Buscar

TRABALHO DE PENAL

Prévia do material em texto

INSTITUTO UNIFICADO DE ENSINO 			 SUPERIOR OBJETIVO- IUESO DIREITO
DO LIVRAMENTO DA CONDICIONAL DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
Jordanna Dias Carvalhaes. 
Rityelle Cristina de Sousa. 
Isadora Gabriela Silva Santana. 
Marília Silva Braga. 
Fabiana Dias Pinheiro
GOIÂNIA
2018
INSTITUTO UNIFICADO
DE ENSINO SUPERIOR OBJETIVO- IUESO
DIREITO
DO LIVRAMENTO DA CONDICIONAL DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
Trabalho de conclusão decurso, apresentado á banca examinadora Instituto Unificado de Ensino Superior Objetivo- IUESO para obtenção do grau de bacharel Direito, sob a orientação da professora MS. Elza Soares.
 GOIÂNIA
 2018
Evolução Histórica
O livramento condicional originou-se na França (1846), onde recebeu a denominação “liberação preparatória”. No Brasil, a primeira manifestação ocorreu no Código Penal Republicano (1890). A partir de então, manteve-se na legislação penal brasileira como derradeira etapa do processo escalonado de reforma do criminoso. Segundo Roberto Lyra, o livramento condicional seria a última etapa do sistema penitenciário progressivo.
Conceito
Trata-se de instituto de política criminal destinado a permitir a redução do tempo de prisão com a concessão antecipada e provisória da liberdade ao condenado, quando é cumprida pena privativa de liberdade, mediante o preenchimento de determinados requisitos e a aceitação de certas condições.
A liberdade é antecipada, condicional e precária.
ANTECIPADA: o condenado retorna ao convívio social antes do integral cumprimento da pena privativa de liberdade;
CONDICIONAL: durante o período restante (período de prova) o egresso submete-se ao atendimento de determinadas condições fixadas na decisão que lhe concede o benefício;
PRECÁRIA: pode ser revogada se sobrevier uma ou mais condições previstas nos arts. 86 e 87 do CP.
Natureza Jurídica
Medida penal restritiva da liberdade de locomoção, que se constitui num benefício ao condenado. Não se trata de uma faculdade do juiz, mas de direito subjetivo do condenado, integrando um estágio do cumprimento da pena.
Também não se trata de um incidente da execução, porque a própria Lei de Execução Penal não o cosiderou como tal (vide Título VII – Dos Incidentes de Execução: Das conversões, Do excesso ou desvio, Da anistia e do indulto). Para Damásio de Jesus, o livramento condicional é forma especial de cumprimento de pena, não sendo, portanto, um benefício, um direito público subjetivo e nem um incidente de execução.
Diferença com o sursis
	PONTOS EM COMUM
	DIFERENÇAS
	1.     Destinatários: condenados à pena privativa de liberdade;
	1. Execução da pena: não tem início no sursis, enquanto que no livramento condicional o condenado cumpre parte da pena imposta;
	2.     Requisitos legais: devem ser preenchidos pelo condenado;
	2.  Duração do período de prova: 2 a 4 anos, no sursis, em regra, ou o restante da pena, no livramento condicional;
	3.     Condicionais: sujeitam-se ao cumprimento condições. O período de prova tem início com a audiência admonitória.
	3. Momento de concessão: o sursis é concedido na sentença ou no acórdão, e o livramento condicional durante a execução da pena;
	4.     Finalidade: evitar a execução da pena privativa de liberdade, total ou parcialmente.
	4. Recurso cabível: apelação no sursis(quando concedido em sentença) e agravo em execução no livramento condicional.
1.4.     Juízo competente para concessão do livramento condicional
Normalmente, como já existe trânsito em julgado, inclusive com cumprimento da pena, é competente o JUÍZO DA EXECUÇÃO PENAL para analisar o cabimento ou não do benefício (art. 66, III, e, LEP).
ATENÇÃO! A jurisprudência do STF não reclama o trânsito em julgado da condenação nem para o indulto, nem para a progressão do regime, tampouco para o livramento condicional. Nesse caso, também será competente o juízo da execução.
1.5.     Egresso
Egresso é a nomenclatura dispensada ao condenado gozando do livramento condicional (art. 26, II, LEP).
