Prévia do material em texto
MICROBIOTA ENTÉRICA E GASTROENTERITE BACTERIANA A maior parte da microbiota que nos coloniza é composta por bactérias As crianças herdam essa microbiota desde o momento do nascimento. Trato genital da mãe, mãos dos enfermeiros e etc. Como o sistema imunológico delas não está desenvolvido, elas aceitam essas bactérias numa boa. Microbiota endógena (ou permanente) – refere-se aos microrganismos que habitam pele e mucosas de pessoas sadias. Algumas E. Coli nos permitem obter vitamina K (que não produzimos) Órgãos e sistemas internos são e devem ser estéreis, incluindo o baço, o pâncreas, o fígado, a bexiga, o sistema nervoso central e o sangue. Esses microrganismo causam patologias quando há um desbalanço Aproximadamente 90% da microbiota intestinal é microaerófila ou anaeróbia => fazem fermentação Pré-bióticos = ração de probióticos Firmicutes – temos, mas não queremos. Aumentam o processo inflamatório a nível sistêmico. Tem aos montes em obesos (está ligada a obesidade). Com uma microbiota normal, absorve- se somente de 40 a 50% dos carboidratos e gorduras. Com firmicutes se absorve 100% e com isso a pessoa engorda. Probiotico tem que ser diário e estudos mostram que é necessário 3 meses para perceber os efeitos. Na Europa existe uma enorme taxação em produtos adocicados. Por isso é muito comum achar chocolate 100% cacau por lá. LIVRO CAPÍTULO 12 MICROBIOTA NORMAL DO CORPO HUMANO A microbiota intestinal é a maior e a mais importante. A microbiota cutânea se distribui por toda a extensão da pele e é mais concentrada, entretanto, nas áreas mais úmidas e quentes como axilas e períneo. Predominam na pele as bactérias dos gêneros Staphylococcus, Corynebacterium e Propionibacterium. O Staphylococcus aureus é encontrado com frequência elevada na vulva, nas fossas nasais de indivíduos que trabalham em hospitais e em pacientes portadores de dermatoses. A Propionibacterium acnes é encontrada em associação com a atividade secretora das glândulas sebáceas e, por esta razão, não é encontrada na pele de crianças com menos de dez anos de idade. A maioria das bactérias da pele reside na superfície do estrato córneo e na parte superior dos folículos pilosos. Algumas, entretanto, residem mais profundamente. Estas têm a função de recolonizar a pele quando as bactérias mais superficiais são removidas, por exemplo, após uma lavagem cuidadosa. Esta conduta pode diminuir em cerca de 90% o número total de microrganismos existentes na pele. Dentro de oito horas, contudo, o número destes é normalizado. A microbiota da cavidade oral é bastante grande e diversificada. A composição da microbiota encontrada na faringe é semelhante à da encontrada na cavidade oral. A microbiota vaginal varia com a idade, pH e secreção hormonal. No primeiro mês de vida, e no período compreendido entre a puberdade e a menopausa, há predomínio de Lactobacillus sp. (bacilos de Doderlein). [...] Estas variações, de modo geral, acompanham variações do pH vaginal, isto é, em pH ácido há predominância de Lactobacillus e em pH neutro predominam as outras bactérias. A variação de pH, por sua vez, está relacionada com a quantidade de glicogênio na vagina. A fermentação deste polímero pelos lactobacilos abaixa o pH, criando um ambiente desfavorável ao crescimento das bactérias que proliferam em pH neutro. A conjuntiva pode ser estéril ou estar colonizada. A microbiota do ouvido externo é semelhante à da pele. O número de bactérias da microbiota intestinal é dez vezes maior que o número de células que formam os nossos órgãos e tecidos. A microbiota intestinal autóctone corresponde à microbiota normal ou indígena e a alóctone à microbiota transitória que passa pelos intestinos, mas