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34 MICROBIOLOGIA EM LIBRAS DIAGNÓSTICO DA ZIKA ENTREVISTA Unicamp cria plataforma capaz de detectar vírus após o fim da fase aguda da doença Pesquisadores desenvolvem glossário para ensinar disciplina a estudantes surdos Instituto Evandro Chagas descobriu novo vetor da febre amarela Pág. 06 Pág. 11 Pág. 17Pág. 05 C r é d it o : p ix a b a y .c o m POR QUE O SARAMPO RETORNOU AO PAÍS? Eliminada em 2016, a doença volta ao Brasil por meio de imigrantes venezuelanos e deixa alerta sobre a necessidade de zelar pela alta cobertura vacinal BIÊNIO 2016-2017 / SBM 2016-2017 Ana Lucia Figueiredo Porto (UFRPE) Sergio Eduardo Longo Fracalanzza (UFRJ) Maria José Soares M. Giannini (UNESP) Gustavo Henrique Goldmann (FCF-USP/RP) Waldir Pereira Elias Junior (Inst. Butantã) Jorge Luiz Mello Sampaio (FCF-USP) Marcio Lourenço Rodrigues (Fiocruz/UFRJ) Giliane de Souza Trindade - UFMG Renato Santana de Aguiar – UFRJ Luis Henrique Souza Guimarães – FFCLRP – USPIdjane Santana de Oliveira – UFPE Welington Luiz de Araújo – ICB – USP Rosely Maria Zancopé Oliveira - Fiocruz/RJ Iran Malavazi – UFSC Miliane Moreira Soares de Souza – UFRRJ Ana Lucia Figueiredo Porto – UFRPE Célia Maria de Almeida Soares – UFG Elaine Cristina Pereira de Martinis – FCFRP-USP Leticia de Albuquerque Maranhão Carneiro – UFRJ Daniel Santos Mansur – UFSC Fernando Dini Andreote – ESALQ – USP Afonso Luis Barth – UFRGS Luiz Fernando Wurdig Roesch – UNIPAMPA Elizabeth de Andrade Marques, UERJ Roxane Maria Fontes Piazza – IBU Ilana Lopes B. da Cunha Camargo – FCFRP-USP Marcela Pellegrini Peçanha – PUC-SP Lucy Seldin – UFRJ Luis Augusto Nero - UFV Mateus Matiuzzi da Costa – UNIVASF COORDENADORES DE ÁREA Genética de Micro-organismos e Bioinformática Ano 9, nº 34 São Paulo: SBM, 2018 Microbiologia in foco Vânia Lúcia Carreira Merquior Periodicidade trimestral Sergio Eduardo Longo Fracalanzza Vânia Lúcia Carreira Merquior Sergio Eduardo Longo Fracalanzza Circulação Nacional. Acesso gratuito para sócios da SBM 03 É com grande satisfação que a publicamos a 34 edição da Revista Microbiologia in foco. Temas importantes relacionados à Saúde Pública serão abordados, como o risco da volta dos casos de sarampo, doença eliminada em 2016 no Brasil, mas reintroduzida por imigrantes da Venezuela, país onde a vacinação é precária. Novas pesquisas, coordenadas pelo professor Pedro Vasconcelos, do Instituto Evandro Chagas, mostraram a presença do vírus da febre amarela em mosquitos da espécie Aedes albopictus, um risco ad ic iona l para o avanço da doença. Outro assunto de grande relevância abordado nesse número são as descobertas de pesquisadores do National Cancer Institute, nos Estados Unidos, que sugerem uma possível correlação entre a presença de micro-organismos do gênero Clostridium na microbiota intestinal e o crescimento de tumores no fígado. Por fim, a Sociedade Brasileira de Microbiologia tem o prazer de divulgar um trabalho inédito no campo da Educação em Microbiologia para Surdos. Desde a LDB de 1996 foi estabelecido que a Educação Especial deveria ser oferecida na rede regular de ensino para alunos com necessidades especiais, com as devidas adaptações de currículos, técnicas e recursos educativos. O Projeto Surdos, coordenado pela professora Vivian Rumjanek, do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ, detectou a ausência de sinais específicos na linguagem LIBRAS, ao longo de cursos experimentais na área de Biociências para surdos do Ensino Médio. Como consequência, desenvolveu uma metodologia para a produção de um glossário em Libras na área de Biociências. O artigo descreve as etapas para o desenvolvimento de sinais específicos para a Microbiologia, os quais serão compilados, descritos, testados e posteriormente divulgados em sites e mídias sociais para que os surdos tenham fácil e livre acesso aos conteúdos científicos. É uma notícia auspiciosa e que coloca o Brasil em posição de vanguarda nessa área em todo o mundo. Esperamos que esses assuntos sejam do interesse de todos. Obrigado aos colegas que colaboraram com este número da revista e contamos com a participação de todos para futuras edições. Gêiser em lua de Júpiter reforça esperança de vida fora da Terra Um estudo finlandês publicado na revista Popular Archaeology atribui a erupções vulcânicas ocorridas no século 6 d.C. a responsabilidade pela chamada Praga de Justiniano, que devastou o Império Bizantino no início da Idade Média. Segundo os autores, a série de erupções reduziu a incidência da luz solar, produzindo um período frio e sombrio entre 536 e 544 d.C, prejudicando a agricultura, a alimentação e a produção de vitamina D, o que teria afetado o s istema imunológico da população, deixando as pessoas mais vulneráveis à bactéria Yersinia pestis. O mesmo micro-organismo causaria mais tarde a Peste Negra, pandemia que matou quase metade da população da Europa no século 14. Fonte: The Archaeology of the Invisible and the Fall of Rome (Sp r ing i ssue , Popu la r Archaeology) Fonte: Evidence of a plume on Europa from Galileo magnetic and plasma wave signatures, Nature Astronomy (2018) Estudo associa mudanças climáticas a peste na Idade Média Um jato de água que alcança 190 quilômetros de altura, localizado na superfície de Europa, é o mais novo indício da possibilidade de vida extraterrena nessa lua de Júpiter. Esse gêiser teria atingido a sonda Galileu em 1997, mas só agora os cientistas teriam conseguido dec i f rar as razões das oscilações provocadas na nave. Essas erupções de H O 2 não são novidade: em 2016, o telescópio espacial Hubble já havia feito um registro, em baixa definição, de uma delas. Acredita-se que abaixo da superfície gelada do satélite jupiteriano exista um oceano com 100 quilômetros de profundidade, o que faz de Europa uma das principais candidatas à vida extraterrena, mesmo que microscópica. “Esses jatos, se existirem de fato, podem fornecer um meio de coletar amostras da água que está abaixo da superfície”, diz Geoff Yoder, pesquisador da NASA. C r é d it o s : N A S A /J P L -C A L T E C H /S E T I IN S T IT U T E d 04 Micro-organismos intestinais influenciam crescimento de tumores no fígado Pesquisadores do National Cancer Institute, nos Estados Unidos, descobriram que micro-organismos intestinais do gênero Clostridium afetam o crescimento e a disseminação de tumores no fígado. O achado sugere que reduzir a presença dessas bactérias poderia melhorar a capacidade do organismo de combater o câncer hepático. O fígado é o órgão mais frequentemente atingido por metástases e as evidências