1.6.     Requisitos
1.7.         Requisitos Objetivos
São quatro requisitos previstos no art. 83 do CP.
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)  
São os seguintes (art. 83, CP):
Espécie de pena
Deve ser pena privativa de liberdade (reclusão, detenção ou prisão simples).
Quantidade de pena
A pena privativa de liberdade imposta ao condenado deve ser igual ou superior a 2 anos. O art. 84, CP, determina que as penas correspondentes a infrações diversas serão somadas para efeito do livramento.
Parcela da pena já cumprida: Dependerá das condições do condenado e da natureza do crime por ele praticado.
	LIVRAMENTO CONDICIONAL SIMPLES
	LIVRAMENTO CONDICIONAL QUALIFICADO
	LIVRAMENTO CONDICIONAL ESPECÍFICO
(crimes hediondos e equiparados)
	Cumprimento de mais de 1/3 da pena;
	Cumprimento de mais de 1/2 da pena;
	Cumprimento de mais de 2/3 da pena;
	Condenado não reincidente em crime doloso;
	Reincidente em crime doloso.
	Não seja reincidente específico em crimes dessa natureza. Reincidente específico não tem direito ao livramento condicional.
	Bons antecedentes.
	
	
Em relação ao reincidente culposo, é permitido o livramento condicional simples?
Há duas posições: a) É possível, pois se encaixa na regra do art. 83, I; b) Não é possível, pois o reincidente em crime culposo não pode ser considerado possuidor de bons antecedente.
1.8     Reparação do dano
Ter reparado o dano causado pela infração, salvo impossibilidade de fazê-lo.
Essa impossibilidade de reparar o dano pode ser decorrente:
de sua precária situação econômica;
do desaparecimento da vítima;
do seu desinteresse pelo ressarcimento.
   Requisitos Subjetivos
Comportamento satisfatório durante à execução da pena
Esse requisito deve ser comprovado pelo diretor do estabelecimento prisional, levando em consideração o modo de agir do condenado após o início da pena, desprezando-se seu comportamento pretérito.
O cometimento de falta grave, pelo condenado, é apto a interromper o prazo para a concessão do livramento condicional?
Não. Nos termos da Súmula 441 do STJ (“A falta grave não interrompe o prazo para a obtenção de livramento condicional”). Entretanto, pode o magistrado levar em consideração a falta grave, no contexto dos requisitos subjetivos, particularmente, no cenário do comportamento satisfatório durante a execução da pena.
Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído
Embora a proibição de trabalhos forçados, o exercício do trabalho é condição para concessão do livramento condicional. Assim, salvo a impossibilidade de exercício laboral, em face de problemas do estabelecimento prisional, a ausência das atividades laborais é um impedimento à concessão do livramento. O preso não é forçado a trabalhar, mas, se não o fizer, será vedado o benefício da liberdade antecipada.
Aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto
Exige-se unicamente prova da aptidão para o exercício de trabalho honesto, e não de emprego certo e garantido após a saída do estabelecimento prisional.
Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir
Rito do Livramento Condicional
O pedido de livramento condicional deve ser endereçado ao juiz da execução (arts. 66, III, e, e 131, LEP). Não precisa ser subscrito por advogado (art. 712, CPP).
Art. 66, LEP. Compete ao Juiz da execução:
III - decidir sobre:
livramento condicional;
Discute-se a necessidade de oitiva do Conselho Penitenciário antes da concessão do livramento condicional. A polêmica reside na L. 10.792/03, que alterou dispositivos da LEP. Com efeito, não está mais entre as incumbências do Conselho Penitenciário a emissão de parecer sobre o livramento condicional (o encargofoi eliminado do art. 70, I, LEP). No entanto, não houve modificação do art. 131, LEP, a qual permanece a reclamar a oitiva do Conselho Penitenciário.
É necessário ou não o parecer do Conselho de Penitenciário?
1ª Corrente: É necessário o parecer, visto que o art. 131, LEP, remanesce no ordenamento jurídico (Nucci).
2º Corrente: O parecer é dispensado, o juiz poderá discricionariamente determinar a realização quando reputar necessário (STJ e STF).
