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Canoas 2018/1 MARA DE SOUZA SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO SERVIÇO SOCIAL EXECUÇAO E AVALIAÇAO DO PROJETO DE INTERVENÇAO AS FRAGILIDADES FAMILIARES E SOCIAIS DOS PACIENTES EM SITUAÇÃO DE RUA ATENDIDOS NA FUNDAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA SÃO CAMILO DE ESTEIO HOSPITAL SÃO CAMILO Canoas 2018/1 EXECUÇAO E AVALIAÇAO DO PROJETO DE INTERVENÇAO AS FRAGILIDADES FAMILIARES E SOCIAIS DOS PACIENTES EM SITUAÇÃO DE RUA ATENDIDOS NA FUNDAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA SÃO CAMILO DE ESTEIO HOSPITAL SÃO CAMILO Trabalho individual apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção de média semestral no relatório de estágio III do Serviço Social Coordenadora: Profª Me. Valquíria Aparecida Dias Caprioli MARA DE SOUZA SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................3 2 DESENVOLVIMENTO..............................................................................................4 3 CONSIDERAÇOES FINAIS.....................................................................................8 4 REFERENCIA BIBLIOGRAFICA.............................................................................9 3 1 INTRODUÇÃO A inauguração oficial da Fundação de Saúde Pública São Camilo de Esteio ocorreu em 20 de outubro de 1963, sendo esta instituição de propriedade da Prefeitura Municipal, sem fins lucrativos, extinta como autarquia pela Lei Municipal nº 763, de 02 de abril de 1971 e está vinculada à Secretaria Municipal da Saúde. A fundação tem por finalidade manter e prestar ações e serviços de saúde em níveis de colhimento hospitalar e ambulatorial, além de prestar serviços públicos em ações paralelas e/ou específicas à saúde publica, operando na esfera do Sistema Único de Saúde, porém a partir desta nova gestão já estão em tratativas os contratos para que haja a volta de atendimento aos convênios particulares. Sendo assim o presente relatório final tem o objetivo de expor as atividades realizadas pela acadêmica do Serviço Social nas dependências de emergência e urgência da Fundação de Saúde Publica São Camilo de Esteio, durante o estagio curricular III da Universidade do Norte do Paraná - UNOPAR durante o período de 01 de março a 24 de abril de 2018, com carga horária exigida de 150 horas, que teve como principais aspectos a saúde e as fragilidades familiares da população em situação de rua do município e arredores que buscam os serviços da urgência e emergência da Fundação. Este projeto teve como objetivo geral tentar possibilitar o fortalecimento dos usuários no cuidado da saúde como também resgatar vínculos familiares e sociais fragilizados e/ou rompidos e desta forma identificar o perfil destes usuários para poder estabelecer uma parceria mais concreta com os serviços socioassistenciais e de saúde e então possibilitar a estes usuários um tratamento mais dignos e sem paradigmas que até o momento ocorre por todas as equipes de acolhimento tanto das equipes multidisciplinares como intersetoriais do município. Em todo o processo o envolvimento da estagiária e da supervisora de campo para a efetivação do projeto foi de grande comprometimento, porém os serviços socioassistenciais e de saúde não deram o mesmo respaldo para que a ação fosse colocada em prática. Palavras-chaves: população em situação de rua, saúde, Política Nacional da Assistência e da saúde. 4 2 DESENVOLVIMENTO Para que o projeto fosse executado da forma prevista foram feitas varias tentativas tanto pela estagiária quanto pela sua supervisora de campo através de e-mails, contatos telefônicos e contato direto junto a coordenadoria dos serviços da rede socioassistencial solicitando as informações necessárias para que fosse dado o andamento das ações conforme previsto na metodologia para que as metas previstas fossem atingidas. Após varias tentativas sem sucesso percebeu-se a falta de comprometimento destes serviços e a partir daí não pudemos aplicar todas a metodologias descritas no projeto, compreendendo que nem sempre o que consta nas leis, normas e diretrizes são acatadas, afetando desta forma as garantias para que os excluídos tenham melhores condições e que possam utilizar os serviços de forma digna, conforme diz a constituição Federal de 1988, sobre os direitos sociais: Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. A LOS (Lei Orgânica da Saúde) ou como conhecemos a Lei 8.080/90 que dispõe sobre as condições para a promoção e proteção da saúde em seu art. 2º, é claro quando refere que mesmo os usuários não tendo recursos financeiros para seguir tratamento é dever e responsabilidade do Estado garantir a saúde do desvalido, pois se trata de interesse público o combate e prevenção das doenças. Sabendo-se dos princípios fundamentais do Código de Ética do Assistente Social que trata sobre a defesa dos direitos humanos em garantir a equidade e justiça social assegurando a universalidade do acesso aos serviços e bens a favor do cidadão e contribuindo na construção de um projeto ético-político onde se possa diminuir e quem sabe a longo prazo exterminar com a exploração e discriminação das classes subalternas garantindo a estes grupos excluídos por gênero, etnia, religião, condição física e social, entre tantas outras diferenças,a estagiária e supervisora de campo entenderam que não poderiam deixar de aplicar algumas das metodologias descritas no projeto, dando desta forma continuidade na aplicabilidade de algumas ações. 