não o coloniza como o faz a microbiota autóctone. O intestino grosso é o mais densamente colonizado. A concentração de bactérias no intestino delgado proximal é mais representada pelas espécies estafilococos, estreptococos e lactobacilos. Raramente são encontradas bactérias anaeróbias. Á no íleo distal, o número de bactérias é bem maior e a microbiota torna-se bastante diversificada, uma vez que passa a abranger coliformes e várias espécies de bactérias anaeróbias como bacteroides, fusobactérias e clostrídeos. O baixo potencial de oxirredução no íleo explica a presença da microbiota anaeróbia nessa região. Depois da válvula íleo-cecal, a concentração bacteriana aumenta bruscamente. No intestino grosso, as bactérias anaeróbias superam as demais (facultativas e aeróbias). Predominam os bacteroides, bifidobactérias e fusobactérias. Os lactobacilos, estreptococos, clostrídeos e enterobactérias são também bastante frequentes. Além da distribuição vertical descrita, a microbiota intestinal apresenta uma microbiota intestinal apresenta uma distribuição horizontal que pode ser importante para a compreensão de algumas de características. Pelo menos três hábitats horizontais já foram sugeridos: luz intestinal, camada de muco e superfície epitelial. Desse modo, alguns membros da microbiota intestinal vivem livremente na luz intestinal e outros estão associados à camada de muco ou ao epitélio. As bactérias anaeróbias, que são predominantes, formam camadas na mucosa intestinal. Várias espécies de bactérias são encontradas no estômago, principalmente cocos Gram- positivos, mais tolerantes à acidez gástrica. Descobriu-se em 1980, que pacientes portadores de gastrite e úlcera gástrica podiam ter o estômago colonizado por um bacilo Gram-negativo espiralado, posteriormente denominado Helicobacter pylori. Hoje, sabemos que esse microrganismo está associado não só às gastrites e úlceras, mas também ao carcinoma do estômago, e ainda é encontrado em 30% a 50% dos indivíduos de todo o mundo, a maioria não apresentando sinais da doença. Por essa razão, foi sugerido que o Helicobacter pylori seja considerado membro da microbiota normal do estômago. A acidez gástrica é responsável pelo pequeno número de bactérias no intestino delgado próxima. Somente sobrevivem os cocos e bacilos Gram-positivos mais tolerantes à acidez. As demais secreções presentes no intestino delgado parecem não ter influência significativa sobre a microbiota, embora os ácidos biliares não conjugados sejam inibidores do crescimento bacteriano in vitro. A Escherichia coli inibe o crescimento de Shigella, quando compete por fontes de carbono, principalmente em ambiente com baixa tensão de oxigênio. É provável que isso também ocorra entre as variedades de E. coli que habitam o intestino. Em estudos realizados in vitro, ultilizando-se células de cultura de tecidos, os lactobacilos competem com outras bactérias por sítios de adesão. Os lactobacilos produzem diferentes substâncias que inibem o crescimento de outros membros da microbiota. As bactérias facultativas, através do consumo de oxigênio, criam condições de anaerobiose que favorecem o crescimento das bactérias anaeróbias. Subprodutos do metabolismo ajudam a criar um ambiente intraluminar restritivo do crescimento bacteriano. Estão entre esses os ácidos carboxílicos de cadeia curta, como ácidos acético, butírico e propiônico. A microbiota intestinal adquire características estáveis em torno dos dois anos de idade. Até então, ela é bastante variável. Depois de permanecer mais ou menos a mesma durante a vida adulta, sofre algumas modificações importantes na velhice. O número de lactobacilos não parece ser influenciado pelo leite materno. A microbiota da criança