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34
MICROBIOLOGIA EM LIBRAS
DIAGNÓSTICO DA ZIKA 
ENTREVISTA
 Unicamp cria plataforma capaz de 
detectar vírus após o fim da fase 
aguda da doença
 Pesquisadores desenvolvem 
glossário para ensinar disciplina a 
estudantes surdos
Instituto Evandro Chagas 
descobriu novo vetor da 
febre amarela
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POR QUE O SARAMPO
RETORNOU AO PAÍS?
Eliminada em 2016, a doença volta ao Brasil por meio de 
imigrantes venezuelanos e deixa alerta sobre a necessidade de 
zelar pela alta cobertura vacinal
BIÊNIO 2016-2017 / SBM 2016-2017
Ana Lucia Figueiredo Porto (UFRPE)
Sergio Eduardo Longo Fracalanzza (UFRJ)
Maria José Soares M. Giannini (UNESP)
Gustavo Henrique Goldmann (FCF-USP/RP)
Waldir Pereira Elias Junior (Inst. Butantã)
Jorge Luiz Mello Sampaio (FCF-USP)
Marcio Lourenço Rodrigues (Fiocruz/UFRJ)
Giliane de Souza Trindade - UFMG
Renato Santana de Aguiar – UFRJ
Luis Henrique Souza Guimarães – FFCLRP – USPIdjane Santana de Oliveira – UFPE
Welington Luiz de Araújo – ICB – USP
Rosely Maria Zancopé Oliveira - Fiocruz/RJ
Iran Malavazi – UFSC
Miliane Moreira Soares de Souza – UFRRJ
Ana Lucia Figueiredo Porto – UFRPE
Célia Maria de Almeida Soares – UFG
Elaine Cristina Pereira de Martinis – FCFRP-USP
Leticia de Albuquerque Maranhão Carneiro – UFRJ
Daniel Santos Mansur – UFSC
Fernando Dini Andreote – ESALQ – USP
Afonso Luis Barth – UFRGS
Luiz Fernando Wurdig Roesch – UNIPAMPA
Elizabeth de Andrade Marques, UERJ Roxane Maria Fontes Piazza – IBU
Ilana Lopes B. da Cunha Camargo – FCFRP-USP
Marcela Pellegrini Peçanha – PUC-SP Lucy Seldin – UFRJ
Luis Augusto Nero - UFV
Mateus Matiuzzi da Costa – UNIVASF
COORDENADORES DE ÁREA
Genética de Micro-organismos e Bioinformática
Ano 9, nº 34
São Paulo: SBM, 2018
Microbiologia in foco
Vânia Lúcia Carreira Merquior
Periodicidade trimestral
Sergio Eduardo Longo Fracalanzza
Vânia Lúcia Carreira Merquior
Sergio Eduardo Longo Fracalanzza
Circulação
Nacional.
Acesso gratuito para 
sócios da SBM
03
 É com grande satisfação que 
a
publicamos a 34 edição da Revista 
Microbiologia in foco. Temas importantes 
relacionados à Saúde Pública serão 
abordados, como o risco da volta dos casos de 
sarampo, doença eliminada em 2016 no Brasil, 
mas reintroduzida por imigrantes da 
Venezuela, país onde a vacinação é precária. 
Novas pesquisas, coordenadas pelo professor 
Pedro Vasconcelos, do Instituto Evandro Chagas, 
mostraram a presença do vírus da febre amarela em 
mosquitos da espécie Aedes albopictus, um risco ad ic iona l 
para o avanço da doença. Outro assunto de grande relevância 
abordado nesse número são as descobertas de pesquisadores do 
National Cancer Institute, nos Estados Unidos, que sugerem uma 
possível correlação entre a presença de micro-organismos do 
gênero Clostridium na microbiota intestinal e o crescimento de 
tumores no fígado. Por fim, a Sociedade Brasileira de Microbiologia 
tem o prazer de divulgar um trabalho inédito no campo da Educação 
em Microbiologia para Surdos. Desde a LDB de 1996 foi estabelecido 
que a Educação Especial deveria ser oferecida na rede regular de 
ensino para alunos com necessidades especiais, com as devidas 
adaptações de currículos, técnicas e recursos educativos. O Projeto 
Surdos, coordenado pela professora Vivian Rumjanek, do Instituto 
de Bioquímica Médica da UFRJ, detectou a ausência de sinais 
específicos na linguagem LIBRAS, ao longo de cursos experimentais 
na área de Biociências para surdos do Ensino Médio. Como 
consequência, desenvolveu uma metodologia para a produção de 
um glossário em Libras na área de Biociências. O artigo descreve as 
etapas para o desenvolvimento de sinais específicos para a 
Microbiologia, os quais serão compilados, descritos, testados e 
posteriormente divulgados em sites e mídias sociais para que os 
surdos tenham fácil e livre acesso aos conteúdos científicos. É uma 
notícia auspiciosa e que coloca o Brasil em posição de vanguarda 
nessa área em todo o mundo. Esperamos que esses assuntos sejam 
do interesse de todos. Obrigado aos colegas que colaboraram com 
este número da revista e contamos com a participação de todos para 
futuras edições.
Gêiser em lua de Júpiter reforça esperança de vida fora da Terra
 Um estudo finlandês 
publicado na revista Popular 
Archaeology atribui a erupções 
vulcânicas ocorridas no século 6 
d.C. a responsabilidade pela 
chamada Praga de Justiniano, 
que devastou o Império 
Bizantino no início da Idade 
Média. Segundo os autores, a 
série de erupções reduziu a 
incidência da luz solar, 
produzindo um período frio e 
sombrio entre 536 e 544 d.C, 
prejudicando a agricultura, a 
alimentação e a produção de 
vitamina D, o que teria afetado o 
s istema imunológico da 
população, deixando as 
pessoas mais vulneráveis à 
bactéria Yersinia pestis. O 
mesmo micro-organismo 
causaria mais tarde a Peste 
Negra, pandemia que matou 
quase metade da população da 
Europa no século 14.
Fonte: The Archaeology of the 
Invisible and the Fall of Rome 
(Sp r ing i ssue , Popu la r 
Archaeology)
Fonte: Evidence of a plume on Europa from Galileo magnetic and plasma wave signatures,
Nature Astronomy (2018)
Estudo associa mudanças climáticas a peste na Idade Média
 Um jato de água que 
alcança 190 quilômetros de 
altura, localizado na superfície 
de Europa, é o mais novo 
indício da possibilidade de vida 
extraterrena nessa lua de 
Júpiter. Esse gêiser teria 
atingido a sonda Galileu em 
1997, mas só agora os 
cientistas teriam conseguido 
dec i f rar as razões das 
oscilações provocadas na 
nave. Essas erupções de H O 
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não são novidade: em 2016, o 
telescópio espacial Hubble já 
havia feito um registro, em 
baixa definição, de uma delas. 
Acredita-se que abaixo da 
superfície gelada do satélite 
jupiteriano exista um oceano 
com 100 quilômetros de 
profundidade, o que faz de 
Europa uma das principais 
candidatas à vida extraterrena, 
mesmo que microscópica. 
