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Teoria das Relações Jurídicas II Professor Rainner 25/07/2018 TRJ II Avaliações - 1º Bimestre 26/09 - 2ª Bimestre 21/11 - 2ª Chamada 05/12 - Final 12/12 2 aulas complementares nos sábados 11/08 e 27/10 Bibliografia Silvio Venosa – Direito Civil – Parte geral, Atlas Carlos Roberto Gonçalves – Direito Civil Brasileiro, Vol. 1, Saraiva Caio Mario da Silva Pereira – Instituições de direito civil – Vol 1, Forense Pablo Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho – Curso de D.C., Vol 1, Saraiva Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald – Direito civil parte geral, Atlas Francisco Amaral – Direito Civil – Introdução, Renovar Flávio Tartuce – Direito civil, parte geral, Gente | Forense Estrutura do curso TRJ II Arts. 104 a 232 Do negócio Jurídico 104 a 184 Dos atos lícitos 185 Dos atos ilícitos 186 a 188 Da prescrição e da decadência 189 a 211 Da prova dos fatos jurídicos 212 a 232 Quadro Geral dos Fatos Jurídicos Conceito de fato jurídico amplo e genérico, se subdivide em categorias cada vez mais específicas. Sempre na prova do primeiro bimestre cai algo sobre essas categorias. Fato Jurídico em sentido amplo (Fato jurídico latu sensu): É qualquer evento da natureza ou resultante da conduta humana que seja juridicamente relevante. Essa relevância é porque este evento implica na criação, na modificação, na transmissão ou extinção de direitos. 1 - Fatos Jurídicos em sentido estrito (Stricto sensu): Eventos da natureza juridicamente relevantes. Exemplo: Catástrofes naturas – enchentes, terremotos, a passagem do tempo. Também é enquadrado como fato de sentido estrito, eventos ligados à condição humana mas que escapam do seu controle. Não derivam somente da vontade, podem derivar da vontade mas não integralmente, dois exemplos clássicos: nascimento e a morte de um ser humano. 2 – Atos jurídicos em sentido amplo (lato sensu): São condutas humanas comissivas (a ação propriamente dita) ou omissivas (omissão da ação) juridicamente relevantes. 2.1 – Atos lícitos: São todas as condutas humanas juridicamente relevantes e que estão em conformidade com a lei. 2.1.1 Negócios jurídicos: É o conceito desenvolvido pela escola pandecista alemã, esse conceito retira a centralidade do conceito de contrato. Negócio jurídico é gênero, do qual o contrato faz parte. Existe consciência dos resultados pretendidos. A pessoa deliberadamente manifesta a vontade. Essa consciência dos resultados é o que distingue os negócios jurídicos dos atos jurídicos. 2.1.2 Atos jurídicos em sentido estrito (strito sensu): Os efeitos são automáticos, derivam da lei, ainda que as partes não tenham conhecimentos dele. 2.2 – Atos ilícitos: São todas as condutas humanas juridicamente relevantes e que são contrários a lei. CC, Art. 186 - Dano indenização isso é diferente de crime, ou seja, ato ilícito não é necessariamente a prática de um crime. Observação final: Existe uma categoria doutrinária, porque não está no código civil, é a dos chamados atos-fatos jurídicos, esses atos-fatos são compatíveis com o ordenamento jurídico brasileiro e por isso que a doutrina a ele se refere, mas não há previsão legislativa a respeito deles, em nenhum lugar do código civil é falado sobre essa categoria. Exemplo: Evento que na origem eu estou diante de uma conduta humana mas essa vontade do ser humano não pode ser considerada, então essa conduta humana entra no mundo jurídico, é compreendida no mundo do direito como se fosse um fato. E é justamente por conta dessa composição, a origem do evento e como isso é compreendido no mundo jurídico é que surge o ato-fato. 01/08/2018 Aquisição de direitos Extinção de direitos: sob o ponto de vista dogmático, ocorre quando há o desaparecimento do direito sem substituição, se uma pessoa resolve vender um bem, este perde a propriedade do bem mas entra o dinheiro no lugar do bem alienado, então não há a extinção do bem, mas sim a substituição, modificação quantitativa ou qualitativa do direito. Extinção de direito não é isso, não há substituição, só existe nas hipóteses em que ele desaparece e não é substituído. São hipóteses de extinção de direitos: Perecimento do bem (destruição) sem substituição por nada. Carro sem seguro, incêndio de um imóvel sem seguro. Renúncia de direito: Abrir mão de um direito, rejeitar, na renúncia não há contrapartida. Abandono de coisa: O que é descartado, é abandonado, é abrir mão de um bem, sem nenhum tipo de contrapartida. Decadência de direitos: É um conceito parecido com prescrição, diz sempre respeito a direito potestativo. Certos direitos potestativos estão relacionados a prazos, quando esses estão sujeitos a prazo, esse prazo é decadencial, se perco o prazo para requerer o direito ele desaparece. Morte do titular em relação aos direitos personalíssimos: A morte do titular diz respeito a perda apenas dos direitos personalíssimos mas não do patrimonial. O direito de propriedade é transmitido aos herdeiros, se houve transmissão do direito, temos uma transmissão subjetiva do direito. Com relação aos direitos personalíssimos, esses extinguem-se com a pessoa, na sua morte, dizem respeito a algo que não se transmitam, são inalienáveis, intransmissíveis, são intrínsecos à personalidade da pessoa. Ex: Direito a liberdade de expressão, manifestação religiosa, etc. Extinção de direito é o efetivo desaparecimento deste sem substituição de qualquer tipo. Defesa e conservação de direitos Essa questão, deixou de ser assunto típico de direito material, ocorreu uma migração do assunto para o direito processual civil, que regula como o poder judiciário funciona, por conta de uma distinção que a doutrina começou a fazer algumas décadas atrás mas que hoje está consolidado na dogmática jurídica. No código civil de 1916 tinha um artigo (art.75) “A cada direito corresponde uma ação que o assegura”. Isso em termos doutrinários é considerado errado, esse tipo de disposição típico do início do século XX, fazia confusão entre direito de ação e pretensão. Direito de ação é uma garantia constitucional genérica de acesso ao poder judiciário, vamos encontrar essa garantia constitucional no artigo 5º da constituição, no inciso XXXV. “XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” Qualquer indivíduo pode ir ao poder judiciário, ter acesso a justiça, pleitear a defesa de um direito seu ou a garantia do mesmo. A pretensão é um pedido que você formula ao juiz Como há uma confusão entre direito de ação e pretensão, esse assunto fica a cargo da matéria direito processual civil. Negócio jurídico Conceito: É uma manifestação de vontade, comissiva ou omissiva, de acordo com a lei, pela qual o agente pretende produzir resultados jurídicos específicos (os efeitos que se deseja são conscientes ou “desejados”) de criar, modificar, transmitir ou extinguir direitos. Negócio jurídico é gênero, então conceitualmente isso de distingue de contrato que é uma espécie do gênero negócio jurídico. Todos contratos são negócios jurídicos, mas eu tenho negócio jurídico que não é contrato espécie. Por exemplo, antes de uma pessoa falecer ela faz um testamento, dispondo de seus bens pra depois da sua morte, ele é um negócio jurídico porém não tem um contrato. Outro exemplo seria uma promessa de recompensa, que é umnegócio jurídico mas que não é contrato. Um terceiro exemplo é quando a pessoa renuncia a um direito que tem. Origem histórica do conceito: O negócio jurídico é uma construção doutrinária feita pelos juristas da escola pandectista do Direito Alemão, por essa razão é comum a doutrina se referir ao termo Rechtsgeshnft que significa negócio jurídico. Essa escola foi a que criou BGB de 1896, que é o código civil alemão. Esse código, junto com o Francês, de 1804 formam a base do direito moderno, são os pilares do direito moderno a partir dos séculos XVII e XIX. Foi nesse cenário histórico que surgiu a ideia do negócio jurídico, aqui é fundamental entender que o código francês de 1804 assim como o BGB retratam em função da época em que sugiram, os valores da burguesia, a classe média europeia. Esses valores da burguesia, tanto na França quanto na Alemanha implicava em que a lei garantisse como princípios em primeiro lugar a autonomia da vontade, a lei deveria garantir aos indivíduos uma ampla liberdade contratual, governo, estado não deveria restringir ou se intrometer nos contratos que as pessoas celebram. Em segundo lugar a lei focaliza uma preocupação