Qualquer que seja o posicionamento adotado, o juiz não fica vinculado nem ao referido parecer, nem à opinião do Ministério Público, podendo decidir de acordo com seu livre convencimento. Inclusive essa é a disposição do art. 713, CPP.
Art. 713, CPP.  As condições de admissibilidade, conveniência e oportunidade da concessão do livramento serão verificadas pelo Conselho Penitenciário, a cujo parecer não ficará, entretanto, adstrito o juiz.
A decisão judicial que concede ou denega o livramento condicional pode ser impugnada por recurso de agravo (art. 197, LEP).
Após concedido o livramento, será expedida a carta de livramento. A seguir, será designada data para a cerimônia do livramento (audiência admonitória), a ser realizada solenemente no estabelecimento onde está sendo cumprida a pena, de modo a dar exemplo para os demais sentenciados.
O liberando deverá manifestar sua vontade – se aceita ou não as condições – e ser-lhe-á entregue o saldo do seu pecúlio e do que lhe pertencer e uma caderneta, que conterá sua identificação e as condições impostas. Na falta da caderneta, será entregue um salvo-conduto.
Condições
Condições obrigatórias/ legais
Art. 132, LEP. Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições a que fica subordinado o livramento.
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as obrigações seguintes:
obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho;
comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste.
Estão previstas em rol taxativo. São as seguintes (art. 132, LEP):
obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável, se for apto ao trabalho. Nesse caso, o juiz deve ter redobrado bom senso, pois pessoas sem qualquer condenação têm encontrado dificuldades para arranjar um emprego, quanto mais o sentenciado em liberdade condicional;
comunicar ao juízo sua ocupação periodicamente;
não mudar do território da comarca do Juízo da Execução, sem prévia autorização (art. 132, § 1.º, LEP).
9.2.         Condições facultativas/ judiciais
§2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras obrigações, as seguintes:
não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção;
recolher-se à habitação em hora fixada;
não freqüentar determinados lugares.
não frequentar determinados lugares.
Condições legais indiretas/ negativas
A ausência das causas de revogação do livramento condicional (assunto adiante abordado).
  Revogação do Livramento Condicional
Deve ser decretada pelo juiz da execução, de ofício, a requerimento do MP ou mediante representação do Conselho Penitenciário.
Em qualquer caso, o juiz deve proceder à prévia oitiva do condenado, sob pena de nulidade por violação do princípio da ampla defesa.
Art. 143. A revogação será decretada a requerimento do Ministério Público, mediante representação do Conselho Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado.
 Revogação obrigatória
A condenação irrecorrível por contravenção penal, qualquer que seja o momento de sua prática, com aplicação de pena privativa de liberdade, não autoriza a revogação obrigatória do livramento condicional.
Hipóteses de revogação obrigatória do livramento condicional (art. 86, CP):
se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível, por crime cometido durante a vigência do período de prova.
O juiz pode ordenar a prisão do liberado, suspendendo o livramento, ouvidos o Ministério Público e o Conselho Penitenciário, até final decisão (art. 145, LEP).
O crime cometido antes da liberação e após a concessão do livramento não dá margem à suspensão e revogação do benefício. A lei é clara ao determinar ser causa de revogação do livramento condicional a prática de crime durante a vigência do benefício. Portanto, ainda que o condenado tenha cometido o delito após a concessão do benefício, mas antes da efetiva liberação, não pode ocasionar a revogação.
Efeitos da revogação do livramento:
Não poderá ser novamente concedido em relação à mesma pena. Nada impede o livramento em relação à nova pena imposta;
Não se computará como tempo de cumprimento da pena o período de prova (tempo em que esteve solto o condenado);
Não será permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do tempo das duas penas.
se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível, por crime anterior ao período de prova, observado o disposto no artigo 84 deste Código.
Somente é possível a revogação quando a nova pena privativa de liberdade, somada à anterior, que ensejou o livramento condicional, resultar na impossibilidade de manutenção do benefício.
Efeitos da revogação do livramento:
Poderá ser novamente concedido em relação à mesma pena;
Computar-se-á como tempo de cumprimento da pena o período de prova (tempo em que esteve solto o condenado);
Será permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do tempo das duas penas.
 Revogação facultativa
Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Hipóteses de revogação facultativa do livramento condicional(art. 87, CP):
deixar de cumprir as condições fixadas.