“Esses jatos, se existirem de 
fato, podem fornecer um meio 
de coletar amostras da água 
que está abaixo da superfície”, 
diz Geoff Yoder, pesquisador 
da NASA.
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Micro-organismos intestinais influenciam crescimento de tumores no fígado
 Pesquisadores do National Cancer 
Institute, nos Estados Unidos, descobriram que 
micro-organismos intestinais do gênero 
Clostridium afetam o crescimento e a 
disseminação de tumores no fígado. O achado 
sugere que reduzir a presença dessas bactérias 
poderia melhorar a capacidade do organismo de 
combater o câncer hepático. O fígado é o órgão 
mais frequentemente atingido por metástases e 
as evidências são cada vez maiores de que 
micro-organismos influenciem esse processo. 
No estudo em questão, a redução desses micro-
organismos em camundongos, por meio de 
tratamento com antibiótico, provocou uma 
redução no número de tumores hepáticos. As 
bactérias do gênero Clostr idium são 
comumente encontradas em ratos e humanos.
Fonte: Gut microbiome–mediated bile acid 
metabolism regulates liver cancer via NKT cells, 
Science Magazine. 
 Cientistas da Unicamp desenvolveram 
um dispositivo capaz de diagnosticar a Zika 
após o fim da fase aguda da doença. O 
método combina espectrometria de massas, 
que permi te d i ferenciar mi lhares de 
moléculas no soro sanguíneo, com um 
algoritmocapaz de identificar padrões 
associados a infecções virais, bacterianas e 
fúngicas. A pesquisa foi publicada no 
periódico Frontiers in Bioengineering and 
Biotechnology . O modelo usado para 
comprovar a precisão diagnóstica do 
dispositivo foram as infecções por zika. “O 
método não perde a sensibilidade mesmo se 
o vírus sofrer mutações”, diz Rodrigo Ramos 
Catharino, professor da Faculdade de 
Ciências Farmacêuticas da Unicamp e 
orientador da pesquisa. “Ele poderia ser útil, 
por exemplo, para analisar bolsas de sangue 
para transfusão”, acrescentou. 
Unicamp cria dispositivo que diagnostica zika após fase aguda
Fonte: A Machine Learning Application Based in Random Forest for Integrating Mass Spectrometry-Based
Metabolomic Data: A Simple Screening Method for Patients With Zika Virus (DOI: 10.3389/fbioe.2018.00031) /
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fbioe.2018.00031/full 
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Um novo vetor para a febre amarela
com Pedro Fernando Vasconcelos
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Descoberta de mosquitos Aedes albopictus com o vírus representa risco adicional para o avanço da 
doença. Com grande capacidade de adaptação, inseto poderia fazer ligação entre os ciclos urbano 
e silvestre da enfermidade
 Depois da epidemia de dengue, zika e chikungunya, a doença que vem colocando em alerta a 
população de diversas regiões do Brasil e também autoridades de saúde é a febre amarela. 
Segundo o Ministério da Saúde, entre 1º de julho de 2017 e 3 de abril de 2018 foram confirmados 
1.127 casos da doença no país, com 328 mortes. É um aumento significativo, já que o balanço 
anterior indicava 691 registros da patologia com 22 falecimentos.
 Uma descoberta anunciada em fevereiro pelo Instituto Evandro Chagas, ligado à Secretaria 
de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, pode representar um fator adicional de preocupação 
no que diz respeito ao avanço do surto. Pela primeira vez no Brasil, pesquisadores da instituição 
detectaram o vírus da febre amarela também em mosquitos da espécie Aedes albopictus. O achado 
se deu no estado de Minas Gerais, mais precisamente nos municípios de Itueta e Alvarenga, na 
região do Vale do Rio Doce, onde foram coletados insetos durante a epidemia de 2017. Até então, os 
vilões da doença em território brasileiro eram os mosquitos Aedes aegypti, na área urbana, e os das 
famílias Haemagogus e Sabethes nos ambientes silvestres.
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Para o médico virologista Pedro 
Fernando da Costa Vasconcelos, 
diretor do Instituto Evandro 
Chagas, essa revelação é grave 
porque o Aedes albopictus 
poderia vir a estabelecer um ciclo 
intermediário da febre amarela 
nas Américas, já que ele se 
adapta facilmente a diferentes 
ambientes. “Caso aconteça o 
transporte dessa espécie de 
mosquito para áreas urbanas, ela 
pode servir de vetor de ligação 
entre os dois ciclos possíveis: o 
urbano e o silvestre”, afirma.
 Em entrevista especial à 
Microbiologia in Foco, ele 
detalhou a pesquisa, que terá 
continuidade ao longo do ano.
Como se deu a descoberta do 
vírus da febre amarela em 
mosquitos Aedes albopictus?
Atendendo a uma solicitação do 
Ministério da Saúde, iniciamos 
estudos sobre a transmissão 
vetorial para tentar identificar 
quais mosquitos transmitiam o 
vírus da febre amarela em Minas 
Gerais, em 2017. Fizemos 
diversos estudos e identificamos 
o vírus também no Aedes 
albopictus, além dos trans-
missores habituais, que são o 
Haemagogus janthinomys, o 
Haemagogus leucocelaenus, o 
Sabethes chloropterus e o 
Sabethes albiprivus. Foi uma 
surpresa encontrar o Aedes 
albopictus infectado e, portanto, 
com uma forte suspeita de 
também estar associado à 
transmissão naquele estado.
C o m o f o i r e a l i z a d o o 
sequenciamento do genoma 
do vírus?
Ao encontrarmos o mosquito 
i n fec tado , rea l i zamos os 
procedimentos padrões de 
detecção e de sequenciamento 
genômico, ampl i f icando o 
genoma viral por PCR em 
tempo real. Utilizamos a 
técnica de Sanger para 
confirmar a suspeita, ou 
seja, amplificamos pe-
quenas sequências do 
genoma e conseguimos 
demonstrar que o vírus da 
febre amarela silvestre 
es tava p resen te . Na 
segunda fase, contando 
com co labo ração da 
Fundação Oswaldo Cruz 
(Fiocruz), fizemos o se-
quenciamento completo da 
amostra usando a MinIon, 
uma tecnologia moderna de 
sequenciamento usando 
dispositivo miniaturizado, e 
foi demonstrado que era o 
mesmo vírus característico 
da epidemia que per-
manece ocorrendo em 
Minas Gerais.
Como esse mosquito se 
torna propagador da 
febre amarela?
Em nossa pesquisa, não 
af irmamos que ele é 
transmissor. Nós apenas o 
encontramos infectado, o 
que o torna um potencial 
transmissor do vírus. Mas 
a inda não há dados 
suficientes para incriminá-
lo como tal. Mas, como esse 
mosquito vive bem tanto em 
ambientes urbanos como 
silvestres, acreditamos que 
ele possa, no futuro, vir a 
transmitir a febre amarela 
nessas duas diferentes 
áreas. Diferentemente do 
Haemagogus, que só vive 
em área silvestre, e do 
Aedes aegypti, que só 
habita a área urbana, o 
Aedes albopictus consegue 
ser eclético e sobreviver 
nos dois ambientes.
