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Neoplasias Curso: Medicina Profa: Dra Fernanda Silva Torres Cronograma da aula 15. Neoplasia 15.1 Classificação das neoplasias 15.2 Teratoma 15.3 Neoplasia benigna 15.4 Neoplasia maligna 15.5 Aspectos morfológicos 15.6 Aspectos microscópios 15. 7 Propriedades e características das células malignas Neoplasia Neoplasia = proliferação celular descontrolada. Conceito: proliferação celular anormal, descontrolada e autônoma, com perda ou redução da diferenciação, em consequência de alterações em genes ou proteínas que regulam a multiplicação e a diferenciação das células. ↑ proliferação e perda da diferenciação celular. Características iniciais: a) Autonomia de crescimento; b) Em órgão sólido = tumor; c) Céls neoplásicas clonais (parênquima); d) Estroma reativo (tec. Conjuntivo, vasos sanguíneos, MΦ, linfóticos). Benignas: geralmente não são letais, não causam sérios transtornos. Malignas: crescimento rápido, podem formam metástases e provocam perturbações homeostáticas graves. (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. Cap. 10. ROBBINS & COTRAN. Patologia: bases patológicas da doença. 8ª Ed. 2010. Cap 1. Neoplasias - Classificação (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. Cap. 10. ROBBINS & COTRAN. Patologia: bases patológicas da doença. 8ª Ed. 2010. Cap 1. “Tumor”: termo abrangente = qualquer lesão expansiva ou intumescimento localizado, podendo ser causado por muitas lesões (inflamações, hematomas etc.). Câncer: tradução latina da palavra grega carcinoma (de karkinos = crustáceo, caranguejo) = neoplasia maligna. Cancerígeno ou oncogênico: estímulo ou agente causador de câncer. Critérios de classificação: (1) comportamento clínico (benignos ou malignos); (2) aspecto microscópico (critério histomorfológico); (3) origem da neoplasia (critério histogenético). a) –oma = neoplasia benigna ou maligna; b) carcinoma = tumor maligno que reproduz epitélio de revestimento; c) Sarcoma = neoplasia maligna mesenquimal; d) blastoma = neoplasia com características embrionárias. Ver Quadro 10.1 Nomenclatura resumida dos tumores. p. 243 Teratomas (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. Cap. 10. https://step2.medbullets.com/oncology/120433/teratoma) Conceito: tumores benignos ou malignos originados de células toti ou multipotentes. Locais de ocorrência: comuns nos testículos e ovários. Constituição: tecidos derivados de mais de um folheto embrionário. Morfologia: a) teratomas benignos - há diferenciação de tecidos, que formam estruturas (pele e anexos, ossos, dentes, olho etc.). b) teratomas malignos – diferenciação limitada (imaturos), esboços organoides em meio com as células de transformação maligna. Teratoma retirado do mediastino Neoplasias benignas (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. Cap. 10.) Características: Céls diferenciadas ou indistinguíveis das normais; Tumor reproduz bem o tecido que lhe deu origem; ↓ taxa de divisão celular; Crescimento lento; Aderência celular mantida; Sem infiltração tecidual; Massa esférica; Crescimento expansivo (compressão de estruturas adjacentes); Pode ter cápsula fibrosa em torno do tumor. Fibroadenoma da mama. A. Lesão nodular, homogênea e bem delimitada do parênquima. B. Neoplasia está envolvida por cápsula de tecido conjuntivo (setas). Neoplasias malignas (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. Cap. 10.) Ocorrência: OMS: ~ 6 milhões de pessoas morrem anualmente por câncer no mundo. INCA: Brasil, 600.000 casos novos de câncer, 2016-2017. Aspectos morfológicos – Tumores císticos ou sólidos (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. Cap. 10.) Nodular: forma massa expansiva que tende a ser esférica - tumores benignos e malignos originados em órgãos compactos (fígado, pulmões e rins. A. Pólipo do intestino grosso. B. Pólipos do intestino grosso, sésseis ou pediculados. B. Adenocarcinoma nodular do rim. MALIGNO. Necrose e hemorragia Tumor infiltra-se no parênquima renal (setas). Benignos Benignos (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. Cap. 10.) Aspectos morfológicos – Tumores císticos ou sólidos Vegetante: encontrado em tumores benignos ou malignos, crescem em superfície (pele ou mucosas), forma massa exofítica que pode ser poliposa, papilomatosa ou em couve- flor. Aspectos morfológicos (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. Cap. 10.) Infiltrativo: tumores malignos, que infiltram maciçamente, sem formar nódulos. Tumor ulcerado: quase exclusivo de neoplasias malignas. Características: infiltra e ulcera no centro, forma cratera com bordas endurecidas, elevadas e irregulares Adenocarcinoma do estômago: tipo ulcerado. Lesão crateriforme com bordas irregulares e elevadas. (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. Cap. 10.) Aspectos microscópicos Constituição: céls neoplásicas (parênquima tumoral) e estroma conjuntivo-vascular. Tumores com até 1 a 2 mm não possuem vasos; Tumores maiores tem vasos sanguíneos (angiogênese). Neoplasias não têm inervação. Dor: devida a infiltração ou compressão de nervos nos tecidos vizinhos. Neoplasias malignas: ↑ taxa de multiplicação (alto índice mitótico) e crescimento rápido; estroma e os vasos sanguíneos desenvolvem-se lentamente - degenerações, necrose, hemorragia e ulceração; crescimento infiltrativo, não apresentam cápsula. Neoplasias benignas: céls bem diferenciadas, tumor reproduz bem o tecido de origem, céls não infiltram; crescimento expansivo; comprime estruturas adjacentes; com cápsula fibrosa; crescimento lento; formação de vasos sanguíneos. (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. Cap. 10.) Aspectos microscópicos Carcinoma de células escamosas. Hipercelularidade; Pleomorfismo celular; Núcleos volumosos e atípicos. Carcinoma de células escamosas do pulmão. Céls neoplásicas infiltram-se no Tec. Conj. adjacente. Evolução inicial de carcinomas: céls neoplásicas restritas à camada epitelial e limitadas pela membrana basal. Não há invasão do estroma subjacente (carcinoma in situ - CIS). Carcinoma in situ do colo uterino. Epit. escamoso - céls pleomórficas e atípicas, mitoses. Não há invasão do estroma subjacente. (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. Cap. 10.) Propriedades e características das céls malignas AUTONOMIA DE SINAIS DE PROLIFERAÇÃO Resulta de: (1) produção de FC ou seus receptores pelas células tumorais e do estroma (p. ex., PDGF, EGFR); (2) Mutação em oncogenes que codificam moléc. transdutoras do sinal do receptor (p. ex., BRAF no carcinoma papilífero da tireoide); (3) hiperexpressão de genes que acionam o ciclo celular: translocação para um promotor potente (linfoma de Burkitt); (4) quebra cromossômica: inversão que gera genes de fusão que codificamproteínas ativas (proteína BCR-ABL na leucemia mieloide crônica). Linfoma de Burkitt (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. Cap. 10.) Propriedades e características das céls malignas INSENSIBILIDADE AOS SINAIS INIBIDORES DE MITOSE Decorre de: (1) mutação inativadora em genes que codificam moléculas reguladoras da via MAPK; (2) mutação com perda de função ou deleção de genes supressores de tumor, como RB ou TP53: bloqueio da progressão do ciclo celular; (3) perda da inibição por contato. EVASÃO DOS MECANISMOS DE APOPTOSE Resulta de: (1) inibição de genes pró-apoptóticos, (2) hiperexpresão de genes antiapoptóticos (p. ex., gene BCL-2) (3) inativação de genes de checagem de lesões no DNA (p. ex., gene TP53) (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. Cap. 10.) Propriedades e características das céls malignas AUTOFAGIA: Céls cancerosas manipulam a autofagia. Condições: falta de nutrientes, agressão por radiação ou quimioterápicos - ativam a autofagia e ↓ volume celular = céls em dormência transitória. Recidivas do tumor após aparente regressão pelo tratamento. EVASÃO DA SENESCÊNCIA REPLICATIVA Células normais: vida limitada - encurtamento dos telômeros (sequências repetitivas TTAGGG, sintetizadas pela telomerase). Senescência replicativa: parada da multiplicação quando os telômeros são muito curtos. Céls cancerosas: telomerase permanece ativa e não ocorre senescência replicativa. (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. Cap. 10.) Propriedades e características das céls malignas IMORTALIDADE Céls malignas multiplicam-se indefinidamente. Causas: autonomia de proliferação, insensibilidade a inibidores da mitose e evasão da apoptose e da senescência replicativa. INSTABILIDADE GENÔMICA Cél malignas tem genoma torna-se instável e lesões no DNA não são reconhecidas nem reparadas. Causas: defeitos em genes de reparo do DNA. Consequências: acúmulo de novas mutações e mudança de fenótipo, agressividade e resistência ao tratamento. Metástase pode ser genomicamente diferente do tumor original e mais resistente à quimioterapia antitumoral. (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. Cap. 10.) Propriedades e características das céls malignas ANGIOGÊNESE Céls malignas induzem a formação de novos vasos Céls tumorais, do estroma do tumor e leucócitos: fatores angiogênicos (VEGF e FGFb) Quanto > atividade angiogênica, > potência de metastatização, + rápida progressão. ADAPTAÇÃO METABÓLICA Exacerbação da glicólise anaeróbia (o chamado efeito Warburg), Pouca modificação na fosforilação oxidativa. ↓ glicose e ↑ ácido lático. Diagnóstico: PET (tomografia por emissão de pósitrons): pacientes recebem fluorodesoxiglicose → captada por céls malignas – rastreamento. (FILHO, BRASILEIRO, Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral, 6ª edição. Guanabara Koogan, 02/2018. Cap. 10.) Propriedades e características das céls malignas REDUÇÃO DA ADESIVIDADE CELULAR E AQUISIÇÃO DA CAPACIDADE DE INVADIR Causas: a) modificações e irregularidades na MP; b) ↓ ou ausência de estruturas juncionais; c) ↓ moléc. adesão (caderinas); d) ↓ fibronectina (fixa céls MEC); e) ↓ íons Ca++; f) alteração do glicocálice (enzimas proteolíticas); g) irregularidades em microvilosidades. EVASÃO DA DEFESA IMUNITÁRIA Interação complexa entre céls transformadas, do estroma e do sistema imunitário = microambiente supressor da resposta imunitária citotóxica. Referências principais FILHO, B., Geraldo. Bogliolo - Patologia Geral. 9ª edição. 2017. Robbins & Cotran. Patologia: bases patológicas da doença. 8ª Ed. 2010. GROSSMAN, C., S., PORTH, Mattson, C. Porth | Fisiopatologia. 9ª edição. 2015. REISNER, Howard M. Patologia: uma abordagem por estudo de caso. Artmed. AMGH, 2016.
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