possível, deverão “ser processadas através de sistema 
de registro de preços” (BRASIL, 1993). Este sistema tem como objetivo proporcionar economia 
nas compras públicas, sendo uma forma de manter o preço contratado, quando tiverem que fazer 
novas contratações, como se fosse uma tabela de preço. Este sistema somente poderá ocorrer 
nas modalidades de concorrência ou pregão, conforme estabelece o artigo 11 da Lei 10.520, de 17 
de julho de 2002 (BRASIL, 2002).
Figura 3 – SRP
Fonte: Mariusz Szczygiel/Shutterstock.com.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 40 – 
 Além do SRP, as licitações precisam obedecer alguns requisitos para que possam ser oficia-
lizadas. A seguir, vamos conhecer alguns desses aspectos. 
4 Os aspectos da formalização da licitação
Quando falamos em licitação, tenha em mente também que é obrigatória a formalização 
desse processo em todas as esferas da Administração Pública, conforme determina o artigo 4° da 
Lei 8.666/1993. Essa formalização se dará, por exemplo, por meio de publicação de edital para o 
chamamento dos interessados em participar da respectiva modalidade licitatória.
Figura 4 – Licitação
Fonte: Shutterstock.com.
A licitação será iniciada pela abertura do processo administrativo devidamente autuado, 
protocolado e numerado, conforme previsto no artigo 38 da Lei 8.666/1993. Portanto, trata-se 
do momento da formalização interna. Já a criação do respectivo edital deverá seguir obrigatoria-
mente a sequência estabelecida no artigo 40 da legislação. 
FIQUE ATENTO!
Lembre-se de que licitação tem como significado “lançar em leilão, dar preço, ofere-
cer lanço” (DE PLÁCIDO, 1989, p. 88).
Já a etapa externa está baseada no artigo 3°, parágrafo 3°, que estabelece a publicidade da lici-
tação para que o público tenha acesso ao seu conteúdo no momento da abertura (ADRIANO, 2013).
5 Dispensa de licitação
Por outro lado, saiba que a licitação pode ser dispensada diante de situações elencadas na 
Lei 8.666/1993, como os casos de interesse público, estabelecidos no artigo 17, como a aliena-
ção de bens, ou seja, a transferência voluntária de um bem, seja móvel ou imóvel. O artigo 24° da 
mesma lei dispõe de outros casos em que pode haver dispensa de licitação (BRASIL,1993).
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 41 – 
EXEMPLO
O inciso III do artigo 24º prevê a dispensa de licitação na ocorrência de guerra ou 
grave perturbação da ordem. Outra situação de dispensa é em relação a valores, 
quando este for inferior aos limites estabelecidos (BRASIL,1993).
 
Portanto, são diversas as situações em que o ente público pode deixar de utilizaras modalida-
des licitatórias. Porém, é preciso ressaltar que, caso o faça sem amparo legal, pode ser punido com 
detenção e multa, conforme determina o artigo 89 da legislação específica.
SAIBA MAIS!
Leia o artigo do doutor em Direito Ivan Xavier Filho, que trata sobre a responsabilidade 
penal do particular diante da dispensa de licitação. Acesse em: <http://www.
editoraforum.com.br/ef/wp-content/uploads/2017/04/artigo-dispensa-licitacao.pdf>.
 
Portanto, agora já sabemos como a Administração Pública realiza os contratos públicos para 
garantir prestação de serviços com qualidade e eficiência para a sociedade. 
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
 • compreender a preocupação do legislador em estabelecer regras para a Administração 
Pública realizar compras. 
 • identificar as diferentes modalidades de licitação e suas aplicações. 
 • diagnosticar a necessidade ou não de dispensar a licitação, segundo a legislação vigente.
Referências
ADRIANO, Paulo Roberto Ienzura. Processos Licitatórios: Legislação e Formalização. 2013. 152 
f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-Graduação em Planejamento e Governança Pública, 
Universidade Federal Tecnológica do Paraná, Curitiba, 2013. Disponível em: <http://repositorio.
utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/588/1/CT_PPGPGP_M_Adriano, Paulo Roberto Ienzura_2013.pdf>. 
Acesso em: 09 ago. 2017.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
BRASIL. Decreto n° 7.892, de 23 de janeiro de 2013. Regulamenta o Sistema de Registro de Pre-
ços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. 2013. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d7892.htm>. Acesso em: 05 ago. 2017.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 42 – 
________. Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da constituição 
Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras provi-
dências. 1993. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.htm>. Acesso 
em: 05 ago. 2017.
________. Lei n° 10.520 de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal 
e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação 
denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. 2002. Dis-
ponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10520.htm>. Acesso em: 05 ago. 2017.