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Pedro Fernando da Costa Vasconcelos
 Foi uma 
surpresa 
achar o Aedes 
albopictus 
infectado e 
com forte 
suspeita de 
associação à 
transmissão 
da febre 
amarela 
Caso haja o 
transporte 
desse 
mosquito para 
o meio 
urbano, ele 
pode servir de 
ligação entre 
os dois ciclos 
da doença
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Quais são as principais diferenças do Aedes 
albopictus, por exemplo, em relação a outros 
transmissores da febre amarela?
As principais diferenças então nos hábitos de 
vida. O Aedes albopictus tem uma capacidade 
de se adaptar a diferentes ecossistemas muito 
maior do que o Aedes aegypti. Isso faz com que 
ele possa viver nas cidades, nas zonas rurais e 
também nas florestas. Quanto aos hábitos de 
hematofagia, ou seja, de picar para sugar o 
sangue, também há uma distinção. O Aedes 
aegypti busca preferencialmente humanos, já o 
Aedes albopictus pode picar um grupo variado 
de animais vertebrados para obter o sangue e 
fazer a oviposição. Já morfologicamente o 
Aedes albopictus não tem em seu dorso aquele 
desenho idêntico à lira, o instrumento musical. 
Essa é uma das características que o diferencia 
do Aedes aegypti. 
E em relação à distribuição dessas 
espécies?
A distribuição do é bem menor Aedes albopictus
no Brasil. O último relato da Secretaria de 
Vigilância em Saúde (SVS) indica a presença 
dessa espécie em mais de 1.000 municípios 
brasileiros. No caso do , há mais Aedes aegypti
de 3.000 municípios infestados. Sabemos que 
há uma competição de nicho ecológico entre 
essas duas espécies de mosquitos. Onde há 
predominância de , o Aedes aegypti Aedes 
albopictus não se instala e vice-versa. 
O senhor afirmou que o Aedes albopictus
pode estabelecer um ciclo intermediário da 
doença nas Américas. Como isso ocorreria?
Há dois ciclos possíveis de transmissão de febre 
amarela nas Américas: o silvestre, em que o 
vírus é contraído em áreas de mata ou em suas 
proximidades – é o que está ocorrendo 
atualmente -, e o urbano, com a transmissão 
pelo , nas cidades. Mas, na África, Aedes aegypti
há um ciclo intermediário, promovido pelaespécie , que fica justamente Aedes africanus
em áreas rurais, próximas de matas, em 
ambientes semiurbanos. Isso não ocorre nas 
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Américas ainda. Porém, esse é um papel que o 
Aedes albopictus poderia assumir. 
O Aedes albopictus também pode transmitir 
outras doenças?
Nas Américas, nunca ficou bem demonstrada a 
participação dele na transmissão de dengue, 
zika e chikungunya, mas, na Ásia e na África, 
essa espécie tem uma forte participação na 
transmissão tanto de dengue como de 
chikungunya, e de outras arboviroses que não 
ocorrem aqui.
Quais são os próximos passos da pesquisa?
A captura de exemplares em áreas onde está 
ocorrendo a transmissão. Estivemos, por 
exemplo, nos estados de São Paulo e Rio de 
Janeiro para checar se há a presença de 
Aedes albopictus infectado. Se encontrarmos 
o vírus da febre amarela, vamos sequenciar 
as amostras virais e, em seguida, comparar 
com os i so lados de feb re amare la 
anteriormente obtidos. Posteriormente, 
vamos realizar um estudo experimental para 
identificar a capacidade de transmissão do 
vírus da febre amarela pelo Aedes albopictus 
para os primatas. Também vamos verificar se 
eles conseguem adquirir o vírus a partir do 
sangue de primatas infectados. Esses 
experimentos estão em fase de planejamento 
para que, em alguns meses, tenhamos 
alguma resposta.
Qual o atual panorama da febre amarela no 
Brasil?
É uma epidemia que tem se concentrado de 
forma muito impactante na região Sudeste, 
sobretudo nos estados de Minas Gerais, São 
Paulo e Rio de Janeiro. Mais de 98% dos 
registros estão nesses estados. A expansão do 
vírus foi muito intensa, por exemplo, nas regiões 
de Campinas e da Grande São Paulo, locais 
onde há alguns anos era impensável essa 
circulação viral, já que o vírus esteve ausente 
dessas áreas durante décadas. Temos poucos 
casos no Espírito Santo, que promoveu uma 
forte campanha de vacinação no ano passado, e 
apenas um caso no Centro-Oeste. Na região 
Norte não há casos em humanos, embora 
tenhamos encontrado o vírus em primatas e em 
mosquitos. Então, podemos dizer que o vírus da 
febre amarela segue endêmico nas regiões 
Amazônica e Centro-Oeste, e também no 
estado do Maranhão. É sempre factível 
encontrar o vírus no vetor ou nos tecidos dos 
hospedeiros vertebrados, que, no caso, são os 
primatas não-humanos.
O s c a s o s t ê m s e c o n c e n t r a d o 
majoritariamente na zona rural. Existe a 
ameaça de uma epidemia urbana?
Sim. O risco de urbanização da febre amarela 
existe. Mas sabemos que na África, onde tem 
havido epidemias de febre amarela em áreas 
urbanas, os índices de infestação são muito 
elevados, o que não ocorre aqui no Brasil por 
conta do combate vetorial que já vinha sendo 
feito por causa da dengue, zika e chikungunya. 
Então, podemos dizer que, embora exista o risco 
de transmissão urbana pelo , ele é Aedes aegypti
pequeno. Mas ressalto que a possibilidade de 
haver uma nova espécie transmissora aumenta 
o risco de trazer o vírus da floresta para as áreas 
urbanas, apesar de não existir uma certeza de 
que isso irá ocorrer.
Acesse nosso portal de notícias.
Estamos de cara nova! 
Por que o sarampo retornou ao País?
Por Karina Fusco
Eliminada em 2016, a doença volta ao Brasil por meio de imigrantes venezuelanos e deixa 
alerta sobre a necessidade zelar pela alta cobertura vacinal
 Apenas dois anos após o Brasil receber da Organização Pan-Americana da Saúde o 
certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampo, novos casos da doença se acumulam 
na região Norte do país – um retrocesso e uma ameaça à saúde pública. De acordo com o Ministério 
da Saúde, até meados de abril de 2018 foram notificados 279 casos no estado de Roraima e 251 no 
Amazonas, com 79 e 16 confirmações, respectivamente, estando os demais sob investigação. Em 
Roraima, também ocorreram duas mortes.
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Imigrantes
venezuelanos
desembarcam
em Roraima 
 O sarampo retornou ao 
país de carona com imigrantes 
venezuelanos que têm se 
refugiado no Brasil para fugir 
da miséria em seu país de 
origem. Na tentativa de conter 
o avanço da doença por aqui, o 
governo brasileiro deu início a 
uma campanha de vacinação 
de emergência nos municípios 
afetados. A expectativa é de 
imunizar 400 mil pessoas, 
entre brasileiros e imigrantes.
