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Teoria das Relações Jurídicas

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Teoria das 
Relações 
Jurídicas II 
 
 
 
Professor Rainner 
 
 
 
 
 
 
 
 
25/07/2018 
TRJ II 
Avaliações 
 - 1º Bimestre 26/09 
 - 2ª Bimestre 21/11 
 - 2ª Chamada 05/12 
 - Final 12/12 
 
2 aulas complementares nos sábados 11/08 e 27/10 
 
Bibliografia 
Silvio Venosa – Direito Civil – Parte geral, Atlas 
Carlos Roberto Gonçalves – Direito Civil Brasileiro, Vol. 1, Saraiva 
Caio Mario da Silva Pereira – Instituições de direito civil – Vol 1, Forense 
Pablo Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho – Curso de D.C., Vol 1, Saraiva 
Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald – Direito civil parte geral, Atlas 
Francisco Amaral – Direito Civil – Introdução, Renovar 
Flávio Tartuce – Direito civil, parte geral, Gente | Forense 
 
Estrutura do curso TRJ II 
Arts. 104 a 232 
 Do negócio Jurídico 104 a 184 
 Dos atos lícitos 185 
 Dos atos ilícitos 186 a 188 
 Da prescrição e da decadência 189 a 211 
 Da prova dos fatos jurídicos 212 a 232 
 
Quadro Geral dos Fatos Jurídicos 
Conceito de fato jurídico amplo e genérico, se subdivide em categorias cada vez 
mais específicas. Sempre na prova do primeiro bimestre cai algo sobre essas 
categorias. 
 
Fato Jurídico em sentido amplo (Fato jurídico latu sensu): É qualquer evento 
da natureza ou resultante da conduta humana que seja juridicamente relevante. Essa 
relevância é porque este evento implica na criação, na modificação, na transmissão 
ou extinção de direitos. 
1 - Fatos Jurídicos em sentido estrito (Stricto sensu): Eventos da natureza 
juridicamente relevantes. Exemplo: Catástrofes naturas – enchentes, terremotos, a 
passagem do tempo. 
Também é enquadrado como fato de sentido estrito, eventos ligados à condição 
humana mas que escapam do seu controle. Não derivam somente da vontade, podem 
derivar da vontade mas não integralmente, dois exemplos clássicos: nascimento e a 
morte de um ser humano. 
 
2 – Atos jurídicos em sentido amplo (lato sensu): São condutas humanas 
comissivas (a ação propriamente dita) ou omissivas (omissão da ação) juridicamente 
relevantes. 
2.1 – Atos lícitos: São todas as condutas humanas juridicamente 
relevantes e que estão em conformidade com a lei. 
 
 2.1.1 Negócios jurídicos: É o conceito desenvolvido pela escola 
pandecista alemã, esse conceito retira a centralidade do conceito 
de contrato. Negócio jurídico é gênero, do qual o contrato faz 
parte. Existe consciência dos resultados pretendidos. A pessoa 
deliberadamente manifesta a vontade. Essa consciência dos 
resultados é o que distingue os negócios jurídicos dos atos 
jurídicos. 
 
2.1.2 Atos jurídicos em sentido estrito (strito sensu): Os efeitos 
são automáticos, derivam da lei, ainda que as partes não tenham 
conhecimentos dele. 
 
2.2 – Atos ilícitos: São todas as condutas humanas juridicamente 
relevantes e que são contrários a lei. CC, Art. 186 - Dano 
indenização isso é diferente de crime, ou seja, ato ilícito não é 
necessariamente a prática de um crime. 
 
Observação final: Existe uma categoria doutrinária, porque não está no código 
civil, é a dos chamados atos-fatos jurídicos, esses atos-fatos são compatíveis com o 
ordenamento jurídico brasileiro e por isso que a doutrina a ele se refere, mas não há 
previsão legislativa a respeito deles, em nenhum lugar do código civil é falado sobre 
essa categoria. Exemplo: Evento que na origem eu estou diante de uma conduta 
humana mas essa vontade do ser humano não pode ser considerada, então essa 
conduta humana entra no mundo jurídico, é compreendida no mundo do direito 
como se fosse um fato. E é justamente por conta dessa composição, a origem do 
evento e como isso é compreendido no mundo jurídico é que surge o ato-fato. 
 
01/08/2018 
Aquisição de direitos 
 
Extinção de direitos: sob o ponto de vista dogmático, ocorre quando há o 
desaparecimento do direito sem substituição, se uma pessoa resolve vender um bem, 
este perde a propriedade do bem mas entra o dinheiro no lugar do bem alienado, 
então não há a extinção do bem, mas sim a substituição, modificação quantitativa ou 
qualitativa do direito. Extinção de direito não é isso, não há substituição, só existe nas 
hipóteses em que ele desaparece e não é substituído. 
São hipóteses de extinção de direitos: 
Perecimento do bem (destruição) sem substituição por nada. Carro sem 
seguro, incêndio de um imóvel sem seguro. 
Renúncia de direito: Abrir mão de um direito, rejeitar, na renúncia não há 
contrapartida. 
Abandono de coisa: O que é descartado, é abandonado, é abrir mão de um 
bem, sem nenhum tipo de contrapartida. 
Decadência de direitos: É um conceito parecido com prescrição, diz sempre 
respeito a direito potestativo. Certos direitos potestativos estão relacionados a prazos, 
quando esses estão sujeitos a prazo, esse prazo é decadencial, se perco o prazo para 
requerer o direito ele desaparece. 
Morte do titular em relação aos direitos personalíssimos: A morte do titular 
diz respeito a perda apenas dos direitos personalíssimos mas não do patrimonial. O 
direito de propriedade é transmitido aos herdeiros, se houve transmissão do direito, 
temos uma transmissão subjetiva do direito. Com relação aos direitos 
personalíssimos, esses extinguem-se com a pessoa, na sua morte, dizem respeito a 
algo que não se transmitam, são inalienáveis, intransmissíveis, são intrínsecos à 
personalidade da pessoa. Ex: Direito a liberdade de expressão, manifestação religiosa, 
etc. 
Extinção de direito é o efetivo desaparecimento deste sem substituição de 
qualquer tipo. 
 
Defesa e conservação de direitos 
 
 Essa questão, deixou de ser assunto típico de direito material, ocorreu uma 
migração do assunto para o direito processual civil, que regula como o poder 
judiciário funciona, por conta de uma distinção que a doutrina começou a fazer 
algumas décadas atrás mas que hoje está consolidado na dogmática jurídica. No 
código civil de 1916 tinha um artigo (art.75) “A cada direito corresponde uma ação que 
o assegura”. Isso em termos doutrinários é considerado errado, esse tipo de 
disposição típico do início do século XX, fazia confusão entre direito de ação e 
pretensão. 
 
Direito de ação é uma garantia constitucional genérica de acesso ao poder 
judiciário, vamos encontrar essa garantia constitucional no artigo 5º da constituição, 
no inciso XXXV. “XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou 
ameaça a direito” Qualquer indivíduo pode ir ao poder judiciário, ter acesso a justiça, 
pleitear a defesa de um direito seu ou a garantia do mesmo. 
 
A pretensão é um pedido que você formula ao juiz 
 
Como há uma confusão entre direito de ação e pretensão, esse assunto fica a 
cargo da matéria direito processual civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Negócio jurídico 
 
Conceito: É uma manifestação de vontade, comissiva ou omissiva, de acordo 
com a lei, pela qual o agente pretende produzir resultados jurídicos específicos (os 
efeitos que se deseja são conscientes ou “desejados”) de criar, modificar, transmitir 
ou extinguir direitos. Negócio jurídico é gênero, então conceitualmente isso de 
distingue de contrato que é uma espécie do gênero negócio jurídico. Todos contratos 
são negócios jurídicos, mas eu tenho negócio jurídico que não é contrato  espécie. 
Por exemplo, antes de uma pessoa falecer ela faz um testamento, dispondo de 
seus bens pra depois da sua morte, ele é um negócio jurídico porém não tem um 
contrato. Outro exemplo seria uma promessa de recompensa, que é umnegócio 
jurídico mas que não é contrato. Um terceiro exemplo é quando a pessoa renuncia a 
um direito que tem. 
 