O juiz pode revogar o benefício ou fazer-lhe nova advertência, reiterando-lhe as condições estabelecidas ou até mesmo agravando tais condições (art. 140, parágrafo único, da LEP).
Efeitos da revogação do livramento:
não poderá ser novamente concedido em relação à mesma pena;
não se computará como tempo de cumprimento da pena o período de prova (tempo em que esteve solto o condenado).
se houver condenação irrecorrível por crime ou contravenção a pena que não seja privativa de liberdade.
É irrelevante o momento da prática do crime ou da contravenção penal, isto é, se antes do livramento condicional ou durante o período de experiência.
A revogação facultativa depende de condenação irrecorrível a pena que não seja privativa de liberdade.
A condenação irrecorrível a pena privativa de liberdade pela prática de crime induz à revogação obrigatória (CP, art. 86), e não gera nenhum efeito se decorrente de contravenção penal.
Nessa hipótese, deve prevalecer o prudente critério do juiz, pois uma condenação por contravenção penal, cometida durante o prazo do livramento, pode ser grave, permitindo a revogação (porte de arma branca, por exemplo) ou não (perturbação do sossego abusando de instrumentos sonoros).
Em relação aos efeitos, vai depender se o crime foi praticado antes ou durante o período de prova:
Se cometido o crime ou contravenção penal anteriormente ao benefício, os efeitos são os seguintes:
desconta-se da pena o tempo em que esteve solto o condenado;
também se permite novo livramento condicional em relação à mesma pena;
Se praticado o crime ou contravenção penal na vigência do benefício, os efeitos são mais graves:
não se desconta da pena o tempo em que esteve solto o condenado;
não se autoriza a concessão, no tocante à mesma pena, de novo livramento condicional.
A lei não tratou da hipótese de ser o liberado condenado à pena privativa de liberdade em razão da prática de contravenção penal.
  Suspensão do livramento condicional
A revogação do livramento condicional, tanto na modalidade obrigatória como na forma facultativa, quando motivada pelaprática de crime ou contravenção penal, depende do trânsito em julgado da condenação.
Pode acontecer, entretanto, de ser moroso o trâmite da ação penal iniciada em razão do cometimento do crime ou da contravenção penal, a ponto de não haver decisão definitiva ao tempo do término do período de prova do livramento condicional. Nesse caso, deveria ser declarada a extinção da pena privativa de liberdade, com fulcro no art. 90 do Código Penal.
Prorrogação do período de prova
Quando o condenado estiver respondendo a processo por crime cometido durante a vigência do benefício, prorroga-se o período a fim de se constatar se não era o caso de revogação obrigatória (art. 86, I, CP). Se for condenado definitivamente, o livramento será revogado com as consequências fixadas no art. 88 do Código Penal.
Art. 89. O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.
O juiz da vara das execuções não poderá declarar a extinção da pena privativa de liberdade enquanto não transitar em julgado a sentença proferida na ação penal ajuizada em decorrência do crime cometido na vigência do livramento condicional. Deve prorrogar o período de prova até o trânsito em julgado da sentença, que poderá ser condenatória ou absolutória.
Durante a prorrogação não subsistem as condições do livramento condicional, desde que já tenha sido ultrapassado o período de prova, ou seja, já tenha esvaído o tempo restante da pena privativa de liberdade.
A dúvida reside em saber se a prorrogação é automática ou se depende de expressa decisão judicial.
1ª corrente: É automática, prescinde decisão judicial, bastando o recebimento da denúncia ou da queixa.
2ª corrente: Não é automática, exige decisão judicial expressa (STF e STJ).
. Extinção da pena
Se até o seu término, não for revogado, extingue-se a pena privativa de liberdade (art. 90,CP). A decisão tem natureza declaratória, com eficácia retroativa à data em que se encerrou o período de prova. Antes da decretação da extinção da pena privativa de liberdade, o magistrado deve ouvir o MP (art. 67, LEP).
 Questões diversas sobre Livramento Condicional
 Livramento Condicional insubsistente
Não é caso de revogação, mas de considerar o livramento insubsistente, quando o condenado foge do presídio após a concessão do livramento condicional, mas antes da cerimônia obrigatória determinada pelo art. 137 da Lei de Execução Penal.