A medida é a forma mais 
efetiva de interromper a 
transmissão do vírus, segundo 
Expedito Luna, professor do 
Instituto de Medicina Tropical 
da Universidade de São Paulo 
(USP). “Na década de 1990 
foram promovidas grandes 
campanhas nacionais de 
vacinação que atingiram 
crianças e adolescentes e os 
casos foram se reduzindo, até 
não haver mais registros. Mas 
como há grandes epidemias 
da doença na África, na Ásia e 
na Europa, os países da 
América Latina são bombar-
deados com a importação do 
sarampo”, afirma.
A chegada de estran-
geiros por aqui e a visita de 
brasileiros sem anticorpos 
contra a doença em países 
onde há a circulação viral 
justificam os episódios de 
importação do sarampo. “No 
fim de 2013 o vírus entrou em 
Pernambuco e gerou mais de 
200 casos. No ano seguinte, foi 
a vez do Ceará, com um salto 
significativo do número de 
registros”, diz o professor.
Mas o Brasil não é o 
único país que o fantasma da 
doença, que parecia estar 
eliminada, tem voltado a 
rondar. Somente na Europa, 
houve aumento de 400% nas 
ocorrências de sarampo em 
2017, o que foi descrito pela 
Organização Mundial de 
Saúde (OMS) como uma 
"tragédia". Itália, Romênia e 
Ucrânia lideraram o ranking de 
nações com mais vítimas da 
epidemia. 
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Imigrantes
venezuelanas em
acampamento
em Boa Vista 
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“A Europa não realizou o 
esforço feito nas Américas 
visando à eliminação e, desde 
o fim da década de 1990, após 
a publicação pelo do Lancet 
artigo de Andrew Wakefiel 
postulando uma associação 
entre a vacina contra o 
sarampo e o autismo que 
posteriormente foi constatada 
como fraudulento, as cober-
turas vacinais em todo o 
continente nunca voltaram a 
níveis altos”, diz o professor do 
IMT/USP. 
Características do vírus
 Do gênero Morbillivirus 
e da família Paramyxoviridae, 
o vírus do sarampo é um dos 
patógenos mais contagiosos já 
conhecidos e com al ta 
transmissibilidade, de acordo 
com a virologista Marilda 
Siqueira, chefe do Laboratório 
de Vírus Respiratórios e 
Sarampo do Instituto Oswaldo 
Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de 
Janeiro.
O impacto da patologia 
nas populações varia de 
acordo com as condições em 
que vivem. “Onde há pessoas 
desnutridas, com o sistema 
imune mais debilitado e onde 
as condições sanitárias são 
desfavoráveis, costumam 
ocorrer casos mais graves de 
sarampo e o aumento da 
mortalidade”, revela.
 A transmissão pode 
o c o r r e r p e l a s i m p l e s 
proximidade com pessoas 
infectadas. “Quando a gotícula 
de secreção expelida por 
espirros ou tosse de alguém 
infectado é aspirada por outra 
pessoa, já é o suficiente para 
que haja contágio, se essa 
segunda pessoa não tiver 
anticorpos contra a doença. E 
c o m o n ã o h á c a s o s 
subclínicos, todos os infec-
tados apresentam os sintomas 
característ icos, que são 
principalmente exantema 
(vermelhidão no corpo) efebre, mas também tosse, 
coriza e conjuntivite”, diz o 
professor Expedito Luna.
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 A doutora Mar i lda 
esclarece que o vírus se 
multiplica no trato respiratório 
superior e é levado pela 
corrente sanguínea, causando 
os sintomas específicos. “Em 
pessoas com baixa imunidade, 
o vírus pode atingir o pulmão, 
causando pneumonia, e o 
ouvido, provocando otite e até 
perda da audição”, alerta.
 Segundo a pesquisa-
dora, o período de incubação 
varia de 14 a 20 dias e, após a 
manifestação dos sintomas, o 
paciente pode portar o vírus 
por até mais sete dias. “A 
transmissibilidade ocorre de 
dois a três dias antes do 
exantema e de quatro a sete 
dias depois”, diz ela.
Alta cobertura vacinal
 A doença, que fez parte 
da infância e da adolescência 
de muitos brasileiros antes das 
campanhas nacionais de 
vacinação na década de 1990, 
volta a ser considerada 
preocupante não apenas em 
território nacional, pelo fato de 
os imigrantes venezuelanos 
também se dirigirem a outros 
países. A Organização 
Mundial da Saúde (OMS) 
alertou que já são 11 países da 
região afetados pelo sarampo.
� Segundo especialistas, 
o Brasil conta com ações de 
controle há 30 anos, mas falta C
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Vacinação: campanhas
nacionais ajudaram
a eliminar o sarampo
do Brasil em 2016.
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homogeneidade na cober-
t u r a v a c i n a l . “ C o m o a 
imunização de rotina (feita 
nos bebês aos 12 meses de 
vida com reforço aos 15 
meses), é reponsabilidade 
dos municípios, há alguns 
que a priorizam, outros não”, 
afirma o professor Luna, da 
USP. Para ele, a manutenção 
da alta cobertura vacinal é o 
principal caminho para que o 
Brasil não sofra novos surtos. 
“É preciso cobrar dos 5.600 
municípios que atinjam as 
metas de vacinação”, diz o 
professor. (Veja quadro 
sobre a cobertura vacinal).
 Para a dra. Marilda 
Siqueira, a situação no Brasil 
é preocupante. “Os venezue-
lanos estão se estabe-
l e c e n d o e m d i v e r s o s 
estados, inclusive em São 
Paulo. O Ministério da Saúde 
já está agindo para que eles 
r e c e b a m a t e n d i m e n t o 
médico e a vacina tríplice 
viral, que também combate a 
caxumba e a rubéola. Embo-
ra não seja uma situação 
alarmante nesse momento, o 
risco de um surto de maior 
proporção existe”, adverte.
Fonte: CGPNI/DEVIT/SVS/MS
2017 83%
2016 85%
2015 97%
2014 111,9%
2013 106,3%
2012 99,5%
2011 102,9%
2010 99,9%
Cobertura vacinal no Brasil contra o sarampo 
COBERTURAANO
Fonte: Ministério da Saúde | *Dados até o dia 18/04/2018
CASOSANO
2018 95*
2017 0
2016 0
2015 214
2014 876
2013 220
2012 2
2011 43
2010 68
Casos da doença registrados no País
C
r
é
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it
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: 
A
g
e
n
c
ia
 E
B
C
Local: Hotel Bourbon Ibirapuera.
 Cidade: São Paulo-SP.
6º SIMPÓSIO INTERNACIONAL
MICROBIOLOGIA CLÍNICA
Dias 11e 12/08
/2018
Local: Hotel Bourbon Ibirapuera - Cidade: São Paulo-SP.
III Encontro Internacional
BrCAST e EUCAST
Dia: 10 de
agosto de 2018
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DESENVOLVIMENTO E IMPORTÂNCIA DE UM GLOSSÁRIO PORTUGUÊS-LIBRAS PARA O 
ENSINO DE MICROBIOLOGIA PARA SURDOS
Autores:
1 2 2
-Julianna Camile Souza da Costa , Nuccia Nicole Theodoro de Cicco , Lorena Assis Emídio , Sergio 
1 3 2
Eduardo Longo Fracalanzza , Érika Winagraski , Vivian Mary Barral Dodd Rumjanek 
1
Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, UFRJ.