Origem histórica do conceito: O negócio jurídico é uma construção doutrinária 
feita pelos juristas da escola pandectista do Direito Alemão, por essa razão é comum 
a doutrina se referir ao termo Rechtsgeshnft que significa negócio jurídico. Essa escola 
foi a que criou BGB de 1896, que é o código civil alemão. Esse código, junto com o 
Francês, de 1804 formam a base do direito moderno, são os pilares do direito 
moderno a partir dos séculos XVII e XIX. Foi nesse cenário histórico que surgiu a ideia 
do negócio jurídico, aqui é fundamental entender que o código francês de 1804 assim 
como o BGB retratam em função da época em que sugiram, os valores da burguesia, 
a classe média europeia. 
 Esses valores da burguesia, tanto na França quanto na Alemanha implicava em 
que a lei garantisse como princípios em primeiro lugar a autonomia da vontade, a lei 
deveria garantir aos indivíduos uma ampla liberdade contratual, governo, estado não 
deveria restringir ou se intrometer nos contratos que as pessoas celebram. Em 
segundo lugar a lei focaliza uma preocupação patrimonial nas relações jurídicas, a 
prevalência do ter sobre o ser, justamente a preocupação da classe média da época 
era essa, porque durante séculos estiveram alijados de direito a propriedade, 
principalmente de propriedade de bens de produção. Na França a política econômica 
do “laisser farer, laisse passer” – Deixem-lhes fazer o que quiser – isso com o passar 
do tempo foi se revelando equivocado porque o estado através das leis tem que 
resguardar os direitos de todos e não só de um lado. 
 O código é como um símbolo nacional, é atualizado mas nunca revogado. 
 O conceito de negócio jurídico continua sendo a base das relações privadas, 
mas tem que ser distinto do conceito histórico do momento que ele nasceu. 
 
 Atualmente temos que compreender o negócio jurídico diferente do conceito 
histórico no qual esse conceito nasceu, uma mudança radical na compreensão ou na 
interpretação do negócio jurídico, a questão da autonomia, da vontade de do 
patrimonialismo, princípios marcantes do momento de sua criação, são substituídos 
por outros valores como a ideia da boa fé, (O direito é a ciência do dever ser), a 
prevalência do ser sobre o ter, inverte-se a lógica da época da criação do código. 
Modernamente, como a Constituição de 88 e o Código Civil de 2002 mostram que 
temos uma mudança nesses valores. A proteção ao consumidor é fundamental e 
precisa ser entendido de forma diferente do que era nos séculos XVIII e XIX. 
 
 No código civil o art. 113 do código civil diz : “Os negócios jurídicos devem ser 
interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração” 
 O art. 421 do código diz : “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos 
limites da função social do contrato.” 
 O art. 422 : “Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na 
conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.”, 
probidade é honestidade. 
 
 Isso mostra as mudanças de rumo dos valores nas ordens jurídicas atuais, os 
ordenamentos jurídicos atuais, consagram valores distintos daqueles nos quais o 
conceito de negócio jurídico nasceu. 
 
 O elemento central de todo negócio jurídico é a vontade humana manifestada, 
não existe negócio jurídico sem manifestação de vontade. 
 
Todo contrato tem uma função social, 
 
 Teorias em torno da vontade negocial, são fundamentalmente 2 
 
 Teoria da vontade: (Willenstheorie) No momento que interpretamos o negócio 
jurídico, devemos fazer prevalecer a verdadeira intensão do agente. Qual o resultado 
que ele realmente pretendeu atingir quando celebrou um determinado negócio 
jurídico e não tanto o sentido literal da linguagem. (Verdadeira intenção do agente) 
 
 Teoria da declaração: (Erklärungtheorie) Na manifestação de vontade negocial, 
temos que observar o modo como a vontade foi declarada, é priorizado a forma da 
declaração, quando as pessoas em geral dizem “vale o que está escrito”, o modo como 
a vontade inicial foi manifestada. 
 
 
 
 
Diante desses dois modos distintos de se entender a vontade, qual será a 
diretriz hermenêutica na compreensão do negócio jurídico? A regra geral, um 
princípio da interpretação dos negócios jurídicos em nosso código civil? A resposta 
está no art. 112 do CC. 
 
“Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido 
literal da linguagem.”  Teoria da vontade 
 
Existe uma importância residual da teoria da declaração, a regra geral é a teoria 
da vontade, consagrada no art. 112 mas eventualmente podemos aplicar a teoria da 
declaração. Um exemplo clássico disso está no art. 110 do cc. 
 
“Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não 
querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.” 
 
 Este artigo trata do conceito de reserva mental. Pense em duas esferas, o quere 
íntimo de uma pessoa, o que ela quer em sua consciência e que isso seja diferente da 
vontade declarada. Dito de uma forma bem simples, aquilo que ela realmente quer é 
diferente do que ela declara. 
 A primeira parte do artigo fala da reserva mental unilateral uma divergência 
entre o quere intimo da pessoa e o que foi declarado. O que está querendo dizer é 
que a reserva mental unilateral é irrelevante, nesse caso a vontade negocial vale como 
foi declarada. Isso é assim em nome da segurança das relações jurídicas. 
 Outro exemplo, os artigos 114, 819 e 843 do cc, dizem para o operador do 
direito uma interpretação restritiva. Deve ser interpretado nos termos em que a 
vontade foi declarada. 
 
03/08/2018 
Classificações complementares da manifestação da vontade 
 
Existem duas classificações complementares da manifestação da vontade que são: 
 
 Quanto a forma: Manifestação de vontade negocial pode ser expressa, tácita e 
em algumas negociações até mesmo a omissão ou o silêncio. 
 
 Expressa: Dizer sim ou não, estar ou não de acordo, manifestar-se nesse 
sentido, assinar um contrato. 
 
 Tácita: São comportamentos indiretos que dão a entender ou que 
evidenciam o que a pessoa deseja. Por exemplo, compras num supermercado, o ato 
de pegar os produtos da prateleira e leva-los ao caixa demonstra o comportamento 
de compra. Outro exemplo o art. 1324 do cc, que trata da administração da coisa 
comum, ele admite a figura de um mandato tácito, o exemplo dos 3 irmãos filhos de 
um pai fazendeiro e que apenas um administra a coisa comum. 
 As vezes a lei é expressa, no art. 1805 que trata de aceitação de herança e que 
segundo o artigo pode ser uma vontade expressa ou tácita. Tácita de acordo com a 
maneira que o herdeiro se comporta em relação aos bens. Como tendo aceitado a 
herança. Aceitação de herança ou renuncia a ela é um negócio jurídico unilateral. 
 
 Silêncio: No art. 111, “O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos 
o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.” A pura omissão como 
representação da vontade as vezes é recusa as vezes é concordância. 
 Por exemplo, o art. 539 do cc, regula a doação, é de compreensão 
intuitiva, quando se dá algo de presente a alguém. Doação é contrato, se é contrato 
é manifestação de vontade. A omissão é entendida pela lei como aceitação, para 
recusar é preciso dizer expressamente. No caso desse artigo. 
 Já no art. 299, que trata de assunção de dívida, exemplo, venda de imóvel 
financiado. Quando eu vendo um imóvel financiamento em meu nome, apessoa 
precisa assumir a dívida e o credor, precisa concordar. Caso o banco não se manifeste, 
ou seja se omite, é sinal de recusa. 
 No art. 1535 que trata de celebração do casamento, sempre haverá uma 
autoridade celebrante, no caso o juiz de paz que é a autoridade celebrante. Em certo 
trecho deste artigo, diz que a diz que a vontade deve ser expressa de casamento. 
Deve-se dizer o sim, para que sejam considerados casados. 
 
 Quanto ao destinatário: 
 
 Negócios Jurídicos receptícios: A manifestação de vontade precisa 
atingir destinatário certo para que o negócio jurídico se forme. O destinatário é 
também chamado de declaratário. Em oposição a quem manifesta a vontade que é o 
chamado declarante. Nesse tipo de negócio é preciso atingir um determinado 
destinatário, por exemplo um contrato que se forma a distância. Outro exemplo é um 
a revogação de mandato que se dá por meio de uma notificação que deve ser enviada 
ao mandatário, expressando sua vontade de que este não seja mais seu procurado. 
Revoga-se o mandato dando ciência à pessoa nomeada. 
 
 Negócios Jurídicos não receptícios: Aqui, basta a manifestação de 
vontade independentemente de atingir ou não destinatário certo. Exemplo, um 
testamento, ele se forma quando o testador manifesta sua vontade de forma expressa, 
cumprindo os requisitos formais. No caso do testamento o herdeiro não tem a 
necessidade de saber ou de assinar o testamento, é portanto, um negócio jurídico 
unilateral não receptício. A renúncia ou aceitação de qualquer tipo de direito é uma 
renúncia unilateral e portanto um negócio jurídico não receptício. 
05/08/2018 
Planos do negócio jurídico 
 
 Análise sistemática das etapas de formação de um negócio jurídico. Introduzida 
no direito brasileiro por Pontes de Miranda, autor do tratado de direito privado. 
 São fundamentalmente 3 planos e devem ser analisados nessa ordem: 
Existência, Validade e eficácia. 
 
 Existência: No plano da existência, se faz apenas uma constatação da presença 
dos elementos que compõem o suporte fático do negócio jurídico. 
 
 Elementos de Suporte Fático da existência: 
 
 Vontade: Deve ser exteriorizada 
 
 Agente: É preciso atribuir a vontade exteriorizada a alguém, o titular da 
manifestação de vontade. 
 
 Objeto: Nesse parâmetro do plano, é o bem de vida sobre o qual a 
vontade versa. Ou sobre o qual a vontade recai. (Vontade a respeito do quê?) 
 
 Forma: O modo como a vontade se manifesta 
 
 É preciso os 4 elementos para que o negócio jurídico exista. 
 