Livramento Condicional e HC
O habeas corpus não é meio idôneo para discutir a concessão ou não do livramento condicional, que necessita de uma série de procedimentos especiais, incompatíveis com o regime célere do remédio constitucional.
Excepcionalmente, pode o tribunal conceder livramento condicional, por meio do habeas corpus, caso o indeferimento do juiz seja manifestamente ilegal e todos os documentos necessários para verificar o seu cabimento estejam presentes nos autos.
Livramento Condicional Humanitário
É o livramento condicional deferido ao condenado que ainda não cumpriu o montante de pena legalmente exigido, mas está acometido de enfermidade grave e incurável. Baseia-se em razões de piedade, de forma análoga aos sursis humanitário.
CUIDADO: Não é aceito por ausência de previsão legal.
Livramento condicional cautelar
Trata-se de uma hipótese criada pelos Tribunais, aplicável em duas situações:
em substituição ao regime aberto, com o fim de evitar a inócua prisão domiciliar, diante da inexistência das Casa de Albergado, como uma forma intermediária para libertar o réu;
em face da demora do Conselho Penitenciário em emitir parecer,
para aqueles que acreditam ser essa medida ainda necessária. Assim, concede-se o livramento condicional cautelar, colocando o sentenciado em liberdade, aguardando-se o referido parecer. Se for positivo, pode-se consolidar o benefício anteriormente deferido na forma antecipada por meio do poder geral de cautela do juiz; sendo negativo, pode-se revogar o benefício, fazendo o liberado retornar ao regime de que saiu.
Contudo, essa modalidade de livramento condicional deve ser rejeitada.
Em ambas hipóteses, observa-se a inexistência de previsão legal quanto a essa 
 Livramento Condicional para estrangeiros que estejam no Brasil em caráter temporário
É controversa a possibilidade de estrangeiro obter livramento condicional, existindo duas posições sobre o assunto.
A primeira, majoritária, é no sentido de não ser possível a concessão do livramento condicional ao estrangeiro. 
Isso decorre do fato de o estrangeiro não ter visto de permanência e endereço fixo no Brasil. Ademais, em liberdade, por ser apenas visitante, o estrangeiro não teria como cumprir as condições do livramento, já que é vedado ao estrangeiro a permanência irregular e o exercício de atividade remunerada. Por isso, deve cumprir toda a sua pena, para depois ser expulso do território brasileiro. Se não possui aptidão para prover a sua própria sobrevivência com trabalho honesto, não preenche um dos requisitos subjetivos para o livramento condicional.
A única forma de romper essa barreira será o estrangeiro provar ter visto permanente no Brasil, endereço fixo e demonstrar, por certidão, não ter sido expulso.
A segunda, minoritária, entende ser possível a concessão do livramento condicional ao estrangeiro, com fundamento no art. 5o, caput, da CF, que proíbe distinções entra brasileiros, nato ou naturalizado, e estrangeiros.
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
INTRODUÇÃO: Os efeitos da sentença condenatória estão divididos em: a) principais; e b) secundários. 
Os efeitos principais da pena são a própria consequência jurídico-penal primordial/direta/imediata da sentença condenatória; é a aplicação da pena (privativa de liberdade, restritiva de direito, multa ou medida de segurança). Os efeitos secundários da condenação, que se encontram ligados aos principais, classificar-se-ão em penais e extra penais. Estes, elencados nos arts. 91 e 92 do Código Penal. Aqueles, espalhados pelo ordenamento jurídico pátrio (Código Penal, Código de Processo Penal e Lei da Execução Penal). Os efeitos extra penais repartem-se, ainda, em genéricos e específicos. Atentaremo-nos aos efeitos secundários extra penais da condenação, apenas tratando brevemente os efeitos secundários penais. Quanto aos efeitos principais, a definição supra transcrita parece-nos suficiente, ao menos neste estudo.
