Analise do Filme "Cisnei Negro" - Winnicott

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Ciências Biológicas e da Saúde
Curso de Psicologia
Eduarda Muzy
Gabrielle de Alencar Fernandes
Leticia Mayumi de Menezes
Renata Maria da Conceição
Samara Bernardo dos Santos
Vitória dos Santos Domenice
Analise Winnicottiana do filme “Cisne Negro”.
São Paulo
2018
Eduarda Muzy RGM 1749108-8
Gabrielle de Alencar Fernandes RGM 1773062-7
Leticia Mayumi de Menezes RGM 1728492-9
Renata Maria da Conceição RGM 1764344-9
Samara Bernardo dos Santos RGM 1776203-1
Vitória dos Santos Domenice RGM 1728446-5
Análise Winnicottiana do filme “Cisne Negro”.
Relatório de Pesquisa especialmente redigido como parte das exigências para avaliação na disciplina Estudos e Investigação em Psicologia.
Professor Valter
São Paulo
2018
Análise do filme:
 O filme “Cisne Negro” relata a história de uma bailarina em sua busca de sucesso em sua profissão bem como por si mesma; nessa análise iremos focar na protagonista, Nina. Em uma cena inicial, a jovem dançarina dança com a sua sombra com passos conturbados até que se sobressai e consegue trazer passos mais livres para a sua dança que é bem simbolizado pelas cores claras em sua roupa e pelos flocos de neve que caem de suas mãos, que até esse momento simboliza a leveza e pureza da bailarina, nesses primeiros momentos já conseguimos perceber que a jovem dançarina possui uma luta interna contra suas próprias vontades e sentimentos.
Ela vive os conflitos da passagem da infância, submissa e reprimida, para a vida adulta. Tem uma mãe simbiótica, manipuladora e castradora, vivendo ainda em unidade com ela, pois esta que projeta seu desejo de realização na filha, pois teve de abrir mão da carreira de bailarina para ser mãe, portanto não se diferenciam uma da outra. Nina sempre seguiu os passos da mãe, reprimindo sua própria vontade, ela buscava a perfeição em cada passo, queria se tornar a primeira bailarina do corpo de balé de Thomas Leroy que prepara seu grupo para interpretar “O Lago dos Cisnes”. 
Fazendo uma referência à Freud, o criador da psicanálise configuraria a personalidade do “ser mãe” da mãe de Nina como narcísica por impor os seus desejos à filha sem pensar no sofrimento que isso gera. Nina sente o dever de realizar os desejos da mãe e para compensar o sentimento de fracasso dela, bem como para sentir-se superior à ela segundo teoria Khleiniana, expõem seu corpo e psicológico à situações extremas. A sua persona de filha perfeita acaba por servir de consolo para si e para a mãe com o fim de não abrir feridas narcísicas no ego das duas.
Fazendo um complemento a essa visão temos uma passagem da teoria de Winnicott que explana os conceitos de mãe insuficientemente boa, pois Erica não consegue proporcionar um ambiente que o bebê necessita para um desenvolvimento sadio, colocando suas necessidades em prioridade ao invés de se adequar ao bebê, não permitindo um desvinculo progressivo da unidade mãe-bebê, ou apresentando os elementos do mundo, pois mantém Nina não somente num ambiente infantil, como a impede de sair, e isto pode ocorrer com uma mãe psicótica, uma mãe que não pode se entregar a preocupação materna primária ou a uma mãe atormentadora. 
Segundo Winnicott, a mãe insuficientemente boa têm os piores efeitos sobre a saúde mental do bebê, já que a natureza distorcida do ambiente viola o âmago do sentimento do self. Esta condição da mãe também impede que a criança cresça afastada de seu olhar, mesmo que de início tenha sido capaz de atendê-la em suas necessidades. Agora invade sua intimidade, situação evidenciada diversas vezes, como quando escolhe as roupas de Nina e a veste, corta suas unhas contra a vontade própria, coloca-a para dormir e impede que tranque a porta de seu quarto.
A mãe que não é suficientemente boa não é capaz de complementar a onipotência do lactente, e assim falha repetidamente, em satisfazer o gesto do lactente; ao invés, ela o substitui por seu próprio gesto, que deve ser validado pela sua submissão. (Winnicott, 1979, p.133)
O diretor artístico, Thomas Leroy é o único que tem uma visão ampla da trama, assim escolhe Nina pois ela é a representação do cisne branco, em sua pureza e inocência, no entanto falta-lhe as características do cisne negro, situação a qual incomoda a bailarina, pois mesmo com intensos treinos, não consegue se libertar das amarras psicológicas. 
Nina permanecia em busca da perfeição não só dos movimentos de dança mas também como filha/pessoa até conhecer Lilly, que apesar ter personalidade oposta, representava o cisne negro que Nina precisava ser, bem como a pessoa livre que gostaria de ser, portanto ao mesmo tempo sentia-se atraída e rejeitava Lilly. No decorrer da trama, Nina projeta seus desejos reprimidos em Lilly, tornando-a alguém que repulsa e também a introjeta, incorporando comportamentos mais “rebeldes” e “libertadores” e até mesmo delirando um momento eróticos entre elas, representando que havia aceitado seus desejos reprimidos.
A história que Nina deve interprestar consiste resumidamente em, uma donzela que amaldiçoada a ser um cisne branco e somente poderá quebrar o feitiço se alguém proclamar seu amor a ela. O cisne branco apaixonasse por um cavalheiro, e no momento em que este está prestes a declarar-se, é seduzido pelo cisne negro. A situação causa uma amargura tão grande no cisne branco, que se suicida.
Com o desejo da protagonista em ser perfeita em desempenhar ambos os papéis de cisne branco e negro, faz que a mesma tenha a personalidade dividida e vivencie a história de forma literal, sendo o cisne negro representado pela introjeção de Lilly. Passa a sentir-se perseguida bem como transformações físicas, emocionais e psicológicas.
Fazendo um paralelo com a teoria de Winnicot, notamos os diferentes momentos do Self de Nina, através do falso self, o autor pontua que essa pessoa criará um “conjunto de relacionamentos falsos, e por meio de introjeções pode chegar a ter até uma aparência de ser real.”(Winnicott, 1979,p.133) que podemos ligar com os momentos de alucinação de Nina, onde ela se vê com comportamentos semelhantes ao de Lilly.
Com a introjeção e delírio em seu auge no dia da apresentação, Nina dança de forma graciosa o cisne branco, e ao trocar de papel para o cisne negro, troca também de personalidade, situação que causa conflito psicológico e físico. Na briga entre Nina e a introjeção de Lilly, representa o cisne branco que corta o cisne negro, no entanto por ambos residirem em Nina, esta acaba mutilando-se.
No ato final Nina dança o cisne negro espetacularmente, com sensualidade e passos livres, fascinando a todos da plateia. Quando finaliza a apresentação, sente-se realizada, permitindo-se a sair de seu delírio e percebendo que havia cortado a si mesma, entendendo o que havia ocorrido consigo mesmo até então. Nina representou ambos os cisnes com perfeição, até mesmo o suicídio do cisne branco.
Como o propósito da vida é a individuação, onde não é mais necessária projeção, pois há uma integração da sobra na personalidade e
consciência completa do que se é, houve a morte.
REFERENCIA
MOURA, J.A. Introdução a teoria de Winnicott. 
Psicologado artigos
. 2008. Disponível em < https://psicologado.com/abordagens/psicanalise/introducao-a-teoria-de-winnicott >. Acesso em: 11 jun. 2017.