 Validade: Analisa-se a aptidão dos elementos do suporte fático, para criar um 
negócio jurídico potencialmente hábil a gerar efeitos. Significa se ele está apto pela 
lei a gerar um efeito. Se está de acordo com os requisitos da lei. Não se julga aqui se 
ele produz os efeitos ou não. 
 Note que trazemos os elementos do suporte fático para dentro deste plano. 
 
 Para que o negócio jurídico seja válido, precisa de uma vontade livre, consciente 
e de boa-fé. Esses adjetivos fazem referência a aspectos específicos expressos na lei. 
 
Vontade livre e consciente: Quando falta manifestação desses itens, 
configura-se os vícios de vontade ou como queiram os vícios do 
consentimento: o erro, o dolo, a coação, o estado de perigo e a lesão. 
Quando há um vício de vontade temos então um negócio jurídico 
inválido, isso caracteriza a anulabilidade do negócio jurídico, conforme 
disposto no art. 171, II do cc. 
 
Boa-fé: Quando falta a boa-fé na manifestação da vontade, 
configuram-se os vícios sociais, aqui o problema está na manifestação 
dos objetivos fraudulentos e lesivos: fraude contra credores, nesse 
caso, há a anulabilidade do negócio jurídico conforme o art. 171, II. O 
segundo vício é a simulação, em linha gerais é quando duas ou mais 
pessoas fazem uma encenação de um negócio jurídico para lesar um 
terceiro. Diante de um negócio jurídico simulado, estamos diante da 
hipótese de nulidade do negócio jurídico, conforme expresso no cc, art. 
167. Existe ainda uma terceira figura que é a fraude à lei, porque em 
determinado negócio jurídico é possível fraudar a lei sem causar 
simulação, conforme o art. 166, VI. 
 
 
08/08/2018 
Plano da Validade – Suporte Fático 
 
 Agente: Precisa ser capaz e legitimado para que o negócio jurídico seja válido. 
1) Analise de incapacidades de exercício art. 3º e 4º cc. 
a. Absolutas [art. 3º, neg. nulo art. 166, I] 
b. Relativas [art. 4º, relativ. Incapaz, N.J. sem assistência, é anulável] 
 
Caso um menor de 16 anos, por exemplo, realizar um negócio jurídico, 
esse negócio é nulo, pois menores de 16 anos são absolutamente 
incapazes conforme o art. 3º e 166, I do cc. 
 
Se um negócio jurídico é realizado por um relativamente incapaz, ele é 
anulável, conforme o art. 171, I do cc. 
 
No plano da validade, se diz doutrinariamente que para ter um negócio 
jurídico válido o agente precisa ter uma validação e legitimação. 
 
2) Especial legitimação: Circunstâncias especiais de natureza pessoal, 
que impedem ou restringem a autonomia negocial do agente. Não se 
está falando aqui de uma incapacidade genérica ao fato mas de 
algumas restrições que as vezes a própria lei impõe para a realização 
do negócio. 
 
Ex: A situação descrita pelo art. 496 do cc que diz: “É anulável a venda 
de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge 
do alienante expressamente houverem consentido.”, veja que nesse caso 
a lei permite o negócio porém precisa de expressa concordância dos 
demais filhos, ou seja a lei impõe restrição ao negócio jurídico. 
 
Outra situação interessante desse tipo de restrição, uma hipótese de 
nulidade é o art. 497 que diz: “Sob pena de nulidade, não podem ser 
comprados, ainda que em hasta pública”. 
 
Como último exemplo sobre essa ideia seriam as situações descrita no 
art. 1647 combinados com o 1649 : 
 
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges 
pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: 
 
Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando 
necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro 
cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a 
sociedade conjugal. 
 
Aqui estamos diante de uma anulabilidade do negócio caso não haja a 
autorização do cônjuge para a realização do negócio. 
 
 
 Objeto: Analisado dentro do plano da validade, para termos um negócio 
jurídico válido, o objeto precisa ser lícito, possível, determinado ou determinado. 
 
Licitude o objeto: O objeto precisa estar em conformidade com a lei. 
Impossibilidade do objeto: pode ser de duas categorias: 
Absoluta: Exemplo, quando o objeto envolve bem insuscetível 
de apropriação pelo homem. (Vende-se a lua), bens inalienáveis, 
ou ainda a herança de pessoa viva, que não pode ser objeto de 
contrato. Nesse caso o negócio jurídico é nulo pela 
impossibilidade do objeto. Conforme o art. 166,II do cc. 
 
Relativa: É uma impossibilidade, um obstáculo superável, 
contornável, um obstáculo que pode deixar de existir. A princípio 
não é caso de invalidade, conforme o art. 106 do cc. 
 
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa... 
 
Por exemplo, prometer à venda algo que ainda não se é dono. 
Ex. venda de um apartamento na planta. 
 
Indeterminação do objeto: 
Indeterminabilidade absoluta: O negócio jurídico é nulo. 
Conforme o art. 166, II do cc. Não se pode celebrar um negócio 
jurídico se não consigo determinar qual é o objeto. 
 
Indeterminabilidade relativa:a princípio em relação ao objeto, 
estamos diante de uma hipótese de validade do negócio jurídico, 
nesse caso estamos fazendo uma referência ao contratos 
aleatórios, são contratos que envolvem uma certa dúvida, uma 
incerteza, estão regulados no cc nos arts. 458 e subsequentes. 
Não se sabe o que uma das partes deve a outra no momento da 
celebração. 
 
Por exemplo, se você compra a produção de um pescador, não 
se sabe o quanto ele vai pescar. 
 
 
 Em relação ao objeto quando no plano da validade é preciso fazer uma distinção 
acessória a tudo que foi dito até agora. Podemos distinguir entre objeto imediato ou 
mediato. 
 
 Objeto Imediato: É o resultado jurídico pretendido. 
 Objeto Mediato: É o bem de vida sobre a o qual a vontade é aplicada. 
 
 Forma: Dentro do plano da validade, a forma requer forma prescrita ou não 
defesa em lei, prescrita no sentido genérico de prevista, não defesa é relativo a não 
proibido em lei. Com relação a forma, a análise que precisamos fazer é a seguinte: 
devemos considerar como regra geral a regra constante no art. 107 do cc. Que versa 
sobre liberdade de forma; 
 
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei 
expressamente a exigir. 
 
 
 
 
 
Entendido como exceção, a lei exige certa forma para determinado negócio 
jurídico. Estamos diante dos negócios jurídicos “ad solenitatem”, ou negócios jurídicos 
solenes ou formais, são formas exigidas em lei a forma prevista em lei é essencial 
ao ato, ou ainda como dizem certos artigos, é da substância daquele negócio jurídico, 
a não observância da forma é hipótese de nulidade do negócio jurídico. Art. 166, IV 
e V. 
Exemplos: 
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é 
essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, 
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis 
de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no 
País. 
 
Art. 1.864: Testamento, deve ser seguido o rito conforme a lei 
Art. 1.535: Casamento, a mesma coisa, o rito. 
Art. 1.653: Regime da casamento 
Art. 1.793: Direito a sucessão 
Art. 819: Fiança 
 
 Todos esses artigos devem seguir o rito. 
 
Parte da doutrina alude à negócios jurídicos “ad probationem”. A forma não seria 
essencial à celebração do negócio jurídico mas a lei restringe o modo de demonstrá-
lo se vier a ser objeto de litígio (demanda judicial). (isso não tem importância) 
Por exemplo o art. 227, cc que dizia que a prova exclusivamente testemunhal 
só serve para demonstrar obrigações que não sejam superior a 10 salários mínimos. 
Esse caput foi revogado. Conforme o art. 369, CPC: 
 
Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não 
especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na 
convicção do juiz. 
 
Esse artigo faz com que essa parte “ad probationem” não seja mais válida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observação quanto à forma envolvendo o art. 109, cc. 
 
Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do 
ato. 
 
Negócios jurídicos que se tornam formais não porque a lei exija, mas por 
convenção das partes, aqui estamos diante de uma referência específica a escritura 
pública. A segurança jurídica desse negócio é muito maior por se tratar de algo 
escriturado por um tabelião. As partes podem transforma qualquer negócio jurídico 
em formal, através da escritura pública, conforme vontade das partes. 
 
Exemplo: Compra de uma obra de arte, onde é feita uma escritura pública para 
validar o negócio e dar formalidade devido ao valor substancial envolvido. 
 
O plano da validade vem como que sintetizado do art. 104, cc. 
 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
 
Validade: Negócio jurídico é potencialmente hábil a gerar efeitos desejados pelas 
partes porque atende a todos os requisitos legais. 
 
10/08/2018 
Plano da Eficácia 
 
Se refere a cláusulas inseridas no negócio jurídico por interesse ou conveniência 
das partes, e que limitam os seus efeitos. 
 
Se refere a determinados elementos que derivam não da lei, mas da iniciativa 
das partes dos agentes, envolvidos no negócio, não são requisitos legais e esses 
elementos quando inseridos no negócio jurídico, são cláusulas limitadoras de efeitos. 
 