patrimonial nas relações jurídicas, a prevalência do ter sobre o ser, justamente a preocupação da classe média da época era essa, porque durante séculos estiveram alijados de direito a propriedade, principalmente de propriedade de bens de produção. Na França a política econômica do “laisser farer, laisse passer” – Deixem-lhes fazer o que quiser – isso com o passar do tempo foi se revelando equivocado porque o estado através das leis tem que resguardar os direitos de todos e não só de um lado. O código é como um símbolo nacional, é atualizado mas nunca revogado. O conceito de negócio jurídico continua sendo a base das relações privadas, mas tem que ser distinto do conceito histórico do momento que ele nasceu. Atualmente temos que compreender o negócio jurídico diferente do conceito histórico no qual esse conceito nasceu, uma mudança radical na compreensão ou na interpretação do negócio jurídico, a questão da autonomia, da vontade de do patrimonialismo, princípios marcantes do momento de sua criação, são substituídos por outros valores como a ideia da boa fé, (O direito é a ciência do dever ser), a prevalência do ser sobre o ter, inverte-se a lógica da época da criação do código. Modernamente, como a Constituição de 88 e o Código Civil de 2002 mostram que temos uma mudança nesses valores. A proteção ao consumidor é fundamental e precisa ser entendido de forma diferente do que era nos séculos XVIII e XIX. No código civil o art. 113 do código civil diz : “Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração” O art. 421 do código diz : “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.” O art. 422 : “Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.”, probidade é honestidade. Isso mostra as mudanças de rumo dos valores nas ordens jurídicas atuais, os ordenamentos jurídicos atuais, consagram valores distintos daqueles nos quais o conceito de negócio jurídico nasceu. O elemento central de todo negócio jurídico é a vontade humana manifestada, não existe negócio jurídico sem manifestação de vontade. Todo contrato tem uma função social, Teorias em torno da vontade negocial, são fundamentalmente 2 Teoria da vontade: (Willenstheorie) No momento que interpretamos o negócio jurídico, devemos fazer prevalecer a verdadeira intensão do agente. Qual o resultado que ele realmente pretendeu atingir quando celebrou um determinado negócio jurídico e não tanto o sentido literal da linguagem. (Verdadeira intenção do agente) Teoria da declaração: (Erklärungtheorie) Na manifestação de vontade negocial, temos que observar o modo como a vontade foi declarada, é priorizado a forma da declaração, quando as pessoas em geral dizem “vale o que está escrito”, o modo como a vontade inicial foi manifestada. Diante desses dois modos distintos de se entender a vontade, qual será a diretriz hermenêutica na compreensão do negócio jurídico? A regra geral, um princípio da interpretação dos negócios jurídicos em nosso código civil? A resposta está no art. 112 do CC. “Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.” Teoria da vontade Existe uma importância residual da teoria da declaração, a regra geral é a teoria da vontade, consagrada no art. 112 mas eventualmente podemos aplicar a teoria da declaração. Um exemplo clássico disso está no art. 110 do cc. “Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.” Este artigo trata do conceito de reserva mental. Pense em duas esferas, o quere íntimo de uma pessoa, o que ela quer em sua consciência e que isso seja diferente da vontade declarada. Dito de uma forma bem simples, aquilo que ela realmente quer é diferente do que ela declara. A primeira parte do artigo fala da reserva mental unilateral uma divergência entre o quere intimo da pessoa e o que foi declarado. O que está querendo dizer é que a reserva mental unilateral é irrelevante, nesse caso a vontade negocial vale como foi declarada. Isso é assim em nome da segurança das relações jurídicas. Outro exemplo, os artigos 114, 819 e 843 do cc, dizem para o operador do direito uma interpretação restritiva. Deve ser interpretado nos termos em que a vontade foi declarada. 03/08/2018 Classificações complementares da manifestação da vontade Existem duas classificações complementares da manifestação da vontade que são: Quanto a forma: Manifestação de vontade negocial pode ser expressa, tácita e em algumas negociações até mesmo a omissão ou o silêncio. Expressa: Dizer sim ou não, estar ou não de acordo, manifestar-se nesse sentido, assinar um contrato. Tácita: São comportamentos indiretos que dão a entender ou que evidenciam o que a pessoa deseja. Por exemplo, compras num supermercado, o ato de pegar os produtos da prateleira e leva-los ao caixa demonstra o comportamento de compra. Outro exemplo o art. 1324 do cc, que trata da administração da coisa comum, ele admite a figura de um mandato tácito, o exemplo dos 3 irmãos filhos de um pai fazendeiro e que apenas um administra a coisa comum. As vezes a lei é expressa, no art. 1805 que trata de aceitação de herança e que segundo o artigo pode ser uma vontade expressa ou tácita. Tácita de acordo com a maneira que o herdeiro se comporta em relação aos bens. Como tendo aceitado a herança. Aceitação de herança ou renuncia a ela é um negócio jurídico unilateral. Silêncio: No art. 111, “O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.” A pura omissão como representação da vontade as vezes é recusa as vezes é concordância. Por exemplo, o art. 539 do cc, regula a doação, é de compreensão intuitiva, quando se dá algo de presente a alguém. Doação é contrato, se é contrato é manifestação de vontade. A omissão é entendida pela lei como aceitação, para recusar é preciso dizer expressamente. No caso desse artigo. Já no art. 299, que trata de assunção de dívida, exemplo, venda de imóvel financiado. Quando eu vendo um imóvel financiamento em meu nome, apessoa precisa assumir a dívida e o credor, precisa concordar. Caso o banco não se manifeste, ou seja se omite, é sinal de recusa. No art. 1535 que trata de celebração do casamento, sempre haverá uma autoridade celebrante, no caso o juiz de paz que é a autoridade celebrante. Em certo trecho deste artigo, diz que a diz que a vontade deve ser expressa de casamento. Deve-se dizer o sim, para que sejam considerados casados. Quanto ao destinatário: Negócios Jurídicos receptícios: A manifestação de vontade precisa atingir destinatário certo para que o negócio jurídico se forme. O destinatário é também chamado de declaratário. Em oposição a quem manifesta a vontade que é o chamado declarante. Nesse tipo de negócio é preciso atingir um determinado destinatário, por exemplo um contrato que se forma a distância. Outro exemplo é um a revogação de mandato que se dá por meio de uma notificação que deve ser enviada ao mandatário, expressando sua vontade de que este não seja mais seu procurado. Revoga-se o mandato dando ciência à pessoa nomeada. Negócios Jurídicos não receptícios: Aqui, basta a manifestação de vontade independentemente de atingir ou não destinatário certo. Exemplo, um testamento, ele se forma quando o testador manifesta sua vontade de forma expressa, cumprindo os requisitos formais. No caso do testamento o herdeiro não tem a necessidade de saber ou de assinar o testamento, é portanto, um negócio jurídico unilateral não receptício. A renúncia ou aceitação de qualquer tipo de direito é uma renúncia unilateral e portanto um negócio jurídico não receptício. 