são cada vez maiores de que micro-organismos influenciem esse processo. No estudo em questão, a redução desses micro- organismos em camundongos, por meio de tratamento com antibiótico, provocou uma redução no número de tumores hepáticos. As bactérias do gênero Clostr idium são comumente encontradas em ratos e humanos. Fonte: Gut microbiome–mediated bile acid metabolism regulates liver cancer via NKT cells, Science Magazine. Cientistas da Unicamp desenvolveram um dispositivo capaz de diagnosticar a Zika após o fim da fase aguda da doença. O método combina espectrometria de massas, que permi te d i ferenciar mi lhares de moléculas no soro sanguíneo, com um algoritmocapaz de identificar padrões associados a infecções virais, bacterianas e fúngicas. A pesquisa foi publicada no periódico Frontiers in Bioengineering and Biotechnology . O modelo usado para comprovar a precisão diagnóstica do dispositivo foram as infecções por zika. “O método não perde a sensibilidade mesmo se o vírus sofrer mutações”, diz Rodrigo Ramos Catharino, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp e orientador da pesquisa. “Ele poderia ser útil, por exemplo, para analisar bolsas de sangue para transfusão”, acrescentou. Unicamp cria dispositivo que diagnostica zika após fase aguda Fonte: A Machine Learning Application Based in Random Forest for Integrating Mass Spectrometry-Based Metabolomic Data: A Simple Screening Method for Patients With Zika Virus (DOI: 10.3389/fbioe.2018.00031) / https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fbioe.2018.00031/full 05 C r é d it o : D r e a m s ti m e Um novo vetor para a febre amarela com Pedro Fernando Vasconcelos Por Karina Fusco C r é d it o : D iv u lg a ç ã o /C N P E M Descoberta de mosquitos Aedes albopictus com o vírus representa risco adicional para o avanço da doença. Com grande capacidade de adaptação, inseto poderia fazer ligação entre os ciclos urbano e silvestre da enfermidade Depois da epidemia de dengue, zika e chikungunya, a doença que vem colocando em alerta a população de diversas regiões do Brasil e também autoridades de saúde é a febre amarela. Segundo o Ministério da Saúde, entre 1º de julho de 2017 e 3 de abril de 2018 foram confirmados 1.127 casos da doença no país, com 328 mortes. É um aumento significativo, já que o balanço anterior indicava 691 registros da patologia com 22 falecimentos. Uma descoberta anunciada em fevereiro pelo Instituto Evandro Chagas, ligado à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, pode representar um fator adicional de preocupação no que diz respeito ao avanço do surto. Pela primeira vez no Brasil, pesquisadores da instituição detectaram o vírus da febre amarela também em mosquitos da espécie Aedes albopictus. O achado se deu no estado de Minas Gerais, mais precisamente nos municípios de Itueta e Alvarenga, na região do Vale do Rio Doce, onde foram coletados insetos durante a epidemia de 2017. Até então, os vilões da doença em território brasileiro eram os mosquitos Aedes aegypti, na área urbana, e os das famílias Haemagogus e Sabethes nos ambientes silvestres. 06 Para o médico virologista Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, diretor do Instituto Evandro Chagas, essa revelação é grave porque o Aedes albopictus poderia vir a estabelecer um ciclo intermediário da febre amarela nas Américas, já que ele se adapta facilmente a diferentes ambientes. “Caso aconteça o transporte dessa espécie de mosquito para áreas urbanas, ela pode servir de vetor de ligação entre os dois ciclos possíveis: o urbano e o silvestre”, afirma. Em entrevista especial à Microbiologia in Foco, ele detalhou a pesquisa, que terá continuidade ao longo do ano. Como se deu a descoberta do vírus da febre amarela em mosquitos Aedes albopictus? Atendendo a uma solicitação do Ministério da Saúde, iniciamos estudos sobre a transmissão vetorial para tentar identificar quais mosquitos transmitiam o vírus da febre amarela em Minas Gerais, em 2017. Fizemos diversos estudos e identificamos o vírus também no Aedes albopictus, além dos trans- missores habituais, que são o Haemagogus janthinomys, o Haemagogus leucocelaenus, o Sabethes chloropterus e o Sabethes albiprivus. Foi uma surpresa encontrar o Aedes albopictus infectado e, portanto, com uma forte suspeita de também estar associado à transmissão naquele estado. C o m o f o i r e a l i z a d o o sequenciamento do genoma do vírus? Ao encontrarmos o mosquito i n fec tado , rea l i zamos os procedimentos padrões de detecção e de sequenciamento genômico, ampl i f icando o genoma viral por PCR em tempo real. Utilizamos a técnica de Sanger para confirmar a suspeita, ou seja, amplificamos pe- quenas sequências do genoma e conseguimos demonstrar que o vírus da febre amarela silvestre es tava p resen te . Na segunda fase, contando com co labo ração da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), fizemos o se- quenciamento completo da amostra usando a MinIon, uma tecnologia moderna de sequenciamento usando dispositivo miniaturizado, e foi demonstrado que era o mesmo vírus característico da epidemia que per- manece ocorrendo em Minas Gerais. Como esse mosquito se torna propagador da febre amarela? Em nossa pesquisa, não af irmamos que ele é transmissor. Nós apenas o encontramos infectado, o que o torna um potencial transmissor do vírus. Mas a inda não há dados suficientes para incriminá- lo como tal. Mas, como esse mosquito vive bem tanto em ambientes urbanos como silvestres, acreditamos que ele possa, no futuro, vir a transmitir a febre amarela nessas duas diferentes áreas. Diferentemente do Haemagogus, que só vive em área silvestre, e do Aedes aegypti, que só habita a área urbana, o Aedes albopictus consegue ser eclético e sobreviver nos dois ambientes. 