FILHO, Ivan Xavier Vianna. Dispensa ou inexigibilidade de licitação e a responsabilidade penal do 
particular. R. de Dir. Público da Economia – RDPE, Belo Horizonte, ano 14, n. 54, p. 77-90, abr./jun. 
2016. Disponível em: <http://www.editoraforum.com.br/ef/wp-content/uploads/2017/04/artigo-
-dispensa-licitacao.pdf>. Acesso em: 05 ago. 2017.
FURTADO, Lucas Rocha. Contratos Administrativos e Contratos de Direito Privado Celebrados pela 
Administração Pública. R. TCU, Brasília, v. 31, n. 86, out/dez 2000. Disponível em: <http://revista.
tcu.gov.br/ojs/index.php/RTCU/article/viewFile/934/998>. Acesso em: 30 ago. 2017. 
MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 4. ed. Niterói: Impetus, 2010.
SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. v. 4. 11. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1989.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Licitações e Contratos. Orientações e Jurisprudência do 
TCU. 4. ed., Brasília, 2010. Disponível em: <http://www.tcu.gov.br/Consultas/Juris/Docs/LIC_
CONTR/2057620.PDF>. Acesso em: 05 ago. 2017.
WAHLBRINCK, Marco Luciano. Modalidades licitatórias. Univates, 2006. Disponível em: <https://www.
univates.br/media/graduacao/direito/MODALIDADES_LICITATORIAS.pdf>. Acesso em: 05 ago. 2017.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 43 – 
Sujeitos do Direito: nascimento e fim
Raquel Helena Hernandez Fernandes
Introdução
A existência humana contempla dois grandes e significativos eventos: vida e morte. Esses 
dois eventos são caracterizados por peculiaridades importantes para a vida em sociedade e, con-
sequentemente, para o meio jurídico. Eles trazem aspectos essenciais ao estabelecimento de direi-
tos e deveres de uma pessoa. 
Objetivos de Aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • identificar e interpretar a pessoa para o Direito Civil.
 • entender as relações jurídicas que permeiam a trajetória de vida desde o nascimento 
até a morte da pessoa natural.
 • compreender as consequências da comoriência.
1 A pessoa natural para o Direito Civil
Inicialmente, vamos compreender o conceito de pessoa natural (ou pessoa física), que é o ser 
humano com vida, com sua estrutura biopsicológica (considerando os aspectos físico e psicológico). 
Podemos entender que a pessoa natural é a causa para que o ordenamento e os sistemas jurídicos 
existam, pois, a ciência jurídica é feita pelo homem e para o homem (FARIAS, ROSENVALD, 2011).
Esse pensamento surge porque a pessoa natural é um ser de relações sociais, ou seja, rela-
ciona-se com família, amigos, clientes, prestadores de serviços, entre outros. Assim, o Direito 
regula essas relações por meio de normas e sistemas jurídicos.
Depois de entendermos quem é a pessoa natural para o Direito Civil, vamos conhecer o con-
ceito de sujeito. 
2 Conceito de sujeito de Direito
Por meio da atribuição da personalidade jurídica são estabelecidos os sujeitos de direito. 
Assim, é importante lembrar que não são detentores de direitos e deveres somente as pessoas 
naturais, mas, também, as pessoas jurídicas, devido à atribuição de personalidade. 
Entendido o conceito essencial de sujeito de Direito, é necessário entendermos quais são as 
caracerísticas desse sujeito para o âmbito jurídico.
 – 44 – 
TEMA 6
3 Personalidade jurídica a partir do nascimento
Personalidade é o conjunto de características da pessoa natural, ou seja, são as característi-
cas corpóreas e não corpóreas, como nome, estado civil, qualidade de cidadã, patrimônios, entre 
outros. Nesse sentido, dizemos que a personalidade jurídica é objeto de direito porque o ordena-
mento jurídico a protege (TARTUCE, 2016). 
Desta forma, a personalidade jurídica se inicia a partir do nascimento, ainda que seja seguido 
da morte. Porém, saiba que a personalidade começa com o nascimento com vida; porém, a lei 
resguarda os direitos do nascituro desde a concepção (BRASIL, 2002).
E quando se fala sobre o nascituro, ele já tem personalidade? É considerado pessoa? Diante 
dessas questões, temos três posicionamentos: o dos natalistas, o dos concepcionistas e o dos 
teóricos da personalidade condicional.
Figura 1 – Nascimento
Fonte: noBorders – Brayden Howie/Shutterstock.com.