São fundamentalmente três elementos: condição, termo e encargo e estão 
regulados no CC nos arts. 121 a 137. 
 
 
 
 
Causa do negócio Jurídico 
 
 É entendido como a motivação que leva uma pessoa ou mais de uma pessoa a 
celebrarem um negócio jurídico. 
 
 Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
 
A causa ou motivação do negócio jurídico não interessa para o direito. 
 
Existem dois sistemas jurídicos envolvendo a causa, no direito europeu. 
 
Sistema causalista: França e Itália, atribui-se uma grande importância à causa, 
o motivo do negócio jurídico, a ponto de poder se afirmar que diante da afirmação 
da ilicitude do motivo, levar a anulação do negócio jurídico. Porém para nós no Brasil, 
não existe esse tipo de sistema, conforme descrito no art. 104. Este sistema padece 
de um excesso de subjetivismo. O risco que corremos quando entramos no mérito de 
causa é se perder em análises subjetivas. 
 
Sistema anti-causalista: Prevalece em países como Alemanha, Espanha e Brasil, 
em geral nos países da américa latina, a causa não está no artigo ou em seus incisos. 
Neste sistema faz-se a substituição da causa pelo objeto do negócio jurídico. Nesse 
caso a análise toda se torna muito mais objetiva. 
 
Em determinadas circunstâncias, nosso ordenamento jurídico não é totalmente 
irrelevante à causa. Existe, mesmo no direito brasileiro, uma importância residual da 
causa no sistema jurídico brasileiro. Exemplo: art. 166, III do cc. 
 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
 
No exemplo acima, vemos que é dito o motivo porém gera perplexidade na 
doutrina porque está em desacordo com o art. 104. A forma de entender isso é que 
esse inciso é uma deferência indireta a simulação. 
 
 
 
 
 
 
Outro exemplo é o art. 140. Que versa sobre erro de motivo, nesse caso a causa 
é levada em conta pelo ordenamento jurídico. 
 
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. 
 
Como último exemplo, o art. 884, cc. 
 
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente 
auferido, feita a atualização dos valores monetários. 
 
Todo aumento patrimonial que uma pessoa tem no curso de sua vida precisa 
ter uma justificativa plausível. 
 
 
Elementos do negócio jurídico 
 
Elementos do negócio jurídico: É um sistema alternativo de análise, que foi 
criado pela escola paulista de direito para uma forma alternativa aos planos jurídicos 
de Pontes de Miranda 
 
 Elementos essenciais: se subdividem em 
 Genéricos: O plano da validade (art. 104,cc) 
 Específico: Características de cada negócio. Quais as particularidades de 
cada negócio jurídico regulado por um contrato. 
 
 Elementos naturais: Resultadosjurídicos pretendidos, os efeitos que as partes 
pretendem alcançar com determinado negócio jurídico. O Objeto imediato 
 
 Elementos acidentais: O plano da eficácia, condição, termo, encargo. 
Elementos limitadores do negócio jurídico, conveniado por ambas as partes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Classificação do negócio jurídico 
 
 Classificamos todos os negócios jurídicos em diferentes categorias, obedecendo 
alguns critérios. A abordagem que a doutrina faz desse tema, nem sempre é idêntica, 
pode apresentar pequenas diferenças. A grosso modo a classificação é igual. 
 
 Observação: Cuidado que nessa classificação a ideia de parte não se confunde 
com a ideia de indivíduo. Parte é empregado aqui como polo da relação jurídica. Uma 
parte pode ser composta por vários indivíduos. 
 
 São ao todo oito critérios descritos a seguir: 
 
 I – Número de partes : 
Unilaterais: Apenas uma parte, uma única manifestação de vontade, em 
regra em negócios unilaterais, a manifestação de vontade é não 
receptícias. Exemplo: um testamento, o testador faz sozinho, não é 
contrato, é unilateral, os herdeiros não precisam assinar o testamento. 
Outro exemplo é a promessa de recompensa. A madame que perdeu o 
poodle. Revogação de mandato, ** Cuidado** mandato em termo de 
negócio jurídico e não de mandato político, é uma procuração. 
 
Bilaterais: Temos duas partes envolvidas no negócio jurídico, duas 
manifestações de vontade correspectivas (não iguais – Ex. Compra e 
venda) em relação ao objeto. Os contratos em geral, são negócios jurídicos 
bilaterais, por exemplo, um contrato de compra e venda, na compra e 
venda sempre há duas partes: a compradora e vendedora. 
 
Plurilaterais: Temos mais de duas partes envolvidas no negócio jurídico, 
mais de duas manifestações de vontade (não iguais – Ex. Consórcio, plano 
de saúde empresarial, sociedade) em relação ao objeto. 
 
 II – Vantagens Econômicas: 
Gratuitos: Vantagens ou os benefícios, econômicos, vão todas de uma 
parte para a outra (pode ser parte ou interessada). Como se fosse uma 
estrada de mão única, o fluxo dos veículos vai numa mesma direção. 
Exemplos: o testamento. É gratuito, não exige contraprestação. Os bens 
são doados, como presente. A doação, embora não pareça, é contrato, 
pois o donatário precisa aceitar a doação. O comodato, empréstimo 
gratuito de coisa não fungível. 
 
Onerosos: As Vantagens de uma parte para outra tem uma 
contrapartida, uma contraprestação. Utilizando um sentido figurado, é 
como se fosse uma pista de mão dupla. Existe um fluxo em cada sentido. 
Exemplos: compra e venda de uma propriedade, locação, contrato de 
trabalho. Nesses negócios há uma subdivisão: 
 
Comutativos: na formação do negócio jurídico, já se sabe com 
precisão qual é a prestação e a contraprestação. Exemplos: Compra 
e venda de um imóvel, já fica definido na celebração do negócio 
jurídico a prestação e contraprestação. 
 
Aleatórios: em parte o que uma das partes deve a outra é 
caracterizada pelo risco, pela incerteza. Exemplos: contratos 
aleatórios, como seguro. 
 
15/08/2018 
Classificação do negócio Jurídico 
 
III Quanto ao momento da produção de efeitos 
 
 Negócio jurídico inter-vivos – Os efeitos se produzem ou, pelo menos, 
começam a se produzir, em vida. 
 
 Negócio jurídico mortis causa – Testamento (por extensão, o codicilo), todos 
os efeitos se produzem depois da morte. 
 
Codicílo: escrito particular de última vontade, redigido, pelo qual alguém estabelece 
disposições sobre seu enterro, dá esmolas e lega móveis, roupas ou joias de seu uso 
particular e não muito valiosas, e nomeia ou substitui testamenteiro(s). 
 
IV Quanto à existência 
 
 Aqui distinguimos os negócios jurídicos em principais ou acessórios, esse 
critério guarda significativa relação ao art. 92, cc 
 
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, 
aquele cuja existência supõe a do principal. 
 
 Principais: Tem ou pode ter existência autônoma, independente, pode existir 
de forma isolada no mundo jurídico, individualizada, independente de qualquer outro. 
A compra e venda, assim como uma locação, um empréstimo, por exemplo, pode 
existir sozinho no mundo jurídico, não depende de outro, por isso é chamado de 
principal. 
 
 Acessórios: Não tem existência autônoma, não existem sozinhos, dependem da 
existência de outro negócio jurídico, de forma isolada, um negócio jurídico acessório 
não tem sentido nenhum. Por exemplo, as chamadas garantias. Uma fiança, é uma 
garantia prestada num contrato que envolva um pagamento qualquer, como um 
contrato de locação. A garantia prestada pelo fiador porque o locador exige é um 
acessório. Outro exemplo de garantia é a hipoteca, em que o imóvel é a garantia pelo 
pagamento da dívida. Hipoteca diz respeito a mutuo, bem fungível que é o dinheiro, 
financiamento. A hipoteca sempre vai existir como garantia de um negócio jurídico 
principal que é um financiamento. O art. 92 do cc fundamenta os negócios acessórios. 
 
V Quanto à forma 
 
 A diferença entre eles é com relação à forma ou a solenidade. 
 
 Negócios jurídicos solenes ou formais: exigida em lei como requisito de 
validade. Obedecer a forma exigida pela lei é essencial para o ato. Exemplo o art. 
108., o 1533 e seguintes (casamento), devem ser cumpridas as solenidades previstas 
em lei para a validade do ato. 
 
 
 Negócios jurídicos não solenes, informais ou ainda meramente consensuais, se 
definem como exclusão sempre que a lei não prever rito solene. 
 
VI Quanto ao modo de exercício dos direitos 
 
 Aqui estamos diante de um detalhe novo na classificação dos negócios jurídicos. 
 
 Negócios jurídicos de disposição, é sinônimo de alienação que para o direito 
significa transmissão do direito de propriedade. Exemplo: Compra | venda, doação, 
permuta. Aqui se considera também que por equiparação entram aqui, a constituição 
negócios jurídicos de direitos reais. (direito das coisas). Exemplo, o art. 1225 que os 
enumera. 
 