07 Pedro Fernando da Costa Vasconcelos Foi uma surpresa achar o Aedes albopictus infectado e com forte suspeita de associação à transmissão da febre amarela Caso haja o transporte desse mosquito para o meio urbano, ele pode servir de ligação entre os dois ciclos da doença C r é d it o : D iv u lg a ç ã o /C N P E M 08 Quais são as principais diferenças do Aedes albopictus, por exemplo, em relação a outros transmissores da febre amarela? As principais diferenças então nos hábitos de vida. O Aedes albopictus tem uma capacidade de se adaptar a diferentes ecossistemas muito maior do que o Aedes aegypti. Isso faz com que ele possa viver nas cidades, nas zonas rurais e também nas florestas. Quanto aos hábitos de hematofagia, ou seja, de picar para sugar o sangue, também há uma distinção. O Aedes aegypti busca preferencialmente humanos, já o Aedes albopictus pode picar um grupo variado de animais vertebrados para obter o sangue e fazer a oviposição. Já morfologicamente o Aedes albopictus não tem em seu dorso aquele desenho idêntico à lira, o instrumento musical. Essa é uma das características que o diferencia do Aedes aegypti. E em relação à distribuição dessas espécies? A distribuição do é bem menor Aedes albopictus no Brasil. O último relato da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) indica a presença dessa espécie em mais de 1.000 municípios brasileiros. No caso do , há mais Aedes aegypti de 3.000 municípios infestados. Sabemos que há uma competição de nicho ecológico entre essas duas espécies de mosquitos. Onde há predominância de , o Aedes aegypti Aedes albopictus não se instala e vice-versa. O senhor afirmou que o Aedes albopictus pode estabelecer um ciclo intermediário da doença nas Américas. Como isso ocorreria? Há dois ciclos possíveis de transmissão de febre amarela nas Américas: o silvestre, em que o vírus é contraído em áreas de mata ou em suas proximidades – é o que está ocorrendo atualmente -, e o urbano, com a transmissão pelo , nas cidades. Mas, na África, Aedes aegypti há um ciclo intermediário, promovido pelaespécie , que fica justamente Aedes africanus em áreas rurais, próximas de matas, em ambientes semiurbanos. Isso não ocorre nas 09 Américas ainda. Porém, esse é um papel que o Aedes albopictus poderia assumir. O Aedes albopictus também pode transmitir outras doenças? Nas Américas, nunca ficou bem demonstrada a participação dele na transmissão de dengue, zika e chikungunya, mas, na Ásia e na África, essa espécie tem uma forte participação na transmissão tanto de dengue como de chikungunya, e de outras arboviroses que não ocorrem aqui. Quais são os próximos passos da pesquisa? A captura de exemplares em áreas onde está ocorrendo a transmissão. Estivemos, por exemplo, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro para checar se há a presença de Aedes albopictus infectado. Se encontrarmos o vírus da febre amarela, vamos sequenciar as amostras virais e, em seguida, comparar com os i so lados de feb re amare la anteriormente obtidos. Posteriormente, vamos realizar um estudo experimental para identificar a capacidade de transmissão do vírus da febre amarela pelo Aedes albopictus para os primatas. Também vamos verificar se eles conseguem adquirir o vírus a partir do sangue de primatas infectados. Esses experimentos estão em fase de planejamento para que, em alguns meses, tenhamos alguma resposta. Qual o atual panorama da febre amarela no Brasil? É uma epidemia que tem se concentrado de forma muito impactante na região Sudeste, sobretudo nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Mais de 98% dos registros estão nesses estados. A expansão do vírus foi muito intensa, por exemplo, nas regiões de Campinas e da Grande São Paulo, locais onde há alguns anos era impensável essa circulação viral, já que o vírus esteve ausente dessas áreas durante décadas. Temos poucos casos no Espírito Santo, que promoveu uma forte campanha de vacinação no ano passado, e apenas um caso no Centro-Oeste. Na região Norte não há casos em humanos, embora tenhamos encontrado o vírus em primatas e em mosquitos. Então, podemos dizer que o vírus da febre amarela segue endêmico nas regiões Amazônica e Centro-Oeste, e também no estado do Maranhão. É sempre factível encontrar o vírus no vetor ou nos tecidos dos hospedeiros vertebrados, que, no caso, são os primatas não-humanos. O s c a s o s t ê m s e c o n c e n t r a d o majoritariamente na zona rural. Existe a ameaça de uma epidemia urbana? Sim. O risco de urbanização da febre amarela existe. Mas sabemos que na África, onde tem havido epidemias de febre amarela em áreas urbanas, os índices de infestação são muito elevados, o que não ocorre aqui no Brasil por conta do combate vetorial que já vinha sendo feito por causa da dengue, zika e chikungunya. Então, podemos dizer que, embora exista o risco de transmissão urbana pelo , ele é Aedes aegypti pequeno. Mas ressalto que a possibilidade de haver uma nova espécie transmissora aumenta o risco de trazer o vírus da floresta para as áreas urbanas, apesar de não existir uma certeza de que isso irá ocorrer. Acesse nosso portal de notícias. Estamos de cara nova! Por que o sarampo retornou ao País? Por Karina Fusco Eliminada em 2016, a doença volta ao Brasil por meio de imigrantes venezuelanos e deixa alerta sobre a necessidade zelar pela alta cobertura vacinal Apenas dois anos após o Brasil receber da Organização Pan-Americana da Saúde o certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampo, novos casos da doença se acumulam na região Norte do país – um retrocesso e uma ameaça à saúde pública. De acordo com o Ministério da Saúde, até meados de abril de 2018 foram notificados 279 casos no estado de Roraima e 251 no Amazonas, com 79 e 16 confirmações, respectivamente, estando os demais sob investigação. Em Roraima, também ocorreram duas mortes. F o to : E B C 11 Imigrantes venezuelanos desembarcam em Roraima O sarampo retornou ao país de carona com imigrantes venezuelanos que têm se refugiado no Brasil para fugir da miséria em seu país de origem. Na tentativa de conter o avanço da doença por aqui, o governo brasileiro deu início a uma campanha de vacinação de emergência nos municípios afetados. A expectativa é de imunizar 400 mil pessoas, entre brasileiros e imigrantes. A medida é a forma mais efetiva de interromper a transmissão do vírus, segundo Expedito Luna, professor do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP). “Na década de 1990 foram promovidas grandes campanhas nacionais de vacinação que atingiram crianças e adolescentes e os casos foram se reduzindo, até não haver mais registros. Mas como há grandes epidemias da doença na África, na Ásia e na Europa, os países da América Latina são bombar- deados com a importação do sarampo”, afirma. A chegada de estran- geiros por aqui e a visita de brasileiros sem anticorpos contra a doença em países onde há a circulação viral justificam os episódios de importação do sarampo. “No fim de 2013 o vírus entrou em Pernambuco e gerou mais de 200 casos. No ano seguinte, foi a vez do Ceará, com um salto significativo do número de registros”, diz o professor. Mas o Brasil não é o único país que o fantasma da doença, que parecia estar eliminada, tem voltado a rondar. Somente na Europa, houve aumento de 400% nas ocorrências de sarampo em 2017, o que foi descrito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma "tragédia". Itália, Romênia e Ucrânia lideraram o ranking de nações com mais vítimas da epidemia. C r é d it o : p ix a b a y .c o m F o to : M a r c e lo C a m a r g o /A g e n c ia B r a s il - E B C Imigrantes venezuelanas em acampamento em Boa Vista 12 “A Europa não realizou o esforço feito nas Américas visando à eliminação e, desde o fim da década de 1990, após a publicação pelo do Lancet artigo de Andrew Wakefiel postulando uma associação entre a vacina contra o sarampo e o autismo que posteriormente foi constatada como fraudulento, as cober- turas vacinais em todo o continente nunca voltaram a níveis altos”, diz o professor do IMT/USP. Características do vírus Do gênero Morbillivirus e da família Paramyxoviridae, o vírus do sarampo é um dos patógenos mais contagiosos já conhecidos e com al ta transmissibilidade, de acordo com a virologista Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro. O impacto da patologia nas populações varia de acordo com as condições em que vivem. “Onde há pessoas desnutridas, com o sistema imune mais debilitado e onde as condições sanitárias são desfavoráveis, costumam ocorrer casos mais graves de sarampo e o aumento da mortalidade”, revela. A transmissão pode o c o r r e r p e l a s i m p l e s proximidade com pessoas infectadas. “Quando a gotícula de secreção expelida por espirros ou tosse de alguém infectado é aspirada por outra pessoa, já é o suficiente para que haja contágio, se essa segunda pessoa não tiver anticorpos contra a doença. E c o m o n ã o h á c a s o s subclínicos, todos os infec- tados apresentam os sintomas característ icos, que são principalmente exantema (vermelhidão no corpo) efebre, mas também tosse, coriza e conjuntivite”, diz o professor Expedito Luna. C r é d it o : p ix a b a y .c o m 13 C r é d it o : E S A , im a g e m p o r C .C a r r e a u 14 A doutora Mar i lda esclarece que o vírus se multiplica no trato respiratório superior e é levado pela corrente sanguínea, causando os sintomas específicos. “Em pessoas com baixa imunidade, o vírus pode atingir o pulmão, causando pneumonia, e o ouvido, provocando otite e até perda da audição”, alerta. Segundo a pesquisa- dora, o período de incubação varia de 14 a 20 dias e, após a manifestação dos sintomas, o paciente pode portar o vírus por até mais sete dias. “A transmissibilidade ocorre de dois a três dias antes do exantema e de quatro a sete dias depois”, diz ela. Alta cobertura vacinal A doença, que fez parte da infância e da adolescência de muitos brasileiros antes das campanhas nacionais de vacinação na década de 1990, volta a ser considerada preocupante não apenas em território nacional, pelo fato de os imigrantes venezuelanos também se dirigirem a outros países. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que já são 11 países da região afetados pelo sarampo. � Segundo especialistas, o Brasil conta com ações de controle há 30 anos, mas falta C r é d it o : A g e n c ia E B C F o n te : F io c ru z Vacinação: campanhas nacionais ajudaram a eliminar o sarampo do Brasil em 2016. 15 homogeneidade na cober- t u r a v a c i n a l . “ C o m o a imunização de rotina (feita nos bebês aos 12 meses de vida com reforço aos 15 meses), é reponsabilidade dos municípios, há alguns que a priorizam, outros não”, afirma o professor Luna, da USP. Para ele, a manutenção da alta cobertura vacinal é o principal caminho para que o Brasil não sofra novos surtos. “É preciso cobrar dos 5.600 municípios que atinjam as metas de vacinação”, diz o professor. (Veja quadro sobre a cobertura vacinal). Para a dra. Marilda Siqueira, a situação no Brasil é preocupante. “Os venezue- lanos estão se estabe- l e c e n d o e m d i v e r s o s estados, inclusive em São Paulo. O Ministério da Saúde já está agindo para que eles r e c e b a m a t e n d i m e n t o médico e a vacina tríplice viral, que também combate a caxumba e a rubéola. Embo- ra não seja uma situação alarmante nesse momento, o risco de um surto de maior proporção existe”, adverte. Fonte: CGPNI/DEVIT/SVS/MS 2017 83% 2016 85% 2015 97% 2014 111,9% 2013 106,3% 2012 99,5% 2011 102,9% 2010 99,9% Cobertura vacinal no Brasil contra o sarampo COBERTURAANO Fonte: Ministério da Saúde | *Dados até o dia 18/04/2018 CASOSANO 2018 95* 2017 0 2016 0 2015 214 2014 876 2013 220 2012 2 2011 43 2010 68 Casos da doença registrados no País C r é d it o : A g e n c ia E B C Local: Hotel Bourbon Ibirapuera. Cidade: São Paulo-SP. 6º SIMPÓSIO INTERNACIONAL MICROBIOLOGIA CLÍNICA Dias 11e 12/08 /2018 Local: Hotel Bourbon Ibirapuera - Cidade: São Paulo-SP. III Encontro Internacional BrCAST e EUCAST Dia: 10 de agosto de 2018 www.brcast.org.br DESENVOLVIMENTO E IMPORTÂNCIA DE UM GLOSSÁRIO PORTUGUÊS-LIBRAS PARA O ENSINO DE MICROBIOLOGIA PARA SURDOS Autores: 1 2 2 -Julianna Camile Souza da Costa , Nuccia Nicole Theodoro de Cicco , Lorena Assis Emídio , Sergio 1 3 2 Eduardo Longo Fracalanzza , Érika Winagraski , Vivian Mary Barral Dodd Rumjanek 1 Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, UFRJ. 2 Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, UFRJ 3 Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), Rio de Janeiro,RJ Resumo A educação dos surdos vem sofrendo modificações ao longo do tempo. Alunos surdos têm ingressado no ensino superior devido às políticas inclusivas adotadas pelas universidades em conformidade com a Lei Brasileira de Inclusão. Todavia, as especificidades das diversas áreas implicam em uma linguagem própria. O Projeto Surdos surgiu visando incluir o aluno surdo na área científica. Para isso, foi necessário sobrepujar a ausência de sinais específicos na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), percebida ao longo de cursos experimentais na área de Biociências ministrados na UFRJ para estudantes surdos do ensino médio. Em 2007, Julia Barral criou uma metodologia para o desenvolvimento e produção de um glossário em Libras na área de Biociências, cujo conteúdo é dividido em fascículos com temas específicos, baseados nos cursos. Existem quatro deles com 426 sinais, sendo 352 desenvolvidos pelo grupo. Na sequência, devido a sua importância, surgiu a necessidade de se abordar o tema Microbiologia. A primeira etapa do novo fascículo consiste em buscar sinais relacionados ao tema em dicionários/glossários conhecidos. De uma lista prévia com 75 termos básicos, já foram encontrados 40 sinais. A segunda etapa envolve aulas práticas laboratoriais e discussões com um grupo de surdos do ensino médio e da graduação, contando com uma doutora bióloga surda e uma graduanda de microbiologia ouvinte fluente em Libras, durante as quais é estimulada a produção de sinais, cujos conceitos já foram assimilados. A seguir, realizam-se cursos experimentais, seguindo a metodologia De Meis, para verificar se os sinais existentes e os gerados serão suficientes para a compreensão do tema. Alguns sinais surgem espontaneamente durante os cursos. O grupo discute, avalia, e os novos sinais são gravados. A aceitação destes será avaliada em um novo curso. Também serão avaliados gramatical e morfologicamente antes de serem divulgados em sites e mídias sociais para que os surdos tenham fácil e livre acesso aos conteúdos científicos. 