2
Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, UFRJ 
3
Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), Rio de Janeiro,RJ
Resumo
A educação dos surdos vem sofrendo modificações ao longo do tempo. Alunos surdos têm 
ingressado no ensino superior devido às políticas inclusivas adotadas pelas universidades em 
conformidade com a Lei Brasileira de Inclusão. Todavia, as especificidades das diversas áreas 
implicam em uma linguagem própria. O Projeto Surdos surgiu visando incluir o aluno surdo na área 
científica. Para isso, foi necessário sobrepujar a ausência de sinais específicos na Língua Brasileira 
de Sinais (LIBRAS), percebida ao longo de cursos experimentais na área de Biociências ministrados 
na UFRJ para estudantes surdos do ensino médio. Em 2007, Julia Barral criou uma metodologia 
para o desenvolvimento e produção de um glossário em Libras na área de Biociências, cujo 
conteúdo é dividido em fascículos com temas específicos, baseados nos cursos. Existem quatro 
deles com 426 sinais, sendo 352 desenvolvidos pelo grupo. Na sequência, devido a sua importância, 
surgiu a necessidade de se abordar o tema Microbiologia. A primeira etapa do novo fascículo 
consiste em buscar sinais relacionados ao tema em dicionários/glossários conhecidos. De uma lista 
prévia com 75 termos básicos, já foram encontrados 40 sinais. A segunda etapa envolve aulas 
práticas laboratoriais e discussões com um grupo de surdos do ensino médio e da graduação, 
contando com uma doutora bióloga surda e uma graduanda de microbiologia ouvinte fluente em 
Libras, durante as quais é estimulada a produção de sinais, cujos conceitos já foram assimilados. A 
seguir, realizam-se cursos experimentais, seguindo a metodologia De Meis, para verificar se os 
sinais existentes e os gerados serão suficientes para a compreensão do tema. Alguns sinais surgem 
espontaneamente durante os cursos. O grupo discute, avalia, e os novos sinais são gravados. A 
aceitação destes será avaliada em um novo curso. Também serão avaliados gramatical e 
morfologicamente antes de serem divulgados em sites e mídias sociais para que os surdos tenham 
fácil e livre acesso aos conteúdos científicos.
17
Perspectivas da Surdez
Os estudos sobre a surdez abordam diferentes teorias os quais englobam dois principais 
modelos: o modelo clínico-terapêutico e o modelo socioantropológico (Bizol, 2010).
O modelo clínico-terapêutico demonstra uma perspectiva patológica. Sendo assim, encara a 
surdez como uma patologia, que possui sintomas e precisa de uma reabilitação. O surdo, segundo 
este modelo, passa a ser um sujeito aquém em relação aos ouvintes, necessitando de aparelhos 
auditivos ou implantes cocleares para superar sua patologia (Davis, 1995).
No ponto de vista do modelo socioantropológico, o surdo é um sujeito que possui habilidades 
além de sua condição. Segundo Oliveira (2014), a surdez deixa de ser uma patologia e passa a ser 
uma identidade. Este modelo trata o surdo como constituinte de uma comunidade que possui língua, 
cultura e valores próprios (Lane, 2008 apud Bizol, 2010 ).
A Educação de Surdos no Mundo e no Brasil
 Por séculos, a perspectiva do modelo clínico-terapêutico perdurou nas sociedades. A 
começar da antiguidade, como na Grécia e na Roma antiga, onde o apreço pelo intelectual e físico 
perfeito não dava lugar a deformidades; portanto, as pessoas com deficiência eram condenados à 
morte. Os que sobreviviam eram escravizados. No Egito e na Pérsia, esta perspectiva muda, visto 
que os surdos eram venerados por terem contato com os deuses, mas não tinham acesso ao sistema 
de educação da época. Na Idade Média, os surdos tinham sobre si, segundo o pensamento da 
época, o peso de seus pecados e dos pecados de outros. Não podiam fazer acomunhão por não 
serem capazes de se confessar. Não tinham direito de receber heranças ou direitos de cidadãos.
 Eram sujeitos segregados e marginalizados (Strobel, 2009).
 Por volta de 1500, já na Idade Moderna, os surdos são alvos de uma preocupação em termos 
de educação. O Brasil estava iniciando seu processo de colonização, mas a Europa começava a dar 
seus primeiros passos pedagógicos visando a educação dos surdos. O monge espanhol Pedro 
Ponce De Leon (1520-1584) foi um dos grandes destaques na área de educação de surdos, visto 
que ensinou quatro surdos a comunicar-se em três idiomas, além de lecionar disciplinas como física 
e astronomia. O mestre De Leon é conhecido por utilizar a metodologia de oralização e por escrever 
o primeiro alfabeto manual, que foi base para os alfabetos manuais de diversos países. O alfabeto 
manual de De Leon foi publicado no primeiro livro abordando a educação de surdos que tem por título 
Reduction De Las Letras, Y Arte Para Ensenar a Ablar Los Mudos, em 1620, escrito por Juan Pablo 
Bonet (1579-1633) (Mori e Sander, 2015).
18
 Na França, em 1755, foi fundada a primeira escola para surdos pelo abade Charles Michel 
L'Epée (1712-1789), onde se utilizava o método da comunicação por sinais. O pioneirismo da França 
a tornou referência mundial em termos de educação de surdos. Anos mais tarde, esta escola se 
tornou o Instituto Nacional dos Surdos-Mudos de Paris, tendo como diretor o abade Sicard (Rocha, 
2008). Em 1778, o pastor Samuel Heinicke (1729-1790) fundou na Alemanha a segunda escola de 
surdos da Europa, tendo como método a comunicação oral. A metodologia de L'Epée e de Heinicke 
eram contrárias e passíveis de muitas discussões. No entanto, pela força de seus argumentos, a 
metodologia de L'Epée, que visava a comunicação por sinais, foi a mais aceita e difundida pelas 
escolas da Europa (Goldfeld, 1997, p.26).
 Em 1817, o pastor Thomas Gallaudet fundou a primeira escola para surdos da América, após 
ter viajado para a Europa e ter aprendido a metodologia no ensino de surdos sob a orientação do 
abade Sicard, no Instituto de Surdos-Mudos de Paris. A escola de Gallaudet, portanto, seguiu a 
metodologia da comunicação por sinais e, anos mais tarde tornou-se a primeira Universidade de 
surdos. A Universidade de Gallaudet, existente em dias atuais, se tornou referência mundial na 
educação de surdos (Mori e Sander,2015).
 Em 1855, ainda em período monárquico, o Brasil iniciou o processo para a educação dos 
surdos. O Imperador D. Pedro II convidou um professor francês surdo do Instituto de Surdos-Mudos 
de Paris, professor Eduard Huet, para criar uma escola para surdos. Alguns estudos mostram que o 
interesse do Imperador pela educação de surdos foi mediado por ter um neto parcialmente surdo, 
filho da princesa Isabel com o conde D'Eu (Barros, 2011). Porém, outros estudos não confirmam este 
fato (Rocha, 2008).