 Negócios jurídicos de mera administração, são os demais, os chamados de 
meramente obrigacionais, ou ainda constitutivos de direitos pessoais, se emprega 
essa terminologia para se contrapor aos especificados no art. 1225. Exemplo, a 
locação de um imóvel, pois não existe transmissão de direito de propriedade, apenas 
posse. Comodato, contrato de trabalho, são outros exemplos desse tipo de negócio, 
porque não há transmissão de propriedade. Focar na primeira categoria e tudo o que 
foge dela é de mera administração. (1691 cc, pais e filhos) 
 
VII Quanto ao conteúdo 
 
 São divididos em : 
 
 Patrimoniais, são todos aqueles que tem apenas efeitos econômicos tais 
negócios se esgotam nos seus efeitos econômicos, só tem como foco os efeitos 
econômicos que geram para as partes. 
 
 Extra patrimoniais, são negócios jurídicos que estão relacionados ao direito de 
família, tem alguns efeitos econômicos mas não somente efeitos econômicos, tem 
outros efeitos que dizem respeito à condições da pessoa, por exemplo o casamento 
ou a união estável a emancipação. O reconhecimento extra judicial de filho, por 
vontade do pai, não tem prazo de expiração para o reconhecimento, pode ser a 
qualquer tempo. Grande parte dos doutrinadores quando tratam de direito de família, 
dizem que reconhecimento de paternidade sequer seriam negócios jurídicos, seriam 
sim ato jurídico em sentido estrito. 
 
 VIII Quanto ao objetivo do negócio jurídico 
 
 Distinguimos os negócios jurídicos em diretos ou indiretos sendo: 
 
 Diretos: É o que ocorre em 98% dos negóciosna prática, envolvendo pessoas, 
quando tenho o uso de modelos jurídicos previstos em lei, para atingir os efeitos 
previstos, imaginados pelo legislador. (Objeto imediato do negócio), por exemplo, 
compra e venda de um imóvel, o objeto imediato do negócio é a transmissão do 
direito de propriedade. 
 
 Indiretos: É fazer-se uso impróprio de modelos jurídicos, previstos em lei, para 
atingir outros efeitos jurídicos que não aqueles imaginados pelo legislador. Exemplo, 
uma procuração fazendo as vezes de compra e venda. Às vezes é ilícito, às vezes é 
lícito, só se usa uma figura negocial por outra porque o momento lhe convém, mas 
não lesa ou prejudica ninguém. 
 
 
 
 
 
 
 Observação final ou seria o critério IX, a distinção entre: 
 
Negócios jurídicos causais Negócios jurídicos abstratos 
A obrigação de pagamento se dá por 
convenção entre as partes. 
A obrigação de pagamento se torna 
abstrata porque por exemplo, a 
obrigação de pagamento está 
representada por um cheque. E este 
pode ser usado como moeda pois ele 
pode circular, sendo transmitido de uma 
pessoa para outra. 
 
 A rigor todo negócio jurídico é causal, porém a obrigação de pagamento se 
tornou autônoma, ou seja, não obrigatória. 
 
 
22/08/2018 
Representação 
 
Auto-contrato ou contrato consigo mesmo, é regulado pelo art. 117 e em regra 
o contrato que o representante através do uso da representação celebra com ele 
mesmo é anulável, a visão da lei sobre esse tipo de negócio é restritiva, porque existe 
nesse caso, um conflito de interesses. Ex. se recebo uma procuração para vender uma 
casa mas decido comprar a casa, o negócio pode ser anulado, pois a procuração me dá 
o poder de defender os interesses do procurado e não os meus. 
 
Excepcionalmente, o auto-contrato pode valer, se existir previsão específica na 
procuração nesse sentido. Nesse caso é o chamado mandato em causa própria, 
especificado no art. 685. 
 
Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse 
ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo. 
 
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem 
os poderes houverem sido subestabelecidos. 
 
O parágrafo único do 117, diz respeito ao substabelecimento, que é passar o 
poder de representação para outra pessoa. Com reserva de poderes, significa dizer 
que o procurador original continua com o poder de representação, ou seja, o poder 
continua com o original e também é passado ao procurador substabelecido. 
 
 Se você estabelece sem reserva de poder, o procurador original deixa de ter o 
poder de representação, o outorgante passa a ser somente o substabelecido. 
 Extinção da representação: 
 
 Representação legal: os pais e os filhos, tutor e curador, gestor de uma 
pessoa jurídica e assim por diante. A extinção pode ser automática, por força de lei 
(ope legis), como por exemplo a maioridade do filho, quando atinge a maioridade o 
pátrio poder deixa de existir, pois só tem sentido quando subsiste a menor idade. 
 Pode também ser por meio de decisão judicial, como por exemplo o 
afastamento de um tutor, o levantamento de uma interdição, a decisão judicial que 
implica no afastamento do gestor de uma empresa. 
 
 Representação voluntária: é a que decorre de um ato de vontade, como 
por exemplo um mandato (procuração), a doutrina em geral quando fala da extinção 
da representação voluntária, utiliza como parâmetro de análise o art. 682. 
 
Art. 682. Cessa o mandato: 
 
I - pela revogação ou pela renúncia; 
II - pela morte ou interdição de uma das partes; 
III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o mandatário para os exercer; 
IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio. 
 
 Também pode ser extinto pela invalidade do negócio jurídico constituído do 
poder de representação (mandato). 
 
Plano da eficácia 
ou elementos acidentais do negócio jurídico 
 
 No código civil a matéria vem tratada nos artigos 121 a 137, conceitualmente, 
são clausulas derivadas da iniciativa das partes, ditadas portanto, por conveniência 
das partes, não são requisitos legais, que limitam os efeitos do negócio jurídico que 
celebram. Se admitem na generalidade dos negócios jurídicos, excepcionalmente 
esses elementos não podem estar presentes. 
 
 Não são admitidos nos atos típicos do direito de família, por exemplo colocar 
tempo de validade no casamento. As vezes a lei expressamente proíbe, mesmo em 
negócios jurídicos de conteúdo patrimonial, como por exemplo, aceitação ou 
renúncia de herança. – Art. 1808. 
 
Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo. 
 
 
 
 Termo, arts. 131 a 135, conceitualmente, termo é evento futuro e certo, quanto 
à ocorrência e que limita os efeitos do negócio jurídico. 
 
Termo inicial (termo a quo) marca o início dos efeitos do negócio jurídico 
e no outro extremo do ciclo de vida do negócio jurídico temos o termo final. 
 
Termo final (ad quem), que marca o final dos efeitos do negócio jurídico. 
 
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. 
 
Negócios jurídicos com termo inicial diferido são exemplos de negócios 
jurídicos que constituem direitos atuais. Exemplo, se a celebração de um 
negócio se dá em uma data mas seus efeitos jurídicos são especificados para 
começarem a existir a partir de uma outra data futura, temos um termo inicial 
diferido. Exemplo, comprar o apartamento na planta, o negócio é valido e existe, 
mas seus efeitos só começam a partir do apartamento pronto. 
 
Negócio jurídico sem termo inicial diferido, neste caso, o início dos efeitos 
coincide com a celebração. Veja o art. 134. 
 
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exeqüíveis desde logo, salvo se a execução 
tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo. 
 
Execução em lugar diverso ou dependente do tempo, a lei define que se 
não há termo inicial diferido, compra-se os efeitos desde logo, mas isso vai 
depender da natureza da obrigação assumida por uma das partes. 
No universo das obrigações vamos encontrar o mesmo princípio, por 
exemplo o art. 331. 
 
Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode 
o credor exigi-lo imediatamente. 
 
Pagamento parcelado, termo inicial diferido e sucessivos. O pagamento 
deve ser sempre a vista, porém pode ser convencionado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tipos de termos: 131 e 134 
 
 Termo certo: Existe certeza da ocorrência e do momento, são os prazos 
em geral. 
 
 Termo incerto: A certeza da ocorrência mas não do momento, o incerto 
é quanto ao momento em que ocorrerá. Exemplo, término do semestre letivo. 
 
O art. 132 alude ao modo como se contam os prazos, existem apenas 
regras gerais sobre o modo como se contam os prazos. A questão tem 
relevância maior no CPC nos arts. 218 e 235, no caput do 132, existe uma espécie 
de regra geral que vale para o direito inteiro. Tanto para casos negociais, quanto 
para casos processuais. 
 
Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia 
do começo, e incluído o do vencimento. 
 
§ 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil. 
§ 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. 
§ 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar 
exata correspondência.(Não se deve fazer a conversão do critério usado em outro) 
§ 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto. (Ressalva à lógica ou ao princípio 
estipulado no caput) 
 
No caput, exclui-se o dia do começo (assinatura) e inclui-se o dia final, isso 
caso não haja um termo inicial determinado. 
 
Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos, em proveito do 
devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a 
benefício do credor, ou de ambos os contratantes. 
 