Para os natalistas, a personalidade tem início a partir do nascimento com vida. Já os concep-
cionistas entendem que a personalidade tem início a partir da concepção. O Código Civil não deixa 
claro o seu posicionamento, pois, embora afirme que a personalidade civil começa a partir do nas-
cimento da vida, diz que o nascituro tem os direitos resguardados, de encontro à teoria concepcio-
nista. Percebe-se, portanto, que não há consenso sobre o assunto, embora o posicionamento majo-
ritário dos tribunais e de doutrinadores tem sido voltado à teoria concepcionista (TARTUCE, 2016).
A teoria da personalidade condicional afirma que a personalidade civil surge com o nasci-
mento de uma pessoa com vida. Porém, menciona que somente alguns direitos são protegidos, 
como, por exemplo, o direito à vida (TARTUCE, 2016). Já outros direitos só serão garantidos após 
o nascimento com vida, como, por exemplo, direitos patrimoniais.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 45 – 
SAIBA MAIS!
Sobre a prevalência da teoria concepcionista em nossos sistema e ordenamento 
jurídicos, sugerimos a leitura do Informativo n. 547 do Superior Tribunal de Justiça, 
nas páginas 9 e 10. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/SearchBRS?b=INF-J&tipo=informativo&livre=@COD=%270547%27>.
Depois de conhecermos os três posicionamentos sobre o surgimento da personalidade, 
vamos inteira-se sobre os direitos da personalidade, afinal, eles são alvo de proteção do Direito. 
3.1 Direitos da Personalidade
Agora, saiba que os direitos da personalidade representam os direitos mais íntimos e funda-
mentais do ser humano, conforme Tartuce (2016). Assim, “com exceção dos casos previstos em 
lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício 
sofrer limitação voluntária” (BRASIL, 2002). Tenha em mente que não há uma lista específica dos 
direitos da personalidade. Portanto, eles podem ser entendidos como o direito à vida, à liberdade, 
à integridade, à saúde, entre outros. 
SAIBA MAIS!
O Projeto de Lei 699/2011 pretende alterar o artigo 11 do Código Civil, explicitando 
direitos da personalidade e suas classificações. Para conhecer mais, acesse em: <http://
www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=494551>.
As classificações dos direitos da personalidade causam divergências entre juristas. Para fins 
didáticos, “os direitos da personalidade são intransmissíveis, irrenunciáveis, extrapatrimoniais e 
vitalícios” (TARTUCCE, 2016, p. 162). Nesse sentido, atente à seguinte classificação (BRASIL, 2011):
 • Direitos inatos, ilimitados e absolutos:
 “Os direitos da personalidade são considerados inatos por serem inerentes à pessoa 
humana, ou seja, pertencem ao sujeito de forma originária” (TARTUCE, 2016, p. 164). 
Figura 2 – Liberdade
 
Fonte: studioarz/Shutterstock.com. 
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 46 – 
Quanto a serem ilimitados e absolutos, existem algumas polêmicas, pois os direitos da per-
sonalidade, em alguns casos, podem sofrer limitação voluntária e não podem ser exercidos com 
abuso de direito pela pessoa titular (BRASIL, 2012).
 • Direitos intransmissíveis e indisponíveis:
Não cabe cessão dos direitos da personalidade, ou seja, não podem ser objeto de aliena-
ção, não são disponíveis. Entretanto, a doutrina vem trazendo a ideia de que os aspectos 
patrimoniais podem ser transmissíveis e disponíveis quanto ao uso (TARTUCE, 2016).
EXEMPLO
O caso de uma pessoa que, por meio de registro em cartório, dispõe de seu corpo 
gratuitamente após a morte para alguma universidade, para fins científicos, é um 
exemplo de disponibilidade relativa dos direitos da personalidade (BRASIL, 2002).
 • Direito irrenunciáveis:
Não é possível renunciar aos direitos de personalidade, ou seja, não é possível abando-
nar o seu direito. 
 • Direitos imprescritíveis:
Não têm prazo para existirem, assim como não se extinguem pela inércia referente ao uso. 
 • Direitos impenhoráveis e inexpropriáveis:
Não podem ser perdidos por limitação judicial e nem retirados da pessoa enquanto vive. 
4 O fim da personalidade da pessoa
Agora, saiba que o fim da personalidade da pessoa se dá com a morte. Entretanto, é impor-
tante ressaltar que alguns direitos do falecido permanecem. Assim, ficam resquícios da personali-
dade civil de cujus (do falecido). Isso acontece porque pessoas ligadas ao falecido podem se sentir 
lesadas pelo uso da imagem e pleitearem indenização (BRASIL, 2002).