que nasce naturalmente é derivada inicialmente da microbiota fecal materna que contamina o canal do parto. Estudos realizados por microbiologistas japoneses demonstram que a microbiotado indivíduo idoso, quando comparada com a do adulto, é mais rica em Clostridium perfringens e, de maneira menos acentuada, em lactobacilos, coliformes e enterococos. Ao contrário, a quantidade de bifidobactérias é menor no indivíduo idoso. As quantidades de bacteroides e eubactérias são semelhantes nos dois grupos etários. SLIDE Fatores que influenciam as infecções: A dose infectante – taxa de microrganismos mínima para se desenvolver a patologia. A virulência e as condições do hospedeiro. Enterobactérias: Características gerais – Bacilos Gram negativos; aeróbios ou anaeróbios facultativos; fermentam açúcares produzindo ácidos; reduzem nitrito em nitrato; Não formam endósporos; Móveis – flagelos peritríquios ou imóveis – sem flagelo; presença de fímbrias e pili sexuais; produzem bacteriocina – matam bactérias benéficas que competem com elas. Principais patógenos: Salmonella, Shigella, E.coli. Grupos de risco: Bebês, idosos e turistas (ou descasque ou cozinhe ou não coma). Contaminação: Alimentos e bebidas contaminados. Formas de controle: Rastrear alimentos nas fases de processamento; Higiene dos manipuladores; treinamento dos manipuladores; Alto índice de coliformes/ Higiene deficiente; Aplicação de Boas Práticas de fabricação (BPF) e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) Tratamento: Rehidratação; quando necessário antibioticoterapia (Aminopenicilina, Cefalosporina, Quinolona, Estreptomicina, Eotrimazole) Salmonella – Flagelo peritríquico; Não produtor de endósporo; Móveis, mesófilas (gostam de temperaturas moderadas); Não fermentam LACTOSE nem Sacarose; O gênero é dividido em 2 espécies a Salmonella entérica e a salmonela bongori. Composição dos antígenos de superfície: A divisão da Salmonella em sorotipos é devido aos antígenos de superfície. - Antígenos somáticos (Parede celular): O - Flagelares: H - Capsular: Vi Atualmente são reconhecidos cerca de 2500 sorovares - Fímbrias Infecções causadas por Salmonella podem causar: - Gastroenterite convencional (nó no intestino) que dura de 4 a 7 dias e a pessoa se recupera sozinha. - SEPTICEMIA – Significa que pode entrar na corrente circulatória e ir para outros órgãos, os 3 órgãos principais são o fígado, o baço e a vesícula biliar. Pode causar febre tifoide e matar. - febre tifoide - febre entérica - Portador assintomático Patogênese: ingestão de água e alimentos contaminados => salmonella => Células epiteliais intestinais => Lâmina própria => corrente linfática => fagocitada pelos macrófagos => multiplicação e destruição dos macrófagos => corrente circulatória Sepsemia: fígado, baço, vesícula biliar As manifestações da doença se iniciam de 12 a 72 horas após a infecção (exposição ao patógeno) Nenhuma das gastroenterites provocam uma memória imunológica => nunca ficamos resistentes => sempre estamos susceptíveis. Shigella – aeróbios facultativos; imóveis; invasivos; Não causam sepsemia; fermentam glicose com produção de ácido; não fermentam Lactose; temperatura de crescimento: 10°C a 48°C; pH: 6 a 8. O gênero shigella é constituída de 4 espécies: - S. dysenteriae - S. flexneri - S. boydii - S. sonnei A doença causada por Shigella é a shigelose ou disenteria bacilar. O período de incubação é de 12 a 50 horas. PATOGÊNESE: A shigelose localiza-se no íleo terminal e cólon, caracterizando-se por invasão e destruição da camada epitelial da mucosa, com intensa reação inflamatória. O paciente geralmente apresenta leucócitos, muco e sangue nas fezes. A Shigella é invasiva e ao entrar na célula e la libera a