17 Perspectivas da Surdez Os estudos sobre a surdez abordam diferentes teorias os quais englobam dois principais modelos: o modelo clínico-terapêutico e o modelo socioantropológico (Bizol, 2010). O modelo clínico-terapêutico demonstra uma perspectiva patológica. Sendo assim, encara a surdez como uma patologia, que possui sintomas e precisa de uma reabilitação. O surdo, segundo este modelo, passa a ser um sujeito aquém em relação aos ouvintes, necessitando de aparelhos auditivos ou implantes cocleares para superar sua patologia (Davis, 1995). No ponto de vista do modelo socioantropológico, o surdo é um sujeito que possui habilidades além de sua condição. Segundo Oliveira (2014), a surdez deixa de ser uma patologia e passa a ser uma identidade. Este modelo trata o surdo como constituinte de uma comunidade que possui língua, cultura e valores próprios (Lane, 2008 apud Bizol, 2010 ). A Educação de Surdos no Mundo e no Brasil Por séculos, a perspectiva do modelo clínico-terapêutico perdurou nas sociedades. A começar da antiguidade, como na Grécia e na Roma antiga, onde o apreço pelo intelectual e físico perfeito não dava lugar a deformidades; portanto, as pessoas com deficiência eram condenados à morte. Os que sobreviviam eram escravizados. No Egito e na Pérsia, esta perspectiva muda, visto que os surdos eram venerados por terem contato com os deuses, mas não tinham acesso ao sistema de educação da época. Na Idade Média, os surdos tinham sobre si, segundo o pensamento da época, o peso de seus pecados e dos pecados de outros. Não podiam fazer acomunhão por não serem capazes de se confessar. Não tinham direito de receber heranças ou direitos de cidadãos. Eram sujeitos segregados e marginalizados (Strobel, 2009). Por volta de 1500, já na Idade Moderna, os surdos são alvos de uma preocupação em termos de educação. O Brasil estava iniciando seu processo de colonização, mas a Europa começava a dar seus primeiros passos pedagógicos visando a educação dos surdos. O monge espanhol Pedro Ponce De Leon (1520-1584) foi um dos grandes destaques na área de educação de surdos, visto que ensinou quatro surdos a comunicar-se em três idiomas, além de lecionar disciplinas como física e astronomia. O mestre De Leon é conhecido por utilizar a metodologia de oralização e por escrever o primeiro alfabeto manual, que foi base para os alfabetos manuais de diversos países. O alfabeto manual de De Leon foi publicado no primeiro livro abordando a educação de surdos que tem por título Reduction De Las Letras, Y Arte Para Ensenar a Ablar Los Mudos, em 1620, escrito por Juan Pablo Bonet (1579-1633) (Mori e Sander, 2015). 18 Na França, em 1755, foi fundada a primeira escola para surdos pelo abade Charles Michel L'Epée (1712-1789), onde se utilizava o método da comunicação por sinais. O pioneirismo da França a tornou referência mundial em termos de educação de surdos. Anos mais tarde, esta escola se tornou o Instituto Nacional dos Surdos-Mudos de Paris, tendo como diretor o abade Sicard (Rocha, 2008). Em 1778, o pastor Samuel Heinicke (1729-1790) fundou na Alemanha a segunda escola de surdos da Europa, tendo como método a comunicação oral. A metodologia de L'Epée e de Heinicke eram contrárias e passíveis de muitas discussões. No entanto, pela força de seus argumentos, a metodologia de L'Epée, que visava a comunicação por sinais, foi a mais aceita e difundida pelas escolas da Europa (Goldfeld, 1997, p.26). Em 1817, o pastor Thomas Gallaudet fundou a primeira escola para surdos da América, após ter viajado para a Europa e ter aprendido a metodologia no ensino de surdos sob a orientação do abade Sicard, no Instituto de Surdos-Mudos de Paris. A escola de Gallaudet, portanto, seguiu a metodologia da comunicação por sinais e, anos mais tarde tornou-se a primeira Universidade de surdos. A Universidade de Gallaudet, existente em dias atuais, se tornou referência mundial na educação de surdos (Mori e Sander,2015). Em 1855, ainda em período monárquico, o Brasil iniciou o processo para a educação dos surdos. O Imperador D. Pedro II convidou um professor francês surdo do Instituto de Surdos-Mudos de Paris, professor Eduard Huet, para criar uma escola para surdos. Alguns estudos mostram que o interesse do Imperador pela educação de surdos foi mediado por ter um neto parcialmente surdo, filho da princesa Isabel com o conde D'Eu (Barros, 2011). Porém, outros estudos não confirmam este fato (Rocha, 2008). Foi fundado então o Instituto de Surdos e Mudos, no modelo privado, que passou a funcionar em 1856, no Rio de Janeiro. O Instituto, que atualmente chama-se Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES –, destacou-se por aceitar estudantes meninas, desde que tivessem o compromisso de “auxiliar na composição e organização da sociedade como notáveis senhoras” (Oliveira, 2014). Uma figura histórica, importante no Instituto, foi o Dr. Tobias Rabello Leite (1827-1926) que assumiu a função de diretor em 1869. Uma das iniciativas de Tobias foi o ensino profissionalizante para os surdos, pois defendia que a instituição não deveria formar apenas homens de letras, mas homens que se comunicassem para manter relações dentro da sociedade e garantissem sua subsistência através de uma ocupação profissional (Rocha, 2008). Outro destaque na educação de surdos brasileira foi a Iconografia dos Sinais dos Surdos-Mudos, obra produzida pelo ex-aluno surdo Flausino José da Costa Gama (1851-1896). A obra foi considerada o primeiro dicionário de língua de sinais do Brasil e continha 382 verbetes ilustrados, com classificação a partir de um índice semântico, e descrições verbais correspondentes aos verbetes registrados. O objetivo de Flausino, ao produzir o dicionário, era a possibilidade de comunicação entre surdos e ouvintes (Sofiato e Reily, 2014). 