05/08/2018 Planos do negócio jurídico Análise sistemática das etapas de formação de um negócio jurídico. Introduzida no direito brasileiro por Pontes de Miranda, autor do tratado de direito privado. São fundamentalmente 3 planos e devem ser analisados nessa ordem: Existência, Validade e eficácia. Existência: No plano da existência, se faz apenas uma constatação da presença dos elementos que compõem o suporte fático do negócio jurídico. Elementos de Suporte Fático da existência: Vontade: Deve ser exteriorizada Agente: É preciso atribuir a vontade exteriorizada a alguém, o titular da manifestação de vontade. Objeto: Nesse parâmetro do plano, é o bem de vida sobre o qual a vontade versa. Ou sobre o qual a vontade recai. (Vontade a respeito do quê?) Forma: O modo como a vontade se manifesta É preciso os 4 elementos para que o negócio jurídico exista. Validade: Analisa-se a aptidão dos elementos do suporte fático, para criar um negócio jurídico potencialmente hábil a gerar efeitos. Significa se ele está apto pela lei a gerar um efeito. Se está de acordo com os requisitos da lei. Não se julga aqui se ele produz os efeitos ou não. Note que trazemos os elementos do suporte fático para dentro deste plano. Para que o negócio jurídico seja válido, precisa de uma vontade livre, consciente e de boa-fé. Esses adjetivos fazem referência a aspectos específicos expressos na lei. Vontade livre e consciente: Quando falta manifestação desses itens, configura-se os vícios de vontade ou como queiram os vícios do consentimento: o erro, o dolo, a coação, o estado de perigo e a lesão. Quando há um vício de vontade temos então um negócio jurídico inválido, isso caracteriza a anulabilidade do negócio jurídico, conforme disposto no art. 171, II do cc. Boa-fé: Quando falta a boa-fé na manifestação da vontade, configuram-se os vícios sociais, aqui o problema está na manifestação dos objetivos fraudulentos e lesivos: fraude contra credores, nesse caso, há a anulabilidade do negócio jurídico conforme o art. 171, II. O segundo vício é a simulação, em linha gerais é quando duas ou mais pessoas fazem uma encenação de um negócio jurídico para lesar um terceiro. Diante de um negócio jurídico simulado, estamos diante da hipótese de nulidade do negócio jurídico, conforme expresso no cc, art. 167. Existe ainda uma terceira figura que é a fraude à lei, porque em determinado negócio jurídico é possível fraudar a lei sem causar simulação, conforme o art. 166, VI. 08/08/2018 Plano da Validade – Suporte Fático Agente: Precisa ser capaz e legitimado para que o negócio jurídico seja válido. 1) Analise de incapacidades de exercício art. 3º e 4º cc. a. Absolutas [art. 3º, neg. nulo art. 166, I] b. Relativas [art. 4º, relativ. Incapaz, N.J. sem assistência, é anulável] Caso um menor de 16 anos, por exemplo, realizar um negócio jurídico, esse negócio é nulo, pois menores de 16 anos são absolutamente incapazes conforme o art. 3º e 166, I do cc. Se um negócio jurídico é realizado por um relativamente incapaz, ele é anulável, conforme o art. 171, I do cc. No plano da validade, se diz doutrinariamente que para ter um negócio jurídico válido o agente precisa ter uma validação e legitimação. 2) Especial legitimação: Circunstâncias especiais de natureza pessoal, que impedem ou restringem a autonomia negocial do agente. Não se está falando aqui de uma incapacidade genérica ao fato mas de algumas restrições que as vezes a própria lei impõe para a realização do negócio. Ex: A situação descrita pelo art. 496 do cc que diz: “É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.”, veja que nesse caso a lei permite o negócio porém precisa de expressa concordância dos demais filhos, ou seja a lei impõe restrição ao negócio jurídico. Outra situação interessante desse tipo de restrição, uma hipótese de nulidade é o art. 497 que diz: “Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública”. Como último exemplo sobre essa ideia seriam as situações descrita no art. 1647 combinados com o 1649 : Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal. Aqui estamos diante de uma anulabilidade do negócio caso não haja a autorização do cônjuge para a realização do negócio. Objeto: Analisado dentro do plano da validade, para termos um negócio jurídico válido, o objeto precisa ser lícito, possível, determinado ou determinado. Licitude o objeto: O objeto precisa estar em conformidade com a lei. Impossibilidade do objeto: pode ser de duas categorias: Absoluta: Exemplo, quando o objeto envolve bem insuscetível de apropriação pelo homem. (Vende-se a lua), bens inalienáveis, ou ainda a herança de pessoa viva, que não pode ser objeto de contrato. Nesse caso o negócio jurídico é nulo pela impossibilidade do objeto. Conforme o art. 166,II do cc. Relativa: É uma impossibilidade, um obstáculo superável, contornável, um obstáculo que pode deixar de existir. A princípio não é caso de invalidade, conforme o art. 106 do cc. Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa... Por exemplo, prometer à venda algo que ainda não se é dono. Ex. venda de um apartamento na planta. Indeterminação do objeto: Indeterminabilidade absoluta: O negócio jurídico é nulo. Conforme o art. 166, II do cc. Não se pode celebrar um negócio jurídico se não consigo determinar qual é o objeto. Indeterminabilidade relativa:a princípio em relação ao objeto, estamos diante de uma hipótese de validade do negócio jurídico, nesse caso estamos fazendo uma referência ao contratos aleatórios, são contratos que envolvem uma certa dúvida, uma incerteza, estão regulados no cc nos arts. 458 e subsequentes. Não se sabe o que uma das partes deve a outra no momento da celebração. Por exemplo, se você compra a produção de um pescador, não se sabe o quanto ele vai pescar. Em relação ao objeto quando no plano da validade é preciso fazer uma distinção acessória a tudo que foi dito até agora. Podemos distinguir entre objeto imediato ou mediato. Objeto Imediato: É o resultado jurídico pretendido. Objeto Mediato: É o bem de vida sobre a o qual a vontade é aplicada. Forma: Dentro do plano da validade, a forma requer forma prescrita ou não defesa em lei, prescrita no sentido genérico de prevista, não defesa é relativo a não proibido em lei. Com relação a forma, a análise que precisamos fazer é a seguinte: devemos considerar como regra geral a regra constante no art. 107 do cc. Que versa sobre liberdade de forma; Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. Entendido como exceção, a lei exige certa forma para determinado negócio jurídico. Estamos diante dos negócios jurídicos “ad solenitatem”, ou negócios jurídicos solenes ou formais, são formas exigidas em lei a forma prevista em lei é essencial ao ato, ou ainda como dizem certos artigos, é da substância daquele negócio jurídico, a não observância da forma é hipótese de nulidade do negócio jurídico. Art. 166, IV e V. Exemplos: Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. Art. 1.864: Testamento, deve ser seguido o rito conforme a lei Art. 1.535: Casamento, a mesma coisa, o rito. Art. 1.653: Regime da casamento Art. 1.793: Direito a sucessão Art. 819: Fiança Todos esses artigos devem seguir o rito. Parte da doutrina alude à negócios jurídicos “ad probationem”. A forma não seria essencial à celebração do negócio jurídico mas a lei restringe o modo de demonstrá- lo se vier a ser objeto de litígio (demanda judicial). (isso não tem importância) Por exemplo o art. 227, cc que dizia que a prova exclusivamente testemunhal só serve para demonstrar obrigações que não sejam superior a 10 salários mínimos. Esse caput foi revogado. Conforme o art. 369, CPC: Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz. Esse artigo faz com que essa parte “ad probationem” não seja mais válida. Observação quanto à forma envolvendo o art. 109, cc. Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato. Negócios jurídicos que se tornam formais não porque a lei exija, mas por convenção das partes, aqui estamos diante de uma referência específica a escritura pública. A segurança jurídica desse negócio é muito maior por se tratar de algo escriturado por um tabelião. As partes podem transforma qualquer negócio jurídico em formal, através da escritura pública, conforme vontade das partes. Exemplo: Compra de uma obra de arte, onde é feita uma escritura pública para validar o negócio e dar formalidade devido ao valor substancial envolvido. O plano da validade vem como que sintetizado do art. 104, cc. Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. Validade: Negócio jurídico é potencialmente hábil a gerar efeitos desejados pelas partes porque atende a todos os requisitos legais. 10/08/2018 Plano da Eficácia Se refere a cláusulas inseridas no negócio jurídico por interesse ou conveniência das partes, e que limitam os seus efeitos. Se refere a determinados elementos que derivam não da lei, mas da iniciativa das partes dos agentes, envolvidos no negócio, não são requisitos legais e esses elementos quando inseridos no negócio jurídico, são cláusulas limitadoras de efeitos. São fundamentalmente três elementos: condição, termo e encargo e estão regulados no CC nos arts. 121 a 137. Causa do negócio Jurídico É entendido como a motivação que leva uma pessoa ou mais de uma pessoa a celebrarem um negócio jurídico. Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. A causa ou motivação do negócio jurídico não interessa para o direito. Existem dois sistemas jurídicos envolvendo a causa, no direito europeu. Sistema causalista: França e Itália, atribui-se uma grande importância à causa, o motivo do negócio jurídico, a ponto de poder se afirmar que diante da afirmação da ilicitude do motivo, levar a anulação do negócio jurídico. Porém para nós no Brasil, não existe esse tipo de sistema, conforme descrito no art. 104. Este sistema padece de um excesso de subjetivismo. O risco que corremos quando entramos no mérito de causa é se perder em análises subjetivas. Sistema anti-causalista: Prevalece em países como Alemanha, Espanha e Brasil, em geral nos países da américa latina, a causa não está no artigo ou em seus incisos. Neste sistema faz-se a substituição da causa pelo objeto do negócio jurídico. Nesse caso a análise toda se torna muito mais objetiva. Em determinadas circunstâncias, nosso ordenamento jurídico não é totalmente irrelevante à causa. Existe, mesmo no direito brasileiro, uma importância residual da causa no sistema jurídico brasileiro. Exemplo: art. 166, III do cc. Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; No exemplo acima, vemos que é dito o motivo porém gera perplexidade na doutrina porque está em desacordo com o art. 104. A forma de entender isso é que esse inciso é uma deferência indireta a simulação. Outro exemplo é o art. 140. Que versa sobre erro de motivo, nesse caso a causa é levada em conta pelo ordenamento jurídico. Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. Como último exemplo, o art. 884, cc. Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. Todo aumento patrimonial que uma pessoa tem no curso de sua vida precisa ter uma justificativa plausível. Elementos do negócio jurídico Elementos do negócio jurídico: É um sistema alternativo de análise, que foi criado pela escola paulista de direito para uma forma alternativa aos planos jurídicos de Pontes de Miranda Elementos essenciais: se subdividem em Genéricos: O plano da validade (art. 104,cc) Específico: Características de cada negócio. Quais as particularidades de cada negócio jurídico regulado por um contrato. Elementos naturais: Resultadosjurídicos pretendidos, os efeitos que as partes pretendem alcançar com determinado negócio jurídico. O Objeto imediato Elementos acidentais: O plano da eficácia, condição, termo, encargo. Elementos limitadores do negócio jurídico, conveniado por ambas as partes. Classificação do negócio jurídico Classificamos todos os negócios jurídicos em diferentes categorias, obedecendo alguns critérios. A abordagem que a doutrina faz desse tema, nem sempre é idêntica, pode apresentar pequenas diferenças. A grosso modo a classificação é igual. Observação: Cuidado que nessa classificação a ideia de parte não se confunde com a ideia de indivíduo. Parte é empregado aqui como polo da relação jurídica. Uma parte pode ser composta por vários indivíduos. São ao todo oito critérios descritos a seguir: I – Número de partes : Unilaterais: Apenas uma parte, uma única manifestação de vontade, em regra em negócios unilaterais, a manifestação de vontade é não receptícias. Exemplo: um testamento, o testador faz sozinho, não é contrato, é unilateral, os herdeiros não precisam assinar o testamento. Outro exemplo é a promessa de recompensa. A madame que perdeu o poodle. Revogação de mandato, ** Cuidado** mandato em termo de negócio jurídico e não de mandato político, é uma procuração. Bilaterais: Temos duas partes envolvidas no negócio jurídico, duas manifestações de vontade correspectivas (não iguais – Ex. Compra e venda) em relação ao objeto. Os contratos em geral, são negócios jurídicos bilaterais, por exemplo, um contrato de compra e venda, na compra e venda sempre há duas partes: a compradora e vendedora. Plurilaterais: Temos mais de duas partes envolvidas no negócio jurídico, mais de duas manifestações de vontade (não iguais – Ex. Consórcio, plano de saúde empresarial, sociedade) em relação ao objeto. II – Vantagens Econômicas: Gratuitos: Vantagens ou os benefícios, econômicos, vão todas de uma parte para a outra (pode ser parte ou interessada). Como se fosse uma estrada de mão única, o fluxo dos veículos vai numa mesma direção. Exemplos: o testamento. É gratuito, não exige contraprestação. Os bens são doados, como presente. A doação, embora não pareça, é contrato, pois o donatário precisa aceitar a doação. O comodato, empréstimo gratuito de coisa não fungível. Onerosos: As Vantagens de uma parte para outra tem uma contrapartida, uma contraprestação. Utilizando um sentido figurado, é como se fosse uma pista de mão dupla. Existe um fluxo em cada sentido. Exemplos: compra e venda de uma propriedade, locação, contrato de trabalho. Nesses negócios há uma subdivisão: Comutativos: na formação do negócio jurídico, já se sabe com precisão qual é a prestação e a contraprestação. Exemplos: Compra e venda de um imóvel, já fica definido na celebração do negócio jurídico a prestação e contraprestação. Aleatórios: em parte o que uma das partes deve a outra é caracterizada pelo risco, pela incerteza. Exemplos: contratos aleatórios, como seguro. 15/08/2018 Classificação do negócio Jurídico III Quanto ao momento da produção de efeitos Negócio jurídico inter-vivos – Os efeitos se produzem ou, pelo menos, começam a se produzir, em vida. Negócio jurídico mortis causa – Testamento (por extensão, o codicilo), todos os efeitos se produzem depois da morte. Codicílo: escrito particular de última vontade, redigido, pelo qual alguém estabelece disposições sobre seu enterro, dá esmolas e lega móveis, roupas ou joias de seu uso particular e não muito valiosas, e nomeia ou substitui testamenteiro(s). IV Quanto à existência Aqui distinguimos os negócios jurídicos em principais ou acessórios, esse critério guarda significativa relação ao art. 92, cc Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal. Principais: Tem ou pode ter existência autônoma, independente, pode existir de forma isolada no mundo jurídico, individualizada, independente de qualquer outro. A compra e venda, assim como uma locação, um empréstimo, por exemplo, pode existir sozinho no mundo jurídico, não depende de outro, por isso é chamado de principal. Acessórios: Não tem existência autônoma, não existem sozinhos, dependem da existência de outro negócio jurídico, de forma isolada, um negócio jurídico acessório não tem sentido nenhum. Por exemplo, as chamadas garantias. Uma fiança, é uma garantia prestada num contrato que envolva um pagamento qualquer, como um contrato de locação. A garantia prestada pelo fiador porque o locador exige é um acessório. Outro exemplo de garantia é a hipoteca, em que o imóvel é a garantia pelo pagamento da dívida. Hipoteca diz respeito a mutuo, bem fungível que é o dinheiro, financiamento. A hipoteca sempre vai existir como garantia de um negócio jurídico principal que é um financiamento. O art. 92 do cc fundamenta os negócios acessórios. V Quanto à forma A diferença entre eles é com relação à forma ou a solenidade. Negócios jurídicos solenes ou formais: exigida em lei como requisito de validade. Obedecer a forma exigida pela lei é essencial para o ato. Exemplo o art. 108., o 1533 e seguintes (casamento), devem ser cumpridas as solenidades previstas em lei para a validade do ato. Negócios jurídicos não solenes, informais ou ainda meramente consensuais, se definem como exclusão sempre que a lei não prever rito solene. VI Quanto ao modo de exercício dos direitos Aqui estamos diante de um detalhe novo na classificação dos negócios jurídicos. Negócios jurídicos de disposição, é sinônimo de alienação que para o direito significa transmissão do direito de propriedade. Exemplo: Compra | venda, doação, permuta. Aqui se considera também que por equiparação entram aqui, a constituição negócios jurídicos de direitos reais. (direito das coisas). Exemplo, o art. 1225 que os enumera. Negócios jurídicos de mera administração, são os demais, os chamados de meramente obrigacionais, ou ainda constitutivos de direitos pessoais, se emprega essa terminologia para se contrapor aos especificados no art. 1225. Exemplo, a locação de um imóvel, pois não existe transmissão de direito de propriedade, apenas posse. Comodato, contrato de trabalho, são outros exemplos desse tipo de negócio, porque não há transmissão de propriedade. Focar na primeira categoria e tudo o que foge dela é de mera administração. (1691 cc, pais e filhos) VII Quanto ao conteúdo São divididos em : Patrimoniais, são todos