 Foi fundado então o Instituto de Surdos e Mudos, no modelo privado, que passou a funcionar 
em 1856, no Rio de Janeiro. O Instituto, que atualmente chama-se Instituto Nacional de Educação de 
Surdos – INES –, destacou-se por aceitar estudantes meninas, desde que tivessem o compromisso 
de “auxiliar na composição e organização da sociedade como notáveis senhoras” (Oliveira, 2014).
 Uma figura histórica, importante no Instituto, foi o Dr. Tobias Rabello Leite (1827-1926) que 
assumiu a função de diretor em 1869. Uma das iniciativas de Tobias foi o ensino profissionalizante 
para os surdos, pois defendia que a instituição não deveria formar apenas homens de letras, mas 
homens que se comunicassem para manter relações dentro da sociedade e garantissem sua 
subsistência através de uma ocupação profissional (Rocha, 2008). Outro destaque na educação de 
surdos brasileira foi a Iconografia dos Sinais dos Surdos-Mudos, obra produzida pelo ex-aluno surdo 
Flausino José da Costa Gama (1851-1896). A obra foi considerada o primeiro dicionário de língua de 
sinais do Brasil e continha 382 verbetes ilustrados, com classificação a partir de um índice semântico, 
e descrições verbais correspondentes aos verbetes registrados. O objetivo de Flausino, ao produzir o 
dicionário, era a possibilidade de comunicação entre surdos e ouvintes (Sofiato e Reily, 2014).
19
 No fim do século XIX, 1880, houve uma conferência internacional de educadores de surdos, 
conhecido como Congresso de Milão, que mudou a perspectiva da educação de surdos no mundo 
todo. Neste congresso foi proibido o uso da língua de sinais. A maior parte dos delegados presentes 
defendiam o uso exclusivo da fala pelos surdos, e os próprios professores surdos foram impedidos 
de votar (Strobel, 2008). Acreditava-se que a língua de sinais prejudicava o desenvolvimento 
cognitivo dos surdos. Além disto, foi definido que apenas ouvintes poderiam ensinar aos surdos e os 
surdos que se comunicassem por sinais, seriam severamente punidos. No Brasil, em 1911, o 
Instituto Nacional de Surdos-Mudos passa a adotar o método oralista, proibindo o uso da língua de 
sinais. Professores surdos foram demitidos e a instituição proibiu o contato de alunos mais velhos 
com os alunos que estavam ingressando no Instituto. Mesmo proibida, os surdos continuavam a 
utilizar a língua de sinais entre eles, dentro e fora do Instituto. A oficialização do uso proibido da língua 
de sinais foi datada no ano de 1957 (Pimenta, 2008).
O método oralista, defendido a partir do Congresso de Milão, parte do ponto de vista do 
modelo clínico-terapêutico da surdez e visa o desenvolvimento da fala no surdo, a utilização da 
linguagem oral, além da escrita e da leitura, para que o surdo seja integrado ao mundo dos ouvintes. 
No entanto, o modo como o surdo fala causa estranhamento por parte dos ouvintes e muitas vezes 
não é inteligível. Por isto, os surdos se sentem inibidos e desconfortáveis para falar com terceiros. 
Apenas uma pequena parte, estima-se 0,5% na Alemanha e 25% na Inglaterra, conseguiu atingir 
uma articulação de fala inteligível. Nos anos em que o método oralista era protagonista, houve um 
baixo desempenho cognitivo por parte dos surdos nas instituições de educação (Capovilla, 2000).
Excluída por quase 100 anos, a língua de sinais volta a ter destaque na educação de surdos, 
com os estudos linguísticos do Dr. William Stokoe, professor da Universidade de Gallaudet. Stokoe 
reconhece a língua de sinais como uma língua natural e complexa, a qual possui aspectos 
linguísticos, como outra qualquer língua utilizada para comunicação (Mori e Sander, 2015).
A partir daí surge a filosofia educacional da Comunicação Total que consiste na facilitação da 
comunicação com o uso de sistemas de sinais juntamente com a língua falada (utilizava-se tanto 
palavras e símbolos quanto sinais naturais e artificiais), com o intuito de se obter mais de um canal de 
comunicação. O método da comunicação total se opõe ao oralismo. A partir daí a comunicação entre 
surdos e ouvintes melhorou significativamente (Capovilla, 2000).
Devido à grande influência dos Estados Unidos, o Brasil abre portas para a Comunicação 
Total, pois em meados do século XX surgem várias campanhas em favor dos chamados 
“Excepcionais”. Os surdos educados sob o método oralista não conquistaram autonomia acadêmica 
ou social. Sendo assim, na década de 70, o Brasil passa a usar a metodologia da Comunicação Total 
20
 (Barros, 2011). No geral, o país começou a sofrer mudanças no campo social e político. 
Surgiram vários movimentos em favor das minorias pelos direitos civis. Neste contexto, a educação 
de surdos também passou a sofrer mudanças (Santoro, 1994).
A partir da década de 60, houve a retomada de alguns assuntos com foco na educação dos 
surdos. A aceitação da língua de sinais, retomada de pesquisas comfoco na educação oralista e 
consciência dos educadores despertando para o fato do oralismo ter fracassado em termos 
educacionais, foram pauta do que pode-se chamar de movimento em favor dos surdos. Dias (2007) 
ainda aponta um acontecimento notável que ocorreu em 1978: o surgimento de cursos de pós-
graduação stricto sensu na área das deficiências. Uma das instituições que ofereceu tal 
especialização foi a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Este fato proporcionou o 
avanço de pesquisas científicas que revolucionariam o pensamento e o comportamento da 
sociedade frente aos surdos.
Nos anos 1980, Comunicação Total entrou em pauta para discussões novamente. A 
comunicação entre o mundo surdo e o mundo ouvinte melhorou, mas ainda era limitada. A 
combinação dos sinais juntamente com a fala era confusa para os professores que assim utilizavam. 
Era como se a língua de sinais fosse uma cópia da língua oral. No entanto, a língua de sinais possui 
suas próprias particularidades. As pesquisas começaram a demonstrar que a língua de sinais 
também possuía regras fonológicas, morfológicas e sintáticas. Portanto, concluiu-se que um novo 
modelo de método deveria ser utilizado na educação de surdos: o Bilinguismo (Capovilla, 2000).
O bilinguismo traz um conceito diferente do surdo. Até então, o modelo utilizado era 
unicamente clínico-terapêutico. Com o bilinguismo, a concepção socioantropológica vem à tona, 
demonstrando que a comunidade surda partilha de valores e possui uma cultura singular, que 
representa uma visão de mundo diferenciada (Pimenta, 2008).
A Constituição Brasileira de 1988 foi base para toda uma estrutura em termos de educação de 
surdos (Mori e Sander, 2015) e torna a educação um direito igualitário a todos os indivíduos, quer 
pessoas com deficiência ou não, além de conferir ensino especializado à pessoas com deficiência.