19 No fim do século XIX, 1880, houve uma conferência internacional de educadores de surdos, conhecido como Congresso de Milão, que mudou a perspectiva da educação de surdos no mundo todo. Neste congresso foi proibido o uso da língua de sinais. A maior parte dos delegados presentes defendiam o uso exclusivo da fala pelos surdos, e os próprios professores surdos foram impedidos de votar (Strobel, 2008). Acreditava-se que a língua de sinais prejudicava o desenvolvimento cognitivo dos surdos. Além disto, foi definido que apenas ouvintes poderiam ensinar aos surdos e os surdos que se comunicassem por sinais, seriam severamente punidos. No Brasil, em 1911, o Instituto Nacional de Surdos-Mudos passa a adotar o método oralista, proibindo o uso da língua de sinais. Professores surdos foram demitidos e a instituição proibiu o contato de alunos mais velhos com os alunos que estavam ingressando no Instituto. Mesmo proibida, os surdos continuavam a utilizar a língua de sinais entre eles, dentro e fora do Instituto. A oficialização do uso proibido da língua de sinais foi datada no ano de 1957 (Pimenta, 2008). O método oralista, defendido a partir do Congresso de Milão, parte do ponto de vista do modelo clínico-terapêutico da surdez e visa o desenvolvimento da fala no surdo, a utilização da linguagem oral, além da escrita e da leitura, para que o surdo seja integrado ao mundo dos ouvintes. No entanto, o modo como o surdo fala causa estranhamento por parte dos ouvintes e muitas vezes não é inteligível. Por isto, os surdos se sentem inibidos e desconfortáveis para falar com terceiros. Apenas uma pequena parte, estima-se 0,5% na Alemanha e 25% na Inglaterra, conseguiu atingir uma articulação de fala inteligível. Nos anos em que o método oralista era protagonista, houve um baixo desempenho cognitivo por parte dos surdos nas instituições de educação (Capovilla, 2000). Excluída por quase 100 anos, a língua de sinais volta a ter destaque na educação de surdos, com os estudos linguísticos do Dr. William Stokoe, professor da Universidade de Gallaudet. Stokoe reconhece a língua de sinais como uma língua natural e complexa, a qual possui aspectos linguísticos, como outra qualquer língua utilizada para comunicação (Mori e Sander, 2015). A partir daí surge a filosofia educacional da Comunicação Total que consiste na facilitação da comunicação com o uso de sistemas de sinais juntamente com a língua falada (utilizava-se tanto palavras e símbolos quanto sinais naturais e artificiais), com o intuito de se obter mais de um canal de comunicação. O método da comunicação total se opõe ao oralismo. A partir daí a comunicação entre surdos e ouvintes melhorou significativamente (Capovilla, 2000). Devido à grande influência dos Estados Unidos, o Brasil abre portas para a Comunicação Total, pois em meados do século XX surgem várias campanhas em favor dos chamados “Excepcionais”. Os surdos educados sob o método oralista não conquistaram autonomia acadêmica ou social. Sendo assim, na década de 70, o Brasil passa a usar a metodologia da Comunicação Total 20 (Barros, 2011). No geral, o país começou a sofrer mudanças no campo social e político. Surgiram vários movimentos em favor das minorias pelos direitos civis. Neste contexto, a educação de surdos também passou a sofrer mudanças (Santoro, 1994). A partir da década de 60, houve a retomada de alguns assuntos com foco na educação dos surdos. A aceitação da língua de sinais, retomada de pesquisas comfoco na educação oralista e consciência dos educadores despertando para o fato do oralismo ter fracassado em termos educacionais, foram pauta do que pode-se chamar de movimento em favor dos surdos. Dias (2007) ainda aponta um acontecimento notável que ocorreu em 1978: o surgimento de cursos de pós- graduação stricto sensu na área das deficiências. Uma das instituições que ofereceu tal especialização foi a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Este fato proporcionou o avanço de pesquisas científicas que revolucionariam o pensamento e o comportamento da sociedade frente aos surdos. Nos anos 1980, Comunicação Total entrou em pauta para discussões novamente. A comunicação entre o mundo surdo e o mundo ouvinte melhorou, mas ainda era limitada. A combinação dos sinais juntamente com a fala era confusa para os professores que assim utilizavam. Era como se a língua de sinais fosse uma cópia da língua oral. No entanto, a língua de sinais possui suas próprias particularidades. As pesquisas começaram a demonstrar que a língua de sinais também possuía regras fonológicas, morfológicas e sintáticas. Portanto, concluiu-se que um novo modelo de método deveria ser utilizado na educação de surdos: o Bilinguismo (Capovilla, 2000). O bilinguismo traz um conceito diferente do surdo. Até então, o modelo utilizado era unicamente clínico-terapêutico. Com o bilinguismo, a concepção socioantropológica vem à tona, demonstrando que a comunidade surda partilha de valores e possui uma cultura singular, que representa uma visão de mundo diferenciada (Pimenta, 2008). A Constituição Brasileira de 1988 foi base para toda uma estrutura em termos de educação de surdos (Mori e Sander, 2015) e torna a educação um direito igualitário a todos os indivíduos, quer pessoas com deficiência ou não, além de conferir ensino especializado à pessoas com deficiência. Em 1994, surge um documento que ressalta a importância da língua de sinais e promove mudanças significativas no que diz respeito a Educação Especial (UNESCO, 1994). O termo inclusão passa a ficar em evidência a partir desta declaração, onde os governos representados se comprometeriam em criar políticas educacionais e as escolas se preparariam para se adequar a diversidade de indivíduos que iriam receber (Pimenta, 2008). Esta declaração foi feita na conferência mundial sobre necessidades educativas especiais, em Salamanca, na Espanha, realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Assim o documento é denominado Declaração de Salamanca. 