EFEITOS SECUNDÁRIOS PENAIS: Como afirmado em linhas anteriores, a simples exposição destes efeitos já se faz suficiente, no que tange ao presente estudo. Para tanto, válida a exposição feita por Damásio de Jesus: a) é pressuposto da reincidência (CP, art. 63); b) impede, em regra, o sursis (art. 77, I); c) causa a revogação do sursis (art. 81, I, e § 1.º); d) causa a revogação do livramento condicional (art. 86); e) aumenta o prazo da prescrição da pretensão executória (art. 110, caput, in fine); f) transitada em julgado, a prescrição da pretensão executória não se inicia enquanto o condenado permanece preso por outro motivo (art. 116, parágrafo único); g) causa a revogação da reabilitação (art. 95); h) tem influência na exceção da verdade no crime de calúnia (art. 138, § 3.º, I e III); i) impede o privilégio dos arts. 155, § 2.º; 170; 171, § 1.º; e 180, § 3.º, 1.ª parte, em relação ao segundo crime; j) aumenta a pena da contravenção de porte de arma branca (LCP, art. 19, § 1.º); l) constitui elementar da figura típica da contravenção de posse não justificada de instrumento de emprego usual na prática de furto (LCP, art. 25).
EFEITOS SECUNDÁRIOS EXTRAPENAIS GENÉRICOS: Os efeitos extra penais genéricos têm previsão no art. 91 do CP. Cleber Masson, citado por Rogério Sanches, observa: ''A interpretação a contrario sensu do artigo 92, parágrafo único, do Código Penal, mostra serem tais efeitos automáticos, ou seja, não precisam ser expressamente declarados na sentença. Toda condenação os produz".
Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime (art. 91, I, CP):Trata-se de efeito automático. Rogério Sanches o define como sendo o mais importante, entre os efeitos extrapenais genéricos. Para melhor compreensão do artigo, válida a lição de Bitencourt: A sentença penal condenatória faz coisa julgada no cível, valendo como título executivo, nos termos do art. 584, II, do CPC, cuja liquidação far-se-á também na esfera cível. 
 Confisco dos instrumentos e produtos do crime:
O art. 92 do Código Penal versa sobre o efeito extrapenal genérico do confisco dos bens utilizados para a prática do crime, assim como do produto decorrente desse crime. Assim como o efeito estudado anteriormente, é efeito automático.
"São efeitos da condenação:(... )II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fa to ilícito; b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do jato criminoso.
§ 1 o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.
§ 2º Na hipótese do § 1º, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação de perda".
Vejamos a observação feita por Rogério Sanches:
a finalidade do confisco é óbvia: a) impedir a propagação dos instrumentos idôneos para a prática de crimes; b) não permitir o enriquecimento ilícito do criminoso; c) e, por fim, desmantelar as organizações criminosas, destruindo a sua célula nervosa, qual seja, impressionante capacidade financeira (fortuna), ainda que localizada no exterior.
EFEITOS SECUNDÁRIOS EXTRAPENAIS ESPECÍFICOS:
Estão previstos no art. 92 do Código Penal. Ao contrário do que ocorre com os efeitos extra penais genéricos, não é automático; portanto, é necessário que, neste caso, o juiz aja motivadamente, na sentença condenatória (art. 92, parágrafo único, CP).
Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo (inc. I):
Aqui, além da fundamentação, é necessário que estejam presentes alguns requisitos. Neste sentido, Guilherme de Souza Nucci: a) nos crimes praticados com abuso de poder ou violação do dever para com a Administração Pública, quando a pena aplicada for igual ou superior a 1 ano; b) nos demais casos, quando a pena for superior a 4 anos. b) incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos a pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado (inc. II): Assim como no inciso anterior, é necessário que haja o preenchimento de alguns requisitos para a aplicação desse efeito. Dando destaque a estes requisitos, Fernando Capez: o efeito em análise"exige quatro requisitos: crime doloso; sujeito a pena de reclusão; filho, tutelado ou curatelado como vítimas; declaração expressa na sentença".6
c)inabilitação para dirigir veículo (inc. III):
Ainda com amparo em Capez inabilitação para dirigir veículo: exige três requisitos: crime doloso; veículo como instrumento do crime; declaração expressa na sentença. A inabilitação é, em princípio, permanente, mas passível de ser atingida pela reabilitação. Não se deve confundir essa inabilitação com a suspensão de permissão, autorização ou habilitação para dirigir veículo aplicável nos crimes de trânsito (CTB, Lei n. 9.503, de 23-9-1997).

Continue navegando