aqueles que tem apenas efeitos econômicos tais negócios se esgotam nos seus efeitos econômicos, só tem como foco os efeitos econômicos que geram para as partes. Extra patrimoniais, são negócios jurídicos que estão relacionados ao direito de família, tem alguns efeitos econômicos mas não somente efeitos econômicos, tem outros efeitos que dizem respeito à condições da pessoa, por exemplo o casamento ou a união estável a emancipação. O reconhecimento extra judicial de filho, por vontade do pai, não tem prazo de expiração para o reconhecimento, pode ser a qualquer tempo. Grande parte dos doutrinadores quando tratam de direito de família, dizem que reconhecimento de paternidade sequer seriam negócios jurídicos, seriam sim ato jurídico em sentido estrito. VIII Quanto ao objetivo do negócio jurídico Distinguimos os negócios jurídicos em diretos ou indiretos sendo: Diretos: É o que ocorre em 98% dos negóciosna prática, envolvendo pessoas, quando tenho o uso de modelos jurídicos previstos em lei, para atingir os efeitos previstos, imaginados pelo legislador. (Objeto imediato do negócio), por exemplo, compra e venda de um imóvel, o objeto imediato do negócio é a transmissão do direito de propriedade. Indiretos: É fazer-se uso impróprio de modelos jurídicos, previstos em lei, para atingir outros efeitos jurídicos que não aqueles imaginados pelo legislador. Exemplo, uma procuração fazendo as vezes de compra e venda. Às vezes é ilícito, às vezes é lícito, só se usa uma figura negocial por outra porque o momento lhe convém, mas não lesa ou prejudica ninguém. Observação final ou seria o critério IX, a distinção entre: Negócios jurídicos causais Negócios jurídicos abstratos A obrigação de pagamento se dá por convenção entre as partes. A obrigação de pagamento se torna abstrata porque por exemplo, a obrigação de pagamento está representada por um cheque. E este pode ser usado como moeda pois ele pode circular, sendo transmitido de uma pessoa para outra. A rigor todo negócio jurídico é causal, porém a obrigação de pagamento se tornou autônoma, ou seja, não obrigatória. 22/08/2018 Representação Auto-contrato ou contrato consigo mesmo, é regulado pelo art. 117 e em regra o contrato que o representante através do uso da representação celebra com ele mesmo é anulável, a visão da lei sobre esse tipo de negócio é restritiva, porque existe nesse caso, um conflito de interesses. Ex. se recebo uma procuração para vender uma casa mas decido comprar a casa, o negócio pode ser anulado, pois a procuração me dá o poder de defender os interesses do procurado e não os meus. Excepcionalmente, o auto-contrato pode valer, se existir previsão específica na procuração nesse sentido. Nesse caso é o chamado mandato em causa própria, especificado no art. 685. Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo. Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos. O parágrafo único do 117, diz respeito ao substabelecimento, que é passar o poder de representação para outra pessoa. Com reserva de poderes, significa dizer que o procurador original continua com o poder de representação, ou seja, o poder continua com o original e também é passado ao procurador substabelecido. Se você estabelece sem reserva de poder, o procurador original deixa de ter o poder de representação, o outorgante passa a ser somente o substabelecido. Extinção da representação: Representação legal: os pais e os filhos, tutor e curador, gestor de uma pessoa jurídica e assim por diante. A extinção pode ser automática, por força de lei (ope legis), como por exemplo a maioridade do filho, quando atinge a maioridade o pátrio poder deixa de existir, pois só tem sentido quando subsiste a menor idade. Pode também ser por meio de decisão judicial, como por exemplo o afastamento de um tutor, o levantamento de uma interdição, a decisão judicial que implica no afastamento do gestor de uma empresa. Representação voluntária: é a que decorre de um ato de vontade, como por exemplo um mandato (procuração), a doutrina em geral quando fala da extinção da representação voluntária, utiliza como parâmetro de análise o art. 682. Art. 682. Cessa o mandato: I - pela revogação ou pela renúncia; II - pela morte ou interdição de uma das partes; III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o mandatário para os exercer; IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio. Também pode ser extinto pela invalidade do negócio jurídico constituído do poder de representação (mandato). Plano da eficácia ou elementos acidentais do negócio jurídico No código civil a matéria vem tratada nos artigos 121 a 137, conceitualmente, são clausulas derivadas da iniciativa das partes, ditadas portanto, por conveniência das partes, não são requisitos legais, que limitam os efeitos do negócio jurídico que celebram. Se admitem na generalidade dos negócios jurídicos, excepcionalmente esses elementos não podem estar presentes. Não são admitidos nos atos típicos do direito de família, por exemplo colocar tempo de validade no casamento. As vezes a lei expressamente proíbe, mesmo em negócios jurídicos de conteúdo patrimonial, como por exemplo, aceitação ou renúncia de herança. – Art. 1808. Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo. Termo, arts. 131 a 135, conceitualmente, termo é evento futuro e certo, quanto à ocorrência e que limita os efeitos do negócio jurídico. Termo inicial (termo a quo) marca o início dos efeitos do negócio jurídico e no outro extremo do ciclo de vida do negócio jurídico temos o termo final. Termo final (ad quem), que marca o final dos efeitos do negócio jurídico. Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. Negócios jurídicos com termo inicial diferido são exemplos de negócios jurídicos que constituem direitos atuais. Exemplo, se a celebração de um negócio se dá em uma data mas seus efeitos jurídicos são especificados para começarem a existir a partir de uma outra data futura, temos um termo inicial diferido. Exemplo, comprar o apartamento na planta, o negócio é valido e existe, mas seus efeitos só começam a partir do apartamento pronto. Negócio jurídico sem termo inicial diferido, neste caso, o início dos efeitos coincide com a celebração. Veja o art. 134. Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exeqüíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo. Execução em lugar diverso ou dependente do tempo, a lei define que se não há termo inicial diferido, compra-se os efeitos desde logo, mas isso vai depender da natureza da obrigação assumida por uma das partes. No universo das obrigações vamos encontrar o mesmo princípio, por exemplo o art. 331. Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente. Pagamento parcelado, termo inicial diferido e sucessivos. O pagamento deve ser sempre a vista, porém pode ser convencionado. Tipos de termos: 131 e 134 Termo certo: Existe certeza da ocorrência e do momento, são os prazos em geral. Termo incerto: A certeza da ocorrência mas não do momento, o incerto é quanto ao momento em que ocorrerá. Exemplo, término do semestre letivo. O art. 132 alude ao modo como se contam os prazos, existem apenas regras gerais sobre o modo como se contam os prazos. A questão tem relevância maior no CPC nos arts. 218 e 235, no caput do 132, existe uma espécie de regra geral que vale para o direito inteiro. Tanto para casos negociais, quanto para casos processuais. Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento. § 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil. § 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. § 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência.(Não se deve fazer a conversão do critério usado em outro) § 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto. (Ressalva à lógica ou ao princípio estipulado no caput) No caput, exclui-se o dia do começo (assinatura) e inclui-se o dia final, isso caso não haja um termo inicial determinado. Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos, em proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os contratantes. Este artigo (133) contém uma regra de interpretação. A princípio, os prazos favorecem o devedor, o cumprimento da obrigação não pode ser cobrado antes do prazo estipulado. Ressalva final, pode ser que em determinadas circunstâncias, o prazo estipulado favoreça o credor ou ambas as partes. Mas isso é excepcional. Quando você precisa pagar algo antecipado e aguardar a contrapartida, o prazo favorece ao credor. Termo incerto, neste caso, o vencimento pode favorecer ambas as partes, veja por exemplo um contrato de empreitada onde se estipula o prazo para pagamento atrelado aos estágios da obra. Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva. O 135, aplicação subsidiária ao termo das regras relativas à condição. 22:40 Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. (Vide Lei nº 13.105, de 2015) Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial. Direito das obrigações, existe um conceito que é a caracterização da mora, encontrado no art. 397. Conforme o caput do artigo, caso não seja pago até o fim do prazo do vencimento, fica caracterizado o inadimplemento do devedor, e o inadimplemento do devedor, faz com que se caracterize automaticamente a mora, por isso, na cobrança após o vencimento é cobrado o valor principal, a multa e juros moratórios que são cobrados por conta da demora do pagamento. A caracterização de mora é automática, quando há um prazo determinado para pagamento. Direito romano “Dies interpelat pro homine”. No parágrafo único, explica sobre quando há dúvida em relação ao vencimento, neste caso a constituição do devedor em mora, depende de prévia interpelação judicial ou extra judicial. (notificação ao devedor) 24/08/2018 Plano da eficácia continuação Condição Vem regulada nos arts; 121 a 130, é um evento incerto que pode ocorrer ou não e desse acontecimento é que as partes fazem 35:17 Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. O texto do artigo, alude à partes, o que nos leva a pensar que condições só podem existir em negócios jurídicos com mais de uma parte, mas podem existir também em negócios jurídicos unilaterais. Por exemplo no testamento, que é um negócio jurídico unilateral que permite condição. Quanto ao termo incerto, se os efeitos do negócio sejam subordinados a este termo, mas seja estabelecido um prazo, deixa de ser termo incerto e vira condição. A palavra condição pode ser empregada no sentido técnico e preciso de elemento acidental do negócio jurídico, porém isso se fundamentalmente diferente do sentido lato, genérico que a palavra condição assume, mesmo em textos jurídicos. Por exemplo, “A condição de incapaz, impediu a realização do negócio”. Ou ainda “a escritura pública é condição de validade do negócio”. Tipos de condição: Condição suspensiva: Essa condição está definida no art. 125: Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa. Explicação: Só produz efeitos a partir da condição. Temos num primeiro momento a celebração de um negócio jurídico e nesse negócio, porque se convém a uma ou ambas as partes, previu-se uma condição suspensiva. Temos então em um momento futuro um advento da condição suspensiva prevista na celebração do negócio. Atente para o texto do art. 125, “Enquanto a condição suspensiva não se verificar...” isso quer dizer que seus efeitos suspensivos só se dão no momento da ocorrência da condição suspensiva. O negócio jurídico com condição suspensiva, constitui para o titular um direito futuro. Imagine um contrato cujo conteúdo envolve o empréstimo gratuito de um apartamento em Curitiba, (comodato) se o comodatário passar no vestibular. Se o sobrinho passa no vestibular ele passa a ter direito ao empréstimo. Condição resolutiva: vem mencionada no art. 127: Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido. Explicação: Num negócio jurídico, no momento da celebração, existe uma condição resolutiva que em um segundo momento pode haver o advento da condição resolutiva, na redação do artigo, diz que se a condição é resolutiva, desde a celebração o negócio jurídico produz efeitos. Na ocorrência da condição, os efeitos do negócio cessam e o negócio jurídico se resolve. Exemplo: o comodato do apartamento em Curitiba, até que o comodatário se forme no curso de direito. Outro exemplo, aquisição de veículo financiado, o negócio só é celebrado mediante a alienação fiduciária em garantia. Condições inválidas, nem sempre as cláusulas limitadoras do negócio terão validade. Sobre isso versam os arts. 122, 123 e 124. Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas (proibidas) se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes. Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados: I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; III - as condições incompreensíveis ou contraditórias. Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível. Art. 123, **cuidado, inciso I, uma condição impossível é toda aquela que não vai ocorrer, essa condição impossível pode ser fisicamente impossível, como por exemplo uma criança ter um filho, ela não reúne condições biológica de ter um filho, um homem gestar um filho, é impossível, estar em dois lugares ao mesmo tempo. Já uma impossibilidade jurídica, condição juridicamente impossível: por exemplo o casamento entre irmãos, sujeitar os efeitos de um negócio a que uma das partes compre um bem público inalienável. Se a condição for resolutiva, deve-se aplicar o que diz o 124, na sua primeira parte, diz têm-se por inexistentes as condições impossíveis quando resolutivas, se a condição resolutiva é impossível ela nunca ocorrerá, o negócio jurídico subsiste como puro e simples, sem elemento acidental. 29/08/2018 Plano da Eficácia – Continuação Incisos II e III do 123, o código civil não distingue nesses incisos do artigo se a condição é resolutiva ou suspensiva, se for ilícita, incompreensiva ou contraditória, o negócio jurídico é inválido. Condição contraditória é a que retira do negócio jurídico as suas características essenciais, retira os efeitos que o negócio jurídico tipicamente deveria ter. Por exemplo, o contratode comodato é marcado pela gratuidade, conceitualmente é um empréstimo gratuito, não pode ser cobrado nada, impor a título de condição suspensiva ao comodatário uma série de ônus financeiros como condição para o comodato surtir efeito, é contraditório, nesse caso está se subvertendo o sentido do comodato. Neste caso, por ser contraditório, torna o negócio jurídico inválido. Art. 122, na primeira parte do caput, existe uma vedação às condições ilícitas, na segunda parte trata da vedação às condições ilícitas por equiparação (referência à ordem pública e aos bons costumes), faz uma referência de alguma forma, a ofensa aos direitos da personalidade. Na terceira parte do artigo, (entre as condições devesa...) trata de vedação das condições que privam o negócio jurídico dos seus efeitos típicos, uma referência a uma condição contraditória. Por fim, (se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.) vedação às condições que sujeitam os efeitos do negócio jurídico ao puro arbítrio das partes. Classificação complementar, feita só para explicar o último trecho do art. 122 As condições se subdividem em causais, e potestativas. Condições causais, aludem a fatos da natureza ou a fatos de terceiros estranhos ao negócio jurídico. Já as condições potestativas, são aquelas que dependem da vontade de uma das partes. No universo das condições potestativas, temos ainda uma divisão entre simplesmente potestativas e puramente potestativas, a primeira é a que depende da vontade do interessado, como por exemplo, condição de passar no vestibular para ter um apartamento emprestado. A segunda não vale para validar o negócio por ser arbitrário. Exemplo: Empréstimo do apartamento até “quando eu quiser”, puro arbítrio de uma das partes. Efeitos retroativos da condição Condição suspensiva, evento futuro e incerto, supondo que ocorra o advento da condição suspensiva em momento posterior à assinatura do contrato, este marca o início da produção de efeitos do negócio jurídico. Quando a condição suspensiva acontece, a princípio não poderia ter efeito retroativo. Com relação à condição suspensiva, a regra geral é a irretroatividade. A condição suspensiva marca o início dos efeitos do negócio jurídico. Essa regra geral, tem no capítulo das condições, uma exceção. A existência de uma condição suspensiva com efeitos retroativos. Essa exceção, vamos encontrar no art. 126. Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis. Explicação do art. 126: Celebração do Comodato Ap. Em Curitiba Condição de suspensão Comodatário passar no vestibular Locação Do AP A terceiro Se o comodatário passa no vestibular, prevalece o comodato e não a locação. Nesse caso o inquilino deve desocupar o apartamento. O advento de uma condição suspensiva, tem efeito retroativo nesse caso. Condição resolutiva, temos simplesmente duas possibilidades: Condição resolutiva com efeitos retroativos, previsto no art. 128 Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos ditames de boa-fé. Condição resolutiva sem efeitos retroativos, essa irretroatividade vem destacada no 128 na sua segunda parte, exemplo: um contrato de locação que se resolve com o retorno do filho do locador do exterior. A condição de retorno do filho é portanto a condição de resolução da locação. O inquilino tem que sair do apartamento. Nesse caso, o locador não lhe deve nada porque os aluguéis foram pagos pelo uso do apartamento. O advento da condição resolutiva nos negócios de condição continuada ou periódicas, não causam efeitos retroativos à condição. Implemento ou não implemento malicioso da condição A questão vem retratada unicamente no art. 129, malícia, quando tratada no artigo, na lei, representa algo de má fé, premeditado. Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento. Explicação do 129: A primeira parte diz respeito a uma condição resolutiva Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, por exemplo: empréstimo do apartamento do tio pelo sobrinho. O sobrinho já passou no vestibular e a condição resolutiva do contrato é a conclusão do curso de direito. O sobrinho, comodatário, protela, maliciosamente a conclusão do curso, neste caso, o comodatário está impedindo a extinção do contrato de comodato, pois o comodatário está maliciosamente protelando o contrato. Celebra o N.J. Advento da Condição resolutiva Efeitos do negócio jurídico A segunda parte do artigo, diz respeito a uma condição suspensiva, considerando- se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento. Usando o mesmo exemplo anterior, a condição suspensiva seria o sobrinho passar no vestibular. O sobrinho não passa no vestibular e falsifica uma declaração de matrícula para poder entrar no apartamento. Na condição suspensiva, os efeitos começam a partir do acontecimento desta. Nesse caso o comodatário, forçou o cumprimento do contrato por meio fraudulento. Observação final quanto à condição O art. 130, em termos bem sintéticos fala da possibilidade, uma especial legitimação do titular de um direito futuro, praticar atos em defesa (ou de conservação do direito) Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo. Condição suspensiva Condição resolutiva Ver explicação 1:14 – Alienação fiduciária Comodato AP Cond. Susp. Passar no vestibular O comodatário já tem legitimidade para praticar atos de defesa /conservação Comodato AP Cond. Resolutiva. Se formar Efeitos 31/08/2018 3o. Elemento acidental – Ancargo (modo) Encargo Está expressamente mencionado nos artigos 136 e 137, é um elemento acidental típico de doações e testamentos, ou seja, negócios jurídicos gratuitos. Em geral é mais fácil visualizar em doações e testamentos. Nele temos o autor da liberalidade, no caso de uma doação, o doador; ele impõe ao beneficiário uma obrigação a ser cumprida, caso o beneficiário aceite o benefício. Beneficiário, no caso da doação é o donatário, num testamento seria um herdeiro. Esta obrigação imposta ao beneficiário, não se confunde com preço. Porque senão a doação seria transformada em uma compra e venda. Lembre-se: nos negócios jurídicos onerosos existe uma prestação e uma contraprestação, ou seja, o aluguel de uma casa, o proprietário cede a casa mediante pagamento do aluguel. Não se confunde com preço por três razões: 1) A pendencia do encargo não impede a aquisição do direito. A aquisição do direito se dá quando o beneficiárioaceita o bem. 2) Não há relação econômica necessária entre o valor do bem, objeto da liberalidade e a expressão econômica do encargo. Por exemplo, o donatário faz uma análise de custo benefício sobre a questão da aceitação do bem. 3) O cumprimento do encargo não se dirige, em regra, ao autor da liberalidade. Ou seja, o encargo não é em benefício do doador mas sim de terceiro. Crítica ao art. 562. Este artigo, ao se referir aos encargos em doações, a opção do legislador quando chamou as doações com encargo de doações onerosas, isso induz a erro, pois nos leva a pensar que há contraprestação em favor do doador, e isso é compra e venda por exemplo. O cumprimento da obrigação não é o mesmo de uma compra e venda. A expressão doação onerosa é equivocada e induz a este raciocínio. Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. A primeira parte do 136 (O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito): uma doação com encargo, constitui para o donatário um direito atual e não futuro. O artigo destaca a distinção com condição suspensiva (salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva), é diferente dizer, encargo: “A doação da casa da rua X, com encargo da manutenção da crehche”. Condição suspensiva: “A doação da casa da rua X, se o donatário manter a creche.” Como sã parecidos, a doutrina entende que na dúvida, por conta das expressões empregadas, opta-se pelo encargo. É assim porque o encargo é mais favorável ao beneficiário da liberalidade. Outro detalhe do desdobramento do texto do art.136, encargo é tecnicamente obrigação, e por ser obrigação tem caráter coercitivo, o que significa dizer que o cumprimento pode ser exigido. Isso é mais uma distinção da condição, pois essa é evento futuro e incerto, enquanto o encargo, pode ser exigido, inclusive judicialmente, que seja cumprido. Outro detalhe que decorre dessa caracterização do encargo como obrigação é que a morte do beneficiário antes de cumprir o encargo, se transmita aos herdeiros. Justamente porque se trata de uma obrigação. Na condição isso não ocorre, pois a morte de uma das partes extingue o negócio. A exceção é: salvo encargos personalíssimo. Se o encargo tem caráter personalíssimo aí tem a hipótese de caducidade. Tipos de obrigações: Obrigação de dar (pagar) Obrigação de fazer Obrigação de não fazer (abstenção) Quando colocadas no campo dos encargos, de pagar: a doação de uma casa, o encargo fazer doação em dinheiro a uma instituição de caridade, este encargo envolve uma obrigação de pagamento. De fazer: a doação da casa com a manutenção da creche, de não fazer: doação da casa com a obrigação de não demoli-la. Em relação ao caráter coercitivo, para exigir-se o cumprimento de um encargo, se revela de duas formas: em primeiro lugar, exigir, até judicialmente, o cumprimento do encargo – art. 553. Art. 553. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a benefício do doador, de terceiro, ou do interesse geral. Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministério Público poderá exigir sua execução, depois da morte do doador, se este não tiver feito. Exige-se a obrigação por meio de ação de cobrança ou de ação cominatória, CPC, arts. 497 a 501. Essas ações são onde o juiz manda o réu fazer ou deixar de fazer algo, sob pena de multa diária. A legitimidade subsidiária do ministério público para exigir o cumprimento do encargo, quando esse é de interesse geral (público). A segunda forma de exigir o cumprimento é a revogação da liberalidade, art. 562 Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigação assumida. Aqui estamos diante da ação revocatória da anulação por descumprimento do encargo. E esse é o nome que se dá a demanda. Um detalhe interessante: existe, hoje no Brasil, uma divergência doutrinária sobre quem poderia propor a demanda: Entendimento tradicional, os autores olhando pro texto do art. 560, a ação é privativa do doador. De modo que é ele em vida que tem que no mínimo ajuizar a ação, se o doador morre sem ter ajuizado a ação, os herdeiros não podem fazê-lo. Se falece sem revogar, aos herdeiros resta exigir judicialmente o cumprimento do encargo. Entendimento moderno, O art. 560, trata só da ingratidão e isso é privativo do doador. No caso de encargo a ação revocatória pode ser proposta pelos herdeiros. Outro detalhe que chama atenção no 562, o legislador focalizou a questão da mora. A questão do prazo para o pagamento, conforme disposto no art. 397, aqui temos que ver como o negócio foi celebrado. A doação é regulada nesse caso de acordo com o 397. Que trata da mora. Caso especificado em contrato o tempo de execução do encargo, caso o beneficiário exceda o prazo, estará em mora, caso não especificado, deve ser notificado para depois disso ser caracterizada a mora. Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico. Observações finais: Art. 137: a primeira parte (Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível), a segunda parte do artigo é de difícil aplicação porque o encargo ilícito ou impossível como razão determinante da liberalidade, pelo código, o negócio jurídico não vale. Aplicação na prática, por exemplo: “Só te dou de presente a casa da rua X, pra você montar na casa uma boca de fumo”, o problema é conseguir provar a ilicitude de um encargo foi determinante porque ninguém vai deixar isso escrito. Ver 1:00:00 Vícios de vontade ou do consentimento Os vícios de vontade vem regulados no cc nos artigos 138 a 157 e são esses dispositivos que vamos analisar. Plano da validadevontadelivre, consciente e de boa fé. Quando falta vontade ou consciência, caracterizam-se os vícios de vontade, quando falta boa-fé, caracterizam-se os vícios sociais. Analisamos aqui então, os negócios jurídicos onde há uma má formação da vontade negocial, uma vontade defeituosa. São eles: o erro, o dolo, a coação, o estado de perigo e a lesão. Erro ou ignorância esse defeito da vontade está regulado nos arts. 138 a 144, existe uma distinção entre erro e ignorância, mas na prática não há porque a lei regula igualmente os dois. Erro é uma falsa percepção da realidade, dito em outras palavras, a pessoa se equivoca sobre as circunstâncias do negócio jurídico que celebra. A ignorância é o desconhecimento da realidade. Como o erro ou a ignorância pode ser fundamento para invalidar um negócio jurídico? A redação do art. 138: Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. A partir desse artigo, a doutrina alude a dois elementos hábeis para anular o negócio: O primeiro é o erro substancial, o equívoco cometido pela parte foi a razão determinante da realização do negócio. O equívoco não pode ser apenas sobre detalhes do negócio, aspectos secundários deste. O segundo elemento é que o erro deveria ser escusável (desculpável), uma pessoa, dentro de um padrãomédio de comportamento em nossa sociedade, poderia ser levada a cometer o equívoco. Não se pretende proteger a negligência grosseira de ninguém, o descaso, a temeridade, no trato dos próprios interesses. Isso seria uma forma enviesadas de permitir que uma pessoa invalide um negócio com base em arrependimento. Erro escusado quer dizer exatamente isso. “...um erro que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal...” , essa parte do 138, a palavra percebido pode ser substituída por cometido. Divergência doutrinária sobre o assunto: No entendimento tradicional, erro, como fundamento de anulação de um negócio, precisa ser substancial e escusável. No entendimento moderno, o erro para caracterização do vício de vontade, não precisa mais ser escusado. Isso com base no argumento da boa-fé objetiva de ambas as partes, o juiz deve analisar a boa-fé de ambas as partes do negócio. Ver final da aula. 05/09/2018 Vícios de vontade – Continuação... Erro – 138 a 144 Conceitos – Precisa ser substancial, escusável, é uma falsa percepção da realidade, a doutrina não é unanime quanto ao escusável. Classificação do erro – art. 139 Art. 139. O erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. Inciso I Classifica o erro em três grupos Natureza - Erro in negotio Objeto - Erro in corpore Qualidade - Error in substitautia Natureza, confusão entre conceitos jurídicos, como por exemplo confundir comodato e locação. Outro exemplo é a diferença entre a locação e o leasing, que nada mais é uma locação com opção de compra no final. Objeto, aqui trata-se de marcas de veículos, raças de animais, por exemplo, comprar um veículo com certas características e adquirir outro por engano. Quando se faz confusão quanto ao objeto que está adquirindo. Qualidade, a confusão entre materiais por exemplo, que se confundem e são fundamentalmente distintos entre si, sobretudo no valor. Ouro e cobre, plástico e vidro, etc... O inciso II se refere ao erro quanto à pessoa, a pessoalidade é essencial ao negócio, não referente apenas a uma má escolha. Equivoco quanto a pessoa em que a sua manifestação de vontade se dirige, por exemplo confundir duas empresas por conta da logomarca. Aplicação no direito de família, a curiosa possibilidade de se anular um casamento por erro essencial quanto a pessoa do cônjuge. (1556 e 1557). Esses dois primeiros incisos do 139 estamos diante dos erros de fato, pois dizem respeito à qualidade, pessoa, objeto e outras características do negócio jurídico. Inciso III do 139 se refere ao erro de direito, é um conceito jurídico que a décadas chamou atenção do direito europeu, mas no Brasil não havia uma figura relativa. O código de 2002 inovou nessa parte especificamente no 139 onde o negócio jurídico pode ser anulado por esse tipo de erro, é uma novidade mas como uma previsão legislativa o conceito em si é conhecido há mais de 1 século. Temos que fazer uma comparação cuidadosa com o art. 3º da LINDB, que dizem coisas incompatíveis entre si. Erro de direito, fundamentalmente, a alegação de querer anular o negócio jurídico por uma má compreensão da lei. O art. 3º da LINDB diz que “ninguém se escusa de cumprir a lei alegando desconhecimento”, o argumento do III pode ser plausível por conta da complexidade do ordenamento jurídico atual. Um exemplo: um empresário de comércio exterior, adquire um produto e celebra um negócio de aquisição de uma grande quantidade de produto. Após a celebração do negócio ele se apercebe que uma das portarias publicadas no D.O. proíbe a comercialização do produto no mercado interno. Se a revenda não é mais possível o negócio jurídico pode ser anulado por má compreensão da lei. Tem fundamentalmente a ver com algo que era proibido e agora é permitido e vice-versa. Observação, o erro de direito, como no inciso III é muito parecido com a mesma situação prevista no inciso I. É um pouco diferente, no I faz confusão entre conceitos jurídicos, no III é sobre má compreensão da lei, sobre o que era permitido e agora é permitido e vice-versa. A respeito do erro: 1 – Erro quanto ao motivo: Essa situação está prevista no 140, no nosso ordenamento jurídico, como regra geral, a questão do motivo ou da causa do negócio jurídico é irrelevante, o nosso direito focaliza a causa do negócio e não a razão. Excepcionalmente, a questão do motivo ou causa, pode ter significação e o 140 é bem uma ilustração dessa excepcionalidade. Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. O erro cometido por uma pessoa quanto à motivação, só pode anular o negócio diante da presença de dois requisitos: 1º O motivo ser a razão determinante do negócio 2º Estar expresso ex. art. 540. Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde o caráter de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no excedente ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto. 1 – Erro na transmissão interposta de vontade art. 141: Se refere à contratos celebrados à distância por exemplo pela internet, ou ainda a contratos celebrados por meio de núncio (mensageiro de vontade alheia). É uma confusão comum de se fazer e que tem que se tomar cuidado, o 141 nada tem a ver com representação. Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta. 3 – Princípio da conservação: é rigorosamente o mesmo para qualquer vício de vontade, não existe nenhum interesse especial nem na lei nem no operador do direito em ir invalidando as manifestações de vontade, a invalidade é sempre algo nefasto porque interfere na vida das pessoas. Sempre que existir por algum modo a possibilidade de emendar um negócio jurídico para atender ao resultado que as partes queriam celebrar deve-se fazê-lo. O princípio da conservação inspira os arts. 142, 143 e 144. Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. Erro quanto à pessoa Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade. Erro de cálculo Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. Convalescimento do negócio jurídico Convalecimento do negócio jurídico: A pessoa a quem a manifestação de vontade se dirige, o destinatário da manifestação de vontade ou declaratário, concorda em retificar o negócio jurídico, corrigindo o equívoco. Nesses casos não preciso invalidade o negócio por aplicação do princípio da conservação. 4 – Distinção entre erro e vício redibitório (art. 441) Erro Vício redibitório Vicio de vontade, má formação da vontade no momento da celebração do negócio jurídico. Exemplo: Comprar o carro errado em termos de potência ou de acessórios. A vontade foi manifestada
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