21 No Brasil, foi sancionada uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996 que estabelece que a Educação Especial deverá ser oferecida na rede regular de ensino para alunos que possuem necessidades especiais. Também é evidenciada a adaptação de currículos, técnicas e recursos educativos, segundo a necessidade do aluno. A presença de professor com especialização para atender a estes alunos também é mencionada na nova LDB (Brasil, 1996). Após anos de muita luta, uma conquista foi notável a comunidade surda brasileira e a educação de surdos: a oficialização da Língua de Sinais. A lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, declara a Língua Brasileira de Sinais (Libras) com sistema linguístico visual-motor e com estrutura gramatical própria, como uma forma de expressão e comunicação (Brasil, 2002). Para a regulamentação da Lei de Libras, foi sancionado o decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005. O Decreto reconhece o surdo como participante de uma cultura que difere da cultura dos ouvintes. Também dispõe, dentre outras coisas: o uso e a difusão da Libras e da Língua Portuguesa para o acesso das pessoas surdas à educação e a garantia do direito à educação das pessoas surdas ou com deficiência auditiva. Cada lei e ação em favor da comunidade surda deve ser comemorada, pois promove uma maior acessibilidade e inclusão dos surdos, principalmente no que tange a educação. Atualmente, o bilinguismo é o método utilizado e há mais respeito e humanidade no que condiz ao sujeito surdo. Ainda é necessário aperfeiçoamento na área da educação de surdos. Porém, já foram dados até aqui longos passos para uma melhoria na inclusão destes indivíduos. A Língua Brasileira de Sinais A comunidade surda se define como usuários de uma língua que difere da língua utilizada pelos ouvintes. Isto se dá, pois as línguas utilizadas por ouvintes são orais-auditivas e as línguas de sinais são viso-espaciais (Machado,2007). A língua de sinais não é universal. Cada país possui sua própria língua oral. No caso da língua de sinais ocorre o mesmo: cada país possui sua língua de sinais própria. Até em casos como o Brasil e Portugal que tem o português como língua, a língua de sinais se difere. Como toda língua, a língua de sinais é viva e sofre modulações com o tempo. Além disto, possui sua própria gramática, sendo assim, não é uma versão sinalizada da língua oral, nem tampouco possui sua origem histórica na língua oral. É importante ressaltar que a língua de sinais também possui variações dentro do próprio país (Gesser, 1971). Por exemplo, em cada região do Brasil há variações linguísticas do português, o mesmo ocorre com a Libras. A língua não possui sua importância estritamente na comunicação, mas é responsável pela organização do pensamento (Rumjanek, 2011). Vygotsky (2000) também ressalta que o processo 22 linguístico possui a função de mediação das atividades cognitivas no homem. Deste modo, desde criança, o indivíduo utiliza a linguagem como um mecanismo comunicativo para realizar interações dialógicas e lançar mão deste instrumento para formação de processos intelectuais (Machado, 2007). A Língua Brasileira de Sinais, Libras, é a segunda língua oficial do país e é a primeira língua dos surdos, chamada de L1, sendo assim a Língua Portuguesa, para os surdos, a L2. A partir da oficialização da Libras no país, muito se estuda sobre este assunto. Além disto, por mais que a Libras tenha sua própria gramática e morfologia, quando se trata de áreas específicas do conhecimento, ela se torna insuficiente nos termos técnicos que compreendem cada área. Os sinais para os surdos correspondem às palavras para os ouvintes e, em cada área, seja das exatas, humanas ou biológicas, há termos técnicos e específicos que, na maior parte das vezes, são ausentes na Libras. Por isto, vem surgindo vários grupos de pesquisa, em áreas diferentes do conhecimento (por exemplo: Matemática, Biologia, Química, Física, Moda, Engenharia, Arquitetura), dispostos a trabalhar na criação de sinais em suas respectivas áreas. O foco do desenvolvimento dos sinais é dispor de uma maior acessibilidade e inclusão nos cursos acadêmicos e nas áreas de atuação profissional (Rumjanek, 2011; Machado, 2013; Kuhn 2014; Vargas e Gobara, 2015). Ensino de Ciências para Surdos Quando uma criança ingressa na escola, já possui o que Vigostky (2000) chama de conceitos espontâneos, conceitos que são formados previamente, antes de seu ingresso no período escolar. Vigostky (2000) ainda ressalta que o pensamento científico se expressa quando há o desenvolvimento do pensamento espontâneo. Porém, a criança surda chega no ambiente escolar sem ter conceitos básicos pré-formados. Segundo Lacerda (2006), há um atraso de linguagem em alunos surdos, visto que são expostos tardiamente à língua de seu grupo social, o que pode acarretar consequências emocionais, sociais e cognitivas, mesmo que se aprenda a língua tardiamente. Vigostky (2000) ainda revela ser impossível o pensamento do conceito fora do pensamento verbal. Ou seja, para todo e qualquer conceito se necessita o uso de palavras, pois a formação doconceito se dá pelo emprego funcional da palavra. O estudante que não é exposto ao signo linguístico não tem a formação de “pseudoconceitos infantis”. Na prática, percebe-se que quando os alunos estudam na escola sobre o conceito de, por exemplo, “bactéria” é provável que o aluno ouvinte já tenha um conceito espontâneo (pré-formado) sobre este assunto. Por exemplo, quando a mãe o aconselha a lavar as mãos para não se contaminar com germes, pode levá-lo a criar um link com a palavra “bactéria” no sentido de não se 23 contaminar para não contrair doenças. Ou seja, o conceito passa a ter um sentido para este aluno. Portanto, a partir deste conceito espontâneo, o aluno poderá entender o conceito científico de bactéria: seres microscópicos, unicelulares, procariontes e que possuem diferentes formas físicas, mas todas com características de reprodução e respiração para manutenção da vida (Oliveira e Benite, 2015). O aluno surdo muitas vezes não dispõe de conceitos espontâneos formados, por causa da ausência de uma língua constituída. Assim, ao ingressar no ambiente escolar este aluno terá de constituir uma língua (Libras), além de aprender uma nova língua (Português), formar conceitos espontâneos e adquirir conceitos científicos, tudo ao mesmo tempo (Oliveira e Benites, 2015). A educação bilíngue tende a contribuir para o acesso e permanência dos surdos no processo de educação, além da inclusão em sala de aula. Porém, Alves (1990) ressalta que de acordo com a necessidade de comunicação há a criação lexical, denominada neologia, que ocorre constantemente em todas as línguas. Ou seja, a língua é dinâmica e, de acordo com a necessidade, novos termos estão constantemente sendo desenvolvidos. Isto é muito evidente, sobretudo na área da ciência. A ciência no Brasil sofreu um rápido avanço no século XX, ao mesmo tempo que a educação de surdos sofria drásticas mudanças. Portanto, não houve integração dos surdos no meio científico, nem a criação de novos termos (processo neológico) para a área da ciência na Língua de Sinais, fato que ocorreu contrariamente na Língua Portuguesa. Rumjanek (2011) diz que mesmo em países onde o desenvolvimento científico foi anterior ao do Brasil, a língua de sinais também se torna carente em termos científicos, como