Este artigo (133) contém uma regra de interpretação. A princípio, os 
prazos favorecem o devedor, o cumprimento da obrigação não pode ser 
cobrado antes do prazo estipulado. 
Ressalva final, pode ser que em determinadas circunstâncias, o prazo 
estipulado favoreça o credor ou ambas as partes. Mas isso é excepcional. 
Quando você precisa pagar algo antecipado e aguardar a contrapartida, o prazo 
favorece ao credor. 
Termo incerto, neste caso, o vencimento pode favorecer ambas as partes, 
veja por exemplo um contrato de empreitada onde se estipula o prazo para 
pagamento atrelado aos estágios da obra. 
 
 
 
Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à condição 
suspensiva e resolutiva. 
 
O 135, aplicação subsidiária ao termo das regras relativas à condição. 
22:40 
 
Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito 
em mora o devedor. (Vide Lei nº 13.105, de 2015) 
 
Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou 
extrajudicial. 
 
 
Direito das obrigações, existe um conceito que é a caracterização da mora, 
encontrado no art. 397. Conforme o caput do artigo, caso não seja pago até o 
fim do prazo do vencimento, fica caracterizado o inadimplemento do devedor, 
e o inadimplemento do devedor, faz com que se caracterize automaticamente 
a mora, por isso, na cobrança após o vencimento é cobrado o valor principal, a 
multa e juros moratórios que são cobrados por conta da demora do 
pagamento. A caracterização de mora é automática, quando há um prazo 
determinado para pagamento. Direito romano “Dies interpelat pro homine”. 
No parágrafo único, explica sobre quando há dúvida em relação ao 
vencimento, neste caso a constituição do devedor em mora, depende de prévia 
interpelação judicial ou extra judicial. (notificação ao devedor) 
 
 
24/08/2018 
Plano da eficácia continuação 
 
Condição 
 
Vem regulada nos arts; 121 a 130, é um evento incerto que pode ocorrer ou não 
e desse acontecimento é que as partes fazem 35:17 
 
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, 
subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. 
 
O texto do artigo, alude à partes, o que nos leva a pensar que condições só 
podem existir em negócios jurídicos com mais de uma parte, mas podem existir 
também em negócios jurídicos unilaterais. Por exemplo no testamento, que é um 
negócio jurídico unilateral que permite condição. 
 
Quanto ao termo incerto, se os efeitos do negócio sejam subordinados a este 
termo, mas seja estabelecido um prazo, deixa de ser termo incerto e vira condição. 
 
A palavra condição pode ser empregada no sentido técnico e preciso de 
elemento acidental do negócio jurídico, porém isso se fundamentalmente diferente 
do sentido lato, genérico que a palavra condição assume, mesmo em textos jurídicos. 
Por exemplo, “A condição de incapaz, impediu a realização do negócio”. Ou ainda “a 
escritura pública é condição de validade do negócio”. 
 
Tipos de condição: 
 
Condição suspensiva: Essa condição está definida no art. 125: 
 
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, 
não se terá adquirido o direito, a que ele visa. 
 
Explicação: Só produz efeitos a partir da condição. Temos num primeiro 
momento a celebração de um negócio jurídico e nesse negócio, porque se convém a 
uma ou ambas as partes, previu-se uma condição suspensiva. Temos então em um 
momento futuro um advento da condição suspensiva prevista na celebração do 
negócio. Atente para o texto do art. 125, “Enquanto a condição suspensiva não se 
verificar...” isso quer dizer que seus efeitos suspensivos só se dão no momento da 
ocorrência da condição suspensiva. O negócio jurídico com condição suspensiva, 
constitui para o titular um direito futuro. 
 
Imagine um contrato cujo conteúdo envolve o empréstimo gratuito de um 
apartamento em Curitiba, (comodato) se o comodatário passar no vestibular. Se o 
sobrinho passa no vestibular ele passa a ter direito ao empréstimo. 
 
Condição resolutiva: vem mencionada no art. 127: 
 
Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, 
podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido. 
 
Explicação: Num negócio jurídico, no momento da celebração, existe uma 
condição resolutiva que em um segundo momento pode haver o advento da condição 
resolutiva, na redação do artigo, diz que se a condição é resolutiva, desde a celebração 
o negócio jurídico produz efeitos. Na ocorrência da condição, os efeitos do negócio 
cessam e o negócio jurídico se resolve. 
 
Exemplo: o comodato do apartamento em Curitiba, até que o comodatário se 
forme no curso de direito. 
 
Outro exemplo, aquisição de veículo financiado, o negócio só é celebrado 
mediante a alienação fiduciária em garantia. 
 
Condições inválidas, nem sempre as cláusulas limitadoras do negócio terão 
validade. Sobre isso versam os arts. 122, 123 e 124. 
 
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; 
entre as condições defesas (proibidas) se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao 
puro arbítrio de uma das partes. 
 
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados: 
 
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; 
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; 
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias. 
 
Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa 
impossível. 
 
 Art. 123, **cuidado, inciso I, uma condição impossível é toda aquela que não 
vai ocorrer, essa condição impossível pode ser fisicamente impossível, como por 
exemplo uma criança ter um filho, ela não reúne condições biológica de ter um filho, 
um homem gestar um filho, é impossível, estar em dois lugares ao mesmo tempo. Já 
uma impossibilidade jurídica, condição juridicamente impossível: por exemplo o 
casamento entre irmãos, sujeitar os efeitos de um negócio a que uma das partes 
compre um bem público inalienável. 
 
 Se a condição for resolutiva, deve-se aplicar o que diz o 124, na sua primeira 
parte, diz têm-se por inexistentes as condições impossíveis quando resolutivas, se a 
condição resolutiva é impossível ela nunca ocorrerá, o negócio jurídico subsiste como 
puro e simples, sem elemento acidental. 
 
29/08/2018 
Plano da Eficácia – Continuação 
 
Incisos II e III do 123, o código civil não distingue nesses incisos do artigo se a 
condição é resolutiva ou suspensiva, se for ilícita, incompreensiva ou contraditória, o 
negócio jurídico é inválido. 
 Condição contraditória é a que retira do negócio jurídico as suas características 
essenciais, retira os efeitos que o negócio jurídico tipicamente deveria ter. Por 
exemplo, o contratode comodato é marcado pela gratuidade, conceitualmente é um 
empréstimo gratuito, não pode ser cobrado nada, impor a título de condição 
suspensiva ao comodatário uma série de ônus financeiros como condição para o 
comodato surtir efeito, é contraditório, nesse caso está se subvertendo o sentido do 
comodato. Neste caso, por ser contraditório, torna o negócio jurídico inválido. 
 
Art. 122, na primeira parte do caput, existe uma vedação às condições ilícitas, 
na segunda parte trata da vedação às condições ilícitas por equiparação (referência à 
ordem pública e aos bons costumes), faz uma referência de alguma forma, a ofensa 
aos direitos da personalidade. Na terceira parte do artigo, (entre as condições 
devesa...) trata de vedação das condições que privam o negócio jurídico dos seus 
efeitos típicos, uma referência a uma condição contraditória. Por fim, (se incluem as que 
privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.) vedação às 
condições que sujeitam os efeitos do negócio jurídico ao puro arbítrio das partes. 
 
Classificação complementar, feita só para explicar o último trecho do art. 122 
 
As condições se subdividem em causais, e potestativas. Condições causais, 
aludem a fatos da natureza ou a fatos de terceiros estranhos ao negócio jurídico. Já 
as condições potestativas, são aquelas que dependem da vontade de uma das partes. 
No universo das condições potestativas, temos ainda uma divisão entre 
simplesmente potestativas e puramente potestativas, a primeira é a que depende 
da vontade do interessado, como por exemplo, condição de passar no vestibular para 
ter um apartamento emprestado. A segunda não vale para validar o negócio por ser 
arbitrário. Exemplo: Empréstimo do apartamento até “quando eu quiser”, puro arbítrio 
de uma das partes. 
 
Efeitos retroativos da condição 
 
 Condição suspensiva, evento futuro e incerto, supondo que ocorra o advento 
da condição suspensiva em momento posterior à assinatura do contrato, este marca 
o início da produção de efeitos do negócio jurídico. Quando a condição suspensiva 
acontece, a princípio não poderia ter efeito retroativo. Com relação à condição 
suspensiva, a regra geral é a irretroatividade. A condição suspensiva marca o início 
dos efeitos do negócio jurídico. Essa regra geral, tem no capítulo das condições, uma 
exceção. A existência de uma condição suspensiva com efeitos retroativos. Essa 
exceção, vamos encontrar no art. 126. 
 
Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquela 
novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis. 
 
 Explicação do art. 126: 
 
 
 
Celebração do 
Comodato Ap. 
Em Curitiba 
Condição de suspensão 
Comodatário passar no 
vestibular 
Locação 
Do AP 
A terceiro 
 Se o comodatário passa no vestibular, prevalece o comodato e não a locação. 
Nesse caso o inquilino deve desocupar o apartamento. 
 
 O advento de uma condição suspensiva, tem efeito retroativo nesse caso. 
 