Existem três tipos de mortes para o Direito Civil:
 • Morte real: o fim da personalidade da pessoa natural ocorre pela morte. Nesse sentido, 
morte real é a morte cerebral (BRASIL, 2002). Será confirmada por médico, por meio de 
laudo, documento essencial à elaboração do atestado de óbito.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 47 – 
Figura 3 – Morte
Fonte: Willen Havenaar/Shutterstock.com.
FIQUE ATENTO!
A morte cerebral é a morte real, ou seja, somente quando o cérebro da pessoa para 
de funcionar é declarada a sua morte real.
 • Morte presumida sem justificação (declaração de ausência): é caracterizada por 
desaparecimento de corpo de pessoa em perigo de vida ou envolvida em guerra, por ser 
militar ou prisioneira, não sendo encontrada até dois anos após o término da mesma. 
Tenha em mente que somente após esgotados os meios de buscas do corpo é que 
haverá a declaração de morte (BRASIL, 2002). 
EXEMPLO
São exemplos de morte presumida sem justificação: desastre, acidentes e catás-
trofes naturais, de acordo com o artigo 7º, inciso I, do Código Civil (BRASIL, 2002).
 • Morte presumida com declaração de ausência: quando a pessoa desaparece e está 
em local incerto e não sabido, configurando o LINS (Lugar Incerto e Não Sabido). 
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 48 – 
FIQUE ATENTO!
A presunção das mortes presumidas com e sem declaração de ausência são relati-
vas, podendo ser afastada se a pessoa tida como morta aparecer com vida.
Aqui, então, foi possível conhecermos que a personalidade jurídica se extingue com a morte 
do sujeito de Direito. 
5 A comoriência e as suas consequências.
A comoriência diz respeito ao momento da morte de duas ou mais pessoas, da mesma famí-
lia e com direitos sucessórios entre si, e não tenha sido possível averiguar qual das pessoas fale-
ceu primeiro. Nesse caso, elas serão presumidas mortas simultaneamente (BRASIL, 2002). 
Figura 4 – Tempos simultâneos
Fonte: Africa Studio/Shutterstock.com. 
A consequência prática da comoriência se dá nos efeitos da sucessão dos bens dos como-
rientes (falecidos). Assim, se os comorientes forem herdeiros uns dos outros, não haverá transfe-
rência de bens e direitos entre eles; um não sucederá o outro. (TARTUCE, 2016) 
FIQUE ATENTO!
Na comoriência, a presunção de morte é relativa, pois pode ser afastada caso se 
comprove que as mortes não foram simultâneas.
 Portanto, note que a comoriência é um acontecimento advindo da morte.
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 49 – 
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
 • saber o que é pessoal natural para o Direito Civil.
 • compreender que a personalidade jurídica surge a partir do nascimento. 
 • entender que a morte caracteriza o fim da personalidade jurídica.
Referências 
BRASIL. Jornadas de direito civil I, III, IV e V: enunciados aprovados/coordenador científico Ministro 
Ruy Rosado de Aguiar Júnior. Brasília: Conselho da Justiça Federal, Centro de Estudos Judiciários, 
2012. Disponível em: <http://www.cjf.jus.br/cjf/CEJ-Coedi/jornadas-cej/enunciados-aprovados-
-da-i-iii-iv-e-v-jornada-de-direito-civil/compilacaoenunciadosaprovados1-3-4jornadadircivilnum.
pdf/view>. Acesso em: 04 set 2017.
_________. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Institui o Código Civil. Presidência 
da República, Casa Civil. Brasília-DF, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 18 ago. 2017.
_________. Projeto de Lei nº 699, de 15 de março de 2011. Altera o Código Civil, instituído pela Lei nº 
10.406, de 10 de janeiro de 2002. Pl 699/2011: Altera o Código Civil, instituído pela Lei nº 10.406, 
de 10 de janeiro de 2002. Portal da Câmara de Deputados, DF, 2011. Disponível em: <http://www.
camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=494551>. Acesso em: 21 ago. 
2017.
_________. Informativo de Jurisprudência nº 547, Superior Tribunal de Justiça. Brasília/DF, 08/10/2014, 
páginas 9 e 10. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/SearchBRS?b=INFJ&tipo=informati-
vo&livre=@COD=%270547%27>. Acesso em: 12 set. 2017.
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito Civil: Teoria Geral. Rio de Janeiro: Lumen 
Juris, 2011.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil, v. 1: Lei de introdução e parte geral. Rio de Janeiro: Forense, 2016. 
FUNDAMENTOS DE DIREITO
 – 50 – 
Capacidade relativa e absoluta
Raquel Helena Hernandez Fernandes
Introdução
Você já deve saber que a vida em sociedade exige que as pessoas tomem decisões sobre 
as mais variadas situações, realizem negócios, dentre outras atividades. Agora, para o Direito,

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