é o fato dos Estados Unidos ou Inglaterra, e suas respectivas línguas de sinais: American Sign Language (ASL) e British Sign Language (BSL). A ausência de novos termos para o meio científico influencia, não somente na formação de conceitos espontâneos, como também na formação de conceitos científicos para o aluno surdo. Rumjanek (2011) ressalta que mesmo o tradutor e intérprete mais capacitado terá dificuldades na interpretação de determinados conceitos científicos, pois precisa explicar o conceito e não possui formação científica para tal. O intérprete acaba utilizando a datilologia, alfabeto manual, que é trabalhosa e não dispõe de um conceito embutido, como ocorre com a maioria dos sinais. Há dificuldade no ensino das ciências biológicas para os surdos, pois além do professor muitas vezes não saber a Língua de Sinais, o intérprete não sabe as especificidades daquela área do conhecimento, o que resulta numa espécie de tensão entre profissionais (Ferreira, 2002). Soma-se, ainda, a limitação da língua, numa área onde os conceitos são complexos e abstratos (Marinho, 2007). 24 A Importância da Microbiologia A alfabetização científica auxilia na constituição do sujeito como cidadão oferecendo-lhe a capacidade de tomar decisões científicas e tecnológicas, além de sua participação em discussões de cunho tecnocientíficos de interesse social ((Praia, Gil-Pérez e Vilches, 2007). O ensino da Biologia em suas diversas especificidades coopera para o cumprimento destes objetivos da alfabetização científica. Os conteúdos da educação científica no ramo das ciências biológicas podem ser trabalhados de maneira interdisciplinar, abrangendo diversos aspectos que leve o aluno a uma reflexão, mas que também disponha de uma compreensão significativa e contextualizada no cotidiano deste estudante (Silva e Maciel, 2017). A Microbiologia é o estudo dos microrganismos e compõe uma área muito ampla das Ciências Biológicas. A influência dos microrganismos no meio ambiente, na indústria, na saúde e na tecnologia, revela a importância da Microbiologia na formação científica do estudante (Silva e Maciel, 2017). Como toda área científica, a Microbiologia também apresenta palavras e conceitos que revelam uma particularidade desta ciência. Além disto, essas palavras, ou termos, podem ser de caráter introdutório, termos que introduzem o conhecimento da Microbiologia de um modo generalizado (como é aplicado, por exemplo, em nível de ensino médio), ou de caráter mais complexo, termos mais aprofundados no conhecimento da Microbiologia (como é aplicado em nível de ensino superior). É fundamental que haja atividades práticas no ensino da Microbiologia. Por se tratar de algo que não é visível a olho nu, se faz necessária a prática de laboratório de microbiologia para que o aluno reflita e compreenda os aspectos teóricos (Barbosa e Barbosa, 2010). Além disto, o material visual contribui com os modos de comunicação e facilita a assimilação de conceitos abstratos. Para o surdo, o material visual, além de chamar a atenção, auxilia na compreensão dos conteúdos, visto que o surdo possui uma incrível percepção visual que lhe atribui um bom desenvolvimento cognitivo e também auxilia no processo evolutivo da Língua de Sinais (Marinho, 2007). Projeto Surdos e o Glossário Português-Libras científico O Projeto Surdos UFRJ foi criado em 2005 pela Profa. Vivian Rumjanek, do Instituto de Bioquímica Médica, sua coordenadora geral. Sua primeira atividade foi um curso experimental de curta duração que deu origem às demais vertentes do Projeto. Tem o objetivo geral de incluir o surdo na sociedade através do conhecimento científico. 25 Através dos cursos, ficou evidente a necessidade do desenvolvimento de um glossário científico em Libras. Portanto, em 2007, a então mestranda Julia Barral desenvolveu quatro fascículos abordando os temas sangue, sistema imune, célula e embriogênese. Atualmente, surgiu a necessidade de abordar a Microbiologia como um novo tema. O atual grupo de pesquisa e desenvolvimento conta com a participação de surdos, biólogos e professores surdos e uma graduanda em microbiologia, fluente em Libras. Para o desenvolvimento do glossário tornou-se necessário: - Listar termos científicos introdutórios da área de Microbiologia; - Pesquisar sinais existentes; - Avaliar os sinais existentes; - Apresentar os conceitos que não possuem sinais pela Metodologia de Meis; - Criar sinais para os conceitos que não os possuem; - Pré-gravação dos sinais existentes e dos sinais criados; - Análise linguística dos sinais; - Testar os sinais em Cursos de Curta Duração; - Divulgar os sinais. A metodologia De Meis consiste em quatro abordagens pedagógicas: Questionamento (os estudantes decidem o que querem saber), Resolução (análise e abordagem do problema), Hands On (realização de experimentos) e Minds On (apresentação de resultados e discussão de hipóteses). Usando a metodologia de ensino De Meis adaptada para os alunos surdos, buscamos esclarecer conceitos de Microbiologia durante as aulas práticas nas quais os próprios constituintes do grupo de pesquisa questionam, realizam experimentos e formulam hipóteses sobre o tema. Os sinais existentes são testados durante as aulas e reuniões. Muitos novos sinais surgem durante essas aulas. Posteriormente, esses alunos, na qualidade de monitores, difundem conhecimento e sinais em cursos experimentais paraescolas e pólos de ensino para surdos, com uma semana de duração. Os sinais avaliados e desenvolvidos são gravados em vídeos para montar uma base de dados. A gravação é feita no próprio laboratório, com fundo branco, datilologia do termo e o sinal em si. Todos estes sinais são também analisados por profissionais da área da linguística. Após todo este processo, os sinais serão divulgados em sites e em mídias sociais para que o público surdo tenha fácil e livre acesso aos conteúdos de cunho científico. 26 Com o desenvolvimento do glossário espera-se que a barreira linguística seja amenizada e haja uma maior facilidade no ensino das Biociências a nível médio e superior, auxiliando professores, tradutores e intérpretes e, principalmente, os surdos. Além de despertar o interesse dos surdos para a ciência e, especialmente, para a Microbiologia. Referências ALVES, I.M. Neologismo:criação lexical. Série Princípios.São Paulo:Ática, 1990. BARBOSA, F. H. F.; BARBOSA, L. P. J. L. Alternativas Metodológicas em Microbiologia – Viabilizando Atividades Práticas. Revista de Biologia e Ciência da Terra (Paraíba), 10, 134 - 143, 2010. BARROS, E. M. 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