toxina Shiga (Stx), que reconhece um glicolipídio presente na superfície da célula do hospedeiro ao qual se liga, e assim a toxina inibe a síntese proteica da célula do hospedeiro. A célula morre então a bactéria vai para a célula do lado. Ela caminha pelas fibras de actina da célula. E tem período de incubação menor. Ela causa: perda da capacidade de absorção de água, hemorragia dos vasos locais com perda de muco (destruição das células caliciformes), risco de hemorragia, peritonite (inflamação do peritônio) e desidratação. Não invade o sistema circulatório [não sepcêmica (sangue)]. Os principais sintomas da shigelose são: Febre, dor abdominal, Diarreia aquosa que evolui para disenteria (fezes com muco), náusea, vômitos, Dor de cabeça, dor muscular, espasmos dolorosos na musculatura do reto, disenteria fulminante caracterizada por fezes muco- sanguinolentas, desidratação, toxemia e até convulsões em crianças com menos de quatro anos. Se a salmonela pode matar por causa da sepcemia a shigella pode matar por desidratação. Eschirichia coli Bacilos Gram- negativos não esporulados, Aeróbios ou aneróbios facultativos, fermentam a lactose com produção de gás (48h a 35-44°C), desenvolvem colônias vermelhas com brilho verde metálico (24h a 35°C) em meio Endo contendo Lactose, apresentam atividade de B- galactosidase (enzima que desdobra a lactose ou substratos análogos desenvolvendo cor amarelada no meio), geralmente é móvel, mas pode ser imóvel PATOGENICIDADE DA E.coli: Fímbrias ou adesinas que fazem ligação com as células do teciso, ao se aderirem produzem toxinas (enterotoxinas LT e ST) que causam distúrbios gastrointestinais (gastroenterite por E.coli), liberam a toxina na cavidade intestinal e não dentro do epitélio intestinal como ocorre com a Shigella. A E.coli é estritamente relacionada a Shigella (através de estudos de hibridação de DNA, a Shigella não pode ser diferenciada de E. coli) Sorotipos da E. coli: Enteroinvasiva (EIEC) - Invasão => ulceras e inflamação; invasivas (destroem a mucosa intestinal); Diarreia exsudativa (aquosa) seguida por Disenteria; Enterotoxina codificada em plasmídeo. Enteropatogênica (EPEC) - Fatores de adesão aos enterócitos => aderência a mucosa; Enterotoxinas (destroem as microvilosidades do I.D.afetando absorção de nutriente (diarreia E. coli osmótica/secretora); fatores de virulência codificados em ilha de patogenicidade e plasmídeo; Diarreia, febre, náusea e vômito. Enteohemorrágica [(EHEC) no Trabulsi é STEC) MAIS SÉRIA – produz toxinas semelhantes a Shiga => disenteria; toxinas VT1 e VT2 codificadas em 2 profagos (genoma de bacteriófago inserido e integrado no cromossomo de DNA bacteriano circular ou existente como um plasmídeo extracromossômico); Anemia, trombocitopenia e insuficiência renal aguda; diarreia seguida de Colite hemorrágica e Síndrome Hemolítica-Urêmica, baixa dose infectante (<100 bactérias) Enterotoxigênica (ETEC) – Diarréia secretora, colonização e produção de toxinas; DIARREIA DO TURISTA, dores abdominais, diarreia profusa e aquosa (água de arroz, sem sangue), vômito, náuseas, febre baixa; ENTEROTOXINA SEMELHANTE A CÓLERA, fímbrias: fatores de colonização (CFA) codificadas em plasmídeo (DFAI e CFAII); toxinas STI (saída CL^-) e STII (saída HCO3) – termoestáveis, codificada em Transposons e LTI (similar a toxina da cólera) e LTII (rara em humanos) – termolabeis. OUTRAS DOENÇAS: Infecção em outros órgãos: - Meningite; - Uretrite; - Cistite; - Colecistite; - Síndrome Hemolítico-urêmica (SHU) – é definida pela tríade anemia hemolítica, plaquetopenia ou trombocitopenia e insuficiência renal aguda; - Peritonite; - Infecções de feridas; - Sepcemia (15% dos casos) IMPORTANTE PRA PROVA SABER OS CASOS CLÍNICOS