Em 1994, surge um documento que ressalta a importância da língua de sinais e promove 
mudanças significativas no que diz respeito a Educação Especial (UNESCO, 1994). O termo 
inclusão passa a ficar em evidência a partir desta declaração, onde os governos representados se 
comprometeriam em criar políticas educacionais e as escolas se preparariam para se adequar a 
diversidade de indivíduos que iriam receber (Pimenta, 2008). Esta declaração foi feita na conferência 
mundial sobre necessidades educativas especiais, em Salamanca, na Espanha, realizada pela 
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Assim o 
documento é denominado Declaração de Salamanca.
21
 No Brasil, foi sancionada uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394 
de 20 de dezembro de 1996 que estabelece que a Educação Especial deverá ser oferecida na rede 
regular de ensino para alunos que possuem necessidades especiais. Também é evidenciada a 
adaptação de currículos, técnicas e recursos educativos, segundo a necessidade do aluno. A 
presença de professor com especialização para atender a estes alunos também é mencionada na 
nova LDB (Brasil, 1996).
Após anos de muita luta, uma conquista foi notável a comunidade surda brasileira e a 
educação de surdos: a oficialização da Língua de Sinais. A lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, 
declara a Língua Brasileira de Sinais (Libras) com sistema linguístico visual-motor e com estrutura 
gramatical própria, como uma forma de expressão e comunicação (Brasil, 2002). Para a 
regulamentação da Lei de Libras, foi sancionado o decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005. O 
Decreto reconhece o surdo como participante de uma cultura que difere da cultura dos ouvintes. 
Também dispõe, dentre outras coisas: o uso e a difusão da Libras e da Língua Portuguesa para o 
acesso das pessoas surdas à educação e a garantia do direito à educação das pessoas surdas ou 
com deficiência auditiva.
Cada lei e ação em favor da comunidade surda deve ser comemorada, pois promove uma 
maior acessibilidade e inclusão dos surdos, principalmente no que tange a educação. Atualmente, o 
bilinguismo é o método utilizado e há mais respeito e humanidade no que condiz ao sujeito surdo. 
Ainda é necessário aperfeiçoamento na área da educação de surdos. Porém, já foram dados até 
aqui longos passos para uma melhoria na inclusão destes indivíduos.
A Língua Brasileira de Sinais
A comunidade surda se define como usuários de uma língua que difere da língua utilizada 
pelos ouvintes. Isto se dá, pois as línguas utilizadas por ouvintes são orais-auditivas e as línguas de 
sinais são viso-espaciais (Machado,2007). A língua de sinais não é universal. Cada país possui sua 
própria língua oral. No caso da língua de sinais ocorre o mesmo: cada país possui sua língua de 
sinais própria. Até em casos como o Brasil e Portugal que tem o português como língua, a língua de 
sinais se difere.
Como toda língua, a língua de sinais é viva e sofre modulações com o tempo. Além disto, 
possui sua própria gramática, sendo assim, não é uma versão sinalizada da língua oral, nem 
tampouco possui sua origem histórica na língua oral. É importante ressaltar que a língua de sinais 
também possui variações dentro do próprio país (Gesser, 1971). Por exemplo, em cada região do 
Brasil há variações linguísticas do português, o mesmo ocorre com a Libras.
A língua não possui sua importância estritamente na comunicação, mas é responsável pela 
organização do pensamento (Rumjanek, 2011). Vygotsky (2000) também ressalta que o processo 
22
linguístico possui a função de mediação das atividades cognitivas no homem. Deste modo, desde 
criança, o indivíduo utiliza a linguagem como um mecanismo comunicativo para realizar interações 
dialógicas e lançar mão deste instrumento para formação de processos intelectuais (Machado, 
2007).
A Língua Brasileira de Sinais, Libras, é a segunda língua oficial do país e é a primeira língua 
dos surdos, chamada de L1, sendo assim a Língua Portuguesa, para os surdos, a L2. A partir da 
oficialização da Libras no país, muito se estuda sobre este assunto. Além disto, por mais que a Libras 
tenha sua própria gramática e morfologia, quando se trata de áreas específicas do conhecimento, 
ela se torna insuficiente nos termos técnicos que compreendem cada área. Os sinais para os surdos 
correspondem às palavras para os ouvintes e, em cada área, seja das exatas, humanas ou 
biológicas, há termos técnicos e específicos que, na maior parte das vezes, são ausentes na Libras. 
Por isto, vem surgindo vários grupos de pesquisa, em áreas diferentes do conhecimento (por 
exemplo: Matemática, Biologia, Química, Física, Moda, Engenharia, Arquitetura), dispostos a 
trabalhar na criação de sinais em suas respectivas áreas. O foco do desenvolvimento dos sinais é 
dispor de uma maior acessibilidade e inclusão nos cursos acadêmicos e nas áreas de atuação 
profissional (Rumjanek, 2011; Machado, 2013; Kuhn 2014; Vargas e Gobara, 2015).
Ensino de Ciências para Surdos
Quando uma criança ingressa na escola, já possui o que Vigostky (2000) chama de conceitos 
espontâneos, conceitos que são formados previamente, antes de seu ingresso no período escolar. 
Vigostky (2000) ainda ressalta que o pensamento científico se expressa quando há o 
desenvolvimento do pensamento espontâneo. Porém, a criança surda chega no ambiente escolar 
sem ter conceitos básicos pré-formados. Segundo Lacerda (2006), há um atraso de linguagem em 
alunos surdos, visto que são expostos tardiamente à língua de seu grupo social, o que pode acarretar 
consequências emocionais, sociais e cognitivas, mesmo que se aprenda a língua tardiamente.
 Vigostky (2000) ainda revela ser impossível o pensamento do conceito fora do pensamento 
verbal. Ou seja, para todo e qualquer conceito se necessita o uso de palavras, pois a formação doconceito se dá pelo emprego funcional da palavra. O estudante que não é exposto ao signo 
linguístico não tem a formação de “pseudoconceitos infantis”.
 Na prática, percebe-se que quando os alunos estudam na escola sobre o conceito de, por 
exemplo, “bactéria” é provável que o aluno ouvinte já tenha um conceito espontâneo (pré-formado) 
sobre este assunto. Por exemplo, quando a mãe o aconselha a lavar as mãos para não se 
contaminar com germes, pode levá-lo a criar um link com a palavra “bactéria” no sentido de não se 
23
contaminar para não contrair doenças. Ou seja, o conceito passa a ter um sentido para este aluno. 
Portanto, a partir deste conceito espontâneo, o aluno poderá entender o conceito científico de 
bactéria: seres microscópicos, unicelulares, procariontes e que possuem diferentes formas 
físicas, mas todas com características de reprodução e respiração para manutenção da vida 
(Oliveira e Benite, 2015).
 O aluno surdo muitas vezes não dispõe de conceitos espontâneos formados, por causa da 
ausência de uma língua constituída. Assim, ao ingressar no ambiente escolar este aluno terá de 
constituir uma língua (Libras), além de aprender uma nova língua (Português), formar conceitos 
espontâneos e adquirir conceitos científicos, tudo ao mesmo tempo (Oliveira e Benites, 2015).