 
 Condição resolutiva, temos simplesmente duas possibilidades: 
 
 
 
 
Condição resolutiva com efeitos retroativos, previsto no art. 128 
 
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se 
opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em 
contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição 
pendente e conforme aos ditames de boa-fé. 
 
Condição resolutiva sem efeitos retroativos, essa irretroatividade vem 
destacada no 128 na sua segunda parte, exemplo: um contrato de locação que 
se resolve com o retorno do filho do locador do exterior. A condição de retorno 
do filho é portanto a condição de resolução da locação. O inquilino tem que sair 
do apartamento. Nesse caso, o locador não lhe deve nada porque os aluguéis 
foram pagos pelo uso do apartamento. O advento da condição resolutiva nos 
negócios de condição continuada ou periódicas, não causam efeitos retroativos 
à condição. 
 
Implemento ou não implemento malicioso da condição 
 
 A questão vem retratada unicamente no art. 129, malícia, quando tratada no 
artigo, na lei, representa algo de má fé, premeditado. 
 
Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente 
obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente 
levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento. 
 
 Explicação do 129: A primeira parte diz respeito a uma condição resolutiva 
Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte 
a quem desfavorecer, por exemplo: empréstimo do apartamento do tio pelo sobrinho. O 
sobrinho já passou no vestibular e a condição resolutiva do contrato é a conclusão do 
curso de direito. O sobrinho, comodatário, protela, maliciosamente a conclusão do 
curso, neste caso, o comodatário está impedindo a extinção do contrato de comodato, 
pois o comodatário está maliciosamente protelando o contrato. 
Celebra o N.J. Advento da 
Condição resolutiva 
Efeitos do negócio jurídico 
 A segunda parte do artigo, diz respeito a uma condição suspensiva, considerando-
se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu 
implemento. Usando o mesmo exemplo anterior, a condição suspensiva seria o sobrinho 
passar no vestibular. O sobrinho não passa no vestibular e falsifica uma declaração de 
matrícula para poder entrar no apartamento. Na condição suspensiva, os efeitos 
começam a partir do acontecimento desta. Nesse caso o comodatário, forçou o 
cumprimento do contrato por meio fraudulento. 
 
Observação final quanto à condição 
 
 O art. 130, em termos bem sintéticos fala da possibilidade, uma especial 
legitimação do titular de um direito futuro, praticar atos em defesa (ou de 
conservação do direito) 
 
Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os 
atos destinados a conservá-lo. 
 
 Condição suspensiva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Condição resolutiva 
 
 
 
 
 
 Ver explicação 1:14 – Alienação fiduciária 
 
 
 
 
 
 
 
Comodato 
AP 
Cond. Susp. 
Passar no vestibular 
O comodatário já tem legitimidade 
para praticar atos de defesa /conservação 
Comodato 
AP 
Cond. Resolutiva. 
Se formar 
Efeitos 
31/08/2018 
3o. Elemento acidental – Ancargo (modo) 
 
Encargo 
 
 Está expressamente mencionado nos artigos 136 e 137, é um elemento 
acidental típico de doações e testamentos, ou seja, negócios jurídicos gratuitos. Em 
geral é mais fácil visualizar em doações e testamentos. Nele temos o autor da 
liberalidade, no caso de uma doação, o doador; ele impõe ao beneficiário uma 
obrigação a ser cumprida, caso o beneficiário aceite o benefício. Beneficiário, no caso 
da doação é o donatário, num testamento seria um herdeiro. 
 Esta obrigação imposta ao beneficiário, não se confunde com preço. Porque 
senão a doação seria transformada em uma compra e venda. 
 
Lembre-se: nos negócios jurídicos onerosos existe uma 
prestação e uma contraprestação, ou seja, o aluguel de uma 
casa, o proprietário cede a casa mediante pagamento do 
aluguel. 
 
 Não se confunde com preço por três razões: 
 
1) A pendencia do encargo não impede a aquisição do direito. A aquisição do 
direito se dá quando o beneficiárioaceita o bem. 
 
2) Não há relação econômica necessária entre o valor do bem, objeto da 
liberalidade e a expressão econômica do encargo. Por exemplo, o donatário 
faz uma análise de custo benefício sobre a questão da aceitação do bem. 
 
3) O cumprimento do encargo não se dirige, em regra, ao autor da liberalidade. 
Ou seja, o encargo não é em benefício do doador mas sim de terceiro. 
 
Crítica ao art. 562. Este artigo, ao se referir aos encargos em doações, a opção 
do legislador quando chamou as doações com encargo de doações onerosas, 
isso induz a erro, pois nos leva a pensar que há contraprestação em favor do 
doador, e isso é compra e venda por exemplo. O cumprimento da obrigação 
não é o mesmo de uma compra e venda. A expressão doação onerosa é 
equivocada e induz a este raciocínio. 
 
 
 
 Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto 
no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. 
 
 A primeira parte do 136 (O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito): uma 
doação com encargo, constitui para o donatário um direito atual e não futuro. O artigo 
destaca a distinção com condição suspensiva (salvo quando expressamente imposto no negócio 
jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva), é diferente dizer, encargo: “A doação da casa 
da rua X, com encargo da manutenção da crehche”. Condição suspensiva: “A 
doação da casa da rua X, se o donatário manter a creche.” Como sã parecidos, a 
doutrina entende que na dúvida, por conta das expressões empregadas, opta-se 
pelo encargo. É assim porque o encargo é mais favorável ao beneficiário da 
liberalidade. 
 
 Outro detalhe do desdobramento do texto do art.136, encargo é tecnicamente 
obrigação, e por ser obrigação tem caráter coercitivo, o que significa dizer que o 
cumprimento pode ser exigido. Isso é mais uma distinção da condição, pois essa é 
evento futuro e incerto, enquanto o encargo, pode ser exigido, inclusive judicialmente, 
que seja cumprido. Outro detalhe que decorre dessa caracterização do encargo como 
obrigação é que a morte do beneficiário antes de cumprir o encargo, se transmita aos 
herdeiros. Justamente porque se trata de uma obrigação. Na condição isso não ocorre, 
pois a morte de uma das partes extingue o negócio. A exceção é: salvo encargos 
personalíssimo. Se o encargo tem caráter personalíssimo aí tem a hipótese de 
caducidade. 
 
Tipos de obrigações: 
 
 Obrigação de dar (pagar) 
 
 Obrigação de fazer 
 
 Obrigação de não fazer (abstenção) 
 
 Quando colocadas no campo dos encargos, de pagar: a doação de uma casa, o 
encargo fazer doação em dinheiro a uma instituição de caridade, este encargo envolve 
uma obrigação de pagamento. De fazer: a doação da casa com a manutenção da 
creche, de não fazer: doação da casa com a obrigação de não demoli-la. 
 
 
 
 
 
 Em relação ao caráter coercitivo, para exigir-se o cumprimento de um encargo, 
se revela de duas formas: em primeiro lugar, exigir, até judicialmente, o cumprimento 
do encargo – art. 553. 
 
Art. 553. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a benefício do doador, de 
terceiro, ou do interesse geral. 
 
Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministério Público poderá exigir sua execução, depois 
da morte do doador, se este não tiver feito. 
 
 Exige-se a obrigação por meio de ação de cobrança ou de ação cominatória, 
CPC, arts. 497 a 501. Essas ações são onde o juiz manda o réu fazer ou deixar de fazer 
algo, sob pena de multa diária. A legitimidade subsidiária do ministério público para 
exigir o cumprimento do encargo, quando esse é de interesse geral (público). 
 
 A segunda forma de exigir o cumprimento é a revogação da liberalidade, art. 
562 
 
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário incorrer em mora. 
Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo 
razoável para que cumpra a obrigação assumida. 
 
 Aqui estamos diante da ação revocatória da anulação por descumprimento do 
encargo. E esse é o nome que se dá a demanda. Um detalhe interessante: existe, hoje 
no Brasil, uma divergência doutrinária sobre quem poderia propor a demanda: 
 
 Entendimento tradicional, os autores olhando pro texto do art. 560, a ação é 
privativa do doador. De modo que é ele em vida que tem que no mínimo ajuizar a 
ação, se o doador morre sem ter ajuizado a ação, os herdeiros não podem fazê-lo. Se 
falece sem revogar, aos herdeiros resta exigir judicialmente o cumprimento do 
encargo. 
 
 Entendimento moderno, O art. 560, trata só da ingratidão e isso é privativo do 
doador. No caso de encargo a ação revocatória pode ser proposta pelos herdeiros. 
 
 Outro detalhe que chama atenção no 562, o legislador focalizou a questão da 
mora. A questão do prazo para o pagamento, conforme disposto no art. 397, aqui 
temos que ver como o negócio foi celebrado. A doação é regulada nesse caso de 
acordo com o 397. Que trata da mora. Caso especificado em contrato o tempo de 
execução do encargo, caso o beneficiário exceda o prazo, estará em mora, caso não 
especificado, deve ser notificado para depois disso ser caracterizada a mora. 
 
 
Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da 
liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico. 
 