5 Com todos os entraves encontrados para aplicabilidade do projeto, percebeu-se que todo o processo se daria tão somente através das acolhidas feitas no estagio II, onde se buscou resgatar através dos arquivos da fundação e dos relatórios do setor do serviço social os dados necessários feitos neste período para servir de base para que a ação proposta no estágio III não se perdesse por total. Desta forma as entrevistas para conhecimento da história de vida dos pacientes se deu através das fichas de atendimentos no período do estagio II que ocorreu de 16 de agosto a 10 de outubro de 2017 e das informações nos arquivos do setor do serviço social deste mesmo período onde foram analisados todos os pacientes e selecionados os relatórios dos atendimentos da população em situação de rua atendidos. Não foi possível a aplicabilidade do questionário já que o público alvo no período da execução do projeto não teve a mesma proporção de procura dos serviços de urgência e emergência na fundação que no período anterior de estágio se fazendo entender que uma das principais causas da procura dos serviços de saúde é a estação do ano que contribui na maior rotatividade desta população pois no inverno ficam mais suscetíveis a doenças buscando desta forma os serviços. Os poucos usuários de que trata o projeto de intervenção atendidos neste período foram encaminhados aos serviços da rede socioassistencial, porém antes destes encaminhamentos o serviço social da fundação fez contatocom alguns familiares que quando contatados alguns se fizeram presentes para entrevistas junto ao setor do serviço social da Fundação de Saúde Publica São Camilo de Esteio, onde informaram todo o processo que passaram até que deixaram de ajudar, pois se viram incapazes e muito fragilizados com todas as situações ocorridas no período em que ainda conseguiam ter algum sentimento de amor e até de compaixão com estes familiares que buscaram nas ruas suas moradias. Com a falta de comprometimento dos serviços da rede com o setor do serviço social do hospital neste caso e, para que o publico alvo do projeto fosse beneficiado por algumas ações que foram sugeridas e que tal proposta não se perdesse em um todo, foi percebido juntamente com a supervisora de campo traçar um perfil destes usuários através das fichas de atendimento e dos relatórios arquivados no setor, onde se constatou que a maioria desta população que vive em situação de rua no município de Esteio é composta por pessoas do sexo masculino 6 com idade entre 27 a 56 anos, com escolaridade fundamental incompleta e que não tem beneficio algum do governo federal, vivendo do trabalho informal de reciclagem e de doações da comunidade. Na descrição traçada pelos relatórios de atendimento da população em situação de rua atendidos no hospital geral do município também foi constatado que o público alvo do projeto busca nas ruas um modo de vida devido a condições físicas e psicológicas causadas pelo uso abusivo de substancias psicoativas, sendo a principal delas, o uso do crack e o segundo o do álcool. A população em situação de rua enfrenta dificuldades no que diz respeito a sua saúde, pois a falta de sensibilidade dos profissionais no contato com estes sujeitos contribuem para que muitos deixem ou nem pensem na possibilidade de seguir ou iniciar um tratamento, como também a falta de locais para poderem dormir, fazer higiene pessoal, controlar o uso de medicações e até o acesso a estes serviços muitas vezes são difíceis ou inexistentes nos municípios, tornando estes serviços socioassistenciais e de saúde quase que improdutivo, desta forma o desempenho técnico da divisão e subdivisão das políticas publicas deixam de demandar de forma adequada (AMED ALI & DOMINGOS, 1995; CARNEIRO JR. et. ai., 1996). A partir de todas estas informações foi criado um guia com orientações dos serviços que está em conformidade com o art. 5º do Código de Ética do Assistente Social, onde trata dos deveres dos assistentes sociais nas relações profissionais com os usuários que diz: Art. 5º São deveres do/a assistente social nas suas relações com os/as usuários/as: a- contribuir para a viabilização da participação efetiva da população usuária nas decisões institucionais; b- garantir a plena informação e discussão sobre as possibilidades e consequências das situações apresentadas, respeitando democraticamente as decisões dos/as usuários/as, mesmo que sejam contrárias aos valores e às crenças individuais dos/as profissionais, resguardados os princípios deste Código; c- democratizar as informações e o acesso aos programas disponíveis no espaço institucional, como um dos mecanismos indispensáveis à participação