 A educação bilíngue tende a contribuir para o acesso e permanência dos surdos no 
processo de educação, além da inclusão em sala de aula. Porém, Alves (1990) ressalta que de 
acordo com a necessidade de comunicação há a criação lexical, denominada neologia, que ocorre 
constantemente em todas as línguas. Ou seja, a língua é dinâmica e, de acordo com a 
necessidade, novos termos estão constantemente sendo desenvolvidos. Isto é muito evidente, 
sobretudo na área da ciência. A ciência no Brasil sofreu um rápido avanço no século XX, ao mesmo 
tempo que a educação de surdos sofria drásticas mudanças. Portanto, não houve integração dos 
surdos no meio científico, nem a criação de novos termos (processo neológico) para a área da 
ciência na Língua de Sinais, fato que ocorreu contrariamente na Língua Portuguesa. Rumjanek 
(2011) diz que mesmo em países onde o desenvolvimento científico foi anterior ao do Brasil, a 
língua de sinais também se torna carente em termos científicos, como é o fato dos Estados Unidos 
ou Inglaterra, e suas respectivas línguas de sinais: American Sign Language (ASL) e British Sign 
Language (BSL).
 A ausência de novos termos para o meio científico influencia, não somente na formação de 
conceitos espontâneos, como também na formação de conceitos científicos para o aluno surdo. 
Rumjanek (2011) ressalta que mesmo o tradutor e intérprete mais capacitado terá dificuldades na 
interpretação de determinados conceitos científicos, pois precisa explicar o conceito e não possui 
formação científica para tal. O intérprete acaba utilizando a datilologia, alfabeto manual, que é 
trabalhosa e não dispõe de um conceito embutido, como ocorre com a maioria dos sinais.
 Há dificuldade no ensino das ciências biológicas para os surdos, pois além do professor 
muitas vezes não saber a Língua de Sinais, o intérprete não sabe as especificidades daquela área 
do conhecimento, o que resulta numa espécie de tensão entre profissionais (Ferreira, 2002). 
Soma-se, ainda, a limitação da língua, numa área onde os conceitos são complexos e abstratos 
(Marinho, 2007).
24
A Importância da Microbiologia
 A alfabetização científica auxilia na constituição do sujeito como cidadão oferecendo-lhe a 
capacidade de tomar decisões científicas e tecnológicas, além de sua participação em discussões 
de cunho tecnocientíficos de interesse social ((Praia, Gil-Pérez e Vilches, 2007).
 O ensino da Biologia em suas diversas especificidades coopera para o cumprimento destes 
objetivos da alfabetização científica. Os conteúdos da educação científica no ramo das ciências 
biológicas podem ser trabalhados de maneira interdisciplinar, abrangendo diversos aspectos que 
leve o aluno a uma reflexão, mas que também disponha de uma compreensão significativa e 
contextualizada no cotidiano deste estudante (Silva e Maciel, 2017).
 A Microbiologia é o estudo dos microrganismos e compõe uma área muito ampla das Ciências 
Biológicas. A influência dos microrganismos no meio ambiente, na indústria, na saúde e na 
tecnologia, revela a importância da Microbiologia na formação científica do estudante (Silva e 
Maciel, 2017).
 Como toda área científica, a Microbiologia também apresenta palavras e conceitos que 
revelam uma particularidade desta ciência. Além disto, essas palavras, ou termos, podem ser de 
caráter introdutório, termos que introduzem o conhecimento da Microbiologia de um modo 
generalizado (como é aplicado, por exemplo, em nível de ensino médio), ou de caráter mais 
complexo, termos mais aprofundados no conhecimento da Microbiologia (como é aplicado em nível 
de ensino superior).
 É fundamental que haja atividades práticas no ensino da Microbiologia. Por se tratar de algo 
que não é visível a olho nu, se faz necessária a prática de laboratório de microbiologia para que o 
aluno reflita e compreenda os aspectos teóricos (Barbosa e Barbosa, 2010). Além disto, o material 
visual contribui com os modos de comunicação e facilita a assimilação de conceitos abstratos. Para 
o surdo, o material visual, além de chamar a atenção, auxilia na compreensão dos conteúdos, visto 
que o surdo possui uma incrível percepção visual que lhe atribui um bom desenvolvimento cognitivo 
e também auxilia no processo evolutivo da Língua de Sinais (Marinho, 2007).
Projeto Surdos e o Glossário Português-Libras científico
 O Projeto Surdos UFRJ foi criado em 2005 pela Profa. Vivian Rumjanek, do Instituto de 
Bioquímica Médica, sua coordenadora geral. Sua primeira atividade foi um curso experimental de 
curta duração que deu origem às demais vertentes do Projeto. Tem o objetivo geral de incluir o surdo 
na sociedade através do conhecimento científico.
25
 Através dos cursos, ficou evidente a necessidade do desenvolvimento de um glossário 
científico em Libras. Portanto, em 2007, a então mestranda Julia Barral desenvolveu quatro 
fascículos abordando os temas sangue, sistema imune, célula e embriogênese.
 Atualmente, surgiu a necessidade de abordar a Microbiologia como um novo tema. O atual 
grupo de pesquisa e desenvolvimento conta com a participação de surdos, biólogos e professores 
surdos e uma graduanda em microbiologia, fluente em Libras.
Para o desenvolvimento do glossário tornou-se necessário:
- Listar termos científicos introdutórios da área de Microbiologia;
- Pesquisar sinais existentes;
- Avaliar os sinais existentes; 
- Apresentar os conceitos que não possuem sinais pela Metodologia de Meis;
- Criar sinais para os conceitos que não os possuem;
- Pré-gravação dos sinais existentes e dos sinais criados;
- Análise linguística dos sinais;
- Testar os sinais em Cursos de Curta Duração;
- Divulgar os sinais.
A metodologia De Meis consiste em quatro abordagens pedagógicas: Questionamento (os 
estudantes decidem o que querem saber), Resolução (análise e abordagem do problema), Hands 
On (realização de experimentos) e Minds On (apresentação de resultados e discussão de 
hipóteses). 
Usando a metodologia de ensino De Meis adaptada para os alunos surdos, buscamos 
esclarecer conceitos de Microbiologia durante as aulas práticas nas quais os próprios constituintes 
do grupo de pesquisa questionam, realizam experimentos e formulam hipóteses sobre o tema. Os 
sinais existentes são testados durante as aulas e reuniões. Muitos novos sinais surgem durante 
essas aulas. Posteriormente, esses alunos, na qualidade de monitores, difundem conhecimento e 
sinais em cursos experimentais paraescolas e pólos de ensino para surdos, com uma semana de 
duração. 
Os sinais avaliados e desenvolvidos são gravados em vídeos para montar uma base de 
dados. A gravação é feita no próprio laboratório, com fundo branco, datilologia do termo e o sinal em 
si. Todos estes sinais são também analisados por profissionais da área da linguística.
Após todo este processo, os sinais serão divulgados em sites e em mídias sociais para que o 
público surdo tenha fácil e livre acesso aos conteúdos de cunho científico.
26
 Com o desenvolvimento do glossário espera-se que a barreira linguística seja amenizada e 
haja uma maior facilidade no ensino das Biociências a nível médio e superior, auxiliando professores, 
tradutores e intérpretes e, principalmente, os surdos. Além de despertar o interesse dos surdos para 
a ciência e, especialmente, para a Microbiologia.
Referências
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