 Observações finais: Art. 137: a primeira parte (Considera-se não escrito o encargo ilícito ou 
impossível), a segunda parte do artigo é de difícil aplicação porque o encargo ilícito ou 
impossível como razão determinante da liberalidade, pelo código, o negócio jurídico 
não vale. Aplicação na prática, por exemplo: “Só te dou de presente a casa da rua X, 
pra você montar na casa uma boca de fumo”, o problema é conseguir provar a 
ilicitude de um encargo foi determinante porque ninguém vai deixar isso escrito. 
Ver 1:00:00 
 
 
Vícios de vontade ou do consentimento 
 
 Os vícios de vontade vem regulados no cc nos artigos 138 a 157 e são esses 
dispositivos que vamos analisar. Plano da validadevontadelivre, consciente e de 
boa fé. Quando falta vontade ou consciência, caracterizam-se os vícios de vontade, 
quando falta boa-fé, caracterizam-se os vícios sociais. 
 Analisamos aqui então, os negócios jurídicos onde há uma má formação da 
vontade negocial, uma vontade defeituosa. 
 
 São eles: o erro, o dolo, a coação, o estado de perigo e a lesão. 
 
 Erro ou ignorância esse defeito da vontade está regulado nos arts. 138 a 144, 
existe uma distinção entre erro e ignorância, mas na prática não há porque a lei regula 
igualmente os dois. Erro é uma falsa percepção da realidade, dito em outras palavras, 
a pessoa se equivoca sobre as circunstâncias do negócio jurídico que celebra. A 
ignorância é o desconhecimento da realidade. 
 
Como o erro ou a ignorância pode ser fundamento para invalidar um negócio 
jurídico? A redação do art. 138: 
 
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial 
que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. 
 
A partir desse artigo, a doutrina alude a dois elementos hábeis para anular o 
negócio: O primeiro é o erro substancial, o equívoco cometido pela parte foi a razão 
determinante da realização do negócio. O equívoco não pode ser apenas sobre 
detalhes do negócio, aspectos secundários deste. O segundo elemento é que o erro 
deveria ser escusável (desculpável), uma pessoa, dentro de um padrãomédio de 
comportamento em nossa sociedade, poderia ser levada a cometer o equívoco. Não 
se pretende proteger a negligência grosseira de ninguém, o descaso, a temeridade, 
no trato dos próprios interesses. Isso seria uma forma enviesadas de permitir que uma 
pessoa invalide um negócio com base em arrependimento. Erro escusado quer dizer 
exatamente isso. 
“...um erro que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal...” , essa 
parte do 138, a palavra percebido pode ser substituída por cometido. 
 
Divergência doutrinária sobre o assunto: 
No entendimento tradicional, erro, como fundamento de anulação de um 
negócio, precisa ser substancial e escusável. 
 
No entendimento moderno, o erro para caracterização do vício de vontade, não 
precisa mais ser escusado. Isso com base no argumento da boa-fé objetiva de ambas 
as partes, o juiz deve analisar a boa-fé de ambas as partes do negócio. Ver final da 
aula. 
 
05/09/2018 
Vícios de vontade – Continuação... 
 
Erro – 138 a 144 
 
 Conceitos – Precisa ser substancial, escusável, é uma falsa percepção da 
realidade, a doutrina não é unanime quanto ao escusável. 
 
Classificação do erro – art. 139 
 
Art. 139. O erro é substancial quando: 
 
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das 
qualidades a ele essenciais; 
 
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração 
de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; 
 
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou 
principal do negócio jurídico. 
 
 
 Inciso I Classifica o erro em três grupos 
 
 Natureza - Erro in negotio 
 Objeto - Erro in corpore 
 Qualidade - Error in substitautia 
 
 
 Natureza, confusão entre conceitos jurídicos, como por exemplo confundir 
comodato e locação. Outro exemplo é a diferença entre a locação e o leasing, que 
nada mais é uma locação com opção de compra no final. 
 
 Objeto, aqui trata-se de marcas de veículos, raças de animais, por exemplo, 
comprar um veículo com certas características e adquirir outro por engano. Quando 
se faz confusão quanto ao objeto que está adquirindo. 
 
 Qualidade, a confusão entre materiais por exemplo, que se confundem e são 
fundamentalmente distintos entre si, sobretudo no valor. Ouro e cobre, plástico e 
vidro, etc... 
 
 O inciso II se refere ao erro quanto à pessoa, a pessoalidade é essencial ao 
negócio, não referente apenas a uma má escolha. Equivoco quanto a pessoa em que 
a sua manifestação de vontade se dirige, por exemplo confundir duas empresas por 
conta da logomarca. 
 Aplicação no direito de família, a curiosa possibilidade de se anular um 
casamento por erro essencial quanto a pessoa do cônjuge. (1556 e 1557). 
 
 Esses dois primeiros incisos do 139 estamos diante dos erros de fato, pois dizem 
respeito à qualidade, pessoa, objeto e outras características do negócio jurídico. 
 
 Inciso III do 139 se refere ao erro de direito, é um conceito jurídico que a décadas 
chamou atenção do direito europeu, mas no Brasil não havia uma figura relativa. 
 O código de 2002 inovou nessa parte especificamente no 139 onde o negócio 
jurídico pode ser anulado por esse tipo de erro, é uma novidade mas como uma 
previsão legislativa o conceito em si é conhecido há mais de 1 século. 
 Temos que fazer uma comparação cuidadosa com o art. 3º da LINDB, que dizem 
coisas incompatíveis entre si. 
 Erro de direito, fundamentalmente, a alegação de querer anular o negócio 
jurídico por uma má compreensão da lei. O art. 3º da LINDB diz que “ninguém se 
escusa de cumprir a lei alegando desconhecimento”, o argumento do III pode ser 
plausível por conta da complexidade do ordenamento jurídico atual. Um exemplo: um 
empresário de comércio exterior, adquire um produto e celebra um negócio de aquisição 
de uma grande quantidade de produto. Após a celebração do negócio ele se apercebe 
que uma das portarias publicadas no D.O. proíbe a comercialização do produto no 
mercado interno. Se a revenda não é mais possível o negócio jurídico pode ser anulado 
por má compreensão da lei. Tem fundamentalmente a ver com algo que era proibido 
e agora é permitido e vice-versa. 
 
 Observação, o erro de direito, como no inciso III é muito parecido com a mesma 
situação prevista no inciso I. É um pouco diferente, no I faz confusão entre conceitos 
jurídicos, no III é sobre má compreensão da lei, sobre o que era permitido e agora é 
permitido e vice-versa. 
 
 A respeito do erro: 
 
 1 – Erro quanto ao motivo: Essa situação está prevista no 140, no nosso 
ordenamento jurídico, como regra geral, a questão do motivo ou da causa do negócio 
jurídico é irrelevante, o nosso direito focaliza a causa do negócio e não a razão. 
Excepcionalmente, a questão do motivo ou causa, pode ter significação e o 140 é bem 
uma ilustração dessa excepcionalidade. 
 
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão 
determinante. 
 
 O erro cometido por uma pessoa quanto à motivação, só pode anular o negócio 
diante da presença de dois requisitos: 
 
 1º O motivo ser a razão determinante do negócio 
 2º Estar expresso ex. art. 540. 
 
Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde o 
caráter de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no 
excedente ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto. 
 
 1 – Erro na transmissão interposta de vontade art. 141: Se refere à contratos 
celebrados à distância por exemplo pela internet, ou ainda a contratos celebrados por 
meio de núncio (mensageiro de vontade alheia). É uma confusão comum de se fazer 
e que tem que se tomar cuidado, o 141 nada tem a ver com representação. 
 
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos 
mesmos casos em que o é a declaração direta. 
 
 3 – Princípio da conservação: é rigorosamente o mesmo para qualquer vício 
de vontade, não existe nenhum interesse especial nem na lei nem no operador do 
direito em ir invalidando as manifestações de vontade, a invalidade é sempre algo 
nefasto porque interfere na vida das pessoas. Sempre que existir por algum modo a 
possibilidade de emendar um negócio jurídico para atender ao resultado que as 
partes queriam celebrar deve-se fazê-lo. O princípio da conservação inspira os arts. 
142, 143 e 144. 
 
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de 
vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se 
puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. Erro quanto à pessoa 
 
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade. Erro 
de cálculo 
 
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem 
a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da 
vontade real do manifestante. Convalescimento do negócio jurídico 
 
 Convalecimento do negócio jurídico: A pessoa a quem a manifestação 
de vontade se dirige, o destinatário da manifestação de vontade ou declaratário, 
concorda em retificar o negócio jurídico, corrigindo o equívoco. Nesses casos não 
preciso invalidade o negócio por aplicação do princípio da conservação. 
 
 4 – Distinção entre erro e vício redibitório (art. 441) 
 
Erro Vício redibitório 
Vicio de vontade, má formação da 
vontade no momento da celebração do 
negócio jurídico. Exemplo: Comprar o 
carro errado em termos de potência ou 
de acessórios. A vontade foi manifestada

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