dos/as usuários/as; d- devolver as informações colhidas nos estudos e pesquisas aos/às usuários/as, no sentido de que estes possam usá-los para o fortalecimento dos seus interesses; e- informar à população usuária sobre a utilização de materiais de registro audiovisual e pesquisas a elas referentes e a forma de sistematização dos dados obtidos; f- fornecer à população usuária, quando solicitado, informações concernentes ao trabalho desenvolvido pelo Serviço Social e as suas conclusões, resguardado o sigilo profissional; 7 g- contribuir para a criação de mecanismos que venham desburocratizar a relação com os/as usuários/as, no sentido de agilizar e melhorar os serviços prestados; h- esclarecer aos/às usuários/as, ao iniciar o trabalho, sobre os objetivos e a amplitude de sua atuação profissional. Todos os dados anexados no guia com informações sobre os serviços públicos para as pessoas em situação de rua foram tirados dos sites oficiais e logo em seguida foram confirmados através de contato telefônico para que não houvesse dúvidas sobre as informações. A partir daí, a “cartilha” foi elaborada e passou por avaliação da supervisora de campo, que percebeu que esta construção teve grande importância e que a distribuição deste guia terá continuidade pelo serviço social da Fundação, mesmo após o término do estagio curricular obrigatório da aluna. 8 3 CONSIDERAÇOES FINAIS Não foi possível ter uma avaliação concreta dos resultados já que a execução do projeto de intervenção foi prejudicado por falta de parceria junto a rede socioassistencial do município, que está passando por varias mudanças devido a nova gestão. Porém mesmo com todas as dificuldades encontradas na execução do projeto a estagiária pode contribuir de forma singela na organização e na elaboração do guia de orientações dos serviços socioassistenciais e de saúde do município de Esteio, para que a população em situação de rua tenha acesso aos serviços oferecidos em Esteio como também outros serviços essenciais para que o público alvo tenha respaldo jurídico para o cumprimento de seus direitos. O processo de estagio foi um a ferramenta fundamental para a percepção da grande importância que tem o profissional do serviço social junto às equipes multidisciplinares, intersetoriais e junto aos usuários, pois é este profissional que estuda a realidade social destes sujeitos atendidos nas redes de serviços públicos e/ou privados e que informa seus direitos e quais as formas de acessos a estes bens e serviços que muitas vezes por falta de conhecimento são violados. O assistente social contribui na análise, elaboração, coordenação e execução de planos, programas e projetos que viabilizem os direitos da população e seus acessos as políticas sociais e que muitas vezes através de coleta de dados, de analises documentais e estudos técnicos são elaborados laudos, pareces e estudos sociais para contribuir nas melhorias das condições de vida dos usuários excluídos de seus direitos sociais. E, que se não há comprometimento da rede de serviços junto a estes sujeitos que tem em seu cotidiano seus direitos tolhidos, mais critico tem que ser o olhar do assistente social para trabalhar nestas demandas e poder conscientizar da importância na participação direta ou indireta deste público ou de outros segmentos sociais junto aos Conselhos Municipais para que seus direitos como cidadãos sejam assegurados como determina a Constituição Federal de 1988. 9 REFERENCIA BIBLIOGRAFICA AMED ALI, D. & DOMINGOS, B. Moradores de rua e o C.S. Barra Funda: a problemática dessa relação e possibilidade de atendimento. Monografia de conclusão de estágio da disciplina Psicologia em Saúde Pública, São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1995. BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Lei Orgânica da Saúde. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, set. 1990. BRASIL. Lei 8662/93 Código de Ética do/a Assistente Social, 1993. BRASIL. Tipificação Nacional do Serviço Socioassistencial, 2014. BRASIL, Lei n.º 8.742, Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), 1993. BRASIL, CFESS Atribuições Privativas do(a) Assistente social em questão,2012. CARNEIRO JR. N.; NOGUEIRA, E.A.; LANFERINI, G.M.; MARTINELLI, M.; AMEDALI, D. População de Rua: necessidadesde saúde e organização de serviços.Relatório final de pesquisa. Rede de Investigação em Sistemas e Serviços de Saúde no Cone Sul. São Paulo, 1996 (mimeo.) CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Saúde . Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm >. Aces so em: 29 abr. 2018. MINISTERIO DESENVOLVIMENTO SOCIAL. Tipificação nacional de serviços socioassistenciais . Disponível em: < http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/normativas/tipific acao.pdf. >. Acesso em: 29 abr. 2018. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME. Pesquisa Nacional Sobre a População em Situação De Rua. Abril, 2008. Disponível em: < http://www.mds.gov.br/backup/arquivos/sumarioexecutivo_pop_rua.